SATISFAÇÃO CORPORAL EM ATLETAS JOVENS PARTICIPANTES DE MODALIDADE COLETIVA E INDIVIDUAL EM LONDRINA-PR Lidia Raquel Ferreira Gonçalves (Fundação Araucária), Gabriela Blasquez, Enio Ricardo Vaz Ronque (Orientador), e-mail: lidia_rfg@hotmail.com Universidade Estadual de Londrina/ Centro de Educação Física e Esporte (CEFE) Londrina, PR. Ciências da Saúde, 4.09.00.00-2 Educação Física. Palavras-chave: Adolescentes, Atletas, Imagem corporal. Resumo O objetivo do presente estudo foi analisar a satisfação corporal em jovens atletas de modalidade coletiva (futsal) e individuais (tênis de mesa e ginástica rítmica) em Londrina, PR. A amostra do estudo foi composta por 24 adolescentes do sexo feminino na faixa etária de 11 a 17 anos, todas as atletas federadas, treinando regularmente em seus respectivos clubes no município de Londrina, Paraná. Foram obtidas medidas da massa corporal e estatura utilizando uma balança de plataforma digital e um estadiômetro portátil. A percepção da imagem corporal das atletas foi analisada por uma escala de quinze silhuetas. Utilizou-se de frequências percentuais para descrever a satisfação corporal e para comparação das frequências percentuais entre os esportes foi aplicado o teste do Qui-Quadrado. O nível de significância adotado foi de 5%. Entre as atletas 32% do total se mostraram satisfeitas com seu corpo e 68% demonstraram insatisfação. Dessas, 58,8% desejam diminuir o tamanho de sua silhueta e 41,2% aumentar. Conclui-se que altas prevalências de insatisfação corporal foram observadas nas adolescentes atletas, porém nenhuma diferença significativa na satisfação corporal foi encontrada entre as atletas participantes em modalidade coletiva e individual. Introdução A imagem corporal tem sido evidenciada como um importante mecanismo para a construção da identidade pessoal, principalmente durante a infância e a adolescência. Gardner 1 a define como: a figura mental que temos das medidas, dos contornos e da forma corporal, e dos sentimentos concernentes a essas características e às partes do nosso corpo. Além disso, a imagem corporal pode ser influenciada por diversos
fatores, como por exemplo, os aspectos fisiológicos, sociológicos, emocionais e libidinais 2. Nesse contexto, o período da adolescência caracteriza-se como alvo de preocupação para estudiosos que abordam essa temática, devido a várias mudanças que ocorrem nessa fase da vida. Estudos têm demonstrado que meninas com excesso de peso demonstraram maior insatisfação corporal quando comparadas aos seus pares de peso normal e com os meninos 3,4. Além disso, aproximadamente 38% das adolescentes com peso normal indicam insatisfação com o corpo 3. A forte influência sobre a construção da imagem corporal pode ser exercida pelos meios de comunicação em massa, propagando na maioria das vezes, um ideal de beleza difundido na sociedade de corpo magro ou musculoso, podendo ocasionar uma forte pressão psicológica principalmente em indivíduos jovens do sexo feminino 5. A preocupação em demasia com o corpo e pela imagem corporal pode ser considerada como um fator de risco para o desenvolvimento de desordens psicológicas que podem levar a distúrbios alimentares como anorexia e a bulimia, distúrbios que tem atingido principalmente populações mais jovens e do sexo feminino 6. Porém, entre adolescentes atletas do sexo feminino poucos estudos foram realizados e acredita-se que as exigências no meio esportivo aliado aos meios de comunicação poderia potencializar a forte influencia nessa população alvo. Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi analisar a satisfação corporal em jovens atletas de modalidade coletiva (futsal) e individuais (tênis de mesa e ginástica rítmica) em Londrina, PR. Materiais e métodos Participaram do estudo 24 adolescentes na faixa etária entre 11 e 17 anos de idade do sexo feminino. Os responsáveis assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido, e este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Londrina (parecer CEP/UEL Nº. 202/07). A massa corporal foi obtida em uma balança digital, com precisão de 0,1 kg, e a estatura em um estadiômetro com precisão de 0,1 cm 7. Com base nessas informações o IMC foi determinado. A percepção da imagem corporal foi analisada pela escala de quinze silhuetas 8. Frequências percentuais foram utilizadas para descrever a satisfação corporal e o teste do Qui-Quadrado foi aplicado para comparar as frequências entre a modalidade coletiva e as individuais. O nível de
significância adotado foi de 5% (P<0,05) e os dados foram tratados no pacote computacional do SPSS versão 17.0. Resultados e Discussão Verificou-se altas prevalencias de insatisfação corporal, independente do tipo de esporte, conforme demosntrado na Figura 1A. Figura 1. Distribuição das adolescentes de acordo com a satisfação corporal (A). O grupo insatisfeito foi transformado em duas categorias: deseja aumentar e deseja reduzir (B). Nota: NS = não significativo. Na figura 1B observa-se que a maioria das atletas com insatisfação corporal, independente do tipo de esporte (coletivo ou individual) deseja reduzir a silhueta. A alta prevalência de insatisfação corporal encontrada foi superior a adolescentes não atletas 3,6 e semelhantes com escolares de 8 a 11 anos 9. Esse fato colabora com o ideal de beleza que se observa na
mídia que tem promovido o esporte e um modelo corporal esportivo, fortalecendo o ideal de beleza muitas vezes impossível de ser alcançado o que conduz a uma associação negativa na imagem corporal para os padrões normais. Conclusões Conclui-se que altas prevalências de insatisfação corporal em atletas jovens foram encontradas, porém não houve diferença significativa na satisfação corporal entre as participantes em esporte coletivo e individual. Agradecimentos Referências Os autores agradecem à fundação Araucária pela bolsa concedida. 1. Gardner RM. Methodological issues in assessment of the perceptual component of body image disturbance. Br J Psychol. 1996; 87(2):327-37. 2. Schilder P. A Imagem do Corpo: as energias construtivas da psique. São Paulo: Martins Fontes, 1994. 3. Branco LM, Hilário MOE, Cintra IP. Percepção e satisfação corporal em adolescentes e a relação com seu estado nutricional. Rev Psiq Clín. 2006; 33(6):292-6. 4. Conti MA, Frutuoso MFP, Gambardella AMD. Excesso de peso e insatisfação corporal em adolescentes. Rev Nutr. 2005; 18(4):491-7. 5. McCabe MP, Ricciardelli LA. A prospective study of pressures from parents, peers, and the media on extreme weight change behaviors among adolescent boys and girls. Behav Res Ther. 2005; 43(5):653-8. 6. Alves E, Vasconcelos FA, Calvo MC, Neves J. Prevalence of symptoms of anorexia nervosa and dissatisfaction with body image among female adolescents in Florianópolis, Santa Catarina State, Brazil. Cad Saude Publica. 2008; 24(3):503-12. 7. Gordon CC, Chumlea WC, Roche AF. Stature, recumbent length, and weight. In: Lohman TG, Roche AF, Martorell R, eds. Anthropometric
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