Imprensa Nacional, 1943. p.50. 1. MARINHO, Inezil Penna. Contribuições para a História da Educação Física no Brasil.



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O PAPEL DOS MILITARES NO DESENVOLVIMENTO DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL NA EDUCAÇÃO FÍSICA BRASILEIRA Prof. Dr. Victor Andrade de Melo Universidade Federal do Rio de Janeiro Prof. Randeantony C. Nascimento Universidade Federal de Sergipe-NPSE/Universidade Gama Filho-PPGEF Os primórdios da Educação Física nacional e a participação dos militares Desde meados do século XIX, pode-se observar nas escolas militares brasileiras a preocupação com a sistematização e o ensino de práticas ligadas aos exercícios físicos. Em 1858, estabelece-se regimentalmente a esgrima e a natação para os cursos de infantaria e cavalaria da Escola Militar. Já na Escola de Marinha, "...estabeleciam-se as seguintes práticas: esgrima, uma vez por semana; ginástica, uma vez por semana; natação, duas vezes por mês e aos domingos antes da missa" 1. Outros exemplos da importância concedida a prática de atividades físicas pelos militares podem ser obtidos nas nomeações, em 1860, de Pedro Guilhermino Meyer (para contramestre de ginástica da Escola Militar) e José Ferreira da Costa (para instrutor de ginástica do Depósito de Aprendizes de Artilheiros). Após essas datas, em todas as modificações e reestruturações das escolas militares, sempre foi explicitamente considerada a necessidade de ensino e prática de atividades físicas, o que sem sombra de dúvida tornou as forças armadas pioneiras em tal preocupação. A valorização da prática sistematizada de exercícios físicos, provavelmente pela sua utilidade na manutenção da boa forma do combatente e pela crença que era de utilidade na disciplinarização da tropa, não é somente observável nas forças armadas brasileiras. Um passeio pela história permite perceber, em vários países, militares ligados ao desenvolvimento da Educação Física, como, por exemplo, na concepção e difusão de alguns métodos gímnicos europeus. A influência do Exército estendeu-se a nosso sistema escolar civil da época, por conta da atuação direta dos instrutores, em grande parte militares (afinal foram os pioneiros a possuir alguma forma de ligação mais direta com o ensino de atividades físicas sistematizadas). Tal influência pode também ser percebida em certas ações governamentais, 1. MARINHO, Inezil Penna. Contribuições para a História da Educação Física no Brasil. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1943. p.50.

como na publicação e distribuição do "Novo guia para o ensino da ginástica nas escolas públicas da Prússia", baseado no Método Alemão (adotado como oficial pelo Exército), traduzido em 1870 por determinação do Governo Imperial. Desde o quartel final do século XIX começaram a se configurar propostas diferenciadas para a organização da Educação Física no Brasil, onde civis e militares apresentavam concepções, se não completamente diferentes, por certo com claras peculiaridades divergentes. A mais clara da discordâncias relacionava-se com o método proposto pelo Exército 2. Tais resistências, no entanto, parecem ter sido esvaziadas pela forte ação dos militares. Enfim, parece claro que os militares foram os pioneiros a incluir em seus programas de formação disciplinas ligadas a prática de exercícios físicos, tendo por isso grande influência na organização e no desenvolvimento inicial da Educação Física nas escolas e na sociedade como um todo. Junto com os imigrantes, que chegavam ao país e traziam conhecimentos adquiridos em seus países, fundamentalmente foram os militares os primeiros "professores" de Educação Física do país 3. Mais ainda, desde aquele momento ficava delineada a ação fundamental dos militares na difusão de doutrinas de Educação Física (os métodos ginásticos) e a ligação entre a prática de atividades físicas e visões ligadas a civismo, patriotismo e 'corpo saudável'. Tal influência ficaria ainda mais clara com a organização da formação profissional na Educação Física brasileira, em grande parte também conduzida e dirigida por membros das Forças Armadas. A formação profissional em Educação Física e a participação dos militares Os primeiros esforços de criação de uma instituição específica para a formação de professores/instrutores de Educação Física se deu com a fundação de uma sala de esgrima, com sede no Batalhão de Caçadores (Quartel da Luz, São Paulo), por iniciativa do coronel Pedro Dias de Campos. Em 1906, essa sala seria transformada em um curso de formação em ginástica e esgrima. A partir desse curso, é criada, em 1909, a Escola de Educação Física da 2. Alguns intelectuais podem ser lembrados por proporem que o método alemão fosse substituído pelo método sueco: Rui Barbosa, Jorge de Morais, Fernando Azevedo, Eduardo Augusto Pereira de Abreu, entre outros. 3. Para os que desejarem maiores informações: MELO, Victor Andrade de. Militares e imigrantes: "professores" de Educação Física nas escolas brasileiras do século XIX. In: MELO, Victor Andrade de (org.). Encontro Fluminense de Educação Física Escolar, 1, Niterói,1996. Anais; MELO, Victor Andrade de. A Educação Física nas escolas brasileiras do século XIX: esporte ou ginástica? In: FERREIRA NETO, Amarílio (org.). Pesquisa Histórica na Educação Física - volume 3. Aracruz: Ed. Faculdade de Ciências Humanas de Aracruz, 1998.

Força Pública, proposta do coronel Paul Balagny, comandante da missão francesa que viera contratada pelo governo de São Paulo para instruir aquela instituição. A Escola inicialmente deveria preparar novos especializados e ministrar atividades físicas para todos os batalhões da Força Pública 4, contudo paulatinamente seu campo de ação foi sendo ampliado, bem como sua presença no cotidiano paulistano: "Creada para educar physicamente o soldado paulista, a Escola, alargou seu campo de acção e coadjuva agora efficazmente os governos do Estado e da República na campanha por ambos emprehendida no sentido de diffundir, tanto quanto possível, o amor pela cultura física no paiz" 5. Foi também na primeira década do século, em 1905, que assistiu-se a primeira iniciativa de caráter nacional no que se refere ao desenvolvimento da formação do profissional da área: o projeto do deputado amazonense Jorge de Morais. Tal projeto previa a criação de duas escolas de Educação Física, uma civil e uma militar, sem mencionar, entretanto, o nível dessa formação. A influência francesa era claramente percebida no projeto de Jorge de Morais: " Creio que a fundação de uma escola idêntica na capital do país será de incontestável vantagem e dela partirão, como acontece em França, todos os instrutores de ginástica para os diversos corpos do exército espalhados pela república...do mesmo modo a escola civil (...) fornecerá os professores de Educação Física para todos os colégios existentes no Brasil. Em nossos dias o professores de Ginástica necessitam de uma soma regular de conhecimento que só um curso bem organizado pode fornecer" 6. Quais teriam sido as motivações que levavam o deputado a tentar separar os caminhos da Educação Física civil e militar? Será que estava consciente das diferenças necessárias? Penso que não, uma vez que na justificativa e defesa do projeto, apresentados em plenário do Congresso Nacional, em momento nenhum ficava explícito o reconhecimento de possíveis necessidades de diferenciação. Na verdade, creio que Jorge de Morais, defensor convicto do método sueco, ao propor a divisão da formação profissional, tentava reduzir a influência militar no âmbito civil, o que ele poderia considerar pernicioso devido aos militares já a muito tempo adotarem o método alemão. 4. CAMARA, Hely F., ANDRADE, Euclides. A Força Pública de São Paulo - esboço histórico. São Paulo: [s. n.], 1931. 5. Ibid., p.145.

Dessa forma, Morais, mesmo que indiretamente, reconhecia a importância e a presença dos militares na Educação Física fora dos quartéis. Vale a pena observar que tal influência era também ampliada pelos muitos livros e manuais lançados pelos militares, preconizando e divulgando modelos de aulas de Educação Física. E como, desde o quartel final do século XIX, a Educação Física esteve inserida nas preocupações governamentais de higiene e saneabilidade, embora muitas vezes mais nos discursos do que na prática, Morais sentia a necessidade de adequar a Educação Física "civil" a tais dimensões, encarando o método sueco como mais adequado. O projeto de Morais, embora aprovado, não se concretizou e foram mesmo os militares que desenvolveram esforços mais efetivos no sentido de sistematizar a formação profissional na Educação Física brasileira. Em 1922, podemos observar nova iniciativa de grande importância: a criação do Centro Militar de Educação Física, no Rio de Janeiro. O Centro deveria, entre outros objetivos, ministrar cursos preparatórios para a formação de instrutores, tanto oficiais quanto sargentos. Desde aquele momento se pensava em abrir vagas também para civis. O Centro Militar de Educação Física só começaria a atuar efetivamente em 1929, com a realização de um curso provisório de formação, em convênio com a prefeitura do Distrito Federal. Um dos responsáveis por essa realização foi Fernando Azevedo, extremamente sensível a problemática da Educação Física brasileira e ao processo de formação de profissionais para sua atuação, na ocasião responsável pela Diretoria Geral de Instrução Pública do Distrito Federal 7. Esta iniciativa foi significativa no referendar da influência dos militares na formação profissional, pois também civis participaram como alunos desse curso, escolhidos diretamente por Fernando de Azevedo. O Curso, dirigido pelo Tenente Inácio Freitas Rolim e pelo Tenente Médico Vírgilio Alves Bastos, foi ministrado basicamente por militares, com importante participação de Pierre de Seguir, ligado ao Exército francês. É interessante observar que ao final do curso foram formados profissionais de diferentes naturezas, com diferentes denominações. Os tenentes que concluíram receberam o título de instrutor; já os 6. MORAIS apud. MARINHO, op.cit., p.245. 7. Fernando Azevedo propôs a criação, na reforma de ensino do Distrito Federal, por ele conduzida em 1928, de uma escola de formação para profissionais de Educação Física. Sua proposta era bastante completa, prevendo inclusive cursos de especialização, obrigando o estágio e criando uma escola para crianças para aplicação dos conhecimentos por parte dos formandos. Maiores informações sobre Fernando Azevedo e a Educação Física brasileira podem ser encontradas em: PAGNI, Pedro. Fernando Azevedo - educador do corpo. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica, 1994. Dissertação (Mestrado em Educação).

sargentos, o título de monitor; e os civis, o de professor especializado. Essa é considerada a primeira turma diplomada por curso oficial. A influência do Exército na Educação Física daquele momento pode ser sentida inclusive nas palavras proferidas pelo Presidente da República Washington Luis, por ocasião da mensagem de abertura da legislatura de 1929 do Congresso Nacional: "Por entendimento com as autoridades municipais, está sendo adotado, nos estabelecimentos civis de ensino primário, o método de Educação Física seguido no Exército. Uniformiza-se a Educação Física, constituindo mais um elemento para a unidade do povo. O método adotado é o da Escola de Joinville (...). Atualmente freqüenta a Escola de Sargentos de Infantaria um grupo de professores municipais (...). Os governos estaduais, consultados pelo Ministério da Guerra, solicitamente declararam-se prontos a secundá-los nessa útil iniciativa" 8. O papel preponderante dos militares e sua preocupação com a "formação física da população brasileira" podem também ser sentidos pela própria atuação constante do Ministério da Guerra. Ainda em 1929, o general Nestor Sezefredo Passos, ministro da Guerra, submete um projeto de lei a uma comissão de Educação Física organizada no âmbito governamental nacional. Entre suas propostas mais importantes estava a criação de uma escola nacional superior (ligada ao Ministério da Guerra), de escolas estaduais, de uma escola de ginástica da Marinha e de centros regionais de instrução física militar. Esse projeto recebeu inúmeras críticas da Associação Brasileira de Educação (ABE), principalmente por não desligar o curso provisório e por ligar a escola superior de Educação Física ao Ministério da Guerra. Na verdade, a ABE possuía um departamento específico para Educação Física e Higiene e propunha, entre outras coisas, que a futura escola de formação fosse ligada à Universidade do Rio de Janeiro, a futura Universidade do Brasil. Parece claro que cada vez mais havia divergências entre militares e civis sob quais caminhos deveria seguir a formação profissional em Educação Física. Em 1927, por exemplo, o deputado Jorge de Morais, já voltara a, no Congresso, criticar a não execução do projeto de 1905, e a tentar a criação de escolas de Educação Física voltadas para a formação profissional. Significativas também foram as conclusões da seção "Da Educação Física como fator eugênico" do I Congresso Brasileiro de Eugenia, em 1929, que propunha, entre outras coisas, 8. Apud MARINHO, op.cit., p.223.

a organização de escolas superiores de Educação Física para conveniente preparo dos professores, considerados "indispensáveis a cultura física nacional". Tal seção também foi dirigida por Jorge de Morais, que, ainda em 1929, através da ABE, realizou inquérito com técnicos visando apresentar soluções para a Educação Física nacional. Aí também estava uma forma de apresentar uma alternativa ao projeto dos militares, até mesmo porque todos os consultados por Morais, de alguma forma faziam parte do grupo próximo de suas convicções. O Ministério da Guerra não ficaria parado perante as ações de Morais e da ABE. Em 1930, o general Nestor Passos promove uma reestruturação no Centro Militar de Educação Física. Em 1931, passa a ser um estabelecimento independente dentro do Exército, aumentando seu poder de ação. Em 1932, lança o importante periódico "Revista de Educação Física", um dos primeiros específicos no Brasil. E em 1933, o Centro Militar é substituído pela Escola de Educação Física do Exército (EsEFEx), criada inicialmente para formar instrutores, monitores, mestre d'armas, monitores de esgrima e médicos especializados, sendo aos civis também permitido tomar parte nos cursos. O Exército agia no sentido de manter sua influência e reafirmar seus pontos de vista. Na abertura da legislatura do Congresso Nacional, em 1930, mais uma vez Washington Luis voltaria a apresentar preocupações sobre a Educação Física. E embora chegasse a claramente dizer que a Educação Física não deveria ser uma preocupação circunscrita ao Exército, passa grande parte de sua fala elogiando as ações daquela Força Armada. Ao final de 1930, a país possuía formados 170 profissionais de Educação Física, além de mais alguns formados em outros países. Desses, 150 eram militares, sendo 130 formados pelo Exército. Os outros 20 militares foram formados pela Marinha. Havia 20 civis, mas todos também formados pelos militares. Antecendentes da criação da Escola Nacional de Educação Física e Desportos e a participação dos militares Na década de 30 acirram-se ainda mais as preocupações e as iniciativas relativas à organização da Educação Física por todo o país. No âmbito civil e estadual, vale destacar a importante criação de departamentos e escolas de Educação Física nos Estados de São Paulo e do Espírito Santo 9. O Estado do Espírito Santo criou, em 1931, o Curso Especial de Educação 9. Aqui ressaltamos esses dois Estados pela complexidade e efetividade de suas propostas, mas em diversos outros Estados, e também no Distrito Federal, diversas iniciativas foram observadas no que se refere à formação profissional, desde palestras e seminários até a criação de escolas e cursos específicos para formação.

Física, para formação de normalistas especialistas, primeiro curso civil reconhecido. Embora fosse um curso "civil", não é demais lembrar que era dirigido por Laurentino Bonorino, tenente do Exército formado no curso provisório de 1929. Assim, parece que mais uma vez, mesmo nos meios ditos "civis", os militares estavam a participar e a influenciar os rumos da Educação Física brasileira. Na segunda metade da década de 30, torna-se cada vez mais forte a possibilidade da criação de uma escola nacional de Educação Física, ligada a uma universidade. Mesmo alguns dos militares mais diretamente ligados aos rumos da Educação Física no Brasil começavam a se deixar contagiar pela ambição da cátedra, abandonando paulatinamente a idéia de ligar a escola ao Ministério da Guerra. Na verdade, esses militares, que gozavam de grande prestígio junto ao governo Vargas, seriam essenciais para realização desse projeto. A ascensão da preocupação com os rumos da Educação Física era flagrante no contexto do Estado Novo e trazia em seu bojo a necessidade de uma escola padrão. Cabe ressaltar que uma escola nacional servia de padrão, principalmente através de sua grade curricular, para outras escolas existentes no país. Localizadas na capital da República, tais escolas possuíam mecanismos que possibilitavam determinadas iniciativas que exerciam influência nacional, como outorga de bolsas de estudo, que permitiam receber estudantes de outros Estados, principalmente aqueles onde a formação tinha um grau de desenvolvimento menor. Esses bolsistas, ao voltarem para seu Estado, divulgavam então o conhecimento adquirido segundo os moldes da escola nacional. Entre os civis continuavam as discussões em torno dos rumos da Educação Física nacional. O VII Congresso Nacional de Educação dedicou sua temática central ao assunto. Entre as conclusões do Congresso, encontra-se mais uma vez a sugestão de criação de uma escola de Educação Física, ligada à universidade. Esse Congresso foi muito importante para traçar os caminhos da fundação da futura Escola Nacional de Educação Física e Desportos (ENEFD). É muito provável que existissem resistências internas de alguns intelectuais que não desejavam ver na universidade uma profissão que, segundo eles, "não necessitava de formação superior", sem falar na "ênfase que dava ao físico em detrimento do intelectual".

Mas o desenvolvimento da Educação Física brasileira era uma questão de tempo, pois estava também diretamente ligada aos interesses governamentais do momento 10. Em 1937, a Secretaria Geral do Conselho Segurança Nacional elabora um projeto de lei propondo a criação do Conselho Nacional de Desportos, do Instituto Nacional de Educação Física e da Escola Nacional de Educação Física e Desportos. Como se observa, a Educação Física estava ligada a um projeto de segurança nacional, algo muito mais complexo do que simples preocupações com uma disciplina escolar. O Conselho Nacional de Educação, no entanto, manifestou preocupações nesse sentido e, ao apresentar um Plano Nacional de Educação também propôs a criação de uma escola superior de Educação Física, com curso de um ano para instrutor e dois anos para mestre. É possível mais uma vez perceber que as ações não estavam articuladas e grupos diferentes continuavam buscando direcionar os caminhos da Educação Física brasileira. Sem dúvida, o grande avanço e o grande passo para a criação de uma escola nacional, se deu com a criação da Divisão de Educação Física (DEF) do Ministério da Educação e da Saúde (MES), pela lei 378 de 13 de janeiro de 1937. A DEF, primeiro órgão especializado governamental no nível administrativo federal, seria a responsável por sistematizar e regulamentar dali para frente todo o processo de formação profissional, bem como contribuir para a excelência dessa formação. Todas as escolas, em funcionamento ou que viessem a funcionar, deveriam primeiro solicitar a autorização para tal e depois o seu reconhecimento, além de serem periodicamente inspecionadas. João Barbosa Leite, um militar do Exército, foi designado diretor. É de grande importância percebermos o quadro que se apresentava nos momentos que antecederam a criação da ENEFD. Alguns grupos se articulavam em torno de projetos de uma Educação Física nacional, que aliás estava diretamente ligada aos interesses do governo em decurso. Dentre esses grupos, os militares possuíam certa ascendência, devido ao lugar que estavam ocupando no cenário político nacional, mas também devido a seu precoce interesse para com a área e com a formação do profissional que nela atuaria. Os militares estabeleciam ligações e articulações com médicos, que muitas vezes eram também militares. Os médicos vinham estudando a área de conhecimento, a parte "científica" da Educação Física, a mais tempo, emprestando assim certo status. 10. Um dos significativos indicadores desse processo pode ser percebido com a inclusão de um artigo (131) sobre Educação Física na Constituição de 1937, primeira vez que uma constituição brasileira fazia referência direta a essa disciplina.

Os movimentos mais ligados a área educacional, movimentos do meio civil, começaram a participar mais tardiamente dessas discussões, mas suas influências, embora numericamente menores, não podem ser desconsideradas nem desconectadas do quadro nacional geral que se apresentava. Sua influência, por exemplo, foi fundamental na determinação do caráter "civil" da ENEFD e de sua ligação com a Universidade do Brasil. Os primeiros momentos da ENEFD e a participação dos militares É nesse contexto que a ENEFD é criada, pelo Decreto Lei 1212 de 17 de abril de 1939. A exposição de motivos para a criação da ENEFD, apresentada por Gustavo Capanema, Ministro da Educação e da Saúde, a Getúlio Vargas, deixa claro que: "Ela será, antes do mais, um centro de preparação de todas as modalidades de técnicos ora reclamados pela Educação Física e pelos desportos. Funcionará, além disso, como um padrão para as demais escolas do país, e, finalmente, como um estabelecimento destinado a realizar pesquisa sobre o problema da Educação Física e dos desportos e a fazer permanente divulgação dos conhecimentos relativos a tais assuntos" 11. A despeito da influência "civil", uma análise inicial do quadro de docentes da ENEFD permite-nos perceber que era formado basicamente por médicos e militares, muitos oriundos da Escola de Educação Física do Exército e da Policial Especial, ficando os médicos responsáveis por ministrar as disciplinas mais diretamente ligadas à teoria (anatomia, fisiologia etc.), enquanto os segundos ligados às práticas (treinamento desportivo, desportos, ginástica etc...). Além disso, militares ficaram responsáveis pela direção da ENEFD em seus primeiros anos de existência, até 1948. Efetivamente, tinham conseguido e iriam manter uma grande influência nos rumos da Educação Física brasileira. A influência dos militares era tão grande que podemos até perguntar se tal instituição era mesmo uma "escola civil". A cerimônia oficial de fundação da ENEFD, aliás, é bem interessante. Em 01 de agosto de 1939, os futuros professores da ENEFD, alunos da primeira turma, os professores da EsEFEx e diversas autoridades governamentais dos mais diversos escalões (inclusive Getúlio Vargas) realizaram uma cerimônia nos moldes das formaturas realizadas nos quartéis, nas dependências do Fluminense Futebol Clube. Depois de hinos cívicos, hasteamento de bandeiras e discursos diversos, com os mais distintos teores, mas todos falando de probidade e civismo, o coronel Otávio Saldanha Mazza, comandante da EsEFEx, passa às mãos do 11. Apud MARINHO, op.cit, p.125.

representante da ENEFD, major Inácio Freitas Rolim, uma bandeira que simbolicamente significava que a partir de então a ENEFD era responsável pelos rumos da Educação Física no meio civil. Assim, em cerimônia com características marcadamente militares, os militares passam para uma Escola dirigida por outro militar, e que continha no seu corpo docente grande número de militares e uma estrutura bastante militarizada, a responsabilidade de conduzir uma possível Educação Física civil. De qualquer forma, com todos os problemas e críticas que se possa fazer à fundação da ENEFD e a sua atuação nesses primeiros instantes (como o caráter extremamente militarizado; a centralização nacional da formação profissional a partir de um modelo único; a sua desvinculação das outras licenciaturas, aglutinadas em torno da Faculdade Nacional de Filosofia; ao caráter eminentemente técnico da formação, em detrimento a preocupação com a formação do professor), inegavelmente essa instituição teve grande importância para a Educação Física nacional na época. Sua criação foi fundamental por favorecer a possibilidade de reconhecimento da Educação Física enquanto disciplina acadêmica, trazendo suas discussões para o seio da universidade, adquirindo os hábitos e a lógica universitária e permitindo aos seus alunos o contato com o mundo acadêmico. A ascendente influência do ambiente universitário na Escola foi de grande importância para um futuro redimensionamento e reorientação de suas ações. Além disso, a Universidade contribuiu para que a ENEFD pudesse cumprir sua função de escola padrão, nacional. A estrutura universitária parece ter sido valiosa para respaldar esse processo futuro 12. E nesse processo de preparação, criação, instalação e construção, a ação dos militares foi inegável e de suma importância. À guisa de conclusão Na década de 80, reflexos do momento de reconstrução democrática da sociedade brasileira, críticas muito contundentes foram feitas a atuação dos militares e a ligação da Educação Física aos interesses governamentais. Superados determinados ransos, parece ser chegada a hora de fazermos balanços mais aprofundados e menos lineares sobre a ligação das Forças Armadas com a Educação Física brasileira. 12. Maiores informações sobre a ENEFD podem ser obtidas em: MELO, Victor Andrade de. Escola Nacional de Educação Física e Desportos: uma possível história. Campinas: Unicamp, 1996. Dissertação (Mestrado em Educação Física).

Longe de negar o exercício da crítica, muito pelo contrário no sentido de aprofundá-la, devemos nos afastar de posturas maniqueístas que imputam "culpas e pecados" a determinadas categorias, principalmente médicos e militares, por alguns dos problemas que hoje venham a impregnar nossa área de conhecimento. Na verdade, devemos reconhecer, que médicos e militares foram importantes por emprestar prestígio e fundamentação à área de conhecimento em construção e pioneiros na defesa e na consideração de suas possibilidades. Se concordamos que trouxeram determinadas posturas filosóficas e ideológicas que devem ser cuidadosamente consideradas segundo uma perspectiva crítica, na medida que se pretenda reorientar os rumos da Educação Física brasileira, fundamentalmente nos meios não militares, não podemos jamais negar e nos furtar de estudar sua importante atuação e contribuição. Essa parece uma tarefa urgente: entabular esforços conjuntos para recuperar a importante contribuição dos militares ao desenvolvimento da Educação Física nacional.