A Ditadura Militar e a Redemocratização no Brasil Prof. Maurício Ghedin Corrêa
A Ditadura Militar Ditadura civil-militar brasileira não foi um fato isolado. Se relaciona com: Guerra fria Revolução cubana Política intervencionista dos EUA Assim que assumiram o poder, os militares revogaram a constituição de 1946 para limitar a atuação do Congresso Nacional e impedir questionamentos às suas decisões.
A Ditadura Militar Militares passam a legislar por decretos-leis chamados Atos Institucionais (AI s), através dos quais, por exemplo, alteraram as eleições para cargos executivos, tornando-as indiretas. Os AI s também permitiram cassar os direitos políticos e jurídicos de todo o cidadão acusado de envolvimento em ato de subversão e corrupção. Não havia direito de defesa, o que abria caminhos para arbitrariedades.
A Ditadura Militar Extinção dos partidos políticos e criação de somente dois: Aliança Renovadora Nacional (ARENA) partido de situação Movimento Democrático Brasileiro (MDB) Partido de oposição.
O Milagre Econômico Novo governo ocupa-se de ajustas os problemas econômicos do Brasil, como controlar a alta da inflação. Para isso, passou a intervir fortemente na economia, afim de combater a crise e estimular o desenvolvimento nacional. Governo Castelo Branco (tentativa de controle da inflação): Corte de gastos Aumento de preços e tarifas do serviço público Elevação dos impostos Controle sobre os salários (abaixo da inflação)
O Milagre Econômico Nacionalismo econômico fez com que o governo criasse várias empresas estatais nas áreas da construção civil, produção e distribuição de energia, mineração e transportes. Dinheiro para isso veio do FMI e do governo dos EUA. Em troca o governo facilitou o envio de lucros ao exterior pelas empresas estrangeiras. Parque industrial diversificou-se e os bens de consumo duráveis passaram a fazer parte da vida de cada vez mais brasileiros.
Repressão Censores dentro da redação dos jornais. Como protesto, notícias censuradas eram substituídas por receitas de bolo, poemas ou receitas culinárias. Lei de Segurança Nacional (LSN): legalizava a repressão aos críticos do regime, como sindicalistas, artistas, políticos, estudantes, advogados, jornalistas, etc. Departamento de Ordem Política e Social (DOPS): ligado a Polícia Federal. Departamento de Operações e Investigação Centro de operações de defesa interna (DOI-CODI): Ligado aos exército.
Repressão Esses dois órgãos tinham a obrigação de investigar e prender os considerados subversivos. Perseguições, prisões, perda de emprego, mortes e tortura;. Só parecia existir duas posições políticas possíveis: Engajado ou Alienado. Morte de Vladimir Herzog: Jornalista Iugoslavo erradicado no Brasil foi um intenso crítico da Ditadura Militar. Em 1975, após se apresentar espontaneamente no DOI-CODI, foi tortura até a morte. Sua morte virou um símbolo na luta contra a repressão
Os anos de chumbo O ano de 1968 marcou o endurecimento definitivo do Regime. Os militares se dividiam em dois blocos: Uma ala defendia que, passada a turbulência política e social após o golpe, os militares deveriam devolver o poder aos civis. Outra ala, mais linha dura, entendia que os militares deveriam manter-se no poder e colocar em prática seu projeto nacional-desenvolvimentista.
Os anos de chumbo A radicalização dos grupos de oposição fez com que a Ala mais linha dura ganhasse força, e no dia 13 de dezembro de 1968, o Brasil amanheceu sob o impacto do truculento AI-5. Plenos poderes ao executivo, para cassar mandatos e direitos individuais, prender pessoas, fechar o Congresso, entre outros, sem necessidade de decisão individual.
Os anos de chumbo Diante desse quadro, muitos grupos da esquerda entendem que a única forma de fazer oposição era a partir da Luta Armada e da Clandestinidade. Daí o surgimento e fortalecimento das Guerrilhas, em grande parte, compostas por estudantes. Guerrilha do Vale do Ribeira: Liderada por Lamarca e Marighella Guerrilha do Araguaia: criada e organizada pelo PC do B.
Os anos de chumbo Assaltar bancos, e sequestrar personalidades políticas afim de trocá-los por presos políticos que estavam sob tortura. Centenas de pessoas foram presas, muitas torturadas e mortas. Há ainda muitos desaparecidos, visto que muitos corpos foram jogados no mar, enterrados em cemitérios clandestinos, ou completamente incinerados.
Abertura lenta, gradual e segura A partir da metade da década de 1970, o milagre econômico acabou e a inflação voltou a subir, aumentando o custo de vida e o desemprego. Pressão da sociedade civil: AI-5 revogado em 1979 Ainda em 1979: No governo de João Batista Figueiredo, é assinada a Lei de Anistia, que perdoava todos os crimes políticos cometidos na ditadura, fosse do governo ou da oposição. Além disso, suspendia a censura aos meios de comunicação e permitia a realização de manifestações públicas de crítica ao regime.
Abertura lenta, gradual e segura Movimento de metalúrgicos do ABC: Desafiando o regime e aglutinando vários setores da esquerda. 1980: Extinção da Arena e do MDB e volta do pluripartidarismo. Arena virou Partido democrático e Social (PDS), atual PP. MDB de transformou em uma série de partidos, como PT, PMDB, PSDB, PDT, PTB, etc Show do 1º de maio de 1981 atentado ao Riocentro: Militares estavam engajados na luta contra abertura política e planejam um atentado contra um show, para responsabilizar a esquerda e retomar a repressão política.
A Redemocratização Com o fim da Guerra fria, nos anos 1980, os EUA retiraram seu apoio as ditaduras latino-americanas e passam a fazer pressão pela redemocratização do continente. A partir de 1982, as eleições para alguns cargos (prefeitos e governadores) volta a ser direta. Pouco tempo depois, lideranças deram início ao movimento das diretas já, defendendo o reestabelecimento das eleições diretas para presidente da república (emenda Dante de Oliveira) Votação seria no dia 25 de abril de 1984: Panelaços e buzinaços. Adesão popular foi intensa. Emenda Dante oliveira foi derrotada no Congresso.
A Nova República A sucessão do militar João Figueiredo acabou sendo um meio termo entre a indicação militar e a eleição direta. Nessa eleição, Tancredo Neves, do PMDB, venceu o candidato do governo, Paulo Maluf, do PDS. Neves foi apoiado por uma dissidência do PDS, encabeçada por Antônio Carlos Magalhães e José Sarney, que foi o vice da chapa. Tancredo vendeu, adoeceu e morreu antes da posse. Sarney deu continuidade ao processo de redemocratização do país.
O Governo Sarney (1985-1990) Em outubro de 1988 foi aprovada uma nova constituição para o país. Pontos importantes: Pluripartidarismo Direito de organização sindical Direitos sociais e trabalhistas aos trabalhadores rurais Direito de voto aos analfabetos e maiores de 16 anos Eleições diretas para todos os níveis Liberdade de imprensa e manifestação
O Governo Sarney (1985-1990) Crise econômica intensa Inflação de 80% ao mês Ministro da economia, Dilson Funaro, lançou o plano Cruzado, que deveria substituir o Cruzeiro e fazer o congelamento de preços. Faltavam mercadorias nas prateleiras de mercados e mercearias cobrança do ágio para quem quisesse um produto sem a necessidade de filas. O governo Sarney não resolve o problema da inflação e a mesma termina o mandato com 85% ao mês. As eleições de 1989 seriam decisivas para o Brasil.
O Governo Collor Primeiro eleição direta em quase 30 anos. Fernando Collor de Mello (PRN) venceu Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A expectativa era de que, em virtude do apoio popular, o governo conseguisse implantar uma política econômica que tirasse o Brasil da crise. Plano Collor (Zélia Cardoso de Melo) foi um fracasso. Apesar de conter a inflação nos primeiros meses em virtude da diminuição da circulação monetária, a recessão provocou queda de salários e aumento do desemprego. Instituição do Cruzeiro como moeda.
O Governo Collor Além da dificuldade de enfrentar a crise, fortes denúncias de corrupção abalaram o governo Collor, feitas pelo próprio irmão do presidente (Pedro Collor). CPI para investigar as denúncias contra o governo. Milhares de pessoas tomam as ruas pedindo o impeachment do presidente Collor. Pintavam o rosto de verde e amarelo e ficaram conhecidos como os caras pintadas
O Governo Collor Após a apuração das denúncias, a Câmara autoriza o senado a processar e julgar Collor, que renunciou ao mandato antes que isso acontecesse. Em decisão inédita, o STF manteve o processo e decretou o impeachment do presidente.
O Governo Itamar Franco Conter a inflação e criar uma moeda que pudesse manter o valor a longo prazo. Ministro da economia: FHC Junho de 1994: Anunciado o Plano Real, que consegue estabilizar a moeda e conter a inflação. Medidas: Substituição do Cruzeiro Real pelo Real Controle da oferta de dólares pelo Banco Central Manutenção do valor da moeda
O Governo FHC (1995-2002) Medidas para manter a estabilidade econômica e a inflação próxima de zero:: Manutenção da paridade entre o real e o dólar Manutenção de juros altos aos bancos e fundos estrangeiro que quisessem aplicar no Brasil Políticas neoliberais: Privatizações e enxugamento da máquina pública. Dinheiro das privatizações foi utilizado para pagar os juros da dívida pública. Reeleição de 1998
O Governo FHC (1995-2002) Governo enfrenta os efeitos de uma forte crise econômica na Russia. Investidores estrangeiros retiram dinheiro do Brasil, as reservas diminuem a moeda desvaloriza em relação ao dólar. Para atrair a entrada de dólares, o governo manteve os juros altos, gerando uma nova onda de recessão e desemprego. 2001: Crise elétrica Apagão Crise econômica na Argentina: Fortes consequências no Brasil 2002: Desvalorização do Real, aumento do risco Brasil, empréstimos feitos pelo governo ao FMI. O cenário era extremamente preocupante.
O Governo Lula (2003-2010) Início de um período de prosperidade social e econômica, motivado por políticas públicas e pelo cenário econômico internacional. Programa Fome Zero Manutenção da política neoliberal do governo anterior de resultados positivos Redução dos juros, controle da inflação, Aumento do PIB (aumento do preço das commodities) Estimulo de consumo ao mercado interno, aquecendo a economia. Milhões de pessoas ascenderam socialmente. Escândalo do mensalão