MOÇAMBIQUE. Adaptação

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Transcrição:

MOÇAMBIQUE Conforme estabelecido na Estratégia Nacional de Adaptação e Mitigação das Alterações Climáticas (ENAMMC), a prioridade nacional consiste em "aumentar a resiliência nas comunidades e na economia nacional, incluindo a redução dos riscos climáticos e promover um desenvolvimento de baixo carbono e a economia verde através da integração de adaptação e mitigação no planeamento setorial e local". Para alcançar esse objetivo, e apesar do Governo ter implantado um quadro legal e institucional, ainda é necessário mobilizar, a nível nacional e internacional, os recursos financeiros e tecnológicos necessários, e também fortalecer as capacidades nacionais técnicas e institucionais. Adaptação A análise dos impactes e a frequência de sua ocorrência em Moçambique, no período de 1956 a 2008, demonstram que a seca e as inundações são as ocorrências que mais afetam as populações que vivem em áreas vulneráveis, seguidas das tempestades tropicais. Nesse sentido, os relatórios de medidas de adaptação, com objetivos a curto e longo prazo, indicam sempre como missão "reduzir a vulnerabilidade às alterações climáticas e melhorar o bem-estar dos Moçambicanos através da implementação de medidas concretas para a adaptação e redução do risco climático, promovendo a mitigação e o desenvolvimento de baixas emissões de carbono, visando o desenvolvimento sustentável, com a participação ativa de todas as partes interessadas nos setores social, ambiental e económico". Moçambique atualizará e implementará o Plano Nacional de Adaptação (PAN) para os períodos de curto prazo (2015 a 2019), médio prazo (2020 a 2024) e longo prazo (2025 a 2030).

As ações estratégicas a serem incluídas são: Reduzir os riscos climáticos através do fortalecimento do sistema de alerta precoce e da capacidade de preparação e resposta aos riscos climáticos; Melhorar a capacidade de gestão integrada dos recursos hídricos, incluindo a construção de infraestruturas hidráulicas resilientes ao clima; Aumentar a eficácia do uso da terra e do ordenamento do território (proteção de planícies de inundação, zonas costeiras e outras áreas vulneráveis às inundações); Aumentar a resiliência da agricultura, pecuária e pesca, garantindo níveis adequados de segurança alimentar e nutrição; Aumentar a capacidade de adaptação dos grupos mais vulneráveis; Reduzir a vulnerabilidade das pessoas às doenças transmitidas por vetores relacionados com as alterações climáticas ou outras doenças; Garantir a proteção da biodiversidade; Reduzir a degradação do solo e promover mecanismos para o plantio de árvores para uso local; Desenvolver mecanismos adequados a infraestruturas para áreas urbanas, zonas costeiras e turísticas, com resiliência climática; Fortalecer as instituições de pesquisa e observação sistemática que colaboram na recolha de dados relacionados com a avaliação da vulnerabilidade e adaptação às alterações climáticas; Desenvolver e melhorar o nível de conhecimento e capacidade de atuar relativamente às alterações climáticas;

Promover a transferência e a adoção de tecnologias limpas e resilientes às alterações climáticas. Moçambique faz parte do grupo de países que estão implementando o Programa Piloto de Resiliência ao Clima (PPCR), integrando o apoio à reforma institucional e a políticas para o financiamento de projetos-piloto (estradas, agricultura, sistemas de alerta precoce, cidades costeiras e irrigação) e para a gestão do conhecimento. Dificuldades Financiamento disponível insuficiente, associado à complexidade dos critérios e procedimentos para obtenção dos recursos financeiros climáticos internacionais; Baixo investimento público e baixa participação privada e da sociedade civil nas ações de adaptação; Falta de financiamento para manter e atualizar as estações de coleta de dados (meteorológica, hidrológica, hidrográfica e qualidade do ar, entre outros); Pouco retorno do investimento nas ações de adaptação às alterações climáticas; Imprevisibilidade da intensidade e da magnitude dos impactes das alterações climáticas; Fraca capacidade para planear projetos para aceder a financiamento e a fundos para as alterações climáticas; Indisponibilidade de tecnologias de adaptação; Dificuldades e fraca capacidade para divulgar conhecimento sobre riscos e ações das alterações climáticas, associados a uma baixa capacidade de gestão e comunicação dos resultados dos estudos e projetos;

Fraca coordenação dos setores na implementação das políticas, estratégias e planos aprovados, devido à baixa capacidade de verificação e cumprimento de leis e regulamentos, associados a uma fraca capacidade de planeamento intersectorial e integrado. Mitigação Período de implementação: 2020 a 2030. A implementação das ações permite não só limitar as emissões de gases com efeito de estufa (GEE) na sua fonte, mas também contribuir para a sua remoção por dissipação, contribuindo assim para o aumento do bem-estar dos Moçambicanos, através do aumento do acesso a fontes de energia renováveis e aos serviços básicos de saneamento, promovendo o uso eficiente dos recursos naturais e reduzindo a degradação ambiental. Moçambique está disposto a participar nos mecanismos de mercado a serem estabelecidos, o que permitirá o seu acesso a tecnologias limpas com vista à mitigação das emissões resultantes da exploração, gestão e uso do capital natural disponível. É relevante a sua participação na Segunda Fase do Projeto de Avaliação de Necessidades Tecnológicas, que abrange os seguintes sectores: (i) energia e resíduos, (ii) agricultura e (iii) zonas costeiras, incluindo infraestruturas. Este processo resultará num Plano de Ação Tecnológica, que estava previsto ser concluído até final de 2017, sendo identificadas todas as necessidades, incluindo as financeiras e de capacitação. As ações identificadas estão relacionadas com a energia (produção elétrica, transportes e outros usos: residencial, comercial e institucional); uso do solo, mudança no uso do solo e silvicultura (REDD +); e resíduos (disposição e tratamento de resíduos sólidos). Não obstante, o país ainda possui ações potenciais noutros setores, tais como: a indústria, a agricultura e outros subsectores de energia. É reconhecido que alcançar um desenvolvimento resiliente e de baixo teor de carbono pode ser um catalisador para reduzir a pobreza e diminuir as

desigualdades, nomeadamente para os mais vulneráveis. Por conseguinte, a implementação do INDC incluirá as comunidades mais vulneráveis, promovendo um desenvolvimento inclusivo com impacte climático, com maior grau de acesso a tecnologias eficientes e fontes de energia mais limpas, promovendo a integridade ambiental e a criação de empregos verdes.