ANÁLISE DA CAPACIDADE DE CARGA DE UMA SAPATA RÍGIDA ASSENTE EM SOLO RESIDUAL MADURO DE GNAISSE

Documentos relacionados
Investigações Geotécnicas Parte 2

Evento: XXV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

Pesquisa do DCEEng, vinculada ao projeto de pesquisa institucional da UNIJUÍ 2

ESTUDO DA CAPACIDADE DE CARGA E RECALQUE DE SOLO RESIDUAL DA CIDADE DE PALMEIRA DAS MISSÕES

ESTUDO DA CAPACIDADE DE CARGA E RECALQUE DE SOLOS DA REGIÃO DO NOROESTE DO RIO GRANDE DO SUL 1

ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP DEPARTAMENTO DE

Evento: XXV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

3 Provas de Carga Instrumentadas

Estudo da Extrapolação do Coeficiente de Reação em Solos Arenosos para Fundações a Partir de Provas de Carga em Placa

Prova de Carga Estática Prévia em Estaca Escavada de Grande Diâmetro na Praia Grande SP

FUNDAÇÕES. Apresentação do Plano de Curso e diretrizes da disciplina. Prof. MSc. Douglas M. A. Bittencourt. Fundações SLIDES 01

17/03/2017 FUNDAÇÕES PROFESSORA: ARIEL ALI BENTO MAGALHÃES / CAPÍTULO 2 FUNDAÇÕES RASAS

Estimativa de recalques de fundações por tubulões em edifícios assentados no solo da região sul de Minas Gerais

Capacidade de Carga de Estacas Escavadas com Bulbos, em Solo Não Saturado da Formação Barreiras.

Investigações Geotécnicas Parte 2

ESTACAS PRÉ-FABRICADAS DE CONCRETO ARMADO, TRABALHANDO A COMPRESSÃO, COMO REAÇÃO PARA PROVA DE CARGA ESTÁTICA

IMPACTO DAS INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS DE CAMPO EM PROJETOS DE FUNDAÇÕES E MEIO AMBIENTE

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL. Profª Aline Cristina Souza dos Santos

Correlações entre compacidade relativa (C r ) e resistência à

FUNDAÇÕES RASAS INTRODUÇÃO

SONDAGEM SPT EM MINEIROS-GO

Variabilidade dos Parâmetros de Deformabilidade do Solo da Cidade de Londrina/PR

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA PARAÍBA CAMPUS MONTEIRO CURSO TÉCNICO EM EDIFICAÇÕES (INTEGRADO)

ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP DEPARTAMENTO DE

Estudo do Comportamento Mecânico de Sapatas Estaqueadas Comparativamente às Sapatas Isoladas

Notas de aula prática de Mecânica dos Solos I (parte 4)

Estaca Escavada de Grande Diâmetro, sem Uso de Fluido Estabilizante, com Limpeza de Fuste e Ponta

CAPACIDADE DE CARGA DE FUNDAÇÕES E VERIFICAÇÃO DE RECALQUES A PARTIR DE PARÂMETROS DO ENSAIO PANDA 2 E DE OUTROS ENSAIOS IN SITU

Capacidade de Carga - Sapatas

Análise de Recalques de Edifícios em Solos Melhorados com Estacas de Compactação

Utilização de Colunas de Brita Envelopadas Com Geotêxtil Estudo de Caso

EXERCÍCIOS DE CÁLCULO DE FUNDAÇÕES DIRECTAS (2003/04)

7 Análise Método dos Elementos Finitos

7 Simulação numérica de prova de carga em placa sobre solo residual

Parâmetros de resistência ao cisalhamento obtidos por meio de retroanálises e ensaios triaxiais para taludes rodoviários do interior de São Paulo

INTERAÇÃO COM A ESTRUTURA COMO CONDICIONANTE DA. CARGA x RECALQUE DE FUNDAÇÕES COMPORTAMENTO DE UM EDIFÍCIO ABECE. Encontro de

Fundações Apresentação da disciplina

CAPACIDADE DE CARGA DE ESTACAS HÉLICE CONTÍNUA PREVISÃO POR MÉTODOS SEMI-EMPÍRICOS versus PROVAS DE CARGA

6 Análise Método Clássico

Fundações por estacas Introdução

AVALIAÇÃO DA TRANSFERÊNCIA DE CARGA DE ESTACAS HÉLICE CONTINUA COM PONTA EM ROCHA

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS: NBR 6118; NBR 6120; NBR 7191; NBR 8681; NBR

PROVA DE CARGA INSTRUMENTADA EM PROFUNDIDADE

Análise de Métodos de Interpretação de Curva Carga x Recalque de Provas de Carga Estática em Fundações Profundas no Nordeste do Brasil

FUNDAÇÕES RASAS DETERMINAÇÃO DA CAPACIDADE DE CARGA

Análise de Estacas Escavada e Hélice Contínua, Carregadas Transversalmente no Topo, em Solo não Saturado de Diabásio

Compressibilidade e Teoria do adensamento. Mecânica de Solos Prof. Fabio Tonin

ESTUDO DA VARIAÇÃO DA TENSÃO ADMISSÍVEL COM A DIMENSÃO DE SAPATAS APOIADAS EM SUBSOLOS ARENOSOS

UNIDADE II FUNDAÇÕES E OBRAS DE TERRA- PROFESSOR: DIEGO ARAÚJO 1

USO DE SONDAGENS COM DPL PARA AVALIAÇÃO DA VARIABILIDADE DO SOLO. Souza, Dorgival Nascimento 1 Conciani, Wilson 2 Santos, Antonio Cezar da Costa 3

ESTUDO DO COLAPSO DOS SOLOS PARA DIMENSIONAMENTO DE FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO MECÂNICO DE ATERRO REFORÇADO EM SOLO MOLE: ESTUDO DE CASO

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGIAS CURSO DE ENGENHARIA CIVIL GEOTECNIA III

CARGA DE RUPTURA DE ESTACAS ESCAVADAS A SECO COM ANEIS POR MÉTODOS DE EXTRAPOLAÇÃO DA CURVA CARGA X RECALQUE

ANÁLISE DE SOLO COMPACTADO COM RESÍDUO DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO 1 ANALYSIS COMPACTED SOIL WITH CONSTRUCTION AND DEMOLITION WASTE

INFRAESTRUTURA DE PONTES FUNDAÇÕES PROFUNDAS

Notas de aula prática de Mecânica dos Solos II (parte 7)

ATERROS EXPERIMENTAIS SOBRE FUNDAÇÕES LODOSAS NA ZONA DE MARINHAS DO MULATO, VILA FRANCA DE XIRA

Determinação das Propriedades Geotécnicas dos Sedimentos Eólicos da Cidade de Natal-RN

Capacidade de Carga - Estacas

Recalques e movimentos na estrutura

XX SNPTEE SEMINÁRIO NACIONAL DE PRODUÇÃO E TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

ANÁLISE DA CAPACIDADE DE CARGA E RECALQUE DE SOLO RESIDUAL DA CIDADE DE SANTA ROSA RS 1

Análise de escorregamentos de encosta na circunvizinhança da cidade de Viçosa M.G.

Variáveis Consideradas no Programa Experimental

Investigações Geotécnicas Parte 1

AULA 12: DEFORMAÇÕES DEVIDAS A CARREGAMENTOS VERTICAIS E A TEORIA DO ADENSAMENTO. Prof. Augusto Montor Mecânica dos Solos

SOLO COMPACTADO COM RESÍDUO DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO COMPACTED SOIL WITH CONSTRUCTION AND DEMOLITION WASTE

6.4 - Métodos Diretos para Cálculo da Capacidade de Carga por meio do SPT

ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP DEPARTAMENTO DE

UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI INSTITUTO DE CIÊNCIA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA ENGENHARIA CIVIL

PEF3305 Mecânica dos Solos e das Rochas I Coleção 6 Geomecânica e a Teoria da Elasticidade

INVESTIGAÇÃO DO SUBSOLO. Rômulo Castello H. Ribeiro

Métodos Semiempíricos de previsão da carga admissível

Lista de Exercícios de Adensamento

13ª Semana de Tecnologia Metroferroviária Fórum Técnico. Desempenho de Dormentes de Madeira Reforçados com Placas de Aço Embutidos na Camada

Modelagem numérica de um aterro reforçado com geotêxtil nãotecido

Espacialização do Subsolo com Dados de Sondagens a Percussão e Mista Através do Software RockWorks

FELIPE AUGUSTO DE OLIVEIRA GUEDES

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGIAS CURSO DE ENGENHARIA CIVIL GEOTECNIA III

PROVAS DE CARGA EM ESTACÕES NA BAIXADA SANTISTA E SUA INTERPRETAÇÃO

DEFINIÇÃO. Fundações Rasas. Fundações Diretas Aquelas que transmitem a carga do pilar para o solo, através de tensões distribuídas pela base;

PROPRIEDADES MECÂNICAS E CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS/ 3. mensurar os deslocamentos recuperáveis nos pavimentos, denominados de

Obras Geotécnicas TC 066

Eng. Henrique Leoni R. da Cunha Eng. Vinıćius Resende Domingues Eng a Carla de Resende, MSc Eng a Neusa M. B. Mota, DSc

CRAVAÇÃO DE ESTACAS METÁLICAS COM MARTELO HIDRÁULICO E INSTALAÇÃO COM MARTELO VIBRATÓRIO - COMPARAÇÃO DE RESULTADOS DE PROVAS DE CARGA ESTÁTICAS

RESULTADOS DE PROVAS DE CARGA EM ESTACAS METÁLICAS, CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES SOBRE CAPACIDADE DE CARGA

Resultado de Provas de Carga em Placa em Camadas de Materiais Granulares

Investigações Geotécnicas

Cada aluno deve resolver 4 exercícios de acordo com o seu número FESP

Reavaliação dos parâmetros dos solos de Fortaleza pelo método Aoki e Velloso (1975) para estacas do tipo raiz

Aula 03 Tensão Admissível Prof:

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL. Profª Aline Cristina Souza dos Santos

COMPRESSIBILIDADE E ADENSAMENTO EXERCÍCIOS PROPOSTOS

Estudo da Carga de Ruptura de Trilhos Metálicos de Seção Simples, Carregados à Compressão em Solo de Diabásio da Região de Campinas - SP

Aplicação do Método da Rigidez para Estimativa do Atrito Lateral e Resistência de Ponta em Estaca Escavada

TEORIA DAS FUNDAÇÕES EXERCÍCIOS DE CÁLCULO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS (2003/04) DEC FCTUC

ESTUDO DAS CORRELAÇÕES ENTRE O ENSAIO PDL E OS ENSAIOS CBR, CPT E SPT

ESTUDO DA CAPACIDADE DE CARGA DE SOLOS RESIDUAIS DO NOROESTE DO RIO GRANDE DO SUL 1

Transcrição:

Página122 ANÁLISE DA CAPACIDADE DE CARGA DE UMA SAPATA RÍGIDA ASSENTE EM SOLO RESIDUAL MADURO DE GNAISSE Leandro Neves Duarte 1 Enivaldo Minette 2 Danilo Hiroshi Konda 3 Filipe Feijoli Brandão 4 William Arthur Ribeiro dos Santos 5 RESUMO: O objetivo principal deste trabalho foi avaliar as metodologias usualmente utilizadas para prever a capacidade de carga e tensões admissíveis de fundações rasas, rígidas, assentes em solo residual maduro de gnaisse. Para isso foi realizada uma prova de carga numa sapata quadrada de 0,80m de lado, situada na profundidade de 0,5 m abaixo da superfície, durante a qual foram monitorados os deslocamentos verticais ocorridos durante as etapas de carregamento. Para determinação das características mecânicas do solo foram executados os seguintes ensaios de campo: investigação de simples reconhecimento (SPT), dilatométrico de Marchetti (DMT) e pressiométricos de Ménard (PMT), e de laboratório tais como: caracterização física e ensaios para a determinação das características de tensãodeformação e resistência, em amostras deformadas e indeformadas do solo. O estudo mostrou que os métodos que se baseiam em informações ditas de campo permitiram a obtenção de bons resultados. PALAVRAS-CHAVE: Engenharia Geotécnica. Fundações. Fundações Rasas. Prova de Carga BEARING CAPACITY OF A RIGID FOOTING SEATED ON A MATURE GNEISS RESIDUAL SOIL 1 M.Sc. em Engenharia Civil Universidade Federal de Mato Grosso ICET/CUA - Professor Assistente I.Email lndufmt@gmail.com 2 D.Sc. em Engenharia Civil Universidade Federal de Viçosa DEC Setor de Geotecnia- Professor Associado II. Campus Universitário - UFV, Viçosa - MG 3 M.Sc. em Engenharia Civil - Universidade Federal de Mato Grosso ICET/CUA - Professor Assistente I 4 Mestrando em Engenharia Civil Universidade Federal de Viçosa DEC Setor de Geotecnia- Aluno - Campus Universitário - UFV, Viçosa - MG 5 Graduando em Engenharia Civil - Universidade Federal de Viçosa DEC Setor de Geotecnia- Professor Associado II - Campus Universitário - UFV, Viçosa - MG

Página123 SUMMARY: The main objective of this work was to evaluate methodologies commonly used to predict the bearing capacity and allowable stresses of rigid shallow foundations seated on mature gneiss residual soils. To do so, a loading test performed on a square, 0,80m by 0.80 m, footing located at a depth of 0.5 m was monitored to measure the vertical displacements that occurred during the loading steps. Standard penetration (SPT), Marchetti dilatometer and Ménard pressiometer (PMT) field tests, as well as laboratory test such as physical characterization and triaxial tests were executed to determine mechanical characteristics of the ground soil. The study showed that bearing capacities estimated with soil parameters obtained by field tests allowed for best comparisons with the the load test result. KEYWORDS: Geotechnical Engineering. Foundation. Shallow Foundation. Load Test. INTRODUÇÃO No Brasil, o tema de fundações de obras de pequeno porte ainda é um assunto que merece ser estudado, pois não envolve grande quantidade de capital. No entanto, para o construtor, ou proprietário, as fundações podem encarecer, ou até inviabilizar a obra, principalmente quando as fundações são assentes em solos identificados como tropicais estruturados, como por exemplo, os solos porosos, ou, ainda, sobre solos colapsíveis. Obras de grande porte com fundações profundas (suporte para grandes cargas) têm o custo da infraestrutura diluído no orçamento geral da construção. Algumas instituições de fomento à pesquisa, no país, têm dado bom incentivo para se pesquisar soluções alternativas de menor custo para fundações rasas e de obras de menor porte, com o intuito de viabilizar a implantação dessas obras. Isso vem sendo desenvolvido desde algum tempo em instituições, tais como a Universidade Federal de Viçosa (Lopes, 1997; Silva, 2000; Araújo, 2001; Soares, 2003) e a Universidade de Brasília (Sousa e Cunha, 2003), dentre outras. CAMPO EXPERIMENTAL A prova de carga foi realizada no estremo norte do Campo Experimental da Agronomia, localizado no Campus da Universidade Federal de Viçosa Viçosa-MG, seguindo-se o estabelecido pela NBR 6489. Como procedimentos de caracterização do subsolo, foram realizados os seguintes ensaios: SPT, PMT, DMT, além da execução de um programa de ensaios de laboratório. A prova de carga foi realizada durante os meses de março e abril de 2006, com o solo em sua umidade natural. Para evitar a infiltração de água, cobriu-se toda a área do ensaio com uma lona plástica.

Página124 Procurou-se caracterizar mais detalhadamente o solo, na região correspondente ao bulbo de tensões, ou seja, até a profundidade igual a 2 vezes a dimensão do lado da sapata, segundo Schmertmann (1978). A granulometria encontrada na superfície de assentamento da sapata apresentou uma predominância de argila, sendo a classificação segundo as porcentagens do material retido nas peneiras, uma argila areno-siltosa. Para se obter a tensão de pré-adensamento, por meio do ensaio oedométrico, utilizou-se o método de Pacheco e Silva. Sendo e 0 = 1,397, o valor encontrado foi de a, oed 60kPa e a tensão vertical existente estimada é igual a 16,44 1,1 18, KPa logo, a va 08 razão de sobreconsolidação (OCR) é igual a 3,3. Foram realizados ensaios triaxiais do tipo consolidado drenado, por meio dos quais obtiveram-se os seguintes parâmetros de ruptura, ângulo de atrito ( = 21º ) e coesão (c = 65,2 kpa). INVESTIGAÇÕES DE GEOTÉCNICA DE CAMPO O ensaio SPT mostrou uma camada variando de 0,45 a 3,35m de argila arenosa com mica, com número de golpes médio igual a 10. Os dados obtidos pelos ensaios DMT e PMT são mostrados na tabela 1 e tabela 2, respectivamente. Tabela 1 Dados do DMT Prof. (m) E d (Mpa) M (Mpa) Id kd 0,60 6,90 22,60 0,91 22,60 0,80 7,70 22,00 1,15 14,80 1,00 10,00 23,90 2,00 8,80 1,20 15,70 41,70 1,91 11,90 1,40 15,30 38,90 1,79 10,50 1,60 14,40 35,30 1,61 9,50 1,80 14,90 35,40 1,61 8,70 2,00 12,40 25,30 1,69 6,20 2,20 13,70 27,20 1,80 5,80

Página125 Tabela 2 Dados do PMT Profundidade (m) Parâmetros de resistência V 0 P 0 V f P f G Em V l P l (cm 3 ) (cm 3 ) (cm 3 ) (cm 3 ) (kpa) (kpa) (cm 3 ) (cm 3 ) 0,60 155 10 330 251 1001,87 2664,98 795 360 1,20 140 10 242 261 1663,49 4424,88 765 437 1,80 105 12 241 260 1199,88 3191,69 695 383 2,40 95 9 198 225 1324,31 3522,67 675 367 3,00 113 9 223 196 1110,10 2952,87 711 312 A PROVA DE CARGA E O ELEMENTO ESTRUTURAL O ensaio de prova de carga foi realizado segundo a Norma NBR6489/84, conforme mostrado na Figura 1 e 2. Figura 1 Esquema Geral da Prova de carga

Página126 Figura 2 Foto da prova de carga A sapata tinha base quadrada de lado igual a 0,80 m, construída em concreto armado, com furos que permitiam a passagem dos dispositivos BETA. O elemento estrutural foi considerado rígido, já que o balanço é menor que o dobro da altura, conforme mostrado na Figura 3. Figura 3 Aspecto geral da sapata pré-fabricada de concreto armado (dimensões em centímetros)

Página127 ANÁLISE DAS TENSÕES DE RUPTURA E ADMISSÍVEL Para uma melhor análise, as tensões de ruptura foram estimadas segundo os seguintes métodos: Terzaghi (1943), Teixeiras (1998), Ménard (1963), Massad (1986), Décourt (1998). Além dos métodos acima referidos idealizou-se uma hipérbole para a curva tensão x recalque da prova de carga. A esse modelo sugeriu-se a denominação de método hiperbólico. Então, procurou-se representá-las, em conjunto com o gráfico da prova de carga, conforme mostra a Figura 4. Figura 4 Gráfico indicando as tensões de ruptura (calculadas, correlacionadas e extrapoladas) Como se pode observar, o método de Décourt (1998) foi o que mais se aproximou do resultado obtido na prova de carga. A tensão de ruptura obtida pelo método proposto por Teixeira & Godoy (1998), com base no índice do SPT, mostrou-se menos representativa do que o método proposto por Ménard (1963), baseado nos parâmetros de resistência obtidos por meio do ensaio PMT de pré-furo. Ressalta-se que os métodos propostos por Meyerhof (1951, 1963) mostraram-se muito distantes,com valores excessivamente altos de tensões de rupturas e, por este motivo, não estão apresentados na figura 6. Os resultados das tensões de ruptura são mostrados numericamente, em ordem decrescente em relação à aproximação do valor referencial, na Tabela 3.

Página128 Tabela 3 Tensões de ruptura calculadas Métodos Tensão de ruptura (kpa) SPT Meyerhof (1963) 1354,16 Meyerhof (1951) 781,92 Terzaghi (1943) 561,19 Hiperbólico 459,21 Massad (1986) 425 PMT Ménard (1963) 421,105 SPT - Teixeira & Godoy (1998) 400 Décourt (1998) 337,14 CONCLUSÕES O ensaio de prova de carga apresentou para um recalque de 6,4mm, uma tensão de trabalho de 98 kpa. As comparações com as tensões de ruptura calculadas resultaram nas seguintes conclusões: O modelo Hiperbólico mostrou-se pouco apropriado para base de comparação nessa pesquisa. A tensão de ruptura obtida por método proposto por Teixeira & Godoy (1998), com base no N SPT, mostrou-se menos representativa do que o método proposto por Ménard (1963), baseado nos parâmetros de resistência obtidos por meio do ensaio PMT de pré-furo. Os métodos propostos por Meyerhof (1951, 1963) mostram-se muito conservadores. O método proposto por Décourt (1998), baseado na prova de carga, mostrou-se o mais satisfatório para obtenção da tensão de ruptura, já que se aproximou do trecho mais assintótico da curva tensão - recalque. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS ABNT NBR 6484; Execução de sondagens de simples reconhecimento dos solos. Rio de Janeiro: ABNT, 1997. 12p ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS ABNT NBR 6489; Prova de carga direta sobre terreno de fundação. Rio de Janeiro: ABNT, 1984b. 2p. ARAÚJO, S. M. 2001; O Ensaio Pressiométrico de Ménard e sua Utilização na Estimativa da Capacidade de Carga e Recalque de Fundações Assentes em Solo Residual de Gnaisse. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG.

Página129 BRIAUD, J. L. 1999. Behavior of five large spread footings in sand. Department of Civil Engineering, Texas A&M University, College Station, Texas. BRIAUD, J. L., GIBBENS, R.M., 1994, Test and Prediction Results for Five Large Spread Footings on Sand, FHWA Prediction Symposium, ASCE Special Publication No. 41, pp. 92-128, New York, USA. DÉCOURT, L., 1998. Ruptura de Fundações e Coeficientes de Segurança a Luz do Conceito de Rigidez. XI COBRAMSEG, v 3. DUARTE, L. N., 2006, Análise de prova de carga instrumentada em uma sapata rígida, Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil), Universidade federal de Viçosa, Viçosa- MG. FADUM, R. E. (1948); Influences values for estimating stresses in elastic foundations; Int. Conf. Soil Mech. and Found. Eng., vol 33; pg. 467-470. LOPES, G. S., 1997, Execução e Análise de uma Prova de Carga Direta em Verdadeira Grandeza em Solo Residual de Gnaisse, Tese (Mestrado em Engenharia Civil), Universidade federal de Viçosa, Viçosa- MG. MARCHETTI, S.;1997. The flat dilatometer desig applications; keynote lecture. Cairo: Cairo University. 26p. MASSAD, F. 1986; Notes on the Interpretation of Failure Load from Routine Pile Load Tests. Revista Solos e Rochas, v. 9, n-1, abril, ABMS. MÉNARD, L., 1963. Calcul de la Force Portante dês Foudations sur la Base dês Resultants dês Essays Pressiométriques. Sols Soils, n. 5 juin, Paris, p.9-32. MÉNARD, L, ROSSEU, J. 1962, L`évalution dês Tessements-Tendances Nouvelles. Sols Soils, n. 1, p. 13-18. MEYERHOF, G.G., 1951, The ultimate Bearing Capacity of Foundations, Geotechnique, Vol 2, No 4, 301-331, London, England. MEYERHOF, G.G., 1963, Some Recent Research on the Bearing Capacity of Foundation, Canadian Geotechnical Journal, Vol 1, No. 1, Bitech Publishers, Vancouver, B.C., Canada. SCHMERTMANN, J.H. 1978 Guidelines for Cone Penetration Testing- Performance and Design. U. S. Department of Transportation, Federal Highway Administration, report FHWA-TS-78-209. SILVA, C. E. F., 2000. Estudo da Distribuição de Cargas ao Longo do Fuste e na Base do Tubulão. Universidade Federal de Viçosa, Viçosa-Minas Gerais. SOARES, D. A., 2003, Estudo da Capacidade de Carga e Recalques em um Solo Residual de Gnaisse Através de Ensaios de Campo e Laboratório, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa- Minas Gerais. SOUSA, L. C. M. e CUNHA, R. P. 2003. Estudo Experimental do Comportamento de Sapatas Assentes em Solo Poroso Reforçado. Universidade de Brasília, Brasília - Distrito Federal.

Página130 TEIXEIRA, A. H., GODOY, N. S., 1998; Análises, projeto e execução de fundações rasas. In: HACHICH, W., FALCONI, F.F., SAES, J.L., FROTA, R.G.Q., CARVALHO, C.S., NIYMA, S. (Eds.). Fundações: Teoria e Prática. São Paulo: PINI, p227-264. TERZAGHI, K., 1943, Evaluation of Coefficient of Subgrade Reaction, Geotechnique, Vol. 5 (No. 4), pp. 297-326, Institution of Civil Engeneers, London England.