Dissertação de Doutoramento apresentada à Universidade do Minho, como requisito para a obtenção do grau de Doutor em Psicologia do Desporto, sob a

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Transcrição:

Dissertação de Doutoramento apresentada à Universidade do Minho, como requisito para a obtenção do grau de Doutor em Psicologia do Desporto, sob a orientação científica do Prof. Doutor José Fernando da Silva Azevedo Cruz e co-orientação do Prof. Doutor António Manuel Fonseca.

A elaboração da presente dissertação foi apoiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, através da bolsa de Doutoramento PRAXIS XXI/BD/20022/99 ii

RESUMO O presente trabalho abordou, ao longo de cinco estudos, o tema do stress, emoções e confronto no contexto desportivo. Nos três primeiros estudos participaram 550 atletas de diversas modalidades e de ambos os sexos, dos escalões juvenil, júnior e sénior. O principal objectivo do primeiro estudo consistiu em avaliar as propriedades psicométricas das versões portuguesas da Sport Anxiety Scale (R. E. Smith et al., 1990), e do Brief COPE (Carver, 1997), bem como a versão traço da Escala de Avaliação Cognitiva Percepção de ameaça (Cruz, 1994), recorrendo, para o efeito, à técnica de Análise Factorial Confirmatória. As análises realizadas confirmaram as boas características psicométricas destes instrumentos e a sua potencial utilidade para a investigação e intervenção psicológicas futuras em contextos desportivos. O segundo estudo procurou, junto da mesma amostra e com recurso aos instrumentos, analisar os níveis de ansiedade e de avaliação cognitiva de percepção de ameaça, bem como as estratégias de confronto utilizadas pelos atletas portugueses. Os resultados obtidos evidenciaram a experiência, natural, de stress, ansiedade e pressão psicológica, por todos os atletas, independentemente do sexo, escalão competitivo ou tipo de desporto. Foi também evidente que os atletas recorriam a um vasto leque de estratégias de confronto para lidarem com situações problemáticas e stressantes, com preferência por estratégias adaptativas. Comparativamente aos atletas do sexo masculino, as atletas do sexo feminino pareciam exibir níveis significativamente mais elevados de ansiedade e percepção de ameaça e recorrerem a estratégias de confronto menos eficazes. Além disso, os atletas de modalidades individuais apresentaram níveis mais elevados de ansiedade e percepção de ameaça do que os atletas de modalidades colectivas e os atletas mais jovens (juniores/juvenis) revelaram empregar estratégias menos eficazes do que os atletas do escalão sénior. Análises discriminantes sugeriram uma estreita relação entre stress, ansiedade e confronto: atletas com alto e baixo traço de ansiedade podiam ser diferenciados com base no nível percepção de ameaça experienciado e estratégias de confronto, enquanto que atletas que exibiam alto e baixo traço de percepção de ameaça eram diferenciados pelo nível de ansiedade em combinação com as estratégias de confronto usadas. Na sequência destes resultados, o terceiro estudo procurou, recorrendo à análise das correlações canónicas, determinar as estratégias de confronto específicas associadas às diferentes dimensões de ansiedade somática e ansiedade cognitiva, bem como à avaliação cognitiva de percepção de ameaça. Os resultados forneceram evidências relevantes da (in)eficácia de diferentes estratégias no confronto com a ansiedade cognitiva (preocupação e perturbação da concentração) e a percepção de ameaça. No quarto estudo participaram 54 atletas seniores das modalidades de andebol, voleibol e hóquei em campo e, para além dos instrumentos dos estudos anteriores, foi também utilizada uma versão traduzida e adaptada para a língua portuguesa do Competitive State Anxiety Inventory 2 (CSAI 2; Martens, Burton et al., 1990), a versão estado da EACC-PA (Cruz (1994) e o Inventário de Emoções no Desporto, construído por Cruz (2003b), com base na teoria cognitivo-motivacional-relacional de Lazarus (1991a, 2000a,b). Este estudo pretendeu identificar e analisar as emoções (ansiedade, irritação/raiva, vergonha, culpa, orgulho, felicidade/alegria, alívio e esperança) e principais fontes de percepção de ameaça experienciadas por atletas portugueses em situações pré-competitivas, averiguar a existência de diferenças, nestas variáveis, em atletas de ambos os sexos e em atletas com diferentes percepções relativamente à complexidade do evento desportivo, por último, pretendia-se analisar a relação entre o estilo de confronto preferido pelos atletas operacionalizado em diferentes estratégias e a percepção de ameaça e emoções pré-competitivas. Os atletas relataram experienciar, antes das competições, níveis mais elevados de emoções positivas que negativas. Não foram encontradas diferenças significativas nas emoções experienciadas pelos atletas dos diferentes sexos, mas os atletas que percepcionavam um elevado grau de complexidade relativamente à competição evidenciaram níveis significativamente mais elevados de esperança e ansiedade do que os atletas que a viam como pouco complexa. Foi também evidente uma estreita relação entre as variáveis psicológicas do tipo traço ansiedade, percepção de ameaça e confronto e os estados mais transitórios de percepção de ameaça e emoções pré-competitivas, num padrão mais evidente para as emoções negativas. O quinto estudo recorreu a uma metodologia de investigação qualitativa para examinar, em 11 atletas e 6 treinadores de elite, as características/competências psicológicas mais importantes para o sucesso desportivo, as principais fontes de stress e ansiedade, as estratégias de confronto utilizadas em situações stressantes e outras emoções, para além da ansiedade, relacionadas com o desempenho desportivo. Os resultados foram consistentes com os dados das investigações quantitativas anteriores, mas os atletas e treinadores também revelaram estratégias de confronto (ex: auto-controlo emocional/redução da tensão ou isolamento) e emoções (medo e tristeza) não contempladas nos instrumentos quantitativos utilizados. Por último, são sugeridas algumas implicações teóricas e conceptuais, bem como algumas implicações para a investigação e intervenção em contextos desportivos. iii

ABSTRACT The present work, which includes five studies, examines stress, emotions and coping in the sport context. In the first three studies, 550 athletes from different sports, competitive levels and both sexes, have participated. The main goal of the first study was to assess the psychometric properties of the portuguese versions of the Sport Anxiety Scale (R. E. Smith et al., 1990), Brief COPE (Carver, 1997), as well as of the trait version of the Cognitive Appraisal Scale Threat perception (Cruz, 1994), through confirmatory factor analysis. The results have confirmed the good psychometric properties of such measures and their potential utility to future psychological research and intervention in sport contexts. The second study intended, in the same sample and with the same measures, to analyze trait anxiety, trait threat perception, and coping strategies used by portuguese athletes in stressful situations, as well as to assess differences between athletes from different sexes, competitive levels and kinds of sport. In addiction, we pretended to identify the factors and/or psychological variables that better discriminated athletes with high and low trait anxiety, and high and low threat perception levels. The results showed that all athletes experienced stress, anxiety and psychological pressure, and used a variety of coping strategies, with a special preference for adaptative strategies. However, female athletes displayed higher levels of anxiety and threat perception, and less use of adaptative coping strategies than male athletes. In addiction, athletes from individual sports reported higher levels of anxiety and threat perception than athletes involved in collective sports and younger athletes seemed to use less efficacious coping strategies than older athletes. Discriminant analysis suggested a high relationship between stress, anxiety and coping: athletes with high and low trait anxiety seemed to be differentiated by threat perception level and coping strategies; on the other side, athletes with high and low threat perception trait seemed to be discriminated by the level of anxiety and coping strategies. The goal of the third study was to analyze, in a more fine research, the relationship between coping strategies and the different anxiety dimensions (somatic and cognitive), as well as threat perception. Canonical correlations offered some relevant evidences of the lack of efficacy of different coping strategies in relation with cognitive anxiety and threat perception. In the fourth study, 54 athletes of handball, volleyball and field hockey completed, in addiction to the previous studies measures, the Competitive State Anxiety Inventory 2 (CSAI 2; Martens, Burton et al., 1990), the state version of Cognitive Appraisal Scale Threat perception (Cruz, 1994) and a Sport Emotions Inventory developed by Cruz (2003b), based on the cognitive-motivational-relational theory (Lazarus, 1991a). The purpose of this study was to examine emotions (anxiety, anger, shame, guilt, pride, happiness, relief and hope) and the main sources of threat perception experienced by portuguese athletes in pre-competitive situations, as well as the relation between trait variables (anxiety, threat perception and coping) and state measures (emotions and threat perception). The athletes reported experiencing, before the competition, higher levels of positive emotions than negative emotions. When examining the hypothesis that athletes of differing genders would experience different pre-competitive emotions and threat perception levels, no significant differences were found. However, the athletes that perceived a higher level of difficulty and importance before the competition, in comparison with the athletes that perceived lower levels of difficulty and importance, experienced significantly higher levels of hope and anxiety. It was also evident a strong relationship between trait psychological variables and state variables of threat perception and precompetitive emotions, more evident in negative emotions. In the final study, a qualitative research methodology was used, in which 11 elite athletes and 6 elite coaches were interviewed. The importance of psychological skills for sport success, sources of stress and anxiety, coping strategies and emotions related with sport performance were studied. Results were consistent with data from the previous quantitative studies, but athletes and coaches also reported some coping strategies (e.g., emotional self-control, escape) and emotions (fear and sadness) not assessed by the used quantitative measures. Some conceptual and theoretical implications are suggested, as well as some practical discussion for psychological interventions in sport contexts. iv

Aos meus pais Ao Jorge. v

AGRADECIMENTOS Um trabalho desta natureza não poderia ser realizado sem a colaboração e apoio de diversas pessoas que, em diferentes fases e momentos, ajudaram a ultrapassar dificuldades e se revelaram fundamentais para a sua consecução. Ao Prof. Doutor José Cruz e ao Prof. Doutor António Manuel Fonseca agradeço, mais que a orientação e a partilha de conhecimentos que tornaram possível a realização deste trabalho. Sinto um enorme orgulho em poder ter tido a colaboração do que considero serem dois dos maiores profissionais do país nesta área. Agradeço ao Prof. Cruz sempre ter acreditado em mim e me ter metido nesta aventura! Este orgulho é extensível ao Prof. Fonseca, pela forma excepcional como, apesar de ter entrado no barco a meio, soube ajudar a conduzi-lo de forma excepcional! À Universidade do Minho, agradeço não só a formação académica, mas também todo o apoio a este doutoramento. Um agradecimento especial ao Prof. Leandro Almeida pela sua compreensão e apoio, especialmente na fase final de entrega deste trabalho. À Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto queria agradecer a forma como me acolheu. Ao Prof. Doutor Jorge Bento, agradeço o incentivo para a realização de um trabalho que estava, inúmeras vezes, quase pronto. Ao Prof. Doutor Pedro Sarmento agradeço simplesmente o privilégio de me deixar partilhar da sua forma de estar no desporto e na vida Raras vezes se encontra, em qualquer contexto, tanta coerência, rigor e honestidade vi

Ao Mestre António Cunha, ao Dr. Rui Faria e ao Prof. Doutor Manuel Janeira o meu sincero agradecimento pelo incentivo e apoio a este trabalho. Aos meus colegas de gabinete, Nuno Corte Real, Rui Corredeira e André Barreiros, queria agradecer o facto de facilitarem e tornarem mais agradável o dia-a-dia, principalmente nas fases mais críticas deste trabalho. Aos meus amigos da área de Psicologia do Desporto, Sandra Sá, Rui Gomes, Luís André Alves, Daniela Gomes, Helena Oliveira e Manuel Pereira, agradeço, mais que o apoio a este trabalho, todos os momentos que passamos juntos. Serão inesquecíveis as conversas e discussões mais ou menos acesas e pela noite dentro que tivemos acerca do nosso futuro e do futuro da Psicologia do Desporto. A cumplicidade que partilhamos e que ainda hoje nos une reflecte-se na admiração que sentimos uns pelos outros! A todos os atletas que participaram nesta investigação, expresso a minha gratidão pela disponibilidade e interesse demonstrados. Sem eles não seria possível a realização deste trabalho Agradeço especialmente a simpatia e amabilidade dos atletas e treinadores entrevistados, que disponibilizaram parte do seu tempo para partilhar alguns dos conhecimentos e lições aprendidas ao longo dos anos na alta competição. E, como este trabalho reflecte também uma vivência desportiva, gostava de agradecer a todos os atletas e treinadores com quem já trabalhei e que me foram ensinando coisas que não vêm nos livros De igual forma, estou grata a todos os que colaboraram no processo de recolha de dados. Um agradecimento especial à Susana e ao Marco que, sempre amáveis e simpáticos, se disponibilizaram numa fase complicada do seu percurso académico para tudo o que lhes vii

foi pedido. Ao Artur Monteiro agradeço por ter permitido o contacto e acesso a alguns treinadores que participaram neste estudo. E o que dizer do incondicional e incomparável grupo de amigos que, ao longo destes anos, partilhou comigo (por vezes demais ) a realização deste projecto! Obrigada Paulo, Lígia, Zé Pacheco, Zé Luís e Eduarda por serem como são Aos meus pais, agradeço a formação pessoal, apoio e carinho que me deram ao longo dos anos. Aos meus irmãos agradeço o facto de serem meus irmãos Ao Jorge agradeço por tudo viii

ÍNDICE INTRODUÇÃO 1 CAPÍTULO I NATUREZA, CONCEPTUALIZAÇÃO, AVALIAÇÃO E INVESTIGAÇÃO DO STRESS E ANSIEDADE NO CONTEXTO DESPORTIVO 7 INTRODUÇÃO 9 1. DEFINIÇÃO DE CONCEITOS 9 2. BASES CONCEPTUAIS 11 2.1. Modelos teóricos e conceptuais do stress e ansiedade 11 2.2. Teorias e hipóteses explicativas da relação ansiedade-rendimento 21 3. AVALIAÇÃO 85 4. RESULTADOS DA INVESTIGAÇÃO 95 4.1. Fontes de stress e ansiedade 96 4.2. Percepção de ameaça 103 CAPÍTULO II NATUREZA, CONCEPTUALIZAÇÃO, AVALIAÇÃO E INVESTIGAÇÃO DO CONFRONTO NO CONTEXTO DESPORTIVO 107 INTRODUÇÃO 109 1. DEFINIÇÃO DE CONCEITOS 110 1.1. Significado de confronto 110 1.2. Classificações de confronto 114 2. BASES CONCEPTUAIS 128 2.1. Modelos teóricos e conceptuais do confronto 128 3. AVALIAÇÃO 143 4. RESULTADOS DA INVESTIGAÇÃO 153 4.1. Confronto e variáveis sócio-demográficas 153 4.2. Confronto e o stress e ansiedade 159 4.3. Confronto e afecto 169 4.4. Confronto e lesões 173 4.5. Confronto em Portugal 176 ix

4.6. Modelo COPE 178 CAPÍTULO III NATUREZA, CONCEPTUALIZAÇÃO, AVALIAÇÃO E INVESTIGAÇÃO DAS EMOÇÕES NO CONTEXTO DESPORTIVO 187 INTRODUÇÃO 189 1. DEFINIÇÃO DE CONCEITOS 189 1.1. Significado de emoções 189 1.2. Emoções positivas e negativas 195 1.3. Emoções no desporto 199 1.4. Outros fenómenos afectivos 216 2. BASES CONCEPTUAIS 225 2.1. Modelos teóricos e conceptuais das emoções 225 3. AVALIAÇÃO 271 4. RESULTADOS DA INVESTIGAÇÃO 276 4.1. Estados de humor 276 4.2. Sentimentos 279 4.3. Afecto 280 CAPÍTULO IV ESTUDO 1: PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS DE INSTRUMENTOS PARA AVALIAR ANSIEDADE, PERCEPÇÃO DE AMEAÇA E ESTRATÉGIAS DE CONFRONTO EM CONTEXTOS DESPORTIVOS NACIONAIS 285 INTRODUÇÃO 287 1. METODOLOGIA 295 1.1. Sujeitos 295 1.2. Instrumentos 296 1.3. Procedimentos 299 1.4. Análise global dos dados 300 2. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 302 2.1. Sport Anxiety Scale p (SAS p ) 303 2.2. Escala de Avaliação Cognitiva da Competição Percepção de Ameaça 305 2.3. Brief COPEp 309 3. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E IMPLICAÇÕES 313 CAPÍTULO V ESTUDO 2: PERCEPÇÃO DE AMEAÇA, ANSIEDADE E ESTRATÉGIAS DE CONFRONTO DE ATLETAS: DIFERENÇAS EM x

FUNÇÃO DO SEXO, ESCALÃO COMPETITIVO E TIPO DE DESPORTO 315 INTRODUÇÃO 317 1. METODOLOGIA 1.1. Sujeitos 1.2. Instrumentos e Procedimentos 319 319 320 2. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 322 2.1. Estatísticas descritivas da amostra total 322 2.2. Percepção de ameaça na competição 327 2.3. Diferenças psicológicas na ansiedade, percepção de ameaça e estratégias de 330 confronto em função do sexo, escalão competitivo e tipo de desporto 2.4. Relação entre ansiedade, percepção de ameaça e estratégias de confronto 340 3. CONCLUSÕES E IMPLICAÇÕES 348 CAPÍTULO VI ESTUDO 3: AS RELAÇÕES ENTRE PERCEPÇÃO DE AMEAÇA, DIMENSÕES DA ANSIEDADE E ESTRATÉGIAS DE CONFRONTO 357 INTRODUÇÃO 359 1. METODOLOGIA 1.1. Sujeitos, Instrumentos e Procedimentos 363 2. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 363 2.1. Estatísticas descritivas e inter-correlações entre as variáveis 364 2.2. Correlações canónicas 367 3. CONCLUSÕES E IMPLICAÇÕES 372 363 CAPÍTULO VII ESTUDO 4: PERCEPÇÃO DE AMEAÇA, ANSIEDADE E EMOÇÕES PRÉ-COMPETITIVAS EM ATLETAS DE ALTA COMPETIÇÃO 377 INTRODUÇÃO 379 1. METODOLOGIA 384 1.1. Sujeitos 384 1.2. Instrumentos 385 xi

1.3. Procedimentos 388 2. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 388 2.1. Estatísticas descritivas da amostra total 389 2.2. Diferenças nos estados psicológicos de percepção de ameaça e emoções précompetitivas em função do sexo 392 2.3. Diferenças nos estados psicológicos de percepção de ameaça e emoções précompetitivas em função da complexidade das competições 394 2.4. Intercorrelações entre as variáveis psicológicas tipo estado 396 2.5. Relações entre as variáveis psicológicas tipo traço e as variáveis tipo estado 398 3. CONCLUSÕES E IMPLICAÇÕES 409 CAPÍTULO VIII ESTUDO 5: COMPETÊNCIAS PSICOLÓGICAS E SUCESSO EM ATLETAS E TREINADORES DE ELITE 417 INTRODUÇÃO 419 1. METODOLOGIA 422 1.1. Critérios para a selecção dos participantes 422 1.2. Sujeitos 423 1. 3. Instrumentos e procedimentos 423 1.4. Análise dos dados 424 2. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 431 2.1. Competências e/ou características psicológicas mais importantes para o 431 sucesso desportivo 2.2. Fontes de stress e ansiedade 441 2.3. Estratégias de confronto com o stress e a ansiedade 448 2.4. Emoções 458 3. CONCLUSÕES E IMPLICAÇÕES 463 CAPÍTULO IX DISCUSSÃO E CONCLUSÕES GERAIS 471 CAPÍTULO X IMPLICAÇÕES TEÓRICO-CONCEPTUAIS, PARA A INVESTIGAÇÃO E PARA A INTERVENÇÃO 487 INTRODUÇÃO 489 1. IMPLICAÇÕES TEÓRICO-CONCEPTUAIS 491 xii

1.1. Uma contribuição para um modelo interactivo e integrador das emoções no desporto 491 2. IMPLICAÇÕES PARA A INVESTIGAÇÃO 504 2.1. Uma investigação integradora da estrutura e do processo 505 2.2. Uma investigação mais abrangente e alargada do domínio emocional no 512 desporto 2.3. Uma investigação multivariada e multi-método 517 3. IMPLICAÇÕES PARA A INTERVENÇÃO E PRÁTICA 520 3.1. Uma intervenção centrada no desenvolvimento de recursos 521 3.2. A arte da individualização 524 3.3. A intervenção junto de e em colaboração com outras populações 527 REFERÊNCIAS 531 xiii