Apuração do custo de produção de propriedades típicas de tomate de mesa na região de Caçador (SC)

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181 ISSN Setembro, 2006 Passo Fundo, RS

Transcrição:

Apuração do custo de produção de propriedades típicas de tomate de mesa na região de Caçador (SC) Larissa Gui Pagliuca 1 ; João Paulo Bernades Deleo 2 ; Margarete Boteon 2 ; Mueller Siegfried 3 ; Janice Valmorbida 3 1 Mestranda em Economia, ESALQ/USP, larissa.pagliuca@usp.br. 2 Pesquisador do Cepea-Esalq/US. Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Av. Pádua Dias, 11, Agronomia. C.p. 13.418-000, Piracicaba, SP, jpb_deleo@yahoo.com.br, mboteon@usp.br. 3 Pesquisador da Epagri Estação Experimental de Caçador. Rua Abílio Franco, 1500, Bairro Bom Sucesso, C.P. 591. 89500-000, Caçador SC, simueller@epagri.sc.gov.br, janicevalmorbida@epagri.sc.gov.br RESUMO O objetivo do presente trabalho foi avaliar o Custo Total de produção de tomate de mesa na região de Caçador (SC) comparando o perfil de duas unidades de produção típicas : pequena escala de produção (cultivo de 15 mil pés de tomate/safra) e grande escala de produção (300 mil pés/ano). A safra analisada se refere a temporada de verão 2010/11, quando a região de Caçador (SC) é a segunda maior região produtora de tomate de mesa do país. A metodologia para captar os dados de custo é o Painel, que consiste em reunir um grupo de produtores típicos das propriedades-alvo de análise e extrair deles os dados técnicos, comerciais e financeiros para calcular o Custo Total de produção. No geral, observou-se que o produtor de pequena escala de produção tem um custo mais elevado que o de grande escala. Dois pontos podem ser destacados a favor do grupo de grande escala de produção: eficiência produtiva (maior produtividade) e um menor custo fixo por hectare. Palavras-chave: Solanum lycopersicum, custo de produção, escala de produção. ABSTRACT The focus of this article is to evaluate the cost of production of fresh tomatoes production in Caçador region (Santa Catarina state) and compare the profile of two typical groves: small scale farm (15.000 tomato plants/season) and large scale farm (300.000 tomato plants/season). The Caçador was the second largest producer of fresh market tomatoes in summer season 2010/11. The methodology for capturing cost data is the Panel, which involves joining a group of growers with same technology and extracting from them the technical, commercial and financial data. Results showed that the small scale farm have higher costs per hectare than large farm scale. Two points can be emphasized in favor of the group with large scale: efficient production (high yield) and a lower fixed cost per hectare. Key-words: Solanum lycopersicum, production cost, scale of production. O presente trabalho tem como objetivo avaliar o Custo Total (CT) de produção de produção de tomate de mesa na região de Caçador (SC) de duas unidades de produção típicas : pequena escala de produção (15 mil pés de tomate/safra) e grande escala de produção (300 mil pés/ano). O método de captação dos dados de custos é o Painel, que consiste em reunir grupos de produtores representativos para cada perfil de propriedade- Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 873

alvo da análise (pequeno e grande) e obter deles os dados técnicos, comerciais e financeiros. A região produtora de Caçador (SC) é representada pelos municípios de Caçador (SC), Rio das Antas, Lebon Régis, Macieira e Monte Castelo. O custo apurado se refere à temporada de verão 2010/11, quando a região de Caçador cultivou 12,6 milhões de plantas (o equivalente 969,23 ha) entre dezembro/10 e abril/11, segundo Manarim (2010). Nesta temporada, Caçador foi a segunda maior região produtora de tomate de mesa do País na safra de verão. A principal região produtora naquela temporada foi à região de Itapeva (SP), localizada no Sudoeste do estado de São Paulo, que cultivou 29 milhões de plantas (cerca de 2.320 ha). A principal contribuição do presente estudo é, mais do que apurar custo de produção do tomate, gerar uma planilha modelo de custo para os produtores utilizarem em sua propriedade, permitindo ao produtor apurar corretamente a lucratividade do investimento e identificar problemas que oneram a produção. Assim, este trabalho poderá contribuir para aprimorar o aprendizado de produtores e técnicos da região sobre a forma correta de organizar as informações para o cálculo do Custo Total de produção de tomate. MATERIAL E MÉTODOS O critério de custo de produção utilizado neste estudo é o de Custo Total (CT) de Barros (2007), calculado pelo Centro de Pesquisa em Economia Aplicada (Cepea). Este é comporto pelo Custo Operacional (CO), Custo Anual de Recuperação do Patrimônio (CARP) e o Custo de Oportunidade da terra (COPOR), conforme utilizado por Ballaminut et al. (2008) e Ribeiro et al.(2008). O CO se refere a todos os gastos assumidos pela propriedade ao longo de um ano (civil ou agrícola) e que serão consumidos neste mesmo intervalo de tempo. Neste grupo não estão inclusos investimentos em máquinas, equipamentos, formação da lavoura de tomate. Na prática, são todos os desembolsos da fazenda num determinado período como: mão de obra, adubos e corretivos, herbicidas, defensivos e demais gastos com tratos culturais, irrigação, combustível, manutenção de máquinas e equipamentos, colheita, classificação, frete, assistência técnica, custo administrativo e financiamento de capital de giro. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 874

O método de análise do CARP, descrita por Barros (2007), representa o quanto o produtor deve contabilizar na planilha de custo para recuperar o investimento na cultura. O CARP contabiliza a depreciação do investimento na lavoura e dos bens da propriedade bem como a remuneração do capital investido. A equação 1 mostra o cálculo do CARP CARP = frc CR (1) i i onde: CR i é o valor do ativo a ser recuperado e o frc i, é o fator de recuperação de capital investido, que leva em conta o custo de oportunidade do capital investido (r) e a vida útil do ativo (v). Segundo Barros (2007), a forma para estimá-lo, adotada pelo Banco Mundial, encontra-se na equação 2: v (1 + r) r frc = (2) maq v (1 + r) 1 O CARP total da fazenda é dado pela soma dos CARPs individuais dos itens que compõem o inventário de uma propriedade. Outro item importante que compõem o CT na metodologia é o custo de oportunidade da terra (COPOR). A terra é um bem que não tem vida útil para ser depreciado, como uma máquina, sendo necessário se calcular seu custo de oportunidade de uso. O COPOR representa a receita potencial que seria obtida caso o produtor optasse por arrendar a área para outro tomaticultor ao invés de ele produzir o tomate na sua propriedade. Vale lembrar que este valor não é fixo, mas sim varia entre os produtores, cabendo a cada um determinar o seu custo de oportunidade. Para fazer o levantamento do CT de produção de tomate referente à safra de verão 2010/11 de Caçador (SC), optou-se por apurar os dados através do método de Painel que consiste em reunir um grupo de produtores, técnicos e pesquisadores de uma região de referência (no presente estudo Caçador (SC)), onde os agentes discutem em conjunto como é/são os sistemas típicos de produção e procuram preencher uma planilha de custo referente a esta propriedade. O Painel já foi utilizado para apurar custos de hortaliças nos trabalhos de Pagliuca & Deleo (2008), Deleo & Truppel (2009); Deleo e Truppel (2010); Deleo, Menegazzo & Tapetti, (2011). O conceito de propriedade típica foi apresentado pela primeira vez na literatura em 1920, por Elliot (1928). Em sua definição, a fazenda típica possui um modelo de produção que deve representar um grupo de agricultores que empregam recursos, tecnologias de produção e comercialização comuns entre eles. Através das informações i Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 875

de área, sistemas de produção, adensamento, produtividade média, formas e taxas de juros de financiamento de custeio e de capital investido chegou-se a um consenso em que há duas estruturas típicas de produção em Caçador pequena e grande escala de produção (Tabela 1). O módulo de média escala de produção não é comum na região e por isso não foi estudado neste trabalho. Após a definição das propriedades típicas foi realizado duas reuniões na região para levantar o custo de produção da safra 2010/11. A primeira ocorreu no dia 9 de novembro/2011 (Painel com o grupo de produtores que cultivam de 10 a 50 mil plantas/safra - pequena escala de produção) e a segunda dia 10 de novembro de 2011 (Painel com o grupo de produtores de grande escala de produção - mais de 50 mil pés/safra). A apuração dos dados de custo de produção nos Painéis, como insumos, coeficientes técnicos, benfeitorias, implementos e as máquinas de cada escala de produção foram dimensionados com base nas fazendas padrão da Tabela 1. Com os dados primários gerados pelos Painéis, é possível obter o CO, CARP e COPOR, que somados resulta no CT. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para a safra 2010/11 o CT de produção da pequena escala foi de R$ 55.835,3/ha, R$ 4,65/planta ou R$ 17,90/cx de 23 kg, sendo 8% superior por hectare, 1 % superior por planta e 22% superior por caixa comercializada pela propriedade de grande escala de produção. Os dados de custo de produção das duas propriedades típicas encontram-se na Tabela 2. Assim, observa-se que a grande escala é mais competitiva frente à pequena escala de produção especialmente porque na pequena escala o peso do maquinário, benfeitorias e infraestrutura é maior devido a pouca área para o rateio da depreciação do capital imobilizado. O efeito escala (área) também favorece a redução das despesas gerais da propriedade com maior escala, principalmente no pró-labore do produtor. Outro ponto a favor é o acesso a insumos mais barato, como o óleo diesel, já que as compras são feitas em maiores quantidades. Por outro lado, o gasto da mão de obra por hectare é menor para o produtor de menor escala, visto que em atividades onde não há uma intensificação da mecanização, à medida que aumenta a escala, a gestão da mão de obra fica cada vez mais difícil e onerosa. Além disso, normalmente as despesas trabalhistas também aumentam para a grande escala, pois há mais funcionários contratados do que diaristas. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 876

Os custos com comercialização também foram menores na pequena escala, isso porque esses produtores não têm custo com a classificação do produto já que não possuem máquina de clarificação e custos atrelados a ela. A classificação do tomate nas propriedades pequenas é feita manualmente, no barracão de máquinas. Apesar da classificação mecânica, o preço de comercialização não difere do tomate classificado manualmente, porém o produtor com maior escala apresenta mais facilidade de escoar sua produção. Outro ponto que favoreceu a redução de gasto por caixa do produtor de grande escala foi à produtividade, mesmo com um adensamento menor, obtendo média de 3.520 cx ha -1 na temporada 2010/11, enquanto que a dos pequenos foi de 3.120 cx ha -1. Isso provavelmente está associado ao fato destes produtores terem dedicação exclusiva na atividade do tomate, melhor domínio das técnicas de produção e manejo, uso mais intensivo de fertilizantes, tendo maior nível de especialização frente à pequena escala (maior diversidade de culturas). Na média, a pequena escala de produção teve uma produtividade de 260 cx por mil plantas de tomate, enquanto que a grande obteve média de 320 cx/mil plantas, que acabou resultando também em uma redução dos custos por unidade de comercialização (caixa de 23 quilos). Apesar da apuração dos custos somente de uma safra (2010/11), os resultados obtidos até o momento no presente trabalho indicam que o produtor de pequena escala de produção tem um custo mais elevado que o produtor de grande escala. Dois pontos podem ser destacados a favor do grupo de grande escala de produção: maior eficiência produtiva (maior produtividade) e um menor custo fixo por hectare. É importante avaliação de mais safras para confirmar se essa diferença de custo permanece entre as escalas de produção. AGRADECIMENTOS Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (FAPESC) pelo apoio financeiro. REFERÊNCIAS BALLAMINUT CEC; ALVES LRA; OSAKI M; RIBEIRO RG; FONSECA B. C. 2008. Análise do fluxo de caixa de propriedades produtoras de algodão e soja no Estado de Goiás. In: Congresso da Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural, Rio Branco- Acre. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 877

BARROS GSC. 2007. Economicidade e sustentabilidade da agropecuária. Piracicaba, SP (mimeografado). DELEO JPB; MENEGAZZOTM; TAPETTI R. 2011. Hortaliças: Gestão Sustentável. Revista Hortifrutibrasil, 102: 10-16. Disponível em: http://www.cepea.esalq.usp.br/hfbrasil/edicoes/102/full.pdf. Acesso em: 12/03/2012 DELEO JPB;TRUPPEL R. 2010. Tomate: Gestão Sustentável. Revista Hortifrutibrasil, 91, p. 14-16, 2010. Disponível em: http://www.cepea.esalq.usp.br/hfbrasil/edicoes/91/full.pdf. Acesso em: 12/03/2012 DELEO JPB; TRUPPEL R. 2009. Tomate: Gestão Sustentável. Revista Hortifrutibrasil, 80: 6-12. Disponível em: http://www.cepea.esalq.usp.br/hfbrasil/edicoes/80/full.pdf. Acesso em: 12/03/2012 ELLIOTT FF. 1928. The "Representative Firm" Idea Applied to Research and Extension in Agricultural Economics, Journal of Farm Economics, 10: 483-498. MANARIM L K; SILVEIRA MS; GALESKAS H. 2010. Anuário 2010-2011, Revista Hortifrutibrasil, 97:24, 2010. Disponível em: http://www.cepea.esalq.usp.br/hfbrasil/edicoes/97/full.pdf. Acesso em: 20/03/2012 PAGLIUCA LG; DELEO JPB. 2008. Tomate: Gestão de Custos. Revista Hortifrutibrasil, 69: 8-14. Disponível em: http://www.cepea.esalq.usp.br/hfbrasil/edicoes/69/full.pdf. Acesso em: 12/03/2012 PEREIRA AC; SOUZA BF; REDAELLI DR.; IMONIANAJ. 1990. O. Custo de Oportunidade: Conceitos e Contabilização. FIPECAFI - Caderno de Estudos, n. 2, São Paulo, 1990. Disponível em: http://www.eac.fea.usp.br/cadernos/completos/cad02/custoop.pdf. Acessado em: 28/03/12 RIBEIRO RG; OSAKI M; ALVES LRA; BALLAMINUT CEC; BARROS, GS de C. 2008. Caracterização e análise de sustentabilidade das propriedades típicas no Oeste de São Paulo. In: Congresso da Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural, Rio Branco- Acre. Tabela 1. Descrição da estrutura típica de produção em Caçador (Description of the typical structure of tomato production in 'Caçador') Item Propriedade de pequena escala de produção Propriedade de grande escala de produção Área de cultivo 1,25 hectares/safra 27,27 hectares/safra Número médio de plantas 15.000 plantas/safra 300.000plantas/safra Sistema de produção Estaqueado Estaqueado Tipos de tomate 70% Salada e 30% Italiano (Saladete) 80% Salada e 30% Italiano (Saladete) Adensamento 12.000 plantas/hectare 11.000 plantas/hectare Produtividade potencial 450cx/mil plantas 450 cx/mil plantas Representatividade do grupo 40% a 50% da produção da em relação ao total produzido produção de Caçador (SC) 50% a 60% da produção de Caçador (SC) Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 878

Tabela 2. Comparativo dos principais itens do custo de produção entre o produtor de pequena e grande escala de produção de Caçador Safra 2010/11 (Comparison of the main items of production cost between the producer of small and large scale production of Caçador - Season 2010/11 Pequena escala Grande escala Itens R$ ha -1 R$ cx -1 R$ ha -1 R$ cx -1 A. Insumos e sementes 14.725,50 4,72 14.976,30 4,25 Fertilizantes e Corretivos 6.692,20 2,14 7.615,00 2,16 Adub. Foliar 180,00 0,06 90,00 0,03 Sementes 3.750,00 1,20 2.640,00 0,75 Fungicidas 2.018,40 0,65 2.018,40 0,57 Inseticidas 974,40 0,31 974,40 0,28 Bactericida/Fungicida 610,00 0,20 1.138,00 0,32 Herbicidas 140,00 0,04 140,00 0,04 Adjuvante/Indutores 360,50 0,12 360,50 0,10 B. Viverista 780,00 0,25 514,80 0,15 C. Replantio 317,10 0,10 315,48 0,09 D. Infra Estrutura 2.571,14 0,82 1.959,61 0,56 Estrutura de Plantio 2.417,14 0,77 1.884,00 0,54 Benfeitorias 154,00 0,05 75,61 0,02 E. Operações Mecânicas 2.529,07 0,81 1.717,19 0,49 F. Irrigação (diesel e manutenção) 768,00 0,25 440,00 0,13 G. Mão de obra 14.715,52 4,72 16.960,00 4,82 Meeiros - - 14.672,00 4,17 FIxos 13.115,52 4,20 1.760,00 0,50 Diaristas 1.600,00 0,51 528,00 0,15 H. Despesa com utilitários 1.338,00 0,43 563,75 0,16 I. Despesas gerais 6.638,00 2,13 5.101,07 1,45 J. Comercialização 300,00 0,10 366,67 0,10 K. Impostos com utilitários (IPVA+SO) 792,00 0,25 336,60 0,10 L. Arrendamento da terra - - 1.200,00 0,34 M. Financiamento do Capital de Giro 2.065,99 0,66 1.948,02 0,55 (N=A+B+C+..+M) Custo Operacional 47.540,32 15,24 46.399,48 13,18 O. CARP 7.094,99 2,27 5.182,19 1,47 Implantação 174,03 0,06 94,96 0,03 Equipamentos (Irrigação) 925,02 0,30 1.418,35 0,40 Máquina 1.013,20 0,32 1.702,74 0,48 Utilitários 1.958,85 0,63 501,53 0,14 Implementos 2.264,46 0,73 972,42 0,28 Benfeitoria 682,19 0,22 425,75 0,12 Ferramentas 77,23 0,02 66,44 0,02 P. Custo de Oportunidade da terra 1.200,00 0,38 - - (Q=N+O+P) CUSTO TOTAL 55.835,30 17,90 51.581,68 14,65 Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 879