Módulo 5 Atribuições das escolas e dos órgãos de segurança nas ações de enfrentamento da violência no ambiente escolar. Apresentação do Módulo



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Transcrição:

Módulo 5 Atribuições das escolas e dos órgãos de segurança nas ações de enfrentamento da violência no ambiente escolar Apresentação do Módulo Os relacionamentos nas escolas se constituem em um dos indicadores utilizados para medir e qualificar o clima escolar, o qual pode ser definido como a qualidade de meio interno de uma organização (Abramovay, 2006, p. 83). Como espaço de socialização que congrega principalmente crianças, adolescentes e jovens, as interações existentes podem gerar conflitos cuja gerência será de responsabilidade da administração da escola ou situações que reclamarão a ação da polícia. Distinguir esses limites não tem sido tarefa fácil, nem para os gestores da escola, nem para os agentes da segurança pública. Este módulo o auxiliará a compreender as tarefas de cada um dentro do ambiente escolar. Objetivos do Módulo Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de: Distinguir as competências da escola e dos órgãos de segurança nas ações de enfrentamento da violência na escola; Identificar quais eventos deverão ser atendidos pela escola e quais serão gerenciados pela polícia; Listar os diferentes tipos de violência ocorridos no ambiente escolar;

Exercitar a cidadania observando seus direitos e obrigações em relação à segurança nas escolas e à promoção da cultura de paz. Estrutura do Módulo Este módulo está organizado da seguinte forma: Aula 1 Competências entre escolas e órgãos de segurança pública Aula 2 A violência na escola, a violência dentro da escola e a violência da escola Aula 3 A cultura de paz e as principais ocorrências que afetam o ambiente escolar Aula 4 Ações diante da existência de crime, contravenção e atos infracionais Aula 1 Competências entre escolas e órgãos de segurança pública Nesta aula você estudará a divisão de competências entre escolas e órgãos de segurança nas ações de enfrentamento das violências nas escolas. Há ações que a escola deve administrar, porém chama a polícia, que se torna incompetente para solucionar o conflito existente, por não se inserir no rol de suas competências. Por outro lado, há situações em que a polícia deve agir, porém transfere o gerenciamento da crise estabelecida para a administração da escola. 1.1. Em que se baseiam as ações de segurança nas escolas? Para crianças e adolescentes, essas ações se baseiam na Doutrina de Proteção Integral do Estatuto da Criança e do Adolescente. São medidas que o Estado deve adotar para garantir o efetivo cumprimento dos direitos e garantias discriminados na Constituição Cidadã de 1988 (CF/88), no ECA e em outros tratados que o país se obrigou a cumprir. Para os adultos, essas ações estão baseadas nas normas constitucionais, em especial na penal, civil e administrativa.

1.2. Competência administrativa da escola A competência administrativa das escolas se baseia no projeto político-pedagógico e no regimento escolar. A administração tem como ferramenta para adequar condutas o regimento escolar, que deve ser entregue a cada aluno no início do ano letivo e que prevê procedimentos que devem ser adotados. Inclui até as medidas punitivas, que vão desde uma advertência até a transferência do aluno para outra escola. Os casos de indisciplinas, incivilidades ou outros desvios de comportamento devem ser resolvidos no âmbito administrativo por meio do regime disciplinar. Há de se distinguir o desrespeito à lei (crime ou contravenção), cujo atendimento é da competência da polícia, da incivilidade e transgressão à regra de uma instituição, que é da competência das instâncias específicas de instituição escolar (educadores). Não é a escola que deve tratar do tráfico de drogas; de revés, não será a polícia que deve cuidar do insulto ao professor (desde que não se constitua um delito). Por óbvio que o delito atendido pela polícia no âmbito da escola possa gerar providências administrativas que deverão ser resolvidas pela escola, as ações não são excludentes. 1.3. Competência dos órgãos de segurança nas escolas A competência dos órgãos de segurança, especificamente das polícias, começa quando os eventos extrapolam a competência regimental das escolas. Nesses casos, a direção da escola, ou o seu/sua representante solicitará a intervenção da Polícia Militar. Esta, analisando o caso em concreto, agirá, podendo realizar prisões

em flagrante, buscas pessoais ou qualquer uma das operações já estudadas no módulo 2. Caberá ao policial analisar com bom senso se o caso é crime ou ato infracional. Caso não se insira no âmbito de sua competência, encaminhará o caso para a direção da escola, a fim de que seja resolvido administrativamente de acordo com o regimento escolar. Importante! Mesmo o policial tendo mediado o conflito existente, a direção da escola deve tomar conhecimento para os devidos registros em seus livros, podendo, assim, manter um banco de dados sobre os acontecimentos no âmbito da escola. O policial não é substituto do gestor escolar. Aula 2 A violência na escola, a violência dentro da escola e a violência da escola O caráter multifacetado e complexo da violência no ambiente escolar impõe uma série de desafios inerentes às principais ocorrências que afetam o clima de paz no ambiente escolar. É necessário que se tenha um olhar também multifacetado, distinguindo as diversas manifestações de violência que podem ocorrer no ambiente escolar. Por outro lado, é necessário conhecer os eventos violentos que ocorrem nas entidades educacionais para que se possam adotar medidas administrativas e pedagógicas que auxiliem a prevenção desses fatos. 2.1. Onde ocorre a violência escolar? Charlot (2002) propõe um sistema de classificação dos episódios de violência na escola em que identifica três tipos de manifestação: a violência na escola, a violência dentro da escola e a violência da escola.

Para Charlot (2002), a violência dentro da escola pode acontecer e acontece em outros lugares. É o caso, por exemplo, de quando uma pessoa invade a escola para acertar contas. A violência na escola remete a fenômenos ligados à especificidade dela: por exemplo, ameaças para que o colega deixe colar na prova ou insultos ao professor. Claro que essa violência ocorre também dentro da escola. O autor cataloga esse tipo de violência com a violência contra a escola, que está relacionada com a natureza e as atividades da instituição escolar e toma a forma de agressão ao patrimônio e às autoridades de escola (professores, diretores e demais funcionários). Essa modalidade de violência decorre de ressentimentos de certos jovens e de certas famílias contra a escola e seu funcionamento. Note-se que, na acepção do autor, essa é uma modalidade praticada, principalmente, por alunos e consiste em atos contra a instituição e contra aqueles que a representam. Finalmente, a violência da escola é gerada pela própria instituição, sob várias formas, desde a bofetada até a chamada violência simbólica, como palavras racistas ou de desprezo dirigidas a um aluno. Esse tipo de violência se manifesta por meio do modo como a escola se organiza, funciona e trata os alunos (modo de composição das classes, de atribuição de notas, tratamento desdenhoso ou desrespeitoso por parte dos adultos, entre outras coisas). A violência da escola ocorre na escola e dentro da escola, mas pode acontecer que ultrapasse os muros do estabelecimento (quando ocorre nas relações com as famílias e com a comunidade a seu redor). A violência simbólica nem sempre é uma violência institucional; o insulto racista por um aluno a outro é uma violência simbólica, sem ser uma violência institucional, pondera Charlot (2002). Furlong (2000, p.4, apud Abramovay, 2006) defende que diferenciar violência escolar escola como sistema que causa ou acentua problemas individuais de violência na escola escola como espaço físico onde se dão atos de agressão é valioso para situar qual é o papel dos educadores e da escola como instituição na precaução de situações de violência.

Aula 3 A cultura de paz e as principais ocorrências que afetam o ambiente escolar Com base no que é descrito pela ONU, o Manual aos Gestores das Instituições Educacionais da Secretaria da Educação do Governo do Distrito Federal do ano de 2008 aborda o tema Paz no ambiente escolar de forma tão objetiva e pertinente que, com os devidos créditos, passamos a utilizá-lo. Esse manual define cultura de paz da seguinte maneira: Conjunto de valores, atitudes, tradições, comportamentos e estilos de vida baseados no respeito pleno à vida e na promoção dos direitos humanos e das liberdades fundamentais, propiciando o fomento da paz entre as pessoas, os grupos e as nações (ONU, 1999), podendo assumir-se como estratégia política para a transformação da realidade social. A Declaração sobre uma Cultura de Paz 1 foi aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas como expressão de intensa preocupação com a proliferação da violência e dos conflitos em todo o mundo. Objetiva que os governos, as organizações internacionais e a sociedade civil possam pautar atividades por suas disposições, a fim de promover e fortalecer uma cultura de paz. Importante! O artigo 4 da declaração considera a educação como um dos meios fundamentais para a edificação da cultura de paz, particularmente na esfera dos direitos humanos. Diversos documentos normativos internacionais da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Cultura e a Ciência (UNESCO) propagam horizontes que devem ser manifestados em orientações específicas no plano de projetos escolares e no plano das políticas públicas educacionais para serem efetivados (Gomes, 2001). 1 http://www.londrinapazeando.org.br/conteudo/detalhes.aspx?pid=79&id=830&t=declaracao+sobre+u ma+cu lt ura+de+paz%2c+onu+13+de+setembro+de+1999

No âmbito interno, há legislação nacional norteadora das políticas educacionais que contempla igualmente essa temática, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº 9394/96), que alia a compreensão da cidadania democrática fundamentada nos princípios da liberdade, da igualdade, da diversidade; os Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 1997), que destacam os valores sociais da cidadania, da ética e do interculturalismo; o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (Brasil, 2007); o programa Ética e Cidadania, do Ministério da Educação (Brasil, 2003), entre outros que reafirmam a responsabilidade escolar na aprendizagem e vivência de valores que promovam a cidadania, como o respeito, a solidariedade, a responsabilidade, a justiça, o comprometimento com a coletividade e a não violência. 3.1. Ocorrências comuns no âmbito escolar É possível dividir as ocorrências comuns no âmbito escolar em dois grandes grupos: ocorrências atendidas pela administração escolar e ocorrências atendidas pela polícia. Veja, a seguir, cada um dos grupos. 3.1.1. Ocorrências atendidas pela administração escolar Discussões entre alunos ou entre estes e professores/as Brigas leves entre alunos (criança x criança) Discussões entre professores(as) Intimidação de aluno(a) ao professor(a) Intimidação de aluno(a) à direção da escola Intimidação de aluno(a) a outro aluno Conflitos gerais Indisciplina de uma forma geral Violência psicológica Violência verbal 3.1.2. Ocorrências atendidas principalmente pela polícia

Tráfico e consumo de drogas Homicídio Lesão corporal Constrangimento ilegal Ameaça Maus-tratos Crimes contra a dignidade sexual Furto Roubo Dano Resistência Desobediência Desacato Rixa Aula 4 Ações diante da existência de crime, contravenção e atos infracionais 4.1. Principais ações policiais A seguir, você estudará situações com as quais poderá se deparar durante seu trabalho educacional e de policiamento escolar. A cada situação será descrito qual o encaminhamento a ser dado. Importante! Os procedimentos adotados pelos policiais militares não excluirão as medidas administrativas que por ventura a escola deva tomar. Situação 01

O que acontece se for encontrado algum ilícito em operações de revista no perímetro escolar? Qual deve ser o fluxo de ações policiais em face da existência de atos infracionais de crianças e adolescentes? Qual deve ser o encaminhamento? Encaminhamentos No caso de ocorrências capituladas nas normas penais (crime ou contravenção) por exemplo: se for encontrado qualquer tipo de arma ou substância entorpecente proibido por lei, sendo o envolvido maior de idade, deverá ser feita a prisão em flagrante delito e encaminhamento do indivíduo ao distrito policial da área. Já a criança flagrada no ato infracional será encaminhada ao Conselho Tutelar, e o adolescente deverá ser apreendido e encaminhado à Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA). Caso não haja DCA em seu município, encaminhar ao distrito policial da área. Os pais ou representantes legais da criança necessitam ser informados. Caso a criança ou adolescente apareça como vítima, a ocorrência deverá ser encaminhada à DPCA, com o prévio encaminhamento ao hospital, se for o caso. O Conselho Tutelar precisa ser informado do fato, e também os pais ou representantes legais da criança. Nos casos de ocorrência de menor potencial ofensivo (as enquadradas na Lei 9.099/95), o policial militar lavrará o competente Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e dará a sequência regulamentar, nos municípios em que a PM confecciona esse termo. Situação 02 O que acontece se for encontrado algum objeto perigoso em operações de revista dentro da escola? Encaminhamentos FACAS, CANIVETES E OUTROS OBJETOS CORTANTES OU PERFURANTES, em princípio, não são enquadrados na tipificação de crime (ou ato

infracional) de porte de arma, mas, se encontrados na posse de alunos dentro da escola, poderão ser apreendidos e entregues aos seus pais ou responsáveis após o término do horário escolar. Situação 03 Como é feito o encaminhamento da criança e adolescente envolvidos em crimes ou em atos infracionais? Encaminhamentos Os menores de 18 anos não devem ser algemados, exceção feita aos casos extremos para preservar a integridade física do policial e de outras pessoas que estejam por perto. A condução não pode ser feita no cubículo da viatura policial. A questão traz à tona a Súmula Vinculante nº 11 2, do Supremo Tribunal Federal, que disciplina o uso de algemas. Elas devem ser usadas apenas em casos que apresentem perigo e mesmo assim deve ser justificada por quem a usou. Situação 04 Como proceder em ocorrências que figure criança versus adolescente? Encaminhamentos 2 É a seguinte a íntegra do texto aprovado: Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.

A criança vítima de ato infracional praticado por adolescente deverá ser encaminhada ao hospital, se a situação assim requerer, e encaminhada à DPCA, se possível. O Conselho Tutelar precisa tomar ciência dos fatos e os pais ou representantes legais também terão que ser informados. O adolescente autor do ato infracional deverá ser conduzido à DCA e seus pais ou representantes legais deverão ser informados. Situação 05 E quando figura criança versus adulto, como proceder? Encaminhamentos Os procedimentos nas ocorrências em que o adulto figura como AUTOR de crime contra criança seguirá da seguinte maneira: a criança vítima deverá ser conduzida ao hospital, se a situação assim requerer, e encaminhada à DPCA, se possível. O Conselho Tutelar precisa ser informado com brevidade, bem como seus pais ou representantes legais. O adulto autor do crime será conduzido à DPCA. Situação 06 E nos casos de adolescente versus criança em que o adolescente figura como vítima de ato infracional? Encaminhamentos O adolescente vítima de ato infracional praticado por criança deverá ser encaminhado ao hospital, se a situação assim requerer, e logo à DPCA, se possível. Seus pais ou representantes legais devem ser informados imediatamente. Quanto à criança autora do ato infracional, deverá ser encaminhada ao Conselho Tutelar e seus pais ou representantes legais precisam ter ciência sobre o ato infracional que a criança praticou.

Situação 07 Adolescente versus adolescente Encaminhamentos O adolescente vítima de ato infracional praticado por outro adolescente deverá ser encaminhado ao hospital, se a situação assim requerer, e logo à DPCA, se possível. Seus pais ou representantes legais deverão ser informados com brevidade. O adolescente autor do ato infracional deverá ser apreendido e conduzido à DCA e seus pais ou representantes legais deverão ser informados. Situação 08 Adolescente versus adulto Encaminhamentos O adolescente vítima de crime praticado por adulto deverá ser encaminhado ao hospital, se a situação assim requerer, e logo à DPCA, se possível. Seus pais ou representantes legais deverão ser informados. O adulto autor do crime será conduzido à DPCA. Situação 09 Adulto versus criança Encaminhamentos O adulto vítima de ato infracional praticado por criança deverá ser encaminhado ao hospital, se a situação assim requerer, e logo ao Conselho Tutelar, se possível. Quanto à criança autora

do ato infracional deverá ser encaminhada ao Conselho Tutelar e seus pais ou representantes legais precisam ter ciência sobre o ato infracional que a criança praticou. Situação 10 Adulto versus adolescente Encaminhamentos O adulto vítima de ato infracional praticado por adolescente deverá ser encaminhado ao hospital, se a situação assim requerer, e logo à DCA, se possível. O adolescente autor do ato infracional deverá ser apreendido e conduzido à DCA e seus pais ou representantes legais deverão ser informados. Importante! Havendo qualquer embaraço ou omissão dos órgãos ou autoridades nos casos que envolverem menor, com base no art. 201 do ECA, o representante do Ministério Público deverá ser avisado, de imediato, para que possa tomar as medidas cabíveis. 4.2. Principais ações das escolas Assim como você estudou as principais ações da polícia com base nas situações encontradas, você estudará, a seguir, os principais questionamentos dos gestores diante das situações de violência no âmbito escolar. As respostas a seguir foram adaptadas do Manual aos Gestores das Instituições Educacionais da Secretaria da Educação do Governo do Distrito Federal do ano de 2008 e do Manual de Policiamento Escolar do Batalhão Escolar da PMDF.

Questionamento 01 Quais são as responsabilidades da escola em relação aos alunos, quando estes estão em suas dependências? As instituições educacionais, públicas e privadas, têm a responsabilidade de oferecer ensino de qualidade aos alunos. Assim, é garantido aos alunos o direito de serem respeitados, independentemente de sua convicção religiosa, política ou filosófica, grupo social, etnia, sexo, orientação sexual, nacionalidade e em suas demais individualidades. Cabe à escola proteger os estudantes em horário de aula e durante seu período de permanência em suas instalações. Essa responsabilidade da escola abrange igualmente as atividades complementares, regulares ou extraordinárias, dentro ou fora da escola (recreação, excursões, visitas monitoradas, grupos de estudo, oficinas culturais e artísticas, jogos ou campeonatos esportivos, laboratórios, etc.). A responsabilidade da escola se estende aos danos que um aluno cause a terceiros, mas, nesse caso, a escola pode manejar uma ação de regresso para que a família do aluno que causou danos faça o ressarcimento à própria escola do que foi gasto. Questionamento 02 Há responsabilidade da escola nos casos de dispensa dos alunos antes do horário formal de término das aulas? A responsabilidade da escola cessa quando entrega o aluno ao término das aulas ou das atividades complementares. Quando o aluno vai à escola e retorna sozinho à sua casa, a responsabilidade da instituição educacional cessa ao soar o sinal de saída e o aluno deixa o prédio escolar. No entanto, quando houver a previsão de dispensa dos alunos antes do horário regular de término das aulas, a escola deverá cientificar formalmente os pais ou responsáveis com a devida antecedência, observada a rotina de chegada e saída dos alunos, sob pena de se tornar responsável por evento ocorrido em virtude dessa omissão.

Questionamento 03 A escola é responsável pelo aluno durante seu trajeto da escola para casa e vice-versa? Existirá essa responsabilidade somente se os alunos estiverem em veículo oferecido pela escola ou por terceiros em seu nome. Nada obstante, incentiva-se que as escolas comuniquem às autoridades competentes a presença de pessoas em atitudes suspeitas que possam colocar em risco a segurança dos estudantes e da equipe escolar, bem como os trajetos potencialmente perigosos, com problemas de iluminação, mato alto, calçadas avariadas, limpeza urbana comprometida, entre outras dificuldades, solicitando as intervenções necessárias. Questionamento 04 Por que a equipe escolar deve sempre registrar as ocorrências escolares nos sistemas apropriados? No ambiente escolar, todas as leis vigentes no país devem ser observadas e aplicadas. Ademais, há regras, tais como as normas de conduta e o regimento escolar, que se aplicam somente no âmbito da escola. Cabe à direção fazer cumprir toda a legislação em benefício de todos. Em alguns estados, a Secretaria da Educação, em parceria com a Secretaria de Segurança, desenvolveu sistemas específicos para registrar as ocorrências escolares, de modo a facilitar sua formalização e permitir o acompanhamento da situação disciplinar em cada escola, visando a aperfeiçoar a proteção de todos. Esses registros, combinados aos relatos das equipes escolares, permitirão ajustar o planejamento das atividades preventivas desenvolvidas nas escolas, adequando-as às necessidades identificadas. As informações contidas nos registros de ocorrência escolar respaldarão a direção com relação às ocorrências que envolvem alunos, professores e servidores da instituição educacional e subsidiarão a apuração dos fatos nos âmbitos administrativo e penal.

Dessa forma, todas as informações devem ser registradas com cuidado e atenção, de modo a refletir exatamente o ocorrido: a descrição dos fatos, a identificação das pessoas envolvidas (quando possível), os danos eventualmente observados, os encaminhamentos às instâncias competentes e as providências tomadas para a solução do caso. Ressalta-se que o registro de ocorrências escolares nos sistemas da Secretaria da Educação não substitui a lavratura de boletim de ocorrência no distrito policial ou a comunicação às autoridades administrativas, nem o encaminhamento aos serviços de proteção da criança e do adolescente, conforme previsto em lei. Questionamento 05 Caso receba ameaça de bomba, o que a escola deve fazer? A direção deve acionar imediatamente a Polícia Militar (190) e, após a apuração dos fatos, a ocorrência deve ser registrada no distrito policial mais próximo. O fato também deve ser registrado nos sistemas de registro de ocorrências escolares da Secretaria da Educação. Questionamento 06 Pode haver vigilância e monitoramento na escola? Sim. Com o objetivo de proteger os alunos, a equipe escolar e a comunidade e evitar ameaças e atentados contra a integridade do patrimônio público, como atos de vandalismo e demais agressões que possam prejudicar a tranquilidade e o bom andamento das atividades escolares. No Distrito Federal, a Lei nº 4.058, de 18 de

dezembro de 2007, determina que todas as escolas públicas deverão contar com câmeras de vídeo, a fim de garantir a segurança dos alunos e funcionários, assim como evitar pichações e depredações do patrimônio público. Questionamento 07 Foi detectado um aluno com drogas na escola, o que fazer? O uso e o tráfico de drogas são crimes (artigos 28 e 33 da Lei Federal n 11.343/06). Independentemente da idade do aluno, a Polícia Militar (190) deverá ser comunicada, para que sejam tomadas as providências oportunas. A ocorrência também deve ser registrada nos sistemas da Secretaria da Educação, onde houver. Os pais ou responsáveis devem ser convocados à escola para ciência dos fatos e discussão sobre as formas de enfrentamento da questão. Se o aluno for menor de 18 anos de idade, a direção da escola deverá encaminhar ofício ao Conselho Tutelar, relatando o fato para que seja providenciado o encaminhamento dele à rede socioassistencial adequada, acompanhado dos pais ou responsáveis. Campanhas e projetos preventivos ao uso de drogas devem ser estimulados e oferecidos em todas as modalidades de ensino, buscando parcerias e uma maior integração entre a escola e a comunidade. Muitas escolas têm sido assistidas pela Polícia Militar por meio do PROERD (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência).

Questionamento 08 O que fazer se um aluno se apresentar alcoolizado nas aulas? A comercialização de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos de idade é proibida. A embriaguez é contravenção penal, prevista no artigo 62 da Lei Federal n 3.688/41 (Lei das Contravenções Penais). Ao identificar um estudante embriagado, a direção da escola deve comunicar aos pais ou responsáveis e, caso o aluno esteja fora de controle, a Polícia Militar (190) deve ser acionada. Em qualquer situação, se o estudante for menor de 18 anos de idade, o Conselho Tutelar deve ser notificado para que sejam tomadas as providências necessárias, inclusive encaminhamentos para tratamento, sempre com acompanhamento dos pais ou responsáveis. Questionamento 09 No caso de demonstração explícita de racismo entre alunos, como agir? O racismo, segundo a Lei Federal n 7.716/89, é crime. A consumação ocorre quando se pratica qualquer tipo de violência contra alguém ou se impede sua inclusão social ou progresso regular em razão de raça ou identidade racial, incluída a religião. Caso alunos adolescentes pratiquem condutas racistas, cometerão ato infracional. O agredido deve registrar ocorrência no distrito policial mais próximo, acompanhado de seus pais ou responsáveis, se menor de 18 anos de idade. O boletim de ocorrência é necessário para que as investigações possam ser realizadas. Sempre que houver envolvimento de pessoas menores de 18 anos de idade, seja autor ou vítima, o Conselho Tutelar deve ser comunicado. Compete à escola orientar os alunos e a equipe escolar quanto ao assunto, abordando, interventiva e preventivamente, questões relacionadas aos direitos humanos, igualdade,

tolerância, respeito às diversidades, entre outros temas afins, visando favorecer a convivência escolar. Em presença de condutas que promovam o desrespeito e a intolerância, a direção deve tomar as medidas disciplinares cabíveis. Questionamento 10 O que fazer em caso de depredação do patrimônio escolar por aluno? A depredação do patrimônio público é crime capitulado no artigo 163 do Código Penal. Será ato infracional caso o autor seja menor de 18 anos de idade. Nesse caso, a direção da escola deve convocar os pais ou responsáveis e, a depender da gravidade da ocorrência, acionar a Polícia Militar (190) e comunicar o acontecido ao Conselho Tutelar para que o caso seja acompanhado em todas as instâncias. Conforme previsão do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o juiz pode determinar o ressarcimento dos danos causados ao patrimônio público: Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima. Parágrafo único: Havendo manifesta impossibilidade, a medida po derá ser substituída por outra adequada. Questionamento 11 Em uma situação de furto ou roubo praticado por alunos, que fazer?

A Polícia Militar (190) deve ser imediatamente acionada para adoção das medidas cabíveis. Os pais ou responsáveis pelos alunos envolvidos devem ser prontamente convocados. Sendo menores de 18 anos de idade, a escola deverá também comunicar ao Conselho Tutelar. Questionamento 12 Foi detectado um aluno armado na escola, o que fazer? O imediato contato com a Polícia Militar (190) deve ser feito no momento em que se tomar conhecimento do fato. Em hipótese alguma se deve tentar desarmá-lo, o que pode criar riscos para os presentes na escola. Os pais ou responsáveis devem ser notificados. Sendo menores de 18 anos de idade, a escola deverá também comunicar ao Conselho Tutelar. Questionamento 13 O que fazer ao se perceber que um aluno sofre maus-tratos? O crime de maus-tratos está previsto no art. 136 do Código Penal. O Estatuto da Criança e do Adolescente determina que, se a vítima for menor de 18 anos de idade, a comunicação dos fatos às autoridades competentes é obrigatória. Ao se perceber que um aluno é vítima de maus-tratos, a direção da escola deverá necessariamente comunicar o fato ao Conselho Tutelar. Vejamos o que determina o ECA (Lei 8.069/90): Art. 5º. Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.

Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de maus -tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais. Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de: I - maus-tratos envolvendo alunos. II-... III -... Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche de comunicar à autoridade competente os casos de que tenham conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança e adolescente. Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência. Importante! Havendo qualquer embaraço ou omissão dos órgãos ou autoridades, nos casos que envolverem menor, com base no art. 201 do ECA, o representante do Ministério Público deverá ser avisado, de imediato, para que possa tomar as medidas cabíveis. Finalizando... Neste módulo, você estudou que:

Há uma divisão de competências entre escolas e órgãos de segurança nas ações de enfrentamento da violência nas escolas. Há ações que a escola deve administrar e outras em que deve chamar a polícia, pois há eventos violentos que se inserem na alçada de atendimento da polícia e outros de natureza administrativa relacionados à competência da escola; Diversos documentos normativos internacionais propagam horizontes que devem ser manifestados em orientações específicas no plano de projetos escolares e no plano das políticas públicas educacionais para serem efetivados (Gomes, 2001); A legislação nacional, notadamente norteada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº 9394/96), reafirma a responsabilidade escolar na aprendizagem e vivência de valores que promovam a cidadania, como o respeito, a solidariedade, a responsabilidade, a justiça, o comprometimento com a coletividade e a não violência; Charlot (2002) classifica os diversos tipos de violência no âmbito da escola como: violência dentro da escola; violência na escola e violência da escola ; Há encaminhamentos específicos que devem ser tomados pela escola e pela polícia diante da existência de crime, contravenção e atos infracionais. Exercícios 1. Marque V para verdadeiro ou F para falso para as afirmações abaixo, no tocante à competência da escola e do órgão de segurança. (V) Os relacionamentos nas escolas se constituem em um dos indicadores utilizados para medir e qualificar o clima escolar, o qual pode ser definido como a qualidade de meio interno de uma organização. (F) Considerando a escola como espaço de socialização que congrega principalmente crianças, adolescentes e jovens, as interações nela existentes podem gerar conflitos cuja

gerência será sempre de responsabilidade da administração da escola se o fato ocorrer dentro da instituição de ensino. (V) A competência administrativa das escolas se baseia no plano político pedagógico e no regimento escolar. (F) Os casos de indisciplinas, incivilidades ou outros desvios de comportamento devem ser resolvidos no âmbito administrativo por meio das normas penais. Há de se distinguir o desrespeito à lei (crime ou contravenção), cujo atendimento é da competência da polícia, da incivilidade e transgressão à regra de uma instituição, que é da competência das instâncias específicas de instituição escolar (educadores). (V) A competência dos órgãos de segurança, especificamente das polícias, começa quando os eventos extrapolam a competência regimental das escolas. (VI) Caberá ao policial analisar com bom senso se o caso é crime ou ato infracional. Caso não se insira no âmbito de sua competência, ele encaminhará o caso para a direção da escola, a fim de que seja resolvido administrativamente de acordo com o regimento escolar. 2. Concernente ao tema cultura de paz no ambiente escolar, marque a resposta correta: (X) Para Bernard Charlot, a violência dentro da escola só pode acontecer, por óbvio, no ambiente escolar. É o caso, por exemplo, de quando uma pessoa invade a escola para acertar contas. ( ) A Declaração sobre uma Cultura de Paz, aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas considera a educação como um dos meios fundamentais para a edificação da cultura de paz, particularmente na esfera dos direitos humanos. ( ) A Lei de Diretrizes e Bases da Educação é exemplo de legislação norteadora das políticas educacionais que contemplam a cultura da paz, que alia a compreensão da cidadania democrática fundamentada nos princípios da liberdade, da igualdade, da diversidade.

( ) É garantido aos alunos o direito de serem respeitados, independentemente de sua convicção religiosa, política ou filosófica, grupo social, etnia, sexo, orientação sexual, nacionalidade e em suas demais individualidades. 3. Sobre atendimento de ocorrências no âmbito escolar e ações que devem ser adotadas, marque a resposta correta. (V) Discussões entre alunos ou entre estes e professores(as) e brigas entre alunos (criança x criança) devem ser atendidas pela administração escolar. (F) Conflitos e indisciplina de uma forma geral devem ser comunicados à polícia. (V) Constrangimento ilegal se insere nos assuntos atendidos pela administração da escola. (V) A rixa no interior da escola deve ser atendida pela polícia. (F) Porte de facas, canivetes e outros objetos cortantes ou perfurantes, em princípio, são enquadrados na tipificação de crime (ou ato infracional) de porte de arma. 4. Numere a segunda coluna de acordo com a primeira em relação aos conceitos apreendidos no módulo. Para um dos conceitos não há correspondência. 1 Violência na escola 2 Pode acontecer e acontece em outros lugares. É o caso, por exemplo, quando uma pessoa invade a escola para acertar contas. 2 Violência dentro da escola 5 É definida como um conjunto de valores, atitudes, tradições, comportamentos e estilos de vida baseados no respeito pleno à vida e na promoção dos direitos humanos e das liberdades fundamentais. 3 Violência da escola 1 Remete a fenômenos ligados à especificidade dela: por exemplo, ameaças para que o colega deixe colar na prova ou insultos ao professor.

5 Cultura de paz 3 É gerada pela própria instituição, sob várias formas. 5. Analise as afirmações que se seguem e marque verdadeiro ou falso: (V) As instituições educacionais, públicas e privadas, têm a responsabilidade de oferecer ensino de qualidade aos alunos. (F) Cabe à escola proteger os estudantes em horário de aula e durante o período de permanência destes em suas instalações. Essa responsabilidade da escola abrange igualmente as atividades complementares, regulares ou extraordinárias, dentro ou fora da escola. A responsabilidade da escola se estende aos danos que um aluno cause a terceiros, mas, neste caso, a escola pode manejar uma ação de regresso contra o Estado para que o aluno que causou danos faça o ressarcimento à própria escola do que foi gasto. (F) A escola é responsável pelo aluno durante seu trajeto da escola para casa e vice-versa. (V) Caso seja detectado um aluno com drogas no interior da escola, a Polícia Militar deverá ser comunicada para que sejam tomadas as providências oportunas. (F) A depredação do patrimônio público é crime capitulado no artigo 163 do Código Penal. Será ato infracional caso o autor seja menor de 18 anos de idade. Nesse caso, a direção da escola deve convocar os pais ou responsáveis e, a depender da gravidade da ocorrência, acionar a Polícia Militar (190) e comunicar ao Conselho Tutelar para que o caso seja acompanhado em todas as instâncias. Conforme previsão do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a autoridade policial pode determinar o ressarcimento dos danos causados ao patrimônio público. 1 V F V D V V 2 Primeira Opção

26 3 V F V V F 4 Sequencia: 2-5- 1-3 5 V F F V - F