1. INTRODUÇÃO O programa Educando Educadores (EE) surgiu em 1994, sob a direção do Prof. Dave Elton na Universidade de Auburn, Alabama, USA sendo por ele ministrado durante cinco anos, até 1998 (Elton, 1996 apub Zornberg, 2010, 2011 e1013). O Prof. Elton é engenheiro geotécnico especialista nas áreas de fundação, geossintéticos, liquefação, mecânica dos solos e avaliação de pavimentos. Ele é professor emérito da Universidade de Alburn por mais de 2 anos. Ele foi presidente da Sociedade Norteamericana de Geossintéticos além de editor do Jornal da IGS. O programa foi relançado em 2013 com o apoio da indústria, do governo e das universidades, com o intuito de aumentar a disponibilidade de cursos instrutivos no uso de geossintéticos. O resultado esperado deste esforço é a formação de mais profissionais da engenharia com uma consciência e conhecimento dos materiais geossintéticos e suas funções na proteção das águas subterrâneas, contenção de resíduos e rejeitos de mineração, em transporte e nas diversas obras de infraestrutura. O programa atual denominado de Revive Educate the Educator, teve sete edições até o momento, que foram na Argentina (26-28 maio/2013), Polônia (23-24 junho/2014); Portugal (29-30 junho/201) e USA (28-29 julho/201), Brasil (27-29 julho/2017), China (18-19 agosto/2016) e Filipinas (27-28 abril/2017). Ele é um programa não-comercial resultado de um esforço cooperativo promovido pela Sociedade Internacional de Geossintéticos (IGS), o capítulo de cada um dos países, outras organizações do setor e as universidades. Desde os primeiros cursos, os resultados foram substanciais proporcionando um crescimento importante da Engenharia de Geossintéticos para a área de Geotecnia e o mercado de geossintéticos. Nos últimos anos, os Geossintéticos vêm sendo requeridos em inúmeras áreas da engenharia, tais como gestão de resíduos, armazenamento de cinzas de carvão, e na mineração onde grande quantidade de geossintéticos (40% da produção anual de geomembranas) vem sendo utilizados. Tendo em vista a grande responsabilidade técnica destas obras, torna imperativo fornecer aos engenheiros o conhecimento da engenharia dos Geossintéticos. O Programa de Formação é realizado com o apoio da Sociedade Internacional de Geossintéticos (IGS), no âmbito do programa Educate the Educators.
2. OBJETIVO O objetivo geral do curso é capacitar e motivar os professores para introduzirem o ensino dos Geossintéticos nas universidades brasileiras nas disciplinas que lecionam ou como uma disciplina isolada na grade curricular da engenharia civil, sensibilizando-os para as principais propriedades, funções e aplicações características e metodologias de aplicação destes materiais, de modo a aumentar a sua eficácia nas mais diferentes aplicações em que podem ter funções relevantes, tais como barragens, taludes e muros de contenção, obras de infraestrutura, recuperação de áreas degradadas e contaminadas, etc Como objetivos específicos pode-se citar: Viabilizar o conhecimento sobre o material geossintético e suas aplicações na engenharia, por meio de aulas teóricas, práticas (oficinas e palestras); Distribuir amostras dos diversos produtos existentes no mercado para subsidiar as aulas práticas; Preparar e distribuir material didático (textos e vídeos sobre o conteúdo do curso, etc) para as aulas e, posterior acompanhamento e orientação dos professores participantes, pelos instrutores e pelo Comitê de Ensino e Pesquisa da IGS (Rede de Apoio Mútuo); Apresentar modelos de metodologias de ensino, que contribuem para o desenvolvimento do processo de ensino e da aprendizagem; 3. JUSTIFICATIVA O uso de geossintéticos no Brasil tem crescido de forma considerável a partir da última década. Segundo BUENO et. al (2013), o mercado conta com 20 empresas fabricantes de vários tipos de Geossintéticos, desde os geotêxteis não tecidos, geomembranas e geogrelhas até os sistemas de confinamento fechados (tubos e bolsas), para disposição de resíduos. Destas empresas, 14 estão filiadas à IGS Brasil. No que diz respeito às obras de impermeabilização e de drenagem em barragens e áreas de disposição de resíduos, a utilização de materiais naturais (argila compactada, areia, brita, etc.) tem sido a prática mais comum. Com a proibição imposta pelos órgãos ambientais quanto à exploração de jazidas de material natural, com uma fiscalização efetiva e penalidades com multas significativas para os exploradores, os Geossintéticos vêm cada vez mais se consolidando como materiais de construção que podem prover soluções técnicas e economicamente atrativas em obras de engenharia.
Como exemplo de aplicação atual onde os geossintéticos podem atuar como solução técnica e economicamente viável podemos citar as estruturas dos aterros hidráulicos, denominados de barragens de rejeito. Com o avanço da urbanização, aumento de pressões ambientais e sociais as mineradoras precisaram explorar jazidas de menor teor mineral, tendo como consequência um maior volume de rejeito gerado, maior custo e estruturas geotécnicas cada vez mais robustas para a disposição dos rejeitos. A técnica utilizada até agora, alteamento pelo método de montante, não é adequada sendo proibida em todo o mundo. No entanto, é praticamente a única utilizada no Brasil devido ao baixo custo de implantação mesmo frente ao alto risco e, conduziu ao acontecimento catastrófico ocorrido em 0/11/201 em Mariana, MG, que ficou escrito na história como o maior desastre ambiental do mundo até o momento, quando da ruptura da barragem de Fundão da mineradora Samarco. A engenharia de Geossintéticos já possui uma tecnologia apropriada para este tipo de disposição de rejeitos, que é o desaguamento de materiais com alto teor de umidade utilizando sistemas fechados com geotêxtil, a qual apresenta eficiência para aumentar a qualidade do efluente e reduzir o impacto ambiental causado pela disposição do material. Esta tecnologia de desaguamento de rejeitos finos se apresenta como uma excelente solução neste momento de redução de demanda por minério, escassez hídrica e energética. Apesar do ainda pouco controle aos danos ambientais decorrentes de disposição de resíduos de forma incorreta, observa-se uma mudança de atitude da sociedade, que vem pressionando cada vez mais os órgãos responsáveis por tal controle. A essa maior consciência social somam-se as pressões de organismos e entidades internacionais. Todos estes aspectos levam à certeza de que, doravante, a preocupação com a proteção ambiental necessariamente deverá estar entre as prioridades máximas em obras de engenharia, particularmente em grandes obras de disposição de resíduos no solo. A tecnologia que melhor se apresenta dentre as técnicas de engenharia disponíveis é a utilização dos Geossintéticos tendo em vista o elevado controle de qualidade do produto, a facilidade de transporte e de instalação na obra e parâmetros de projeto muito superiores àqueles dos materiais naturais. Mas, apesar dessa consciência, poucos são os profissionais com conhecimento adequado para projetar e executar obras com esses produtos. Mas, apesar dessa consciência, poucos são os profissionais com conhecimento adequado para projetar e executar obras com esses produtos. A disciplina Geossintéticos é oferecida em poucas universidades brasileiras nos cursos de Pós-graduação, mas ela ainda não faz parte da grade curricular dos cursos de graduação nas universidades brasileiras. Atualmente, somente alguns professores vêm trabalhando parte do conteúdo inserindo-o em disciplinas existentes na graduação, em mini-cursos e workshop. A maioria das
universidades brasileiras não possui professores com formação na área de geossintéticos e, este fato justifica o não oferecimento do conteúdo nos cursos de engenharia. Mas, na realidade os projetos de engenharia, têm apresentado soluções com a utilização dos materiais geossintéticos, para situações muito críticas de obra onde pode-se observar o total desconhecimento das propriedades básicas, funções e ensaios para determinação dos parâmetros necessários para projeto. Esta situação tem, muitas vezes, relegado o material a segundo plano quando da escolha do material de construção mais apropriado para o projeto, recaindo sempre nos materiais padrões existentes no mercado os quais estão contemplados nas disciplinas dos cursos de graduação. Portanto, os projetistas necessitam do conhecimento da engenharia de geossintéticos para entender que ele é um material de construção e, por conseguinte, ele é selecionado entre os diversos materiais existentes no mercado, por meio de cálculos, para atender os requisitos do projeto. Neste contexto, o curso Educando Educadores se apresenta como uma ferramenta importante para a aquisição e posterior disseminação dos conhecimentos necessários da engenharia de Geossintéticos, por parte dos educadores que não tiveram esta oportunidade em sua formação de engenharia para os alunos das universidades brasileiras, que irão adquirir os conhecimentos sobre os Geossintéticos em uma disciplina própria do curso de graduação em engenharia. Atualmente, no Brasil, dos 40 cursos de Engenharia Civil existentes apenas 1/3 contemplam o assunto Geossintéticos de alguma maneira. O EE tem como objetivo final o Geossintéticos na Universidade, ou seja, proporcionando aos professores o conhecimento sobre os geossintéticos eles irão introduzir este conhecimento sob a forma de uma disciplina isolada na grade curricular de suas universidades. A proposta do projeto da IGS Brasil Educando Educadores mostra-se oportuna, tendo em vista as justificativas apresentadas anteriormente. Outrossim, o trabalho conjunto da academia e da indústria propiciarão resultados que irão representar um impacto no número de universidades brasileiras com presença de docentes com conhecimento em Geossintéticos e com capacidade para influenciar a mudança dos currículos destas universidades. 4. METODOLOGIA Aulas teóricas e práticas do conteúdo sobre o material geossintético; Oficinas para conhecimento do produto e suas aplicações na engenharia; Manipulação de amostras dos diversos produtos existentes no mercado;
Preparação e distribuição de material didático (cd como conteúdo das aulas, vídeos, etc) para as aulas e, posterior acompanhamento e orientação dos professores participantes, pelos instrutores e pelo Comitê de Ensino e Pesquisa da IGS, A metodologia será desenvolvida em 2 etapas integradas e que acontecem para cada dia do curso, que são: aulas teóricas expositivas e aulas práticas referentes ao conteúdo teórico, por meio de oficinas participativas e palestras apresentando os casos de obras. Primeira etapa: as aulas teóricas expositivas versarão sobre os seguintes assuntos: tipos, propriedades e funções dos materiais geossintéticos, ensaios para determinação dos parâmetros de projeto, geossintéticos em filtração e drenagem, geossintéticos para reforço de solos (muros reforçados, taludes íngremes, solos com baixa capacidade de suporte), pavimentação (estradas não pavimentadas e pavimentadas), geossintéticos em obras de proteção ambiental, obras de controle de erosão, disposição e resíduos sólidos e mineração. Para estas aulas serão preparados e distribuídos material didático (apostilas com o conteúdo das aulas, vídeos, etc) e, posterior acompanhamento e orientação dos professores participantes, pelos instrutores e pelo Comitê de Ensino e Pesquisa da IGS, por meio da Rede de Apoio Mútuo. Segunda etapa: as aulas práticas que serão oferecidas no formato de oficinas para conhecimento do produto e suas aplicações na engenharia. Haverá a manipulação de amostras dos diversos produtos existentes no mercado para identificação e familiarização com os mesmos. Para isto serão usados objetos de aprendizagem tais como o painel cliente x fornecedor e a Rede de Apoio Mútuo. As oficinas têm como objetivo tornar dinâmicas as aulas práticas da disciplina segundo uma nova proposta ensino, que é a aula assistida onde o professor assume a postura de supervisor enquanto os alunos em grupos organizam o trabalho que é apresentado ao final para todos. Estes objetos de aprendizagem são recursos pedagógicos que o curso oferecerá aos professores para que eles possam trabalhar com os alunos em suas universidades independente dos recursos materiais que tiverem disponíveis. Nesta segunda etapa também serão oferecidas palestras ministradas pelos patrocinadores, que pertencem às empresas de geossintéticos (fabricantes, instaladores revendedores) com reconhecida experiência nos assuntos referentes aos temas das aulas teóricas. Serão apresentados casos de obras relevantes que a empresa tenha executado com o objetivo de proporcionar aos participantes exemplos práticos de aplicação dos geossintéticos em obras de engenharia. Esta etapa também irá proporcionar uma maior interação entre empresa e academia de modo que após o término do curso a Rede de Apoio Mútuo proposta se estabeleça e funcione. Desta forma, a comunicação entre todos os participantes do curso será direta e continuada. A Oficina 1, denominada CLIENTE E FORNECEDOR - PROJETANDO COM GEOSSINTÉTICOS tem como finalidade que os alunos consigam identificar o que foi requerido na Oficina 1 para o material geossintético agora em um projeto de engenharia.
Cada um dos grupos com 8 componentes cada receberá uma determinada obra de engenharia. Os grupos deverão apresentar um projeto completo usando geossintéticos onde deverão ser contemplados: os tipos de geossintéticos, propriedades de cada um deles, as respectivas funções que irão exercer na obra, o programa de investigação geotécnica (ensaios) para fluidos, solos e geossintéticos presentes e dentre os ensaios para os geossintéticos especificar quais são os ensaios de caracterização e os de desempenho. Um grupo será o cliente e o outro o fornecedor de cada um e, cada grupo terá escrever um projeto contemplando os itens especificados no projeto e entregar para o grupo cliente. Este grupo irá discutir o projeto entre os membros e validar o projeto, ou seja, dizer se concorda, discorda e onde concorda ou discorda justificando tecnicamente. Isto será feito dentro de um período de tempo especificado pelo professor (formador) que será responsável por dois grupos (cliente e fornecedor) A conjugação das etapas acima possibilitará atingirmos o objetivo do curso Educando Educadores.. DADOS GERAIS Local: Universidade de Pernambuco Recife PE Data: 29 e 30 setembro de 2017 Organização: IGS Brasil Formadores Professor 1 (Profa. Delma Vidal - ITA) Professor 2 (Prof. Ennio M. Palmeira - UnB) Professor 3 (Profa. Maria das Graças Gardoni Almeida - UFMG) 6. COMISSÃO ORGANIZADORA Maria das Graças Gardoni Coordenação pelo CEP André Estevão Carolina Carvalho Emerson Ananias Natália Corrêa Victor Pimentel
7. CRITÉRIOS PARA A ESCOLHA DOS PARTICIPANTES Tabela de pontos obtidos Itens a pontuar Sub-Itens a pontuar Pontuação Cargo docente Adjunto Assistente Titular 10 8 Tempo de docência Dedicação Associado IGS Disciplina que leciona Grau acadêmico máximo 30 anos 20 anos 10 anos anos Exclusiva 20 horas IGS ABMS Geotecnia aplicada Mecânica dos Solos Mecânica das rochas Geologia de Engenharia Doutor Mestrado Especialização Engenheiro civil 1 4 2 3 2 10 8 3 3 2 1 8. PROGRAMA TÉCNICO O programa técnico foi proposto com base nos seguintes assuntos, considerados importantes dentro do escopo do curso: - Palestra inicial: O ensino de Geossintéticos nos cursos de graduação: objetivos e filosofia do Programa Educando Educadores, com discussão aberta; - Palestras de introdução dos conceitos básicos; - Assuntos em áreas especificas de aplicação dos geossintéticos;
- Apresentação dos patrocinadores (casos de obras); - Oficinas de aplicações de geossintéticos em obras de engenharia; A programação do curso se encontra em anexo.