Volume 22. Janeiro a.março de 199a Número 1 SEPARATA VIÇOSA MINAS GERAIS

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REVISTA ÁRVORE Volume 22. Janeiro a.março de 199a Número 1 SEPARATA VIÇOSA MINAS GERAIS

Q~ 8'~~;f;'Jl "Ifim=' ~.';;::;I.J::.~'!1'~.:'.,... :-il'. COMPORTAMENTO SILVICULTURAL DE ESPÉCIES E PROCEDÊNCIAS DE Eucalyptus NA REGIÃO DOS TABULEIROS COSTEIROS DO ESTADO DE SERGIPE 1 Marcos Antônio Drumond", Viseldo Ribeiro de Oliveira' e OrIando M. de Carvalho" RESUMO - O presente trabalho teve como objetivo analisar e selecionar materiais genéticos de Eucalypius, em nível de espécies e procedências, com potencial para reintrodução na região dos Tabuleiros Costeiros do Estado de Sergipe, com ênfase na formação de raças locais para servir de base para futuros programas de melhoramento e reflorestamento em solos de baixa fertilidade. O experimento foi instalado em maio de 1988, na Fazenda Caueira da Agroindustrial Sergipe - Grupo Votorantirn, município de ltaporanga D'Ajuda-SE (3r40' latitude sul, 10 09' longitude oeste e altitude de 55 rn), com precipitação média anual de 1.200 mm. Foram testadas quatro procedências de Eucalyptus camaldulensis, cinco de E. uropttylla, três de E. pelliia e de E. brassiana. duas de E. citriodora e uma de E. tereticornis e E. resinifera, avaliadas aos 12, 30 e 96 meses de idade. Os resultados demonstraram variações significativas para todos os parâmetros estudados (altura, diâmetro à altura do peito-dap, volume e sobrevivência). As espécies que mais se destacaram foram E. camaldulensis procedências 14515, 14540 e 14513 e E. urophylla procedência 14532, com diâmetros de 12,5, 12,2, 10,5 e 10,2 em, alturas de 10,8, 10,5, 10,7 e 9,8 m, volumes cilíndricos de 292,230,200 e 160 m 3 /ha e sobrevivências de 92,86,98 e 88%, respectivamente. Palavras-chave: Teste de procedência, Eucalyptus camaldulensis, Eucalyptus uroptiylia e Tabuleiro Costeiro. SILVICUL TURAL BEHA VIOR OF Eucalyptus SPECIES AND PROVENANCES IN THE REGION OF COASTAL PLATEAUS OF SERGIPE, BRAZIL ABSTRACT - The objective of this work was to evaluate anel select the best species and/or provenances ot Eucalyptus in low fertility soils in the region of Coastal Plateaus of Sergipe, Brazil. The experiment was set up in May 1988 in the Caueira farm, wbich belongs to lhe Agro-industrial Sergipe-Votorantim Group, in Itaporanga D'Ajuda (Latitude 37 40' S, Longitude 10 09' W, Altitude 55 m). The annual average rainfall is 1,200 mm. Four provenance of E. camaldulensis, fi vc of E. urophylla, three of E. pellita and E. brassiana, two of E. citriodora, and one of E. tereticornis and E. resinifera were tested and evaluated when the trees were 12, 30 and 96 months old. The results showed significant variations for the parameters studied (plant heigbt, trunk diameter at breast height, volume and plant survival). The best species were Ecamaldulensis provenances 14515, 14540 and 14513, and E. uropliylla provenance 14532, with diameters of 12.5; 12.2; 10.5 and 10.2 em; plant height of 10.8; 10.5; 10.7 and 9.8 m; volumes of 292,230,200 and 160 m 3 /ha and plant survival of 92,86,98 and 88%, respectively. Key words: Provenance trial, Eucalyptus spp. Eucalyptus camaldulensis, Eucalyptus uropitylla, Coastal Plateau. I Recebido para publicação em 19.8.1997. Aceito para publicação em 8.4.1998. Eng Q Florestal, nr., EMBRAPA-CPATSA, clrumond@epatsa.embrapa.br; 3 Eng Q Florestal, M.Sc., EMBRAPA- CPATSA 4 Eng--Agrõnomo, M.S., EMBRAPA-CPATSA, 56300-000 Petrolina-PE.

138 DRUMOND, M.A. et ai. l.introduçáo A procura por alternativas energéticas de espécies florestais exóticas, que possam aumentar a oferta de madeira na Região Nordeste do Brasil e, de alguma forma, minimizar os efeitos do desmatamento de espécies nativas, tem levado à introdução de espécies e procedências do gênero Eucalyptus. A primeira etapa de um programa dessa natureza consiste na seleção de espécies e procedências que melhor se adaptem às condições edafoclimáticas da região em que foram introduzidas. O gênero Eucalyptus pertence à família Myrtacea e possui mais de 600 espécies, variedades e híbridos. Sua principal origem é o continente australiano, ocorrendo ainda na Indonésia e ilhas adjacentes (PRYOR, 1976). A existência de uma grande di versidade de espécies confere ao gênero uma ampla fonte de madeiras, que variam em determinadas características como cor, peso, dureza, elasticidade, entre outras, proporcionando, assim, seu uso para diversas finalidades, como postes, celulose e papel, carvão, estacas e dormentes (BOLAND et ai., 1994). Os testes de procedências representam um dos métodos disponíveis mais simples para obtenção de sementes geneticamente superiores, principalmente em espécies com ampla distribuição geográfica (OTEGBEYE, 1992). A seleção das melhores procedências dentro das melhores espécies, para um determinado sítio, é um dos fatores necessários para atingir a máxima produtividade em plantações florestais (SUBRAMANIAN et al., 1994). Segundo ASSIS (1986), variações genéticas presentes nas procedências de uma determinada espécie são importantes pelo fato de conferirem a ela comportamentos distintos, em determinado local, quando populações geográficas são usadas como fonte de semente. Paralelamente, estudos genecológicos realizados por diversos autores têm indicado a importância da amostragem de sítios marginais para determinar a amplitude completa da diversidade dentro de uma espécie. Os padrões de variação reconhecidos desses estudos podem melhorar a eficiência da amostragern, para detectar procedências com características desejáveis, mas não são substitutos para ensaios de procedências sob condições de campo (ELDRIDGE et al., 1994). Este trabalho teve como objetivo analisar e selecionar materiais genéticos de Eucalyptus, em nível de espécies e procedências, com potencial para reintrodução na região dos Tabuleiros Costeiros do Estado de Sergipe, com ênfase na formação de raças locais para servir de base para futuros programas de melhoramento e reflorestamento em solos de baixa fertilidade. 2. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi instalado em maio de 1988, em Itaporanga D'Ajuda-SE, região dos Tabuleiros Costeiros. A área experimental localiza-se entre as coordenadas 37 40' latitude sul, 10 09' longitude oeste e 55 m de altitude. A precipitação média anual é de 1.200 mm, concentrados entre os meses de abril e junho, com temperatura média de 25 C. Os solos são ácidos e de baixa fertilidade. As mudas foram produzidas no viveiro Florestal da EMBRAP A Semi-Árido em Petrolina- PE, levadas para o campo, com altura média de 25 em, e plantadas num espaçamento de 3,0 m x 1,5 m. Originalmente, a área experimental era constituída de uma mata secundária de pequeno porte. Após o desmatamento, a área foi arada e gradeada. Por ocasião do plantio, cada cova foi adubada com loo g de NPK da formulação 10:28:6. Os tratamentos foram constituídos de quatro procedências de Eucalyptus camaldulensis, cinco de E. urophylla, três de E. pellita e de E. brassiana, duas de E. citriodora e uma de E. tereticornis e de E resinifera (Quadro 1). O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso, com dez repetições e parcelas lineares de cinco plantas, com bordadura simples envolvendo todo experimento.

COMPORTAMENTO SILVICUL TURAL DE ESPÉCIES E PROCEDÊNCIAS DE Eucalyptus 139 Quadro 1 - Espécies/procedências do gênero Eucalyptus e respectivos códigos de referência e dados de origem Table 1- Species/provenances oj Eucalyptus genus and respective referential codes and origin data Espécie/Código Procedência! Região de Origem LatitudeSul Longitude Oeste Altitude(m) E. brassiana IPEF/ AN-08 exp.0587 22 43' 48 10' 530 E. brassiana IPEF/AN-09 exp.0588 22 43' 48 10' 530 E. brassiana 10972 N Moreton T.O. - QLD 11 50' 142 30' 90 E. camaldulensis 14513 VictoriaRiver-timberCreekTowwnship-NT 15 37' 130 28' 20 E. camaidulensis 14515 West of the Mary River - WA 18 44' 126 48' 270 E. camaldulensis 14530 15 Km South of Wyndham - WA 15 31' 128 12' 5 E. camaldulensis 14540 Pentecost River - WA 15 48' 127 53' 10 E. citriodora Ouriçanga-BA(SIBRA) 12 05' 38 55' 327 E. citriodora Misto progênie (IPEF) - - - E. drepanophylla 11435 S.11435 NC599 - - - E. grandis PRL-39 África do Sul - (FRD) - - - E. pellita IPEF/AN-04 exp.0583 22 43' 48 10' 530 E. pellita 14211 5-12 Km S ofhelenvale - QLD ls045' 145 15' 150-500 E. pellita 14339 14,6 Km NE of Coen - QLD 13 53' 143 17' 560 E. resinifera VKM 2233-Viçosa-MG 20074' 42og1' - E. iereticornis 14212 5-12 Km S of Helenvale - QLD 15 47' 145 15' 200-730 E. urophylla Salesópolis-SP 23 31' 45 50' 806 E. urophylla Camacuã-SP (CAF) 22 20' 48 59' 517 E. urophvlla IPEF/ AN-Ol exp.0580 22 43' 48 10' 530 E. urophylla 14531 MT. Egon - Indonésia 8 38' 122 27' 515 E. urophylla 14532 Lewotobi - Indonésia 8 38' 122 45' 515! CSIRO-Austrália. Foram avaliadas as características altura total (m), diâmetro à altura do peito (DAP, em) e sobrevivência (%), aos 12, 30 e 96 meses de idade, tendo sido determinados o volume cilíndrico com casca (m-/ha) e o incremento médio anual (mê/ha.ano), aos 30 e 96 meses. Os dados aos 96 meses foram submetidos à análise de variância e as médias, comparadas pelo teste de Scott-Knott. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Comparando o comportamento das espécies aos 12, 30 e 96 meses de idade, observa-se que as espécies apresentaram crescimento diferenciado (Quadros 2 e 3). Aos 30 meses, as espécies E. brassiana 1072 (33,7 m'zha), E. pellita IPEF (33,3 m 3 /ha), E. urophylla 14532 (32,2 m 3 /ha), E. urophylla 14531 (30,2 m 3 /ha) e E. drepanophylla S 11436 (30,0 m 3 /ha) destacaram-se em relação às demais (Quadro 2). O E. camaldulensis mostrou que a sobrevivência aos 96 meses manteve-se a mesma para a procedência 14513, ocorrendo uma pequena queda de 6% para 14515 e 14530 e de 10% para 14540, em relação à avaliação aos 12 e 30 meses. Já para E. grandis PRL-África do Sul e E. urophylla Camacuã-SP, foram observadas quedas de 90 e 60% na sobrevi vência, respecti vamente. Aos noventa e seis meses de idade, o E. camaldulensis, com incremento médio anual

140 DRUMOND, M.A. et ai. (1MA) de 36,5 m 3 /ha/ano, destacou-se em relação às demais espécies testadas (Quadro 3). Analisando a produção volurnétrica pelo teste de agrupamento de Scott-Knott, verificou-se a formação de quatro grupos distintos. O primeiro foi formado apenas pelo E. camaldulensis procedência 14515, apresentando volume de 292 m 3 /ha, significativamente superior aos demais, seguido de E. camaldulensis 14540 e 14513 e E. urophylla 14532, com 230, 199 e 160 m'zha, respectivamente, formando o segundo grupo. O terceiro foi grupo composto por dez espécies/procedências com volumes entre 123 m 3 /ha (E. citriodora misto de progênies do IPEF) e 82 m 3 /ha (E. resinifera VKM 2233). O quarto grupo, composto pelas demais espécies/procedências, revelou a baixa produtividade das espécies (abaixo de 76 m 3 /ha), destacando E. grandis PRL-39 África do Sul, com volume de madeira de 11 m 3 /ha, como a pior. Com relação ao crescimento em altura, os valores observados para E. camaldulensis estão abaixo dos apresentados por PIRES e FERREIRA (1982), nos municípios de Cardeal da Silva e Conde, na Bahia, enquanto a sobrevivência foi compatível. Deve-se ressaltar que na região onde este trabalho foi desenvolvido os solos são ácidos e de baixa fertilidade e as espécies foram adubadas apenas na época de implantação. Quadro 2 - Características silviculturais de espécies/procedências de Eucalyptus aos 12 e 30 meses de idade, na região dos Tabuleiros Costeiros do Estado ele Sergipe Table 2 - Silvicultural characteristics of Eucalyptus species/provenances ai 12 and 30 months of age in lhe region of Coastal Plateaus of Sergipe, Brasil Sobrevivência Altura Diâmetro Volume Espécie/Procedência (%) (m) (em) (m 3 /ha) 12meses 30 meses 12meses.30meses 12meses 30 meses 30 meses E. brassiana 10972 100 98 4,3 6,4 4,0 6,4 33,7 E. brassiana IPEF 0588 98 98 4,7 5,8 4,5 6,0 27,2 E. brassiana IPEF-0587 100 100 4,5 5,8 3,9 5,3 21,8 E. camaldulensis 14513 98 98 4,4 5,2 4,2 5,8 22,0 E. camaldulensis 14515 98 98 4,9 6,1 4,4 5,9 27,4 E. camaldulensis 14530 96 96 4,4 6,4 3,9 6,1 29,4 E. camaldulensis 14540 96 96 5,6 5,6 4,7 5,3 19,5 E. citriodora Misto prog. IPEF 98 94 5,4 6,3 4,5 5,7 26,5 E. citriodora Ouriçanga-BA 100 96 5,0 5,5 4,2 5,9 25,4 E. drepanophyila S 11435 100 100 4,1 5,9 4,0 6,2 30,0 E. grandis PRL-África elo Sul 100 96 4,3 5,9 4,1 5,8 26,3 E. pellita 14211 98 96 4,3 5,9 4,3 5,8 25,5 E. pellita 14339 96 96 3,9 5,2 3,9 6,2 25,1 E. pellita IPEF 0583 100 96 4,7 6,8 4,4 6,1 33,3 E. resinifera VKM 2233 98 98 4,8 5,7 4,1 5,9 25,6 E. tereticornis 14212 100 96 4,5 5,6 4,0 5,9 25,2 E. urophylla 14532 100 96 4,8 5,8 4,0 6,6 32,2 E. urophylla 14531 100 94 5,0 6,7 4,5 6,3 30,2 E. urophylla Camacuã-SP 100 100 4,9 5,4 4,2 5,3 20,4 E. urophylla IPEF 0580 100 100 4,5 5,0 4,3 5,8 22,4 E. uroptiylla Salesópolis-SP 98 92 4,4 5,3 4,0 5,5 19,4

COMPORTAMENTO SILVICULTURAL DE ESPÉCIES E PROCEDÊNCIAS DE Eucalyptus 141 Quadro 3 - Características silviculturais de espécies/procedências de Eucalyptus aos 96 meses de idade, na região dos Tabuleiros Costeiros do Estado de Sergipe Table 3 - Silvicultural characteristics of Eucalyptus species/provenances at 96 months oj age in lhe region of Coastal Plateaus of Sergipe, Brasil Espécie/Procedência Sobrevi vência Altura Diâmetro Volume IMA (%) (m) (em) (m 3 /há) (mi/ha/ano) E. brassiana 10972 98 A 8,7 B 8,3 C 108 C 13,5 E. brassiana lpefi AN-08 exp.0587 74 A 8,2 C 7,5 C 61 D 7,6 E. brassiana IPEFI AN-09 exp.0588 56 B 7,5 C 7,6 C 50 D 6,2 E. camaldulensis 14513 98 A 10,2 A 10,5 B 200 B 24,9 E. camaldulensis 14515 92 A 10,8 A 12,5 A 292 A 36,5 E. camaldulensis 14530 90 A 9,2 B 8,9 B 120 C 14,9 E. camaldulensis 14540 86 A 10,5 A 12,2 A 230 B 28,7 E. citriodora Misto progênie 90 A 9,5 B 8,9 B 123 C 15,4 E. citriodora Ouriçanga-BA 60 B 10,3 A 9,7 B 111 C 13,9 E. drepanophylla S.11435 NC599 90 A 6,3 C 5,6 D 41 D 5,1 E. grandis PRL-39 África do Sul 10 D 7,3 C 9,3 B 11D 1,4 E. pellita 14211 88 A 7,3 C 9,3 B 110 C 13,7 E. pelliia 14339 84 A 7,1 C 8,4 C 76 D 9,5 E. pellita lpefi AN-04 exp.0583 84 A 7,7 C 9,6 B 109 C 13,6 E. resinifera VKM 2233 76 A 7,2 C 9,3 B 82 C 10,2 E. tereticornis 14212 96 A 6,3 C 7,6 C 63 D 7,9 E. uropliylla 14531 80 A 7,4 C 10,5 B 115 C 14,4 E. urophylla 14532 88 A 9,8 A 10,2 B 160 B 20,0 E. urophylla Camacuã-SP 40 C 8,9 B 10,4 B 67 D 8,4 E. uroptiylla lpefi AN-Ol exp.0580 82 A 7,7 C 9,1 B 93 C 11,6 E. urophylla Salesópolis-SP 84 A 6,9 C 9,6 B 96 C 12,0 Médias seguidas de mesma letra, na mesma coluna, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott, a 5% de probabilidade. lma = Incremento médio anual e volume = volume cilíndrico estimado. Com base nos resultados alcançados (Quadro 3), o E. camaldulensis confirma sua potencialidade para a região 3 (clima subúm..ido seco), conforme indicação de GOLFARJ c CASER (1977). Sendo a espécie de maior ocupação territorial na Austrália, desenvolvendo-se tanto nas regiões mais úmidas quanto nas mais secas, sugere-se testar novas procedências e progerues daquelas de maior produtividade na região. 4. CONCLUSÃO Para a região dos Tabuleiros Costeiros do Estado de Sergipe, a procedência de E. camaldulensis

142 DRUMONO, M.A. et al. 14515 foi a mais produtiva, seguida de E. camaldulensis 14540 c 14513 e E. uropliylla 14532. As espécies E. grandis PRL-África do Sul, E. uropliylla Camacuã-SP e E. brassiana IPEFI AN-09 não apresentaram produtividade satisfatória para região dos Tabuleiros Costeiros do Estado de Sergipe. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSIS, T.F. Melhoramento genético elo Eucalipto. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.12, n.141, p.36-46, 1986. BOLAND, D., BROOKER, M.I.H., CHIPPENDALE, (;.M., HALL, N., HYLAND, B.P.M., JOI-INSTON, R.D., KLEINIG, DA, TURNER, J.O. Forest trees of Austrulia. 4.eel. Melbourne: CSIRO, 1994. p.193-194. ELDRlD(3E, x.o., DA VIDSON, 1., HJ\RWOOD, c.. WYK, (3. van W. Genetic re ources of Eucalyptus. In: _. Eucalyptus domestication and breeding. Oxíord: Clarenelon, 1994. p.27-36. GOLFARJ, L., CASER, R.L. Zonearnento ecológico da região Nordeste pal'a expertrnentação florestal. Belo Horizonte: Centro ele Pesquisa Florestal elo Cerrado, 1977. 116p. il. (PNUOIFAO/lBOF/BRA-45 PROOEPEF. Série Técnica, 10) OTEGBEYE, G.O. Genotypic stability in Eucalyptus camaldulensis for some growlh anel morphological characteristics. Agriculture Ecosystems & Environment, Amsterdam, v.39, n.3/4, p,245-256, 1992. PIRES, I.E., FERRE IRA, C.A. Potencialldade do Nordeste do Brasil pm'a reflorestamento. Curitiba: EMBRAPA-URPFCS, 1982. 30p. (EMPRAPA- URPFCS Circular Técnica, 6.) PRYOR, L.O. Biology of Eucalyptus. Lonelon: Edward Amolei, 1976. 82p. (Studics in Biology, 61) SUBRAMANIAN, K.N., MANDAL, A.K., C;OVINOARASJ, P., SASIDI-IARAN, K.R. Provenance trial in Eucalyptus grandis anel its implication lo Iorcstry programmers. Silvae <';elletica, Frankfurt. v.4], n.4/5, p.239-242, 1994.