A. Princípio da unirrecorribilidade, singularidade ou unicidade recursal:

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14. RECURSOS Em razão do princípio do duplo de grau de jurisdição, as partes têm a possibilidade de ver o seu litígio ser reanalisado por um juízo superior. Tal fato é comum em razão do inconformismo inerente da parte que teve uma decisão que lhe é desfavorável. Além disso, não se pode negar que o juiz, como ser humano é passível de falhas, fato que também sobreleva importância ao reexame por outro juiz. 14.1. PRINCÍPIOS DOS RECURSOS TRABALHISTAS A. Princípio da unirrecorribilidade, singularidade ou unicidade recursal: Pelo princípio da unirrecorribilidade, só é possível a interposição de um recurso de cada vez (para cada decisão). Tendo a parte ingressado com dois recursos de uma só vez, o juiz poderá determinar que a parte escolha o recurso que deve subir para exame do tribunal (MARTINS, 2015, p. 409). Os recursos são sucessivos! B. Princípio da fungibilidade ou da conversibilidade: Fungível é aquilo que é substituível. Na fungibilidade, ocorre o aproveitamento do recurso erroneamente nominado, como se fosse o que devia ser interposto. É a utilização de um recurso mediante erro, quando o referido apelo não é previsto para aquela hipótese. Aproveita-se o recurso se for tempestivo (MARTINS, 2015, 410). Não se aplica o princípio da fungibilidade quando configurado erro grosseiro, nos termos da OJ 412 SBDI-1 do TST. 1

C. Legalidade ou da taxatividade: Significa que os recursos são enumerados pela lei, em rol exaustivo, não permitindo invenção de medida recursal pela parte. Seguindo a sistemática prevista na CLT, no processo do trabalho são cabíveis os seguintes recursos: a) Embargos de declaração (art. 897-A da CLT); b) Recurso ordinário (art. 895 da CLT); c) Agravo de instrumento (art. 897 da CLT); d) Agravo de petição (art. 897 da CLT); e) Recurso de revista (art. 896 da CLT); f) Embargos para o TST (art. 894 da CLT); g) Agravo regimental (art. 709, 1º da CLT); h) Pedido de revisão ao valor atribuído à causa (art. 2º, 1º e 2º da Lei 5.584/70) Cabe, ainda, no processo do trabalho o Recurso Extraordinário, que é um recurso de natureza constitucional (art. 102 da CF), bem como, o reexame necessário, também conhecido como remessa ex officio ou recurso de ofício (art. 496 do CPC e Decreto-lei n. 779/69), embora não possua, este último, natureza jurídica de recurso. D. Princípio da proibição da reformatio in pejus: Este princípio prevê ideia de que o órgão ad quem, ou seja, o tribunal que irá julgar o recurso interposto, não poderá agravar a situação do recorrente. As matérias que serão analisadas pelo tribunal são somente aquelas delimitadas na peça recursal. 2

E. Do duplo grau de jurisdição obrigatório: Nos termos do Decreto-lei n. 779/69 e art. 496 do CPC, quando houver decisão contrária a Fazenda Pública (União, Estado, Distrito Federal, Município, suas autarquias e fundações de direito público), o processo estará sujeito ao duplo grau de jurisdição obrigatório, não produzindo efeito antes da confirmação pelo tribunal (PEREIRA, 2013). Dec.-lei n. 779/69 Art. 1º Nos processos perante a Justiça do Trabalho, constituem privilégio da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das autarquias ou fundações de direito público federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica: [...] V - o recurso ordinário "ex officio" das decisões que lhe sejam total ou parcialmente contrárias; [...] CPC Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença: I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público; II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal. 1 o Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação no prazo legal, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, e, se não o fizer, o presidente do respectivo tribunal avocá-losá. 2 o Em qualquer dos casos referidos no 1 o, o tribunal julgará a remessa necessária. 3 o Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o proveito econômico obtido na causa for de valor certo e líquido inferior a: I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de direito público; II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais dos Estados; III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autarquias e fundações de direito público. 3

4 o Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em: I - súmula de tribunal superior; II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa. Desse modo não se aplica a remessa necessária, no Processo do Trabalho, nas seguintes HIPÓTESES: ENTE PÚBLICO UNIÃO e suas autarquias e fundações de direito público ESTADOS, DF e suas autarquias e fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais dos Estados; MUNICÍPIOS e as suas autarquias e fundações de direito público CONDENAÇÃO Inferior a 1.000 salários mínimos Inferior a 500 salários mínimos Inferior a 100 salários mínimos OU, AINDA, QUANDO A DECISÃO ESTIVER EM CONSONÂNCIA COM 1. Súmula de tribunal superior, incluindo o TST; 2. Acórdão proferido pelo STF ou STJ em julgamento de recursos repetitivos; 3. Entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; 4. Entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa. O duplo grau de jurisdição obrigatório também é conhecido como reexame necessário, remessa obrigatória, "remessa de ofício e recurso ex officio (PEREIRA, 2013). No entanto, embora denominada por alguns como 4

recurso, não tem natureza recursal, pois não se busca aclarar, reformar, ou anular a decisão. [...] trata-se de condição de eficácia da sentença, que, embora existente e válida, somente produzirá efeitos depois de confirmada no Tribunal (SCHIAVI, 2016). 14.2. CARACTERÍSTICAS DOS RECURSOS TRABALHISTAS As principais características dos recursos trabalhistas são: A. Uniformização dos prazos: Os prazos recursais trabalhistas foram uniformizados (através da Lei 5.584/70, art. 6º) em 08 dias, sendo o mesmo prazo das contrarrazões (art. 900, CLT). Observam o prazo unificado de 08 dias, os seguintes recursos: recurso ordinário (art. 895 da CLT); agravo de instrumento (art. 897 da CLT); recurso de revista (art. 896 da CLT); embargos no TST (art. 894 da CLT); agravo de petição (art. 897 da CLT). recursos: Não observam o prazo unificado previsto na CLT, os seguintes Prazo: 05 dias; Embargos de declaração (art. 897-A da CLT c/c art. 1.022 do CPC). 5

Recurso Extraordinário. Prazo: 15 dias; tribunal; Agravo Regimental (interno): depende do regimento interno do Pedido de revisão ou recurso de revisão (art. 2º, 1º e 2º, da Lei n. 5584/70). Prazo: 48 horas; Fazenda Pública e MPT: prazos em dobro para recorrer e para todas as suas manifestações processuais (art. 183 do CPC). B. Efeito dos recursos trabalhistas Os recursos trabalhistas, em regra, são dotados apenas do efeito devolutivo (art. 899, CLT), permitindo que a sentença trabalhista seja executada provisoriamente, até a penhora. Em casos excepcionais o prejudicado poderá requerer o efeito suspensivo no recurso. C. Irrecorribilidade de decisões interlocutórias No processo do trabalho as decisões interlocutórias (decisões dadas no curso do processo) são irrecorríveis de imediato ( 1º do art. 893 da CLT). Isso não significa que a decisão não poderá ser impugnada, mas apenas não será impugnada de imediato ou direto. Na realidade, a parte deverá registrar PROTESTOS imediatamente (art. 795 da CLT), aguardando a decisão definitiva, e por ocasião do recurso da decisão definitiva poderá impugnar aquela decisão interlocutória objeto de protesto. 6

14.3. Pressupostos dos recursos Antes de adentrar aos pressupostos recursais genéricos, é importante tecer alguns comentários sobre o juízo de admissibilidade recursal. Segundo MARTINS (2015, 413) reflete o juízo de admissibilidade o poder do qual está dotado o juiz a quo de examinar se o recurso atende os pressupostos objetivos e subjetivos para poder subir ao tribunal. Este juízo de admissibilidade, portanto, é feito tanto pelo juízo a quo, quanto pelo juízo ad quem. A posição do primeiro não vincula o segundo. Assim, o juízo que prolatou a sentença (ou acórdão) fará a análise sobre os pressupostos recursais e, estando presentes, o recurso subirá ao tribunal ad quem. Este fará nova análise dos pressupostos, e só passará a análise do mérito recursal caso estejam presentes todos os pressupostos. Caso o juízo a quo, em seu juízo de admissibilidade, entenda que os pressupostos recursais não foram preenchidos, o recurso não será conhecido, consequentemente, não subirá ao órgão ad quem. Caso o tribunal ad quem, em seu juízo de admissibilidade, entenda não estar presente um dos pressupostos, deixará de conhecer o recurso, ou seja, o mérito não será examinado. ATENÇÃO: O TST, por meio da IN 39/2015 entendeu INAPLICÁVEL ao processo do trabalho o disposto no art. 1.010, 3º do CPC, que suprimiu o juízo de admissibilidade a quo, em razão de existir regra própria em sentido contrário no art. 659, VI da CLT. Nesse mesmo sentido se posiciona Nelson Nery (2016, p. 2210) e o artigo 56 do 1º FNPT. Já SCHIAVI (2016, p. 925) entende pela aplicação do dispositivo do ao processo do trabalho. Subjetivos: Os pressupostos dos recursos podem ser divididos em Objetivos e 7

14.3.1. Pressupostos recursais subjetivos (ou intrínsecos): Os pressupostos subjetivos são a LEGITIMIDADE, a CAPACIDADE e o INTERESSE em recorrer. Dizem respeito à pessoa, aos sujeitos (as partes). A. LEGITIMIDADE Segundo BEZERRA LEITE (2015, 899), a legitimidade recursal é a habilitação outorgada por lei à pessoa natural ou jurídica que tenha participado, como parte, do processo em primeiro grau de jurisdição, ainda que revel. Diz respeito às pessoas que podem interpor recurso no processo. A CLT não disciplina a matéria. Dessa forma, aplica-se ao processo do trabalho, a regra subsidiária (por força do art. 769, CLT) do art. 996 do CPC/15 (art. 499 do CPC/73): O art. 996 do CPC/15 diz: O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica. No caso do processo do trabalho, o vencido, no todo ou em parte, o terceiro prejudicado (ex.: INSS), ou o MPT, quando envolver interesses de incapazes. O MPT tem legitimidade para recorrer como parte ou fiscal da lei (custus legis), desde que tenha intervindo no processo na fase de conhecimento. Logo, se o recurso for interposto por parte ilegítima, ele não será conhecido por ausência do pressuposto recursal intrínseco, a legitimidade. 8

B. CAPACIDADE Segundo GARCIA (2015, 579), o recorrente deve ter capacidade de estar em juízo, que corresponde a capacidade de exercício do direito. Não tendo capacidade o recorrente deve estar representado ou assistido por alguém que detenha capacidade. C. INTERESSE Segundo SCHIAVI (2015, 862) há interesse recursal quando a parte (autor ou réu) não obtém todos os benefícios que pretendia no processo, ou seja, de alguma forma foram sucumbentes, pois perderam algo no processo. Assim, para ter interesse em recorrer a parte precisa estar vencida em relação a alguns dos requerimentos do processo. MARTINS (2015, 429) ressalta que o interesse não pode ser meramente econômico, mas jurídico. 14.3.2. Pressupostos recursais objetivos (ou extrínsecos) A) Previsão Legal (ou adequação): a parte tem direito a interposição do recurso que estiver previsto em lei, para aquele momento processual. Vale destacar aqui o princípio da fungibilidade, pois se ato alcançou a sua finalidade não há de ser nulo (arts. 277 e 282 do CPC/15). B) Tempestividade: os recursos deverão ser interpostos dentro do prazo legal fixado a partir da publicação da decisão. 9

OBS.: É considerado tempestivo o recurso interposto antes do início do prazo recursal, ou seja, antes da publicação do acórdão (Cancelada a súmula 434 do TST fim da tese da extemporaneidade). Aplica-se o art. 218, 4º do CPC. Como vimos, os prazos da maioria dos recursos foram uniformizados em 08 dias, com algumas exceções. A União, os Estados, o DF, os Municípios, suas autarquias e fundações públicas que não explorem atividade econômica terão prazo em DOBRO. Público. Da mesma forma, terão prazo em DOBRO para recorrer o Ministério Obs.: o prazo em dobro NÃO é estendido às empresas públicas e sociedades de economia mista, que continuam tendo prazo comum. Conforme já estudado anteriormente (vide contagem dos prazos processuais ) os prazos processuais, inclusive o recursal, serão contados em dias úteis, com a exclusão do dia do começo e inclusão do dia do vencimento (artigo 775 da CLT). Assim, se o recurso for interposto após o prazo legal será considerado intempestivo. C) Preparo: No processo do trabalho o preparo abrange custas e depósito recursal, que deverão ser recolhidos pelo recorrente, sob pena de deserção do recurso. C.1. Custas: De acordo o art. 789, 1º da CLT, as custas devem ser pagas pelo vencido, após o trânsito em julgado da decisão. 10

Se autor teve os seus pedidos totalmente rejeitados (sentença de improcedência), pagará às custas. No entanto, se o réu não obteve êxito em suas alegações (sentença de procedência), terá que pagar as custas. Se, todavia, houver o acolhimento em parte do pedido (sentença parcialmente procedente), caberá à empresa pagar as custas. Não existe proporcionalidade no pagamento de custas (MARTINS, 2018, p. 579). Em sendo a ação procedente em parte, ambas as partes poderão recorrer, mas somente a reclamada arcará com as custas processuais. Assim o empregado só pagará as custas em caso de extinção do processo sem resolução do mérito ou total improcedência da ação, caso não obtenha os benefícios da justiça gratuita. Havendo recurso, as custas devem ser pagas e comprovadas dentro do prazo recursal (art. 789, 1º, da CLT), sob pena de não conhecimento do recurso por deserção (SARAIVA; MANFREDINI, 2016, p. 453). Correspondem a 2% do valor da condenação ou do valor da causa, caso a ação seja julgada improcedente. O respectivo valor das custas deve ser fixado na decisão com valor mínimo de R$ 10,64 (art. 789 da CLT). ATENÇÃO: Aplica-se o 2º do art. 1007, do CPC ao processo do trabalho. Assim, em caso de insuficiência no recolhimento das custas, o recorrente deverá ser intimado para suprir a diferença no prazo de 05 dias, sob pena de deserção. Em 17/04/2017 o TST adequou a sua OJ 140 da SBDI-1 aos termos do CPC, que passou a contar com a seguinte redação: DEPÓSITO RECURSAL E CUSTAS PROCESSUAIS. RECOLHIMENTO INSUFICIENTE. DESERÇÃO (nova redação em decorrência do CPC de 2015). Em caso de recolhimento insuficiente das custas processuais ou do depósito recursal, somente haverá deserção do recurso se, concedido o prazo de 5 (cinco) dias previsto no 2º do art. 1.007 do CPC de 2015, o recorrente não complementar e comprovar o valor devido. 11

ATENÇÃO: O art. 10 da IN 39/2016 considera aplicável ao processo do trabalho o art. 1007, caput, do CPC, prevendo que o equívoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena de deserção, cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o recorrente para sanar o vício no prazo de 5 (cinco) dias São ISENTOS do pagamento de custas, além dos beneficiários da justiça gratuita, a União, os Estados, o DF, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações, que não explorem atividade econômica, bem como o MPT (art. 790-A, da CLT) e a massa falida (súmula 86 do TST). Estão fora desta isenção as empresas públicas e sociedades de economia mista, bem como, as entidades fiscalizadoras de exercício profissional, como é o caso da OAB, CRM, etc. C2. Depósito recursal: Tem por objetivo a garantia do juízo, e só é exigido da reclamada (enquanto empregadora ou tomadora). Dessa forma, o reclamante (enquanto empregado) não tem a obrigação de fazer o depósito recursal. Já para a reclamada recorrer nas ações em que tenha havido condenação em pecúnia (só há depósito recursal em caso de condenação em pecúnia súmula 161, TST) é preciso que o juízo esteja garantido com o depósito recursal. Este valor refere-se à quantia fixada pelo juiz na sentença como condenação, porém, o TST fixa um teto máximo de exigência do depósito recursal, que é reajustado periodicamente. Atualmente (desde 01/08/2018) o valor teto relativo ao depósito recursal é: DATA DE DATA DE INÍCIO DIVULGAÇÃO DA VIGÊNCIA LEGISLAÇÃO RECURSO ORDINÁRIO RECURSO DE REVISTA EMBARGOS RECURSO EXTRAORDINÁRIO RECURSO EM AÇÃO RESCISÓRIA DEJT- 17/07/2018 01/08/2018 ATO.SEGJUD.GP Nº 329/20178 R$ 9.513,16 R$ 19.026,32 R$ 19.026,32 12

Assim, à título de ilustração, se a reclamada (empregadora) foi condenada a pagar R$ 1.000,00 e o teto do depósito recursal é de R$ 9.513,16, a recorrente (empregadora) terá que recolher apenas o valor da condenação, qual seja, R$ 1.000,00. Contudo, caso a condenação seja de R$ 50.000,00, terá que depositar o teto do depósito recursal (atualmente R$ 9.513,16) para interpor recurso ordinário. Com a nova redação do 4º do art. 899 da CLT, o depósito recursal deverá ser feito na conta vinculada ao juízo (e não mais na conta vinculada do reclamante junto ao FGTS) e será corrigida com os mesmos índices da poupança. Caso mantida a decisão inicial condenatória, após o trânsito em julgado, a quantia depositada poderá ser liberada ao reclamante, complementando-se, assim, a execução imposta, se necessário. Contudo, em caso de provimento do recurso, o valor depositado será devolvido à Reclamada, devidamente corrigido. Ainda que o recurso seja interposto antes da data fatal de seu prazo (antes do término), o depósito poderá ser feito no prazo do recurso (súmula 245, TST). Súmula nº 245 do TST. DEPÓSITO RECURSAL. PRAZO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. O depósito recursal deve ser feito e comprovado no prazo alusivo ao recurso. A interposição antecipada deste não prejudica a dilação legal. Inexistindo condenação em pecúnia (ex.: reconhecimento de vinculo), não será necessário o depósito recursal, conforme súmula 161 do TST. Súmula nº 161 do TST. DEPÓSITO. CONDENAÇÃO A PAGAMENTO EM PECÚNIA (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. Se não há condenação a pagamento em pecúnia, descabe o depósito de que tratam os 1º e 2º do art. 899 da CLT 13

A natureza jurídica do depósito recursal é de garantia do juízo para o pagamento da execução, e não de taxa! Conforme 9º do art. 899 da CLT, o valor do depósito recursal será reduzido pela metade (50%) para: 1. Entidades sem fins lucrativos; 2. Empregadores domésticos; 3. Microempreeendedores individuais; 4. Microempresas; 5. Empresas de pequeno porte. São isentos do depósito recursal: 1. Os beneficiários da justiça gratuita (art. 899, 10 da CLT); 2. As entidades filantrópicas (art. 899, 10 da CLT); 3. As empresas em recuperação judicial (art. 899, 10 da CLT); 4. As pessoas jurídicas de direito público (art. 1º, IV, DL 779/69 e IN 3/1993, item X, do TST); 5. O Ministério Público do Trabalho MPT; 6. A massa falida (súmula 86 do TST). ATENÇÃO.: não estão isentas do depósito recursal as empresas públicas e sociedades de economia mista terão que fazer o depósito recursal (súmula 170 do TST). Súmula nº 86 do TST. DESERÇÃO. MASSA FALIDA. EMPRESA EM LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 31 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005. Não ocorre deserção de recurso da massa falida por falta de pagamento de custas ou de depósito do valor da condenação. Esse privilégio, todavia, não se aplica à empresa em liquidação extrajudicial. 14

Súmula nº 170 do TST. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. CUSTAS (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. Os privilégios e isenções no foro da Justiça do Trabalho não abrangem as sociedades de economia mista, ainda que gozassem desses benefícios anteriormente ao Decreto-Lei nº 779, de 21.08.1969. O depósito recursal poderá ser substituído por fiança bancária ou seguro garantia judicial (art. 899, 11, da CLT). Ainda sobre depósito recursal, é importantíssimo a análise da seguinte súmula do TST: Súmula 128 do TST. DEPÓSITO RECURSAL I - É ônus da parte recorrente efetuar o depósito legal, integralmente, em relação a cada novo recurso interposto, sob pena de deserção. Atingido o valor da condenação, nenhum depósito mais é exigido para qualquer recurso. (ex-súmula nº 128 - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.03, que incorporou a OJ nº 139 da SBDI-1 - inserida em 27.11.1998). II - Garantido o juízo, na fase executória, a exigência de depósito para recorrer de qualquer decisão viola os incisos II e LV do art. 5º da CF/1988. Havendo, porém, elevação do valor do débito, exige-se a complementação da garantia do juízo. (ex-oj nº 189 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000). III - Havendo condenação solidária de duas ou mais empresas, o depósito recursal efetuado por uma delas aproveita as demais, quando a empresa que efetuou o depósito não pleiteia sua exclusão da lide. (ex-oj nº 190 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000). ATENÇÃO: Assim como acontece com as custas processuais, em caso de insuficiência no recolhimento do depósito recursal, o recorrente deverá ser intimado para suprir a diferença no prazo de 05 dias, sob pena de deserção. Em 17/04/2017 o TST adequou a sua OJ 140 da SBDI-1 aos termos do CPC, que passou a contar com a seguinte redação: DEPÓSITO RECURSAL E CUSTAS PROCESSUAIS. RECOLHIMENTO INSUFICIENTE. DESERÇÃO (nova redação em decorrência do CPC de 2015). Em caso de recolhimento insuficiente das custas processuais ou do depósito recursal, somente haverá deserção do recurso se, concedido o prazo de 5 (cinco) dias previsto no 2º do art. 1.007 do CPC de 2015, o recorrente não complementar e comprovar o valor devido. 15

Segundo SCHIAVI (2017, p. 107), com a nova redação do 9º do art. 899 da CLT, [...] se o reclamado, mesmo pessoa jurídica, for beneficiário da justiça gratuita, não realizará depósito recursal. 15. RECURSOS EM ESPÉCIE 15.1. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Publicada a sentença de mérito, o juiz encerra a sua jurisdição, e só poderá alterar sua sentença em duas hipóteses (art. 494, CPC/15): a) corrigir erros de ofício; b) a requerimento da parte, em tese de embargos declaratórios. Os embargos de declaração estão previstos no art. 897-A da CLT, que conta com a seguinte redação: Art. 897-A. Caberão embargos de declaração da sentença ou acórdão, no prazo de cinco dias, devendo seu julgamento ocorrer na primeira audiência ou sessão subseqüente a sua apresentação, registrado na certidão, admitido efeito modificativo da decisão nos casos de omissão e contradição no julgado e manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso. Aplica-se, contudo, supletivamente o art. 1.022 do CPC ao processo do trabalho, exceto em relação ao prazo em dobro para litisconsortes (art. 9º da IN 39/2016). Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para: I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição; II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento; III - corrigir erro material. Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que: 16

I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento; II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, 1 o. A. Cabimento contiver: Assim, caberão embargos de declaração quando a sentença a) OMISSÃO (art. 897-A da CLT); b) CONTRADIÇÃO (art. 897-A da CLT); c) OBSCURIDADE (aplicação supletiva do art. 1.022, I, do CPC); d) MANIFESTO EQUÍVOVO NA ANÁLISE DOS PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS DO RECURSO: previsão legal; tempestividade e preparo (art. 897-A da CLT); e) ERRO MATERIAL (art. 897-A, 1º da CLT e art. 1022, III, do CPC); B. Preparo Os embargos de declaração não estão sujeitos ao pagamento de preparo, logo, não há incidência de custas ou depósito recursal (art. 1.023, CPC/15). C. Prazo O prazo para oposição dos embargos é de cinco dias, tanto em primeiro grau, quanto em segundo grau. 17

Conquanto haja certa celeuma doutrinária sobre a aplicação do prazo em dobro para os embargos de declaração pelas pessoas jurídicas de direito público, o TST já se posicionou sobre a questão na OJ 192 da SBDI-1 do TST, no seguinte sentido: 192. EMBARGOS DECLARATÓRIOS. PRAZO EM DOBRO. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO. DECRETO-LEI Nº 779/69 (inserida em 08.11.2000) É em dobro o prazo para a interposição de embargos declaratórios por Pessoa jurídica de direito público. D. Efeito interruptivo Segundo a redação atual do art. 897-A, 2º da CLT, os embargos de declaração interrompem o prazo para a apresentação de outros recursos, por qualquer das partes, tanto pelo embargante, como pela parte que não utilizou o referido remédio. Ao se falar da interrupção, deve ser lembrado que o prazo já transcorrido antes da oposição dos embargos é desprezado, começando a correr novamente a partir da intimação da nova decisão todo o prazo recursal. A parte que não embargou terá a devolução do prazo inteiro para recurso, porém não poderá apresentar embargos declaratórios em relação à primeira decisão, por ter havido preclusão. Só poderá apresentar embargos em relação à segunda decisão. E, se os embargos não forem conhecidos? O artigo 897-A, 3º da CLT excepciona os embargos declaratórios intempestivos, irregular a representação da parte ou ausente a sua assinatura, que não interrompem o prazo recursal. 18

E. Multa por embargos protelatórios Caso os embargos sejam considerados protelatórios, o embargante poderá ser condenado a pagar multa de até 2% do valor da causa ao embargado. Na reiteração, a multa poderá chegar a até 10% sobre o valor da causa. Nesse caso, o pagamento da multa fica vinculado à interposição do recurso, tornando-se mais um pressuposto de admissibilidade (art. 1.026, 2º e 3º do CPC/15). F. Do efeito modificativo Conforme art. 897-A da CLT e súmula 278 do TST é possível a modificação do julgado através dos embargos de declaração, quando houver omissão e contradição no seu teor. Ex.: o reclamado arguiu prescrição na contestação e a sentença, omissa quanto a esta prejudicial de mérito, julga procedente o pedido. Interpostos os embargos declaratórios pela reclamada contra tal omissão, e se eles forem providos para sanar a omissão, o juiz pode na sentença dos embargos declaratórios, pronunciar a prescrição e julgar extinto o processo com base no art. 487, II do CPC/15. A pergunta que se faz neste ponto é: existe contrarrazões em embargos de declaração? Resposta: Em um primeiro momento não há contrarrazões em embargos declaratórios, pois o objetivo é sanar uma falha da sentença, que em princípio não acarretaria prejuízo a parte adversa. Todavia, existe uma específica hipótese em que o juiz é obrigatório a conceder prazo para a parte contrária se manifestar sobre os embargos (5 dias), isto é, quando os embargos versarem sobre efeito modificativo da sentença, sob pena de nulidade, conforme art. 897-A, 2º da CLT (já constava da OJ 142 da SDI-1 do TST). 19

2 o Eventual efeito modificativo dos embargos de declaração somente poderá ocorrer em virtude da correção de vício na decisão embargada e desde que ouvida a parte contrária, no prazo de 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº 13.015, de 2014) G. Natureza jurídica dos embargos declaratórios Permanece a polêmica sobre a natureza jurídica dos embargos de declaração. Duas correntes se dividem: - Para a primeira corrente, os embargos de declaração não seriam recurso, pois: a) não são julgados por outro órgão judicial, e sim pelo mesmo que proferiu a decisão embargada; b) não há, em regra, previsão para o contraditório; c) interrompem o prazo para recurso, e exatamente por isso não seriam recurso; d) não objetivam a reforma da decisão, etc. - Para a segunda corrente (PREVALECE), os embargos de declaração possuem natureza recursal, tendo em vista a sua expressa previsão no elenco dos recursos cíveis do CPC/15 (art. 994, IV). Acrescenta ainda a presente corrente que a Lei 9.957/2000 acrescentou a CLT o art. 897-A, prevendo literalmente os embargos de declaração no capítulo da CLT destinado aos recursos, muito embora não esteja previsto no rol do art. 893; dentre outras argumentações. 20

15.2. RECURSO ORDINÁRIO (art. 895 da CLT) A. Hipóteses de cabimento: a. Cabe RO das decisões (sentenças) definitivas (mérito) e terminativas (arquiva o processo), proferidas pela Vara do Trabalho para o TRT julgar; b. Das decisões (definitivas ou terminativas) do TRT quando este estiver atuando em sua competência originária, ou seja, quando estiver funcionando como primeira instância (dissídios coletivos; mandado de segurança; ações rescisórias, HC), caberá RO para o TST julgar (Súmula 158 do TST). ATENÇÃO: No entanto, caso o TRT julgue originariamente o HC não caberá mais RO, sendo que, em sua substituição caberá novo HC para o TST julgar (OJ 156, SDI-2, TST). 156. HABEAS CORPUS ORIGINÁRIO NO TST. SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CABIMENTO CONTRA DECISÃO DEFINITIVA PROFERIDA POR TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO. (DEJT divulgado em 09, 10 e 11.06.2010) É cabível ajuizamento de habeas corpus originário no Tribunal Superior do Trabalho, em substituição de recurso ordinário em habeas corpus, de decisão definitiva proferida por Tribunal Regional do Trabalho, uma vez que o órgão colegiado passa a ser a autoridade coatora no momento em que examina o mérito do habeas corpus impetrado no âmbito da Corte local. B. Endereçamento / Juízo de admissibilidade O recurso deverá ser interposto junto ao juízo que prolatou a sentença/acórdão em que se pretende atacar, ou seja, se a decisão foi proferida pela Vara do Trabalho, a petição de interposição (primeira petição) será sempre endereçada ao próprio juízo que prolatou a sentença, com as razões recursais endereçadas ao TRT competente. Após a análise dos requisitos de admissibilidade recursal pelo juízo prolator da sentença/acórdão em que se pretende recorrer, os autos serão 21

remetidos ao tribunal competente (acompanhado das razões recursais), que fará nova análise dos requisitos de admissibilidade e, estando satisfeitos, passará a análise das RAZÕES RECURSAIS que lhe foram direcionadas. Caso o recurso seja proveniente de uma decisão proferida pelo TRT, em competência originária, a primeira peça deverá ser endereçada ao Presidente do TRT, com as razões encaminhadas ao TST. PEÇA DE INTERPOSIÇÃO A petição de recurso deve ser endereçada ao juízo que prolatou a sentença ou acórdão, que irá verificar os requisitos de admissibilidade. RAZÕES RECURSAIS As razões são sempre dirigidas ao tribunal que julgará o recurso, onde será feita nova análise de admissibilidade antes da análise das razões recursais. C. Pressupostos É necessário o pagamento das custas e do depósito recursal, caso a parte não seja isenta nos termos da lei. Se o RO for proveniente de uma decisão do TRT em primeira instância (competência originária), o teto será aquele estabelecido no recurso de revista. D. Prazo O prazo para interposição do RO é de 08 dias, ocasião em que o juiz irá verificar os pressupostos recursais e, se presentes, abrirá prazo de 08 dias para as contrarrazões. 22

15.3. RECURSO DE REVISTA (art. 896 da CLT) A. Cabimento Só cabe RR da decisão do TRT que julgar o RO, ou seja, quando este órgão estiver atuando em segunda instância, para o TST julgar. No RR não se pode discutir matéria de fato/mérito (Súmula 126, TST). É um recurso que objetiva a uniformização da jurisprudência, ou seja, só se discute no RR questão de DIREITO. As hipóteses de cabimento do Recurso de Revista são: RITO ORDINÁRIO Divergência jurisprudencial (TRT X TRT) na interpretação de: 1. Lei Federal; 2. Súmula do TST; 3. Súmula Vinculante do STF Art. 896, alínea a, da CLT Divergência jurisprudencial (TRT X TRT) na interpretação de: 1. Lei Estadual; 2. CCT; 3. ACT; 4. Sentença normativa; 5. Regulamento de empresa. Art. 896, alínea b, da CLT Afronta literal a Lei Federal ou a Constituição Federal. Art. 896, alínea c, da CLT RITO SUMARÍSSIMO Afronta a Súmula do TST; Art. 896, 9º da CLT Afronta a Súmula Vinculante do STF; Art. 896, 9º da CLT Afronta a Constituição Federal. Art. 896, 9º da CLT Vale lembrar que no rito sumário (causa abaixo de 02 salários mínimos) as decisões proferidas são irrecorríveis, exceto quando violam a 23

Constituição Federal, quando caberá Recurso Extraordinário para o STF julgar. B. Prazo/ efeito/ preparo O prazo é de 08 dias para interposição, sendo o mesmo prazo para contrarrazões, sendo recebido no efeito devolutivo, sendo indispensável o pagamento de custas e depósito recursal (preparo), caso a parte não seja isenta nos termos da lei. Para maiores detalhes sobre o Recurso de revista, ler os seguintes dispositivos: Art. 896 - Cabe Recurso de Revista para Turma do Tribunal Superior do Trabalho das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelos Tribunais Regionais do Trabalho, quando: a) derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe houver dado outro Tribunal Regional do Trabalho, no seu Pleno ou Turma, ou a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, ou contrariarem súmula de jurisprudência uniforme dessa Corte ou súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal; b) derem ao mesmo dispositivo de lei estadual, Convenção Coletiva de Trabalho, Acordo Coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial de observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do Tribunal Regional prolator da decisão recorrida, interpretação divergente, na forma da alínea a; c) proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta e literal à Constituição Federal. 1 o O recurso de revista, dotado de efeito apenas devolutivo, será interposto perante o Presidente do Tribunal Regional do Trabalho, que, por decisão fundamentada, poderá recebê-lo ou denegá-lo. 1 o -A. Sob pena de não conhecimento, é ônus da parte: I - indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista; II - indicar, de forma explícita e fundamentada, contrariedade a dispositivo de lei, súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho que conflite com a decisão regional; III - expor as razões do pedido de reforma, impugnando todos os fundamentos jurídicos da decisão recorrida, inclusive mediante demonstração analítica de cada dispositivo de lei, da Constituição Federal, de súmula ou orientação jurisprudencial cuja contrariedade aponte. IV - transcrever na peça recursal, no caso de suscitar preliminar de nulidade de julgado por negativa de prestação jurisdicional, o trecho dos embargos declaratórios em que foi pedido o pronunciamento do tribunal sobre questão veiculada no recurso ordinário e o trecho da decisão regional que rejeitou os embargos quanto ao pedido, para cotejo e verificação, de plano, da ocorrência da omissão. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) 24

2 o Das decisões proferidas pelos Tribunais Regionais do Trabalho ou por suas Turmas, em execução de sentença, inclusive em processo incidente de embargos de terceiro, não caberá Recurso de Revista, salvo na hipótese de ofensa direta e literal de norma da Constituição Federal. 3 o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) 4 o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) 5 o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) 6 o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) 7 o A divergência apta a ensejar o recurso de revista deve ser atual, não se considerando como tal a ultrapassada por súmula do Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal, ou superada por iterativa e notória jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho. 8 o Quando o recurso fundar-se em dissenso de julgados, incumbe ao recorrente o ônus de produzir prova da divergência jurisprudencial, mediante certidão, cópia ou citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado, inclusive em mídia eletrônica, em que houver sido publicada a decisão divergente, ou ainda pela reprodução de julgado disponível na internet, com indicação da respectiva fonte, mencionando, em qualquer caso, as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados. 9 o Nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, somente será admitido recurso de revista por contrariedade a súmula de jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do Trabalho ou a súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal e por violação direta da Constituição Federal. 10. Cabe recurso de revista por violação a lei federal, por divergência jurisprudencial e por ofensa à Constituição Federal nas execuções fiscais e nas controvérsias da fase de execução que envolvam a Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas (CNDT), criada pela Lei n o 12.440, de 7 de julho de 2011. 11. Quando o recurso tempestivo contiver defeito formal que não se repute grave, o Tribunal Superior do Trabalho poderá desconsiderar o vício ou mandar saná-lo, julgando o mérito. 12. Da decisão denegatória caberá agravo, no prazo de 8 (oito) dias. 13. Dada a relevância da matéria, por iniciativa de um dos membros da Seção Especializada em Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, aprovada pela maioria dos integrantes da Seção, o julgamento a que se refere o 3 o poderá ser afeto ao Tribunal Pleno. 14. O relator do recurso de revista poderá denegar-lhe seguimento, em decisão monocrática, nas hipóteses de intempestividade, deserção, irregularidade de representação ou de ausência de qualquer outro pressuposto extrínseco ou intrínseco de admissibilidade. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) Art.896-A - O Tribunal Superior do Trabalho, no recurso de revista, examinará previamente se a causa oferece transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica. 1 o São indicadores de transcendência, entre outros: (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) I - econômica, o elevado valor da causa; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) II - política, o desrespeito da instância recorrida à jurisprudência sumulada do Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) III - social, a postulação, por reclamante-recorrente, de direito social constitucionalmente assegurado; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) 25

IV - jurídica, a existência de questão nova em torno da interpretação da legislação trabalhista. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) 2 o Poderá o relator, monocraticamente, denegar seguimento ao recurso de revista que não demonstrar transcendência, cabendo agravo desta decisão para o colegiado. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) 3 o Em relação ao recurso que o relator considerou não ter transcendência, o recorrente poderá realizar sustentação oral sobre a questão da transcendência, durante cinco minutos em sessão. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) 4 o Mantido o voto do relator quanto à não transcendência do recurso, será lavrado acórdão com fundamentação sucinta, que constituirá decisão irrecorrível no âmbito do tribunal. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) 5 o É irrecorrível a decisão monocrática do relator que, em agravo de instrumento em recurso de revista, considerar ausente a transcendência da matéria. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) 6 o O juízo de admissibilidade do recurso de revista exercido pela Presidência dos Tribunais Regionais do Trabalho limita-se à análise dos pressupostos intrínsecos e extrínsecos do apelo, não abrangendo o critério da transcendência das questões nele veiculadas. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) Art. 896-B. Aplicam-se ao recurso de revista, no que couber, as normas da Lei n o 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil), relativas ao julgamento dos recursos extraordinário e especial repetitivos. Art. 896-C. Quando houver multiplicidade de recursos de revista fundados em idêntica questão de direito, a questão poderá ser afetada à Seção Especializada em Dissídios Individuais ou ao Tribunal Pleno, por decisão da maioria simples de seus membros, mediante requerimento de um dos Ministros que compõem a Seção Especializada, considerando a relevância da matéria ou a existência de entendimentos divergentes entre os Ministros dessa Seção ou das Turmas do Tribunal. 1 o O Presidente da Turma ou da Seção Especializada, por indicação dos relatores, afetará um ou mais recursos representativos da controvérsia para julgamento pela Seção Especializada em Dissídios Individuais ou pelo Tribunal Pleno, sob o rito dos recursos repetitivos. 2 o O Presidente da Turma ou da Seção Especializada que afetar processo para julgamento sob o rito dos recursos repetitivos deverá expedir comunicação aos demais Presidentes de Turma ou de Seção Especializada, que poderão afetar outros processos sobre a questão para julgamento conjunto, a fim de conferir ao órgão julgador visão global da questão. 3 o O Presidente do Tribunal Superior do Trabalho oficiará os Presidentes dos Tribunais Regionais do Trabalho para que suspendam os recursos interpostos em casos idênticos aos afetados como recursos repetitivos, até o pronunciamento definitivo do Tribunal Superior do Trabalho. 4 o Caberá ao Presidente do Tribunal de origem admitir um ou mais recursos representativos da controvérsia, os quais serão encaminhados ao Tribunal Superior do Trabalho, ficando suspensos os demais recursos de revista até o pronunciamento definitivo do Tribunal Superior do Trabalho. 5 o O relator no Tribunal Superior do Trabalho poderá determinar a suspensão dos recursos de revista ou de embargos que tenham como objeto controvérsia idêntica à do recurso afetado como repetitivo. 6 o O recurso repetitivo será distribuído a um dos Ministros membros da Seção Especializada ou do Tribunal Pleno e a um Ministro revisor 26

7 o O relator poderá solicitar, aos Tribunais Regionais do Trabalho, informações a respeito da controvérsia, a serem prestadas no prazo de 15 (quinze) dias. 8 o O relator poderá admitir manifestação de pessoa, órgão ou entidade com interesse na controvérsia, inclusive como assistente simples, na forma da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil). 9 o Recebidas as informações e, se for o caso, após cumprido o disposto no 7 o deste artigo, terá vista o Ministério Público pelo prazo de 15 (quinze) dias. 10. Transcorrido o prazo para o Ministério Público e remetida cópia do relatório aos demais Ministros, o processo será incluído em pauta na Seção Especializada ou no Tribunal Pleno, devendo ser julgado com preferência sobre os demais feitos. 11. Publicado o acórdão do Tribunal Superior do Trabalho, os recursos de revista sobrestados na origem: I - terão seguimento denegado na hipótese de o acórdão recorrido coincidir com a orientação a respeito da matéria no Tribunal Superior do Trabalho; ou II - serão novamente examinados pelo Tribunal de origem na hipótese de o acórdão recorrido divergir da 12. Na hipótese prevista no inciso II do 11 deste artigo, mantida a decisão divergente pelo Tribunal de origem, far-se-á o exame de admissibilidade do recurso de revista. 13. Caso a questão afetada e julgada sob o rito dos recursos repetitivos também contenha questão constitucional, a decisão proferida pelo Tribunal Pleno não obstará o conhecimento de eventuais recursos extraordinários sobre a questão constitucional. 14. Aos recursos extraordinários interpostos perante o Tribunal Superior do Trabalho será aplicado o procedimento previsto no art. 543-B da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil), cabendo ao Presidente do Tribunal Superior do Trabalho selecionar um ou mais recursos representativos da controvérsia e encaminhá-los ao Supremo Tribunal Federal, sobrestando os demais até o pronunciamento definitivo da Corte, na forma do 1 o do art. 543-B da Lei n o 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil). 15. O Presidente do Tribunal Superior do Trabalho poderá oficiar os Tribunais Regionais do Trabalho e os Presidentes das Turmas e da Seção Especializada do Tribunal para que suspendam os processos idênticos aos selecionados como recursos representativos da controvérsia e encaminhados ao Supremo Tribunal Federal, até o seu pronunciamento definitivo. 16. A decisão firmada em recurso repetitivo não será aplicada aos casos em que se demonstrar que a situação de fato ou de direito é distinta das presentes no processo julgado sob o rito dos recursos repetitivos. 17. Caberá revisão da decisão firmada em julgamento de recursos repetitivos quando se alterar a situação econômica, social ou jurídica, caso em que será respeitada a segurança jurídica das relações firmadas sob a égide da decisão anterior, podendo o Tribunal Superior do Trabalho modular os efeitos da decisão que a tenha alterado. 27

C. EMBARGOS NO TST a. Previsão legal: art. 894 da CLT e art. 2º, II, alínea c da Lei 7.701/88; b. Prazo: 08 dias; c. Efeito: devolutivo; Conforme Sérgio Pinto Martins: a finalidade dos embargos no TST é, principalmente, a unificação da interpretação jurisprudencial de suas turmas, ou de decisões não unânimes em processos de competência originária do TST. A doutrina divide os embargos no TST em pelo menos duas modalidades: 1ª) embargos infringentes (utilizada nos dissídios coletivos); 2ª) embargos de divergência (utilizada nos dissídios individuais). Embargos infringentes: são cabíveis contra DECISÃO NÃO UNÂNIME proferidas em DISSÍDIO COLETIVO de competência originária do TST (isso ocorre quando o Dissídio Coletivo excede a competência territorial dos TRT s) e será julgado pela SDC - Seção de Dissídios Coletivos do TST. Contudo, não será cabível se a decisão impugnada estiver em consonância com precedente jurisprudencial ou súmula de jurisprudência do TST (art. 2º, II, alínea c da Lei 7.701/88) Embargos de divergência: o seu objetivo é uniformizar a divergência dentro do próprio TST, sendo cabíveis contra decisões das turmas do TST em DISSÍDIOS INDIVIDUAIS e será julgado pela SDI Seção de Dissídios Individuais do TST. São cabíveis das decisões das Turmas que: a) divergirem entre si (turma x turma); b) divergirem das decisões da SDI do TST (turma x SDI); c) contrárias à Súmula ou OJ do TST; d) contrárias à Súmula simples ou Vinculante do STF. 28

Art. 894, CLT II - das decisões das Turmas que divergirem entre si ou das decisões proferidas pela Seção de Dissídios Individuais, ou contrárias a súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho ou súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal. (Redação dada pela Lei nº 13.015, de 2014) Não são cabíveis os embargos de divergência se a decisão da Turma proferida em dissídio individual, ainda que divergir de outra Turma: a) estiver em consonância com Súmula do TST; b) estiver em consonância com OJ do TST; c) estiver em consonância com Súmula do STF. 3 o O Ministro Relator denegará seguimento aos embargos: (Incluído pela Lei nº 13.015, de 2014) I - se a decisão recorrida estiver em consonância com súmula da jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal, ou com iterativa, notória e atual jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, cumprindo-lhe indicá-la; (Incluído pela Lei nº 13.015, de 2014) II - nas hipóteses de intempestividade, deserção, irregularidade de representação ou de ausência de qualquer outro pressuposto extrínseco de admissibilidade. (Incluído pela Lei nº 13.015, de 2014) 4 o Da decisão denegatória dos embargos caberá agravo, no prazo de 8 (oito) dias. (Incluído pela Lei nº 13.015, de 2014) Modificação implantada pela Lei 13.015/2014, passou a prever que: 2 o A divergência apta a ensejar os embargos deve ser atual, não se considerando tal a ultrapassada por súmula do Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal, ou superada por iterativa e notória jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho. (Incluído pela Lei nº 13.015, de 2014) Portanto, os embargos no TST serão submetidos para a SDI ou SDC do TST, nas condições estudadas. 29

D. AGRAVO DE INSTRUMENTO (Art. 897, b, CLT) a. Prazo: 08 dias (inclusive para contrarrazões) No processo do trabalho, como já vimos, não é possível recorrer de imediato das decisões interlocutória, tanto é verdade, que se for necessário atacar de imediato a decisão interlocutória vai ser necessário impetrar mandado de segurança (ação), que também é cabível quando não couber nenhum recurso. Só cabe Agravo de Instrumento da decisão que denega seguimento a recurso (em razão de falta de pressupostos recursais), com a finalidade de se destrancar o recurso. Rima: DENEGOU SEGUIMENTO = AGRAVO DE INSTRUMENTO O agravo de instrumento será interposto junto à autoridade que denegou seguimento ao recurso, acompanhado das razões. O agravo será julgado pelo Tribunal que seria competente para conhecer o recurso cuja interposição foi denegada ( 4º do art. 897 da CLT). O agravo de instrumento não está sujeito ao pagamento de custas, mas deve-se pagar depósito recursal, e este será a metade do valor que foi pago a título de depósito recursal do recurso denegado (art. 899, 7º, CLT). ATENÇÃO: A Lei 13.015/2014 acrescentou o 8º ao art. 899 da CLT, que isenta o depósito recursal quando o agravo de instrumento é utilizado para destrancar o Recurso de Revista que sustenta a afronta a OJ ou súmula do TST. Art. 899. [...] 7 o No ato de interposição do agravo de instrumento, o depósito recursal corresponderá a 50% (cinquenta por cento) do valor do depósito do recurso ao qual se pretende destrancar. 8 o Quando o agravo de instrumento tem a finalidade de destrancar recurso de revista que se insurge contra decisão que contraria a jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do Trabalho, consubstanciada nas suas súmulas ou em orientação jurisprudencial, não haverá obrigatoriedade de se efetuar o depósito referido no 7 o deste artigo. 30