A Ordem Sacerdotal de Melquisedeque

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Transcrição:

A Ordem Sacerdotal de Melquisedeque Desde os primeiros dias encontramos o procedimento de o filho mais velho suceder o pai no encargo dos assuntos religiosos. O primogênito, portanto, exercia um sacerdócio entre os familiares, ainda que em cada lar o homem, também, devesse exercer sua autoridade espiritual em sua família imediata. Após o dilúvio, a raça humana recomeçou com os três filhos de Noé. A verdade divina deveria ter especialmente Sem como guardião, o filho mais velho, bem como sua descendência. No entanto, no decorrer do tempo se corromperam. Abraão, que era desta linhagem, foi chamado para sair da parentela. Deus tencionava recomeçar com Abraão e sua descendência. Muito tempo depois, com a saída do povo de Israel do Egito, foi separada uma tribo especificamente para cuidar do serviço do tabernáculo. Sendo que o sacerdócio em si, foi restringido à família de Arão. Vale salientar que, apesar disso, Deus chamou toda a nação para ser um povo santo e um reino sacerdotal (Êxodo 19:5-6). Portanto, todo o povo deveria se preocupar com sua espiritualidade. Ademais, esta configuração do serviço do santuário, não tinha como propósito, anular o papel do pai como líder espiritual na família. O mesmo chamado é direcionado para a Igreja. O apóstolo diz que somos geração eleita, sacerdócio real, nação santa, e povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (I Pedro 2:9). Mais uma vez, isso não anula a liderança espiritual familiar do marido/pai. Nem tampouco, interfere na ordem sacerdotal de Melquisedeque, que atualmente, está em vigor. Mas, antes de entrarmos no estudo deste sacerdócio, interessante focarmos por um momento, no fato, de que Deus sempre trabalhou com planos de contingência.

A nível individual, temos por exemplo o caso de Esaú e Jacó, onde, devido ao primogênito ser rejeitado, o sacerdócio ficou nas mãos do mais novo. Mais interessante para o caso em questão, é notarmos o que ocorreu com a família de Eli. O Senhor chamou Samuel para dar continuidade ao serviço do santuário em substituição aos filhos de Eli. Samuel era da tribo de Levi, mas não da mesma linhagem que vinha a casa de Eli. Levi teve três filhos: Gérson, Coate, e Merari. Os filhos de Coate são: Anrão, Izar, Hebrom, e Uziel. Anrão gerou a Arão e Moisés. Samuel vinha da descendência de Izar, filho de Coate. (I Crônicas 6:1-3, 33-38). Portanto, quando Samuel foi escolhido para ser sacerdote, a casa de Arão foi rejeitada, uma vez que, como vimos, ele vinha de outra linhagem dentro da tribo de Levi. Através desta lição, fica claro que as promessas e as ameaças de Deus são igualmente condicionais. (Evangelismo, 695). As promessas de Deus a eles se fossem obedientes, e as maldições que sobre eles viriam, se fossem desobedientes (História da Redenção, 171). Portanto, a condição favorável é mantida pela obediência. Agora vamos nos dirigir para o assunto central deste estudo. O personagem Melquisedeque aparece na Bíblia no episódio em que Abraão resgata Ló, que havia sido levado como cativo de guerra. As Escrituras relatam que após o patriarca sair vitorioso da guerra, Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote de Deus, veio ao seu encontro com pão e vinho e o abençoou. Esta narrativa que ocupa apenas três versos, termina dizendo: E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo. (Gênesis 14:18-20). Em relação à prática do dízimo, Ellen G. White comenta o fato de que é um costume que precede, em muito, às leis da nação israelita:

O texto bíblico declara que Melquisedeque era rei de Salém. Na história da escolha da capital do reino de Israel por Davi, descobrimos a localização de Salém. Quando nos deparamos com Melquisedeque, este enigmático personagem, uma pergunta que surge é: como ele se tornou sacerdote, mesmo não tendo genealogia sacerdotal? Esse aspecto da questão o apóstolo Paulo aborda de forma bem abrangente no capítulo 7 de Hebreus. Antes de mais nada, já poderíamos concluir, sem maiores receios, de que Deus poderia ter agido nesse caso de acordo com seu princípio geral de favorecer os que lhe são obedientes, tal como analisamos anteriormente. O Espírito de Profecia também nos informa que: Vamos atentar ao que é declarado pelo apóstolo nos primeiros versos:

Neste texto, Paulo não está dizendo que Melquisedeque surgiu do nada. Mas tal como é declarado no verso 6, o que ele não tem é genealogia sacerdotal ( contada entre eles ). É dito, também, que ele é semelhante a Cristo. Melquisedeque não tinha pai ou mãe na genealogia, e o tipo de sacerdócio dele, isto é, o fundamento de sua ordem sacerdotal, não tinha início nem fim. Sua base não é a linhagem sanguínea, mas a obediência a Deus. No caso de Jesus, estas coisas não são ilustrativas, mas reais. Ele de fato, é sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida. Uma declaração, portanto, bem explícita a favor da plena divindade e eternidade de Cristo. Ao contrário de certas especulações, Melquisedeque não é o próprio Jesus. Mas sim, um representante dele. O texto diz: sendo feito semelhante ao filho de Deus. Este trecho se refere tanto à pessoa de Melquisedeque, como ao tipo de ordem sacerdotal da qual ele se tornou símbolo. De qualquer modo, se fala que é semelhante, é porque não é a própria realidade da qual se assemelha, ou seja, não é o próprio Cristo. Ellen G. White, também comenta sobre este ponto: Além de o texto eliminar margens especulativas ao dizer com todas as letras, que Melquisedeque não era Cristo, é significativo o trecho em que é dito que Deus desejava moldar Abraão de acordo com o Seu próprio modelo. Ensiná-lo de acordo com o Seu plano e não o dos mestres do mundo. O patriarca da fé teve que se distanciar de sua parentela, pois haviam se corrompido. Teve que se desapegar da idéia de que somente um sacerdócio da linhagem sanguínea, poderia ser aceito como guardador da verdade. Abraão, ao se deparar com Melquisedeque, reconhece que ele era sacerdote do verdadeiro Deus, a despeito da falta de genealogia. Ele dar os dízimos de tudo, mostra o seu nível de confiança para com aquele ilustre homem que, além de sacerdote, era rei. Este é mais um ponto interessante, visto que prefigura a Cristo.

Jesus Cristo é o nosso grande sumo sacerdote, segundo a ordem sacerdotal de Melquisedeque. Atentemos para os textos a seguir: Visto que Jesus não era da tribo de Levi, mas sim de Judá, ele não poderia ser sacerdote de acordo com a ordem levítica. (Vale a pena mencionar também que as profecias indicavam que o Messias viria da tribo de Judá, e da casa de Davi). Importava, então, que Ele viesse de uma ordem diferente, estabelecida em outra base. Paulo comenta sobre isso, também, e diz que a lei do sacerdócio levítico foi abolida, uma vez que, agora, Jesus é o único sacerdote.

O capítulo 8 continua nesta mesma linha de raciocínio e expande o assunto, de maneira a deixar claro, que Jesus não é sumo-sacerdote em um santuário terrestre, mas no verdadeiro, fundado no Céu por Deus, não o homem. Nos capítulos seguintes (9-10), o apóstolo continua expondo as diferenças entre o sacerdócio terreno e o celestial exercido por Cristo. Destacamos apenas mais alguns textos:

A esta altura, já está claro qual ordem sacerdotal é superior. No decorrer de todos estes capítulos, Paulo vem exaltando Jesus Cristo e explicando que Ele veio de acordo com o que as Escrituras profetizaram em relação ao Messias. O apóstolo justifica Seu sacerdócio diante de judeus que podiam ter dúvidas do motivo dele não ter vindo da tribo de Levi. Paulo, então, assevera que Ele é ministro segundo a ordem de Melquisedeque, que é superior à antiga ordem levítica que teve seu fim. No capítulo 7, inclusive, ele usa um argumento bem perspicaz para defender esta superioridade. O Espírito de Profecia também atesta disso, nas seguintes palavras: Desse modo, firmamos solidamente a posição de que a ordem de Melquisedeque, que é baseada em obediência a Deus, não deve ser removida ou sucedida por outra ordem. João Batista é um personagem importante nesse assunto. Ele, mesmo sendo filho de sacerdote da linhagem levítica, renunciou à genealogia, isto é, se separou daquele sistema a fim de entrar no plano de Deus. (Ver Lucas 1:5-25, 76-80). No mesmo artigo em que Ellen G. White comenta sobre Melquisedeque, na continuação ela trata do Batista:

Para ser sacerdote e seguir o caminho de seu pai Zacarias sacerdote levítico João Batista teria que estudar na escola secundária dos judeus a escola dos profetas e rabis e isso ele não fez. Foi para o deserto. Em complemento, é significativo o fato de que João Batista não buscou a aprovação do Sinédrio para a sua obra. (Ver Mateus 15:8-9; Lucas 3:2-14). Em nossos dias, a garantia para um povo receber poder e continuar no favor de Deus, é a mesma de desde sempre. A condição favorável é mantida pela obediência. Este princípio rege as relações de Deus para com o ser humano.

A verdadeira sucessão apostólica reside no mesmo princípio anunciado. O que constitui um homem como ministro na ordem evangélica é ele ter uma vida influenciada pelo espírito dos apóstolos, bem como a crença e ensino da verdade defendida por eles.