CARACTERIZAÇÃO TECNOLÓGICA DE UM PROTOMINÉRIO DE MANGANÊS DA REGIÃO DE CORRENTINA NA BAHIA

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Transcrição:

CARACTERIZAÇÃO TECNOLÓGICA DE UM PROTOMINÉRIO DE MANGANÊS DA REGIÃO DE CORRENTINA NA BAHIA AMORIM, D.G. 1, SALOMONI, I.A. 2, REIS, E.L. 3 1 Universidade Federal de Ouro Preto, e-mail: danielagiroto@gmail.com 2 Universidade Federal de Ouro Preto, e-mail: ivansalomoni.ufop@hotmail.com 3 Universidade Federal de Ouro Preto, e-mail: erica@demin.ufop.br RESUMO O presente trabalho teve como objetivo realizar a caracterização tecnológica de um protominério de manganês da região de Correntina na Bahia. O material foi submetido a análises químicas e mineralógicas, ensaios em meio denso para estudos de grau de liberação e ensaios de concentração. Por difratometria de raios X foram identificadas as fases minerais: quartzo, pirolusita, romanechita, goethita e gibbsita. A composição química do protominério é majoritariamente de SiO2 (59,33%), Mn (10,18%) e Fe (9,57%) se enquadrando como um minério de manganês ferruginoso (10%<Mn<35%). A liberação entre os minerais-minério e os minerais de ganga parece ocorrer a partir de 1,18mm. Pela análise granulométrica pode ser observado que 80% da amostra em estudo está abaixo de 1,18mm. Os melhores resultados de concentração foram obtidos com a utilização da mesa oscilatória com 7 graus de inclinação e posterior passagem do concentrado obtido no separador magnético de alta intensidade. Nesta condição o protominério passa a atender as especificações químicas para fabricação de ferro-ligas de manganês, mas necessita de ajuste granulométrico através de processos como a sinterização. PALAVRAS-CHAVE: caracterização tecnológica; protominério; minério de manganês ferruginoso. ABSTRACT This work performed the mineralogical characterization of a manganese protore, placed in Correntina, Bahia. Chemical and mineralogical analyzes, sink-and-float and concentration process were used. By X-ray diffraction mineral were identified: quartz, pyrolusite, romanechita, goethite and gibbsite. The chemical composition is SiO2 (59.33%), Mn (10.18%) and Fe (9.57%). Therefore, we can classify it as a ferruginous ore (10% <Mn <35%). the total liberation of materials seem to occur from 1,18mm. It was observed that 80% of the particles in global sample were below 1,18 mm. The best performance came from the use of the oscillating table with 7 degrees inclination followed by passage of the concentrate obtained in high intensity magnetic separator. KEYWORDS: mineralogical characterization; protore; ferruginous manganese ore.

Amorim, D.G.; Salomoni, I.A.; Reis, E.L. 1. INTRODUÇÃO O manganês é um recurso natural de papel importante no Brasil. Os minérios de manganês são utilizados principalmente nas indústrias siderúrgicas. São também empregados na produção de pilhas eletrolíticas, cerâmicas, tintas, vidros, produtos químicos, fertilizantes, entre outros (REIS, 2005). Costa e Figueiredo (2001) classificaram os minérios de manganês, segundo o teor de Mn contido, da seguinte forma: 1. Minério de manganês: Mn > 35% 2. Minério ferruginoso: 10% < Mn < 35% 3. Minério de ferro manganesífero: 5%< Mn <10% A grande demanda por minérios de manganês tornou as jazidas com altos teores insuficientes para atender todo o mercado. Tal fato implica na necessidade de aperfeiçoamento das técnicas de beneficiamento de minério, desenvolvendo novas rotas de processos para obtenção de um melhor resultado final. As amostras do protominério de manganês em estudo são provenientes de Tapicuru, distrito do município Correntina, localizado no estado da Bahia. O presente trabalho teve como objetivo a caracterização tecnológica da amostra. 2. MATERIAL E MÉTODOS Foi realizada a amostragem e posterior cominuição através do britador de mandíbulas e de rolos, chegando a uma granulometria abaixo de 5,6mm. A amostra foi homogeneizada e quarteada, para obtenção do material para caracterização física e química. O fluxograma de caracterização do protominério está representado na Figura 1. Na caracterização granulométrica foi realizado peneiramento a úmido, com aberturas das peneiras de 5,6mm; 1,18mm; 0,150mm e 0,074mm. Para determinação da densidade relativa, foi utilizada a técnica da picnometria. As análises químicas foram realizadas por um equipamento de fluorescência de raios X da marca PHILIPS (PANALYTICAL). A identificação das fases minerais constituintes da amostra foi realizada por difratometria de raios X (equipamento PHILIPS (PANALYTICAL)). Nos estudos de grau de liberação foi utilizado como líquido denso o bromofórmio (2,98g/cm³). As faixas granulométricas estudadas foram: -5,6mm +1,18mm; -1,18mm +0,150mm; -0,150mm +0,074mm. As amostras do flutuado e do afundado obtidas após os ensaios foram submetidas à pulverização e análise química. Após os ensaios de caracterização, foram realizados ensaios de concentração em mesa oscilatória e no separador magnético de alta intensidade (fração -1,18mm +0,074mm) apresentados na Figura 2.

Figura 1. Fluxograma dos ensaios de caracterização do protominério de manganês em estudo. Figura 2. Fluxograma esquemático para concentração do protominério de manganês (adaptado de AHMED et al., 2013). Para o estudo em mesa oscilatória, foi utilizada uma mesa tipo Wilfley e faixa granulométrica de -1,18+0,074mm. As seguintes variáveis foram adotadas: ângulo de inclinação da mesa de 7º e 3º e 20% de sólidos na polpa. No processo de separação magnética, foi utilizado o separador magnético de alta intensidade, e faixa granulométrica -1,18+0,074mm. O concentrado da mesa oscilatória com melhor resultado de concentração e o produto magnético da primeira etapa da separação magnética foram alimentados no separador magnético de alta intensidade. Os resultados das diferentes rotas de beneficiamento foram comparados.

Amorim, D.G.; Salomoni, I.A.; Reis, E.L. Após a realização dos ensaios, os produtos foram filtrados, secados e pesados. Uma alíquota representativa foi para análise química a fim de determinar os teores respectivos para Mn, SiO2 e BaO. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na caracterização granulométrica foi observado um d80=1,18mm, ou seja, 80% encontra-se abaixo de 1,18mm como representado na Figura 3. Figura 3. Distribuição granulométrica da amostra de minério de manganês em estudo. Pela análise de difratometria de raios X foram identificados os minerais: quartzo, pirolusita, romanechita, goethita, e gibbsita conforme apresentado na Tabela 1. Tabela 1. Composição mineralógica química dos minerais da amostra global do protominério. Minerais Composição Densidade Gibbsita Al(OH)3 2,3-2,4 Goethita FeO(OH) 3,3-4,3 Pirolusita MnO2 4,7-4,9 Quartzo SiO2 2,65 Romanechita (Ba, H2O)(Mn,Mn)5O10 5,0-6,45 Verifica-se a possibilidade de estudo do grau de liberação por meio denso devido ao fato de existir uma diferença considerável de densidade entre os minerais de ganga e os minerais de interesse. A determinação dos elementos e/ou compostos majoritários e da perda por calcinação da amostra global está apresentada na Tabela 2.

Tabela 2. Análise química da amostra global do protominério de manganês. Teor (%) PCC Al 2 O 3 SiO 2 TiO 2 Fe Cr 2 O 3 Mn CaO MgO P Na 2 O K 2 O BaO 5,77 2,37 59,33 0,16 9,57 <0,01 10,18 0,09 <0,01 0,01 0,43 0,24 1,80 O teor de Mn da amostra global encontra-se muito baixo para aplicabilidade no mercado (10,18%). Conforme Costa e Figueiredo (2001), que classificam os minérios de manganês segundo o teor de Mn contido, a amostra em estudo se enquadraria como minério de manganês ferruginoso (10%< Mn<35%). A densidade do protominério foi de 2,92g/cm 3 o que é muito próxima da densidade da sílica do quartzo, reafirmando uma grande presença da mesma na composição mineralógica. Na tabela 3 foi apresentada a porcentagem em massa, os teores de Mn, SiO2 e BaO e a distribuição dos elementos e ou compostos entre os produtos flutuado e afundado, para as diferentes faixas granulométricas. Os teores de bário no flutuado estão abaixo do limite de detecção pela metodologia utilizada. Tais valores fornecem uma ideia da liberação dos minerais de manganês em relação aos de ganga. Para todas as faixas granulométricas estudadas mais de 80% do manganês contido encontra-se na fração afundada. Percebe-se que o material encontra-se não liberado para fração granulométrica - 5,6+1,18mm já que cerca de 88% de SiO2 reporta-se para o produto afundado dos ensaios de separação em meio denso, ou seja, o mesmo produto que se destina a maior porção do Mn contido. Para a fração -1,18+0,150mm verifica-se uma mudança na separação entre Mn e SiO2, do qual 95% de Mn reporta-se ao afundado e 67% de SiO2 destina-se ao flutuado. Nos ensaios em mesa oscilatória foi feita a variação angular, com ensaios utilizando a mesa com ângulos de 7 e 3 graus. Os resultados podem ser vistos na tabela 4. Assim, ao analisar os resultados da mesa com ângulo de 7 graus percebe-se uma recuperação mássica de concentrado baixa (18,75%). O teor de Mn no concentrado foi de 24,3%. O teor de sílica no concentrado caiu em aproximadamente 20% em relação à amostra global. A recuperação metalúrgica do manganês ficou em torno de 45%, o que é considerado razoável. Para os ensaios em mesa oscilatória à 3º de inclinação, a recuperação mássica foi maior (36,75%) frente aos 18,75% do ensaio analisado anteriormente. O teor de manganês no produto de pesados (16,37%) aumentou pouco quando comparado ao valor do elemento na alimentação (10,35%), mas a recuperação metalúrgica mostrou-se maior, com a mesa operando com ângulo de 3º, apontando um maior deslocamento de massa de Mn para a fração mais densa. A recuperação metalúrgica de Mn do produto pesado foi de cerca de 58% sendo, portanto, maior que a obtida para os ensaios com ângulo da mesa em 7º. A sílica, por sua vez, tem distribuição menor devido ao fato de 32,50% estar se deslocando para o concentrado mais denso. O teor de bário no concentrado ficou

Amorim, D.G.; Salomoni, I.A.; Reis, E.L. em torno de 2,88%, valor aceitável para especificações de minérios de manganês para o mercado de fertilizantes. Tabela 3. Distribuição mássica e metalúrgica dos principais constituintes das frações de afundado e flutuado das faixas granulométricas estudadas. F.Gran.-5,6+1,18mm Teor Distribuição Flutuado 9,21 2,51-47,03 1,16-11,91 Afundando 90,79 21,69 3,82 35,28 98,84 100,00 88,09 Total 100,00 19,92 3,47 36,36 100,00 100,00 100,00 F.Gran.-1,18+0,150mm Teor Distribuição Flutuado 42,12 1,20-88,97 4,05-67,09 Afundando 57,88 20,68 3,28 31,76 95,95 100,00 32,91 Total 100,00 12,48 1,90 55,86 100,00 100,00 100,00 F.Gran.-0,150+0,074mm Teor Distribuição Flutuado 60,58 1,97-92,17 14,94-78,51 Afundando 39,42 17,24 2,69 38,77 85,06 100,00 21,49 Total 100,00 7,99 1,06 46,75 100,00 100,00 100,00 Tabela 4. Resultados dos ensaios em mesa oscilatória para a fração -1,18+0,074mm do minério de manganês. Mesa 3 graus Teor Distribuição Menos Denso 63,25 6,85 1,26 62,39 41,87 42,95 67,50 Mais Denso 36,75 16,37 2,88 51,70 58,13 57,05 32,50 Total 100,00 10,35 1,86 58,46 100,00 100,00 100,00 Mesa 7 graus Teor Distribuição Menos Denso 81,25 7,18 1,35 63,36 56,15 59,09 87,25 Mais Denso 18,75 24,30 4,05 40,11 43,85 40,91 12,75 Total 100,00 10,39 1,86 59,00 100,00 100,00 100,00 No ensaio com o separador magnético de alta intensidade foi verificado que a amostra submetida primeiramente ao ensaio em mesa oscilatória à 7º de inclinação apresentou teor de manganês bem elevado (31,54%de Mn) em relação à amostra submetida ao separador magnético de alta intensidade repetidamente (18,40% de Mn), como evidenciado na Tabela 5. Pode-se observar que o teor de SiO2 continua bem elevado (43,9%). Provavelmente, na faixa granulométrica trabalhada a sílica não estava totalmente liberada dos minerais de interesse (o que pode ser observado pelos estudos de grau de liberação para a referida faixa granulométrica utilizada).

Tabela 5. Resultado dos ensaios de concentração em separador magnético alta intensidade/ separador magnético de alta intensidade e mesa oscilatória/ separador magnético alta intensidade. Amostra Massa de concentrado(%) Teor nos concentrados Mn BaO SiO2 Fe (%) (%) (%) (%) Distribuição nos concentrados Mn BaO SiO2 Fe (%) (%) (%) (%) Sep.Mag/Sep.Mag 20,13 18,4 3,17 49,21 14,35 36,38 35,45 16,7 30,18 Mesa/Sep.Mag 19,86 31,54 4,84 43,90 5,85 61,53 53,4 14,69 12,10 4. CONCLUSÕES 80% do minério cominuído encontra-se abaixo de 1,18mm; Foram identificados os minerais: quartzo, pirolusita, romanechita, goethita; e gibbsita; O teor de Mn na amostra global do protominério é de 10,18%, 59,33% de SiO2, Fe igual a 9,57% e Bao de 1,80%. O minério de manganês se enquadra como minério de manganês ferruginoso; A maior porcentagem liberada ocorre a partir de -1,18mm o que torna possível a concentração em mesa oscilatória; O maior teor de Mn foi encontrado utilizando a mesa oscilatória e posteriormente o separador magnético. O teor de Mn encontrado nesta condição foi de 31,54%, 43,9% de SiO2, Fe de 5,85% e BaO de 4,84%. 5. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a UFOP e Fundação Gorceix. 6. REFERÊNCIAS Ahmed A.S. Seifelnassr, Eltahir M. Moslim, Abdel-Zaher M. Abouzeid. (2013). Concentration of Sudanese low-grade iron ore. International Journal of Mineral Processing 122(2013) 59-62. COSTA, M.R.M.; FIGUEIREDO, R.C. (2001). Balanço Mineral Brasileiro 2001. Departamento Nacional da Produção Mineral, DNPM, Brasília, p. 19. REIS, E.L (2005). Caracterização de Resíduos Provenientes da Planta de Beneficiamento do Minério de Manganês Sílico-Carbonatado da RDM Unidade Morro da Mina. Ouro Preto, UFOP, 124 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Minas) Escola de Engenharia, Universidade Federal de Ouro Preto. Rosa Malena Fernandes Lima, João Antônio Vasconcelos, Gláucia Regina da Silva. (2008). Flotação aniônica de rejeito de minério de manganês, Rem: Rev. Esc. Minas vol.61 n o 3.