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NACIONALIDADE 1) CONCEITO Vínculo político-jurídico Indivíduo e Estado Integração ao povo

a)doutrina Vínculo político-jurídico de direito público interno que faz da pessoa um dos elementos componentes da dimensão do Estado. (Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino) Vínculo político-jurídico entre o Estado e o indivíduo que faz deste um componente do povo. (Marcelo Novelino) Vínculo político-jurídico que liga um indivíduo a determinado Estado, fazendo com que esse indivíduo passe a integrar o povo desse Estado e, por consequência, desfrute de direitos e submetase a obrigações. (Pedro Lenza)

b) Direito Internacional Declaração Universal dos Direitos do Homem (ONU-1948) Artigo 15 1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade. Convenção Americana de Direitos Humanos de 1969 (Decreto 678/92) Artigo 20. Direito à nacionalidade 1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. 2. Toda pessoa tem direito à nacionalidade do Estado em cujo território houver nascido, se não tiver direito a outra. 3. A ninguém se deve privar arbitrariamente de sua nacionalidade nem do direito de mudá-la.

c) Direito Constitucional art. 12, CRFB/88 Brasileiros natos art. 12. São brasileiros: I - natos: a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;

obs: critérios de atribuição de nacionalidade brasileira jus solis - nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país. jus sanguinis - os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil, e; os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.

- modalidades de atribuição por jus sanguinis jus sanguinis + serviço do Brasil (art. 12, I, b, CRFB/88): os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil. OBS: pai ou mãe brasileiros natos ou naturalizados; atividade não apenas diplomática, mas qualquer função associada às atividades dos entes federativos ou suas autarquias e, também, no caso de serviço prestado à organização internacional de que a República faça parte, independentemente de ter havido designação por órgão governamental.

jus sanguinis + registro (art. 12, I, c, primeira parte, CRFB/88): os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente. OBS: pai ou mãe brasileiros natos ou naturalizados; EC n. 54/2007. jus sanguinis + opção confirmativa (art. 12, I, c, segunda parte, CRFB/88): os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira. OBS: nacionalidade potestativa, depende do exercício da vontade exclusiva do filho de pai ou de mãe brasileiros, natos ou naturalizados, após atingida a maioridade.

Brasileiros naturalizados art. 12. São brasileiros: II - naturalizados: a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

2) PERDA DA NACIONALIDADE OBS: Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994 Art. 12. 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis;

A perda da nacionalidade brasileira, por sua vez, somente pode ocorrer nas hipóteses taxativamente definidas na CR, não se revelando lícito, ao Estado brasileiro, seja mediante simples regramento legislativo, seja mediante tratados ou convenções internacionais, inovar nesse tema, quer para ampliar, quer para restringir, quer, ainda, para modificar os casos autorizadores da privação sempre excepcional da condição político-jurídica de nacional do Brasil. [HC 83.113 QO, rel. min. Celso de Mello, j. 26-3-2003, P, DJ de 29-8-2003.]

Cancelamento de naturalização por sentença judicial transitada em julgado Art. 12. 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; OBS 1: essa hipótese só atinge o brasileiro naturalizado, não podendo atingir o brasileiro nato. OBS 2: Conforme revela o inciso I do 4º do art. 12 da CF, o ministro de Estado da Justiça não tem competência para rever ato de naturalização. [RMS 27.840, rel. p/ o ac. min. Marco Aurélio, j. 7-2-2013, P, DJE de 27-8-2013.]

Aquisição voluntária de nacionalidade estrangeira Art. 12. 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; Regra: perda da nacionalidade brasileira pela aquisição voluntária de nacionalidade estrangeira, de modo automático. Os efeitos dessa perda, porém, dependerão de processo administrativo regular no âmbito do Ministério da Justiça, com a respectiva publicação da portaria que declara a perda de nacionalidade (ex.: pedido de expedição de passaporte brasileiro só será negado mediante a publicação do ato que declara reconhece a perda da nacionalidade). OBS: a perda pode ocorrer em relação aos brasileiros natos ou naturalizados.

Exceções (não ocorre a perda da nacionalidade brasileira pela aquisição voluntária de nacionalidade estrangeira nos seguintes casos): a) reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira Art. 12. 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; - refere-se à nacionalidade originária ou primária, ou seja, aquela que se verifica no momento do nascimento em razão das regras de atribuição de nacionalidade do país estrangeiro. - não se aplica ao caso do brasileiro naturalizado, uma vez que a sua nacionalidade brasileira não é originária ou primária, é adquirida ou secundária. - Ex.: indivíduo nasce em território brasileiro, filho de italianos que estavam de férias no Brasil (não estavam à serviço da Itália). Poderá adquirir a nacionalidade italiana (jus sanguinis), sem perder a brasileira, sendo considerado brasileiro nato (jus solis art. 12, I, a, CRFB/88).

b) imposição de naturalização pela norma estrangeira Art. 12. 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; - aplica-se à hipótese de brasileiro residente em Estado estrangeiro que, como condição para sua permanência naquele país (por motivo de trabalho, exercício profissional), ou para o exercício de direitos civis (herança, por exemplo), tiver, por imposição da norma estrangeira, de se naturalizar. - o tipo de imposição normativa poderá ser positiva (norma escrita) ou não, a depender da sensibilidade jurídica do país estrangeiro em questão.

- o fator que deve ser verificado, aqui, é a falta de voluntariedade do brasileiro na aquisição da nacionalidade estrangeira. Ou seja, a naturalização estrangeira não ocorre por vontade do brasileiro, é involuntária. Reaquisição da nacionalidade brasileira perdida em razão de aquisição voluntária de nacionalidade estrangeira - A reaquisição dependeria de requisição voluntária. - Pedro Lenza entende que haverá necessidade de demonstrar que existem elementos capazes de permitir a atribuição da nacionalidade brasileira. - José Afonso da Silva considera que o readquirente recupera a condição anterior: se brasileiro nato ou se brasileiro naturalizado.

- Alexandre de Moraes considera que a perda torna o brasileiro, ainda que originariamente nato, em estrangeiro, portanto, precisa se adequar aos requisitos de naturalização (art. 12, II, CRFB/88). - Marcelo Novelino defende que a perda representa um ato definitivo, transformando quem perdeu a nacionalidade brasileira em estrangeiro, ainda que sua nacionalidade brasileira anterior fosse originária. - Estas questões podem repercutir na hipótese de extradição, por exemplo.

- STF em julgado recente: Brasileira naturalizada americana. Acusação de homicídio no exterior. Fuga para o Brasil. Perda de nacionalidade originária em procedimento administrativo regular. Hipótese constitucionalmente prevista. Não ocorrência de ilegalidade ou abuso de poder. (...) A Constituição Federal, ao cuidar da perda da nacionalidade brasileira, estabelece duas hipóteses: (i) o cancelamento judicial da naturalização (art. 12, 4º, I); e (ii) a aquisição de outra nacionalidade. Nesta última hipótese, a nacionalidade brasileira só não será perdida em duas situações que constituem exceção à regra: (i) reconhecimento de outra nacionalidade originária (art. 12, 4º, II, a); e (ii) ter sido a outra nacionalidade imposta pelo Estado estrangeiro como condição de permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis (art. 12, 4º, II, b). No caso sob exame, a situação da impetrante não se subsume a qualquer das exceções constitucionalmente previstas para a aquisição de outra nacionalidade, sem perda da nacionalidade brasileira. [MS 33.864, rel. min. Roberto Barroso, j. 19-4-2016, 1ª T, DJE de 20-9-2016.]

c) Procedimento Perda da nacionalidade pela naturalização voluntária (art. 12, 4º, II, CRFB/88) - Perda: automaticamente. - Efeitos: publicação da portaria do Ministro da Justiça. A competência para declarar os efeitos da perda da nacionalidade pela naturalização voluntária é do Ministro da Justiça, após o devido processo administrativo (Decreto 3.453/2000 por delegação do Presidente da República, o qual detinha a competência por força do art. 23 da Lei 818/49, a qual está sendo revogada pela 13.445/2017, ainda em período de vacatio legis).

3) OBSERVAÇÕES FINAIS - Revogação da Lei 818/1949 e Lei 6.815/1980 (Estatuto do Estrangeiro) pela Lei 13.445/2017: Art. 124. Revogam-se: I - a Lei no 818, de 18 de setembro de 1949; e II - a Lei no 6.815, de 19 de agosto de 1980 (Estatuto do Estrangeiro). - Vacatio Legis Art. 125. Esta Lei entra em vigor após decorridos 180 (cento e oitenta) dias de sua publicação oficial. (publicação em 25/05/2017) - Lei 13.445/2017 (reaquisição da nacionalidade brasileira): Art. 76. O brasileiro que, em razão do previsto no inciso II do 4º do art. 12 da Constituição Federal, houver perdido a nacionalidade, uma vez cessada a causa, poderá readquiri-la ou ter o ato que declarou a perda revogado, na forma definida pelo órgão competente do Poder Executivo.

FIM joyce.lira@gmail.com Referências: - NOVELINO, Marcelo. Manual de Direito Constitucional. 9. ed. São Paulo: Método, 2014. - LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. - PAULO, Vicente e ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional Descomplicado. 16. ed. São Paulo: Método, 2017. - REZEK, José Francisco. Direito internacional público: curso elementar. 11 ed. São Paulo: Saraiva, 2008.