DESENVOLVIMENTO E PRODUÇÃO DE CROTALÁRIA JUNCEA ADUBADA COM CINZA VEGETAL

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Transcrição:

DESENVOLVIMENTO E PRODUÇÃO DE CROTALÁRIA JUNCEA ADUBADA COM CINZA VEGETAL Edna Maria Bonfim-Silva 1, Tonny José Araújo da Silva 1, Salomão Lima Guimarães 1, Analy Castilho Polizel 1 1. Professor Doutor da Universidade Federal de Mato Grosso/Campus Universitário de Rondonópolis (embonfim@hotmail.com) Data de recebimento: 07/10/2011 - Data de aprovação: 14/11/2011 RESUMO A utilização de cinza vegetal proveniente de queima de caldeira pode ser uma alternativa de baixo custo para adubação de culturas de cobertura e adubos verdes em solos com elevada acidez. Assim, Objetivou-se avaliar as características morfológicas e estruturais da leguminosa Crotalária juncea (Crotalaria juncea L.) em resposta a doses de cinza vegetal em Latossolo Vermelho do Cerrado. O experimento foi realizado em casa de vegetação em vasos de 5 dm 3, em delineamento inteiramente casualizado, com seis tratamentos equivalentes a doses de cinza vegetal e cinco repetições. As doses de cinza foram: 0, 3, 6, 9, 12,15 g dm - 3. O corte das plantas foi realizado 46 dias após a semeadura, avaliando-se as seguintes características: altura das plantas, comprimento e diâmetro do caule, número de folhas, massa seca da parte aérea e raiz. Os resultados foram submetidos à análise de variância e teste de regressão a 5% de probabilidade. Todas as variáveis ajustaram-se ao modelo quadrático de regressão, onde as maiores produções foram observadas nas doses de cinza vegetal de 12,16 g dm -3, 11,51 g dm -3, 11,70 g dm -3, 10,99 g dm -3, 14,02 g dm -3 e 11,68 g dm -3 respectivamente para altura das plantas, comprimento do caule, diâmetro do caule, número de folhas, massa seca da parte aérea e raiz, comparando-se a dose que proporcionou máxima produção com ausência de aplicação de cinza vegetal. Desse modo, o desenvolvimento e produção de Crotalária juncea foi influenciado pela adubação com cinza vegetal com melhores resultados entre as doses 10, 99 e 14,02 g dm -3. PALAVRAS-CHAVE: Resíduo vegetal, Resíduo sólido, Adubação verde, sustentabilidade. DEVELOPMENT AND PRODUCTION OF CROTALARIA JUNCEA FERTILIZED WITH ASH PLANT ABSTRACT The use of vegetable ash from burning boiler can be a low cost alternative to fertilize cover crops and green fertilizers on soils with high acidity. So, aimed to evaluate the morphological and structural features of legume sunn hemp (Crotalaria juncea L.) in response to doses of vegetable ash in a field experiment red latosol in the Cerrado. The experiment was conducted in a greenhouse in pots of 5 dm 3, in a completely randomized design with six treatments equivalent to doses of ash plant and five repetitions. The ash doses were 0, 3, 6, 9, 12.15 g dm -3. The cut plants was performed 46 days after sowing, by evaluating the following characteristics: plant ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 371

height, length and stem diameter, leaf number, dry mass of shoot and root. The results were submitted to analysis of variance and regression test at 5% probability. All variables were adjusted to the quadratic regression model, where the highest yields were observed at doses of vegetable ash of 12.16 g dm -3, 11.51 g dm - 3, 11.70 g dm -3, 10, 99 g dm -3, 14.02 g dm -3 and 11.68 g dm -3 respectively for plant height, stem length, stem diameter, leaf number, dry mass of shoots and roots, compared to the dose that provided maximum production with no added vegetable ash. So, the development and production of Crotalaria juncea was influenced by fertilization with ash plant with better results among the doses 10, 99 and 14.02 g dm - 3. KEYWORDS: Waste plant, Solid waste, Green manure, Sustainability. INTRODUÇÃO Com o crescimento da população mundial, torna-se necessário o aumento de produção agrícola e conseqüentemente a utilização de resíduos gerados pelas indústrias. Esses resíduos no geral podem causar o desequilíbrio ambiental quando não bem manejados. A utilização dos resíduos, como a cinza vegetal de indústrias, para fins agrícolas ajuda a minimizar os impactos ambientais, e a crescente elevação dos custos de aquisição e aplicação de fertilizantes minerais, levando os produtores a procurar alternativas de adubação com a finalidade de reduzir despesas e aumentar a produtividade. As cinzas vegetais, utilizadas na agricultura como adubo do solo, contêm fósforo, potássio, cálcio e magnésio, dentre outros nutrientes que influenciam no desenvolvimento e produção das plantas. Sua composição pode proporcionar importantes mudanças nas propriedades químicas e físicas do solo como, por exemplo, elevação dos níveis de ph, Ca e Mg trocáveis, P extraível, CTC, redução dos teores de Al trocável e melhoria substancial da capacidade de agregação das partículas do solo, entre outros, resultando significativos ganhos de produtividade (GONÇALVES & MORO; 1995). Em condições de Cerrado, predomina os Latossolos que se caracterizam pela baixa fertilidade natural, alto nível de acidez e baixa CTC. Segundo DALLAGO (2000), Sob tais condições, os índices de produtividade podem ser muito baixos, sendo de fundamental importância a adoção de práticas conservacionistas que visem elevar os níveis de fertilidade e retenção de umidade, como por exemplo, a aplicação de resíduos industriais. A Crotalária juncea, é uma das leguminosas mais utilizadas como adubo verde por ser uma planta pouco exigente em fertilidade do solo e com grande potencial de fixação biológica de nitrogênio, usada também no controle de nematoide (PEREIRA et al., 1992; BRINGEL & SILVA, 2000). Assim, objetivou-se avaliar o efeito da adubação com cinza vegetal no desenvolvimento e produção de Crotalária juncea em Latossolo Vermelho do Cerrado. METODOLOGIA O experimento foi conduzido em casa de vegetação, na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Campus universitário de Rondonópolis no período de abril a junho de 2011. O solo utilizado foi o Latossolo Vermelho coletado em área de Cerrado nativo coletado na profundidade de 0-20 cm. O solo foi peneirado em peneira de 5 mm de malha e analisado física e quimicamente (Tabela 1) de acordo ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 372

com EMBRAPA (1997). A cinza vegetal foi analisada como fertilizante (Tabela 2) de acordo com OSAKI & DAROLT (1991). TABELA 1. Resultados de análises químicas e físicas de amostra do LATOSSOLO Vermelho na profundidade de 0-20 cm ph P K Ca Mg Al H V M.O Areia Silte Argila CaCl 2 mg dm -3 cmol c dm -3 % g Kg -1 4,1 2,4 28 0,3 0,2 1,1 4,2 6,5 24,8 549 84 367 TABELA 2. Caracterização química da cinza de caldeira P 2 O 5 K 2 O Zn Cu Mn B Ca S N (CNA+Água) Total Total CNA+Água Água (%) 0,56 1,67 2,72 0,01 0,01 0,00 0,02 2,70 1,49 O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, contendo seis tratamentos (doses de cinza vegetal), cinco repetições, em vasos de 5 dm 3 (Figura 1). FIGURA 1- Vista geral do experimento com Crotalária juncea em casa de vegetação FONTE: Os autores. As doses de cinza vegetal foram: 0, 3, 6, 9, 12 e 15 g dm -3. Essas doses foram pré-definidas em experimentos pilotos com a mesma cultura e o mesmo solo para obtenção curva de crescimento. A cinza foi incorporada ao solo, reagindo por 20 dias. Após esse período, foram semeadas as sementes da Crotalária juncea. O solo foi mantido a 60% da sua capacidade máxima de retenção de água. Foi realizada adubação com nitrogênio e enxofre nas doses de 50 e 40 mg dm -3, respectivamente. Oito dias após a adubação, fez-se o desbaste, deixando-se cinco plantas por vaso. A coleta do experimento foi realizado aos 46 dias da semeadura em que realizou-se o corte das plantas rente ao colo das plantas. O comprimento e diâmetro ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 373

do caule foram medidos com régua graduada e paquímetro digital, respectivamente. Em seguida, o solo foi peneirado para separação das raízes. A parte aérea e raízes foram posteriormente acondicionadas em sacos de papel e levados para secagem em estufa com circulação de ar forçada a 65 ºC até massa constante. As variáveis avaliadas foram: altura planta, comprimento e diâmetro do caule, número de folhas, massa seca parte aérea e raiz. Os resultados foram analisados com emprego do programa estatístico SISVAR (FERREIRA, 2008), submetidas à análise de variância e teste de regressões a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Houve efeito significativo para todas as variáveis analisadas a 1% de probabilidade, ajustando-se ao modelo quadrático de regressão quanto ao desenvolvimento e produção das plantas submetidas a diferentes doses de cinza vegetal. A maior altura das plantas de Crotalária juncea, foi observada na dose de cinza vegetal 12,16 g dm - ³, quando comparado a dose que proporcionou a máxima altura (39,70 cm) com o tratamento com ausência de adubação com cinza vegetal (testemunha), houve um incremento de 75,51% na altura das plantas (Figura 2). Altura de Plantas (cm) 43 38 33 28 23 18 13 8 y = 9,7239 + 4,93x - 0,2027x 2 R² = 0,97 FIGURA 2. Altura de plantas de Crotalária juncea em função das doses de cinza vegetal em Latossolo Vermelho do Cerrado. Segundo DALLAGO (2000), as concentrações da cinza influenciam, significativamente, no crescimento das plantas, ocorrendo uma redução do incremento em altura tanto na falta, quanto no excesso dos nutrientes, fato este que comprova a importância do equilíbrio dos nutrientes e do ph do solo no metabolismo da planta. BONFIM-SILVA et al. (2011), observaram que a altura de plantas apresentou resposta linear às doses de cinza vegetal de até 3,75g dm -3 no primeiro e no segundo corte do capim-marandu (Brachiaria brizantha). Pra o comprimento de caule, houve aumento com a adubação com cinza vegetal. A dose de cinza que proporcionou melhor comprimento do caule foi de 11,51 g dm - ³ (Figura 3), onde o máximo comprimento foi de 31,54cm, quando comparado a dose de cinza que proporcionou o máximo comprimento, com a ausência da adubação com cinza vegetal houve um incremento de 73,6%. O aumento de produção até a melhor dose deu-se à melhoria das propriedades ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 374

químicas do solo e ao fato da cinza contribuir para a absorção de alguns nutrientes (OSAKI, 1990). Comprimento do Caule (cm) 31 26 21 16 11 6 y = 8,3223 + 4,0334x - 0,1752x 2 R² = 0,94 FIGURA 3. Comprimento do caule de Crotalária juncea em função das doses de cinza vegetal em Latossolo Vermelho do Cerrado. Os resultados para diâmetro do caule mostram efeito significativo quanto ao aumento das doses de cinza vegetal. A dose que proporcionou maior diâmetro de caule foi de 11,70 g dm - ³ (Figura 4), Com diâmetro de 4,99 mm. Houve incremento de 69,7%, quando comparado a dose de cinza vegetal que proporcionou máximo diâmetro de caule com o tratamento com ausência da adubação com cinza vegetal. Segundo CARNEIRO (1995), plantas que apresentam um maior diâmetro possuem um maior equilíbrio no crescimento da parte aérea. Diamêtro do Caule (cm) 5,0 4,5 4,0 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 y = 1,4847 + 0,5848x -0,025x 2 R² = 0,94 FIGURA 4: Diâmetro do caule de Crotalária juncea em função das doses de cinza vegetal em Latossolo Vermelho do Cerrado. Em relação ao número de folhas, a dose de cinza vegetal que proporcionou a máxima produção foi 10,99 g dm -3 (Figura 5), com um incremento de 62,52% ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 375

comparando-se a testemunha. A cinza vegetal é um resíduo rico em fósforo, potássio e cálcio o que contribui para o aumento da produção. A baixa disponibilidade desses nutrientes no solo afeta as plantas reduzindo o crescimento e acarretando em menor emissão e crescimento de folhas, com menor área foliar, o que limita a captação da radiação solar e, conseqüentemente, menor produção de fotoassimilados. Isso afeta a emergência das raízes, reduzindo a capacidade de absorção de nutriente e menor tolerância ao déficit hídrico (BONFIM-SILVA et al., 2011). SOUZA SOBRINHO et al. (2010), avaliando número de folhas de Crotalária juncea com adubação fosfatada no solo do Cerrado, observaram aumento linear até a dose de fósforo de 400 mg dm -3, aumentando o número de folhas em 92,6%, ao comparar esses resultados com os da adubação com cinza vegetal com disponibilidade de 1,67 mg (Tabela 2) de P 2 O 5, em equilíbrio com outros nutrientes, notou-se que o fósforo proporcionou melhor produção de Crotalária juncea. 100 Número de Folhas (Vasos -1 ) 90 80 70 60 50 40 30 y = 34,486 + 10,467x -0,4762x 2 R² = 0,95 FIGURA 5: Número de Folhas de Crotalária juncea em função das doses de cinza vegetal em Latossolo Vermelho do Cerrado Para a massa seca da parte aérea, a dose de cinza vegetal para a máxima produção de Crotalária juncea foi 14,02 g dm -3 (Figura 6), proporcionando assim um incremento de 66,27% na produção comparado-se com os resultados na ausência da adubação com cinza vegetal. A maior produção de massa seca da parte aérea foi de 11,78 g vaso -1. A massa seca da parte aérea está relacionada com a qualidade e quantidade de folhas. Esta característica é muito importante porque as folhas constituem uma das principais fontes de fotoassimilados e nutrientes para adaptação, a qual necessitará de boa reserva de fotoassimilados (BELLOTE & SILVA, 2000). OSAKI & DAROLT (1991), trabalhando com qualidades de cinzas vegetais para uso como adubos, obtiveram resultados satisfatórios para maior disponibilidade de nutrientes e melhor nutrição de plantas, resultando em maiores produções. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 376

Massa seca da parte aérea (g vaso -1 ) 12,5 10,5 8,5 6,5 4,5 2,5 0,5 y = 0,3973 + 1,6235x - 0,0579x 2 R² = 0,98 FIGURA 6: Massa seca da parte aérea de Crotalária juncea em função das doses de cinza vegetal em Latossolo Vermelho do Cerrado A Crotalária juncea apresentou a maior produção de massa seca de raiz na dose de cinza vegetal de 11,68 g dm -3 (Figura 7). Houve um acréscimo de 89,38% na produção quando comparado-se a dose de cinza vegetal que proporcionou a máxima produção com o tratamento testemunha. Segundo, BILBROUGH (1995) com o fornecimento de nutrientes, as plantas se desenvolvem produzindo maior densidade de comprimento radicular, ou seja, maior quantidade de raízes por volume de solo explorado. 3,0 Massa seca de raiz (g vaso -1 ) 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 y = 0,2836 + 0,4089x - 0,0175x 2 R² = 0,93 FIGURA 7: Massa seca de raiz de Crotalária juncea em função das doses de cinza vegetal em Latossolo Vermelho do Cerrado. CONCLUSÃO O desenvolvimento e produção de Crotalária juncea foi influenciado pela adubação com cinza vegetal com melhores resultados entre as doses 10,99 e 14,02 g dm -3. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 377

AGRADECIMENTOS Os autores agradecem às acadêmicas do curso de Engenharia Agrícola e Ambiental Danityelle Chaves de Freitas, Nathany dos Santos Meneses e Isabella Martins Souza pela colaboração na condução do experimento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BELLOTE, A. F. J.; SILVA, H. D. da. Técnicas de amostragem e avaliações nutricionais em plantios de Eucalyptus spp. In: Gonçalves, J. L. de M.; Benedetti, V. Nutrição e fertilização florestal. Piracicaba: IPEF, p. 105-133. 2000. BILBROUGH, C. J.; CALDWELL, M. M. The effects of shading and N status on root proliferation in nutrient patches by the perennial grass Agropyron desertorum in the field. Oecologia, Berlin, v.103, p. 10-16, 1995. BONFIM-SILVA, E. M ; SILVA, Tonny José Araújo da ; CABRAL, C.E.A ; VALADARES, E.M. ; GOLDONI, G.. Características morfológicas e estruturais de capim-marandu adubado com cinza vegetal em Latossolo Vermelho do Cerrado. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.7, n.12, p. 1-9, 2011. BONFIM-SILVA, E. M.; SILVA, T. J. A.; CABRAL, C. E. A.; GONÇALVES, J. M.; PEREIRA, M. T. J. Produção e morfologia da leguminosa javo submetida a adubação fosfatada. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.7, n.12, p.1-10, 2011. BRINGEL, J. M. M.; SILVA, G.N S. Efeito antagônico de algumas espécies de plantas a Helicotylenchus multicinctus. Nematologia Brasileira, V.24, p.179-181, 2000. CARNEIRO, J. G. de A. Produção e controle de qualidade de mudas florestais. Curitiba: UFPR/FUPEF, Campos: UENF, 1995. 451 p. DALLAGO, J. S. Utilização da cinza de biomassa de caldeira como fonte de nutrientes no crescimento de plantas de acácia-negra (Acacia mearnsii De Wild.). 2000. 64 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Florestal) Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2000. EMBRAPA EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUARIA. Manual de métodos de análises de solo. Centro Nacional de levantamento e conservação do solo. Rio de Janeiro: Embrapa Solos. P.212, 1997. FERREIRA, D.F. SISVAR: um programa para análises e ensino estatística. Revista Symposium, Lavras, v. 3, p. 317-345, 2008. GONÇALVES, J. L. de M.; MORO. L; Uso da "cinza" de biomassa florestal como fonte de nutrientes em povoamentos puros de Eucalyptus grandis; Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais n.48/49, p.28-37, jan./dez.1995. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 378

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