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I DA LEGITIMIDADE ATIVA

Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Ricardo Lewandowski I DO ATO IMPUGNADO

Transcrição:

Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais O documento a seguir foi juntado aos autos do processo de número 0602847-27.2018.6.13.0000 em 08/09/2018 14:08:24 por RENATO CAMPOS GALUPPO Documento assinado por: - RENATO CAMPOS GALUPPO Consulte este documento em: https://pje.tre-mg.jus.br:8443/pje-web/processo/consultadocumento/listview.seam usando o código: 18090813593097600000000268799 ID do documento: 272575

Exmo.(a) Sr.(a) Juiz(a) Auxiliar do Egrégio Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais Por seus advogados signatários, AÉCIO NEVES DA CUNHA, candidato a Deputado Federal pela Coligação Reconstrução Já (PSDB / PSD / SOLIDARIEDADE / PPS / DEM / PP), vem, respeitosamente, à presença deste Egrégio Tribunal, com fulcro no inciso II, do artigo 96, da Lei nº 9.504/97, ajuizar a presente REPRESENTAÇÃO por PROPAGANDA IRREGULAR, com pedido de medida liminar para a suspensão de inserção veiculada, em face da Coligação do Lado do Povo (PT / PCdoB / PSB / DC / PR) e de Fernando Damata Pimentel, candidato a Governador, ambos podendo ser citados através do endereço eletrônico tarsotassis@santosrodrigues.com.br, pelas razões adiante expendidas: 1 DOS FATOS Os Representados veicularam inserções na televisão, em 07 de setembro de 2018 (comprovante de veiculação em anexo), no primeiro e no segundo bloco de audiência, com o seguinte conteúdo: Pensa rápido: qual é a primeira palavra que te vem à cabeça quando eu digo GOIABADA? Entrevistado: Queijo. Entrevistado: Doce de leite. Entrevistado: Bom também. 1

ARROZ Entrevistados: Fome. Entrevistado: Feijão. Entrevistado: Panela MANTEIGA Entrevistado: Pão. Entrevistado: Sanduíche. Entrevistado: Todos os dias. CAFÉ Entrevistado: Leite. Entrevistado: Doce Entrevistado: Com pastelzinho ANASTASIA Entrevistado: Aécio. ]Entrevistado: Aécio Neves. Entrevistado: Aécio. Entrevistado: Aécio Neves. Locutor: Viu? É só perguntar. Como será demonstrado, a propaganda veiculada ofende a legislação eleitoral por veicular cena externa em inserção televisiva sem a presença pessoal do candidato, razão pela qual deve ser suspensa. 2 DOS FUNDAMENENTOS De início, verifica-se a utilização de cena externa em inserção de televisão sem a presença pessoal do candidato, o que é expressamente vedado pelo Art. 54, 2º, da Lei nº 9.504/97, dispositivo que foi 2

alterado pela Lei nº 13.165/2015, passando a vigorar com a seguinte redação: Art. 54. (...) 2 o Será permitida a veiculação de entrevistas com o candidato e de cenas externas nas quais ele, pessoalmente, exponha: I realizações de governo ou da administração pública; II falhas administrativas e deficiências verificadas em obras e serviços públicos em geral; III atos parlamentares e debates legislativos. (destacamos) Ou seja, a lei condiciona a veiculação de cenas externas a dois requisitos, a saber: 1) A presença pessoal do candidato; 2) O conteúdo da veiculação deve tratar de realizações de governo, falhas administrativas e atos parlamentares. Neste sentido, verifica-se que a inserção em comento não atende aos requisitos legais, diante da ausência da presença pessoal do candidato e diante da não veiculação dos temas que devem ser abordados nas cenas externas. Neste sentido: (...) 3. A Lei 13.165/15 (Lei da Minirreforma Eleitoral) operou grandes modificações em todo o sistema normativo eleitoral, entre elas está a inclusão do parágrafo 2º e seus incisos, no art. 54 da Lei 9.504/97, 3

trazendo novos elementos delimitadores às propagandas eleitorais transmitidas gratuitamente pelo rádio e televisão, principalmente no que concerne às gravações externas. 4. Em cenas externas, é permitida a veiculação de entrevistas com o candidato, nas quais ele, pessoalmente, exponha: a) realizações de governo ou da administração pública, b) falhas administrativas e c) atos parlamentares e debates legislativos. (art. 54, 2º, I e II da Lei 9.504/97). 5. A figura do candidato é condição sine qua non para a realização de cenas externas em propaganda eleitoral, não sendo possível que terceiros protagonizem a peça publicitária. 6. As propagandas eleitorais trazidas aos autos estão em desconformidade com o disposto no art. 54, 2º, incisos I e II, da Lei 9.504/97 por abrigarem cenas externas nas quais terceiros, e não os candidatos pessoalmente, expõem supostas falhas em relação aos serviços públicos prestados pelo município e divulgam realizações da administração atual. 7. In casu, o Juízo a quo proferiu decisões liminares determinando a não veiculação de propagandas eleitorais em desconformidade com os preceitos do art. 54, 2º, I e II, da Lei das Eleições, as quais foram descumpridas, razão pela qual a condenação em astreintes deverá ser mantida. 8. Recursos conhecidos, e no mérito, desprovidos. (Destacamos, TRE/PA, Recurso Eleitoral n 9265, ACÓRDÃO n 29010 de 21/03/2017, Relator(a) JOSÉ ALEXANDRE BUCHACRA ARAÚJO, Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Tomo 43, Data 27/03/2017, Página 2, 3) No mesmo sentido: 4

(...) O art. 54, 2º, da Lei nº 9.504/97, com a redação lhe dada pela lei nº 13.165/2015, permite cenas externas feitas pelo candidato, na qual ele, pessoalmente, exponha falhas administrativas e deficiências verificadas em obras e serviços públicos em geral. Na espécie, as críticas feitas às falhas administrativas e/ou deficiências no serviço público, em cenas externas, não foram feitas pessoalmente pelo protagonista da propaganda (candidato), mas sim pelo locutor e usuária do serviço público, estando à margem, portanto, do comando disposto no art. 54, 2º, da Lei nº 9.504/97. A fundamentação usada pelo juízo a quo para julgar parcialmente procedente a representação foi apenas a violação ao 2º do referido art. 54, não havendo alusão à limitação de 25% disposta no caput do artigo, tampouco ao art. 53-A da mesma lei, que trata da vedação ao uso de propaganda de candidaturas proporcionais em majoritárias e viceversa. Conhecimento e desprovimento do recurso. (Destacamos, TRE/RN, REPRESENTACAO n 4745, ACÓRDÃO n 474/2016 de 27/09/2016, Relator(a) LUIS GUSTAVO ALVES SMITH, Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Data 27/09/2016) Como se vê, o novo marco legal introduzido pela minirreforma de 2015, ainda que tenha passado a permitir a veiculação de cenas externas em inserções, condicionou a utilização de tal expediente ao protagonismo do candidato responsável pela inserção, o que não foi observado no caso em apreço. Por esta razão, cumpre reconhecer a ilegalidade da inserção veiculada, na medida em que não há aparição pessoal do candidato representado. 5

3 DOS REQUISITOS PARA A MEDIDA LIMINAR O fumus boni juris se revela na espécie, de acordo com a fundamentação ao norte expendida. Há clara vulneração ao disposto no Art. 54, 2º, da Lei nº 9.504/97, com a redação conferida pela Lei nº 13.165/2015, na medida em que não há aparição pessoal do candidato representado e tampouco há abordagem dos temas permitidos em cenas externas. O periculum in mora surge nitidamente, eis que a continuidade da propaganda irregular causa desequilíbrio na disputa, na medida em que os demais candidatos vêm observando a restrição imposta em lei. 4 DOS PEDIDOS Ante o exposto, requer: 1) A concessão de liminar, inaudita altera pars, para determinar aos representados a IMEDIATA suspensão de veiculação do trecho do programa com mesmo conteúdo, comunicando-se às emissoras de televisão, sob pena de multa por desobediência a ser fixada por V.Exa.; 2) A notificação dos representados para apresentar defesa no prazo legal; 3) A manifestação do Procurador Regional Eleitoral; 4) A procedência da presente Representação para tornar definitiva a liminar e determinar aos representados, a uma, que se abstenham de veicular a inserção aqui impugnada e, a duas, de 6

se absterem de veicular qualquer programa eleitoral em descumprimento ao art. 54, 2º da Lei 9.504/97. Termos em que, Pede deferimento. Belo Horizonte, 08 de setembro de 2018. assinatura eletrônica Renato Campos Galuppo OAB/MG nº 90.819 Rodolfo Viana Pereira OAB/MG nº 73.180 7