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Transcrição:

PARLAMENTO EUROPEU 2009-2014 Comissão dos Assuntos Jurídicos 25.4.2013 DOCUMENTO DE TRABALHO sobre a revisão intercalar do Programa de Estocolmo no domínio da cooperação judiciária em matéria civil Comissão dos Assuntos Jurídicos Relator: Luigi Berlinguer DT\931910.doc PE508.088v01-00 Unida na diversidade

O Programa de Estocolmo 1 foi adotado em 2010 pelo Conselho Europeu e pretendia definir uma série de objetivos a atingir no final do programa, em 2014, a fim de reforçar o Espaço de Liberdade, Segurança e Justiça (ELSJ). Isto porque, na sequência da entrada em vigor do Tratado de Lisboa, é cada vez mais importante assegurar que os cidadãos europeus vejam os benefícios práticos da União Europeia nas suas vidas quotidianas, e o ELSJ é especialmente importante a este propósito. O Parlamento afirmou a sua posição inicial sobre o Programa de Estocolmo nas suas resoluções de 25 de novembro de 2009 2 sobre o programa em geral e de 23 de novembro de 2010 3 sobre os aspetos de direito civil, direito comercial, direito da família e direito internacional privado. A Comissão elaborou um Plano de Ação de implementação do Programa de Estocolmo em 20 de abril de 2010 4. Agora que o Programa de Estocolmo, que abrange o período de 2010-2014, já passou de metade, a Comissão dos Assuntos Jurídicos, a Comissão das Liberdades Cívicas, da Justiça e dos Assuntos Internos e a Comissão dos Assuntos Constitucionais decidiram avaliar os progressos até agora realizados, tendo em vista identificar passos que possam ainda ser dados, bem como eventuais prioridades para o sucessor do Programa de Estocolmo. O objetivo do presente documento de trabalho é centrar-se na implementação do programa nos domínios que são da competência da Comissão dos Assuntos Jurídicos, sendo Luigi Berlinguer relator. Na sequência de debates na comissão e com as outras comissões implicadas, os três correlatores das três comissões apresentarão então um projeto global de relatório sobre a revisão intercalar do Programa de Estocolmo. Como se identificou na resolução de 23 de novembro de 2010, as medidas do Programa de Estocolmo no domínio da cooperação judiciária em matéria civil podem dividir-se em quatro áreas principais: direito civil, direito comercial, direito da família e direito internacional privado. 1. Direito civil No domínio do direito civil as iniciativas propostas abrangeram aspetos tanto de direito civil substantivo como de direito civil processual. 1.1. Direito civil substantivo Um dos principais sucessos do direito civil substantivo foi a adoção do Regulamento sobre Sucessões 5. Nos termos de uma proposta da Comissão de 2009, e após vários anos de discussões, encontrou-se em 2012 uma resolução satisfatória, sendo o relator Kurt Lechner. Trata-se de um documento legislativo muito importante para os cidadãos europeus, uma vez 1 JO C 115 de 4.5.2010, p. 1. 2 P7_TA(2009)0090 3 P7_TA(2010)0426. 4 COM(2010) 0171. 5 Regulamento (UE) n. 650/2012 do Parlamento Europeu e do Conselho de 4 de julho de 2012 relativo à competência, à lei aplicável, ao reconhecimento e execução das decisões e dos atos autênticos em matéria de sucessões e à criação de um certificado sucessório europeu (JO L 201, de 27.7.2012, p.107). PE508.088v01-00 2/7 DT\931910.doc

que significa que alguém que tenha bens em diversos Estados-Membros estará sujeito a apenas um conjunto de regras nacionais que se aplicarão à sucessão, e poderá mesmo escolher o direito da sua nacionalidade, caso viva noutro Estado-Membro. No domínio do direito contratual a Comissão propôs no seu Plano de Ação um conjunto de regras que constituiriam um 28.º regime facultativo de direito contratual, tendo em vista facilitar o comércio transfronteiras, especialmente para as PME. A proposta legislativa de Lei Comum Europeia da Compra e Venda foi feita em 2011, estando atualmente em debate na comissão, com Klaus-Heiner Lehne e Luigi Berlinguer como correlatores. Não é claro quando a proposta se tornará lei, uma vez muitas questões permanecem em aberto. De relevância mais imediata para o cidadão comum são as medidas propostas para facilitar o reconhecimento de documentos públicos e sobre o estado civil noutro Estado-Membro, uma vez que a falta de reconhecimento automático é um dos maiores obstáculos de ordem prática à livre circulação que os cidadãos mencionam. Estão atualmente em curso duas propostas: uma sobre a dispensa de formalidades para os documentos públicos (apostilhas, legalização, traduções, certificados, etc.), publicada em abril de 2013, e outra sobre o reconhecimento mútuo dos efeitos dos documentos sobre o estado civil, esperada para finais de 2013 (cobrindo uma lista limitada de situações de estado civil, como o casamento, mudança de nome, etc.). O Parlamento considera que ambas as iniciativas são extremamente importantes. Por último, no domínio da proteção dos adultos vulneráveis, uma questão que desde há algum tempo preocupa a comissão 1, a Comissão anunciou no seu Plano de Ação que não tomaria quaisquer medidas, uma vez que cabe aos Estados-Membros decidir da adesão à Convenção da Haia de 2000 sobre a Proteção Internacional dos Adultos. A Conferência da Haia indica que essa Convenção entrou em vigor apenas relativamente a 6 Estados-Membros e que foi assinada mas não ratificada por outros 7 Estados-Membros 2. É particularmente dececionante a este propósito que a Comissão ainda não tenha tomado quaisquer medidas no sentido de uma legislação europeia sobre a questão, não obstante as conclusões da resolução de 2008. 1.2. Direito civil processual No que respeita ao processo civil, uma das principais preocupações da comissão tem sido a introdução de normas mínimas comuns para o processo civil, refletindo a ambição de prever um elevado nível de garantias para os cidadãos que recorram ao sistema de justiça como expresso pelo Painel de Avaliação da Justiça 3. A Comissão anunciou uma proposta para 2014, mas ainda não é claro se essa proposta será ou não legislativa. Além disso, tendo em vista reforçar a proteção dos direitos do consumidor em especial, o Parlamento apelou a uma iniciativa europeia que permita processos de natureza coletiva 4. A Comissão prometeu no seu documento de acompanhamento de 18 de abril de 2012 5 tomar 1 Ver n.º 25 da resolução de 25 de novembro de 2009 e a resolução de 18 de dezembro de 2008 (P6_TA(2008)0638). 2 http://www.hcch.net/index_en.php?act=conventions.status&cid=71. 3 Comunicação da Comissão "The EU Justice Scoreboard: A Tool to Promote Effective Justice and Growth", de 27 de março de 2013. 4 Resolução de 2 de fevereiro de 2012 (P7_TA(2012)0021) e n.º 95 da resolução de 25 de novembro de 2009. 5 SP(2012)160. DT\931910.doc 3/7 PE508.088v01-00

uma iniciativa legislativa ou não-legislativa sobre um quadro europeu para as ações coletivas em 2012, mas esta ainda não surgiu. 2. Direito comercial No domínio do direito comercial, a Comissão apresentou uma proposta de regulamento sobre a Decisão Europeia de Arresto de Contas 1, que impediria um devedor de escapar à cobrança das dívidas beneficiando das demoras na localização transfronteiriça de contas bancárias. O objetivo do relator Raffaele Baldassarre é garantir que o processo de congelamento temporário dessas contas na pendência da cobrança seja tão célere quanto possível, respeitando simultaneamente o direito da defesa. A conclusão do dossier está a demorar mais tempo do que se esperava devido à complexidade do assunto, mas espera-se para breve a adoção da legislação. No que diz respeito ao direito das sociedades, a Comissão não deu ainda cumprimento ao pedido do Parlamento 2 de uma 14.ª Diretiva sobre o direito das sociedades que abranja a questão ainda não resolvida da transferência da sede das sociedades. A Comissão considera que a necessidade dessa legislação não foi justificada, dependendo dos resultados de uma consulta pública em 2012 3. No que respeita à Sociedade Privada Europeia, também solicitado pelo Parlamento na sua resolução de 23 de novembro de 2010 4, esta importante proposta foi de facto abandonada em 2009 tendo em conta a impossibilidade de se alcançar a unanimidade do Conselho. A Comissão não tomou medidas para reavivar a proposta. Finalmente a Comissão apresentou uma proposta 5 relativa à alteração do regulamento relativo aos processos de insolvência. O objetivo da alteração de que Klaus-Heiner Lehne é relator consiste em alargar o âmbito do regulamento, redefinindo "processo de insolvência", de maneira a abranger um maior número de casos, bem como a melhorar o funcionamento do regulamento, fazendo modificações nas regras sobre competência, abertura de processos secundários e insolvência de diversas sociedades que pertençam ao mesmo grupo. 3. Direito da família O Regulamento Roma III 6 sobre o direito aplicável ao divórcio e à separação (relator Tadeusz Zwiefka) foi adotado em 2010 pelo processo de cooperação reforçada, sendo que agora participam 15 Estados-Membros. É o único diploma legislativo no domínio da cooperação em matéria de justiça civil que já é aplicável, e estabelece regras claras sobre o direito que se aplica à dissolução do casamento. 1 COM(2011) 0445. 2 Resolução de 2 de fevereiro de 2012 (P7_TA(2012)0019), n.ºs 33 e 34 da resolução de 23 de novembro de 2010. 3 Documento de acompanhamento de 18 de abril de 2012, SP(2012)260/2. 4 Nºs 33 e 34. 5 COM(2012) 0744. 6 Regulamento (UE) n.º 1259/2010 do Conselho, de 20 de dezembro de 2010, que cria uma cooperação reforçada no domínio da lei aplicável em matéria de divórcio e separação judicial (JO L 343 de 29.12.2010, p. 10). PE508.088v01-00 4/7 DT\931910.doc

O Programa de Estocolmo previu também a adoção de legislação sobre os regimes matrimoniais 1 e sobre os efeitos patrimoniais das parcerias registadas 2, contendo disposições sobre a competência, o direito aplicável e o reconhecimento e execução das decisões. Sendo relatora Alexandra Thein, os dois dossiers estão atualmente em apreciação pelo Parlamento, esperando-se que sejam aprovados este ano. Ao abrigo do processo de consulta, o Conselho tomará a decisão final. O Parlamento defendeu também legislação europeia sobre as adoções transfronteiras 3, uma vez que se trata de um domínio em que muitas famílias assinalam problemas com o reconhecimento de decisões tomadas noutro Estado-Membro. A Comissão não tomou qualquer iniciativa a este propósito. O Programa de Estocolmo propôs uma revisão do Regulamento Bruxelas II 4, nomeadamente para cobrir a questão do reconhecimento das decisões sobre o poder paternal. A Comissão anunciou uma legislativa iniciativa para 2013 a fim de substituir a proposta 5 que teve que retirar em 2002. 4. Direito internacional privado em geral O principal projeto no domínio do direito internacional privado geral, ao abrigo do Programa de Estocolmo, era a revisão do Regulamento Bruxelas I 6 tendo em vista simplificar os procedimentos para a execução de decisões judiciais noutro Estado-Membro e, em especial, abolir o processo de exequatur. Sob a orientação do relator Tadeusz Zwiefka, a reformulação do Regulamento Bruxelas I chegou a uma conclusão satisfatória 7, harmonizando e esclarecendo certos aspetos da execução transfronteiriça das decisões judiciais. O projeto de uma Convenção Internacional sobre as Decisões Judiciais, que prosseguiria objetivos semelhantes aos do Regulamento Bruxelas I a nível internacional 8, sobre os auspícios da Conferência da Haia de Direito Internacional Privado, não teve tanto sucesso quanto se esperava. As negociações estão ainda em curso, não tendo levado a qualquer progresso significativo nos últimos anos. O Parlamento apelou também à inserção de uma disposição que regesse o direito aplicável a uma obrigação extracontratual decorrente de violações da vida privada e dos direitos de personalidade, incluindo a difamação, no Regulamento Roma II 9. Este pedido foi reafirmado com mais pormenor na resolução de 10 de maio de 2012 com recomendações à 1 COM(2011) 0126. 2 COM(2011) 0127. 3 N.º 95 da resolução de 25 de novembro de 2009. 4 Regulamento (CE) n.º 2201/2003 do Conselho, de 27 de novembro de 2003, relativo à competência, ao reconhecimento e à execução de decisões em matéria matrimonial e de regulação do poder paternal e que revoga o Regulamento (CE) n.º 1347/2000 (JO L 338 de 23.12.2003, p. 1). 5 COM(2001) 0505. 6 Regulamento (CE) n.º 44/2001 do Conselho, de 22 de dezembro de 2000, relativo à competência judiciária, ao reconhecimento e à execução de decisões em matéria civil e comercial (JO L 12 de 16.01.01, p. 1). 7 Regulamento (UE) 1215/2012 do Parlamento Europeu e do Conselho de 12 de dezembro de 2012 relativo à competência judiciária, ao reconhecimento e à execução de decisões em matéria civil e comercial (reformulação) (JO L 351 de 30.12.2012, p. 1). 8 Ver n.º 35 da resolução de 23 de novembro de 2010. 9 Ver n.º 95 da resolução de 25 de novembro de 2009. DT\931910.doc 5/7 PE508.088v01-00

Comissão sobre a alteração do Regulamento (CE) n.º 864/2007 sobre o direito aplicável às obrigações extracontratuais (Roma II) 1, a que a Comissão não deu até agora resposta, violando o n.º 2 do Acordo-Quadro sobre as relações entre o Parlamento Europeu e a Comissão Europeia 2. Outra importante peça legislativa que está pendente é um regulamento sobre os prazos de prescrição relativos a acidentes rodoviários transfronteiriços. Devido à disparidade entre as regras de diferentes Estados-Membros, é frequentemente muito difícil que se faça justiça nestes casos. A Comissão pretendia fazer a proposta em 2011, mas aquela não se encontra ainda na mesa. Finalmente, tendo em vista o facto de a legislação da UE no domínio do direito internacional privado se ter tornado muito fragmentária, com um número relativamente elevado de instrumentos específicos a setores determinados abrangendo diferentes aspetos, o Parlamento solicitou a adoção de um Código Europeu de Direito Internacional Privado 3. O objetivo consistiria em harmonizar as disposições de direito internacional privado nos diferentes domínios e, simultaneamente, assegurar que não haja lacunas no corpus das regras. 5. Objetivos primordiais no domínio da cooperação judiciária em matéria civil A fim de alcançar os diversos objetivos específicos do Programa de Estocolmo, para além dos diplomas legislativos individuais, é importante garantir que todos os interessados tenham suficiente acesso à justiça e ao direito da UE. Um passo importante será o desenvolvimento dos projetos e-justice 4, permitindo aos cidadãos ter acesso direito a informações jurídicas e à justiça, dando-lhes informações essenciais em linha e permitindo que certos pedidos sejam feitos de maneira remota por computador. Houve alguns progressos a este propósito, mas há que fazer mais. A formação jurídica europeia é também muito importante se pretendermos criar uma cultura judicial europeia que permita aos procedimentos de reconhecimento mútuo prosperarem 5. Os trabalhos em curso no âmbito da Rede de Formação Judiciária Europeia e da Academia de Direito Europeu são a este propósito muito importantes. Além disso, o projeto-piloto da Comissão sobre a formação dos juízes e profissionais de direito está agora finalmente em marcha 6. 6. Conclusão Esta breve sinopse dos progressos efetuados quanto ao Programa de Estocolmo no domínio da cooperação judiciária em matéria civil demonstra que foi adotada alguma legislação muito prometedora, mas que, devido aos longos prazos legislativos e de execução, há muito pouco que esteja já a ser aplicado. Os co-legisladores estão ainda a considerar um certo número de 1 P7_TA(2012)0200. 2 JO L 304 de 20.11.2010, p. 47. 3 Ver n.º 95 da resolução de 25 de novembro de 2009. 4 Ver n.ºs 107, 108, 109 e 110 da resolução de 25 de novembro de 2009. 5 Ver n.ºs 105 e 106 da resolução de 25 de novembro de 2009 e n.ºs 5 a 13 da resolução de 2009 e n.ºs 5 a 13 da resolução de 23 de novembro de 2010. 6 JO S 132, 12.7.2012, 218282. PE508.088v01-00 6/7 DT\931910.doc

propostas legislativas. Contudo, a um ano das eleições de 2014 e do fim previsto do Programa de Estocolmo, há que notar que, num número significativo de casos, a proposta da Comissão está ainda por fazer. Além disso, o facto de a Comissão não dar sequência às ideias do Parlamento quanto às propostas que deveria fazer é muito dececionante. DT\931910.doc 7/7 PE508.088v01-00