Lilg Covas, Renata e Zuzinha para este encbntro.



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Transcrição:

PALAVI i DOGOC >OR TASSO 9TI NO EVENTO DA F1---,LIA DE k----socovas EM SÃO PAULO ~22/10/2001~ Senhoras e Senhores, eu gostaria, primeiramente, de dizer da minha honra de ter sido convidado por Dona Lilg Covas, Renata e Zuzinha para este encbntro. / Mais do que uma honra é um motivo de forte emoção. Afinal de contas, parte substancial de minha vida política - 1 foi traçada ao redor & personalidade de Mário Covas. Eu gostaria de pedir a permissão de vocês para contar um pouco de minha história política. No início dos anos 80, vivíamos ainda sob os estreitos limites de wn regime autoritário, que os jovens empresários aglutinados em torno do Centro Industrial do Ceará (CIC) repeliam, empenhando-se na busca da abertura política de que a Nação carecia e pela qual tanto ansiava.

Tomado desse idealismo e com a vontade de realizar uma transformação nos arcaicos costumes políticos do Ceará de então, aproveitamos a oportunidade que a oposição nos ofereceu para desafiar um sistema de poder que secularmente dominava o Governo do Estado. n ndo a.campanha, em 1986,com s 2% nas sem í?!smmiet e ps-miprime#awj há- administrativos e pdíticos. Essa luta nos levou a dois -I resultados principais: i) sanear financeiramente o Estado já em 1988, sendo um dos primeiros estados brasileiros a obter financiamento internacional durante o período da moratória da dívida extema; e ii) reduzir drasticamente a mortalidade infantil ao implantar no Ceará (de forma pioneira no Brasil) o programa de "Agentes Comunitários de Saúde", que foi inclusive objeto de premiação internacional concedida pelo UNICEF.

Vale destacar que, em 1986, o Estado do Ceará estava falido, sem honrar os compromissos mais elementares, inclusive com sua folha de pagamento com quase um ano em atraso. Mais do que i-, o Estado estava desmoralizado; os indicadores sociais chegavam a ser comparáveis aos indicadores dos países mais pobres da r África. E a aut-ma da população estava estraça lhada. Não obstante esse quadro, animava-nos a firme determinação de retirar - t o Ceará daquela indesejável realidade, que atingia todas as esferas. Depois do saneamento fiscal e da reorganização administrativa, começamos a investir na melhoria da qualidade de vida e no aprimorarnenb da infra-estrutura do Estado. Passamos a atrair investimentos na indústria e no turismo para ampliar a geração de renda e emprego. A parceria com organismos financeiros internacionais propiciou a implementação de programas essenciais pa. a retomada do desenvolvimento.

No aspecto político, houve dois acontecimentos marcantes no final do meu primeiro mandato como Governador: i) o convite do então Presidente Sarney para que eu assumisse o Ministério da Fazenda; e ii) o nos apoio, do nosso grupo político no Ceará, a candidatura de Mário Covas à Presidência da República. E é sobre este segundo acontecimento que gostaria de falar agora! / 4 Naquela época, nós representávamos, como já falei, um grupo de jovens emppsários que se rebelaram contra a maneira viciada de se fazer política e procurávamos em nível nacional políticos e partidos que melhor representassem os nossos ideais. Foi quando veio a campanha presidencial de 1989. Não reconhecíamos no PMDB a postura com que sonhávamos e, então, tínhamos duas opções a tomar: Fernando Collor, da nossa idade e geração e que fazia aparentemente um discurso parecido com o

nosso. E mais, era o favorito absoluto em todas as pesquisas de opinião; 5 O outro candidato, Mário Covas, de um novo partido, o PSDB, muito entrado em São Paulo. Era um homem respeitado, mas que, no entanto, não conhecíamos ainda muito bem. Assim, procuramos conhecer em maior profundidade possível as nossas duas opções. Todas as noites eu pedia a Deus: "Ajude-me -I a fazer a escolha correta, pois tenho certeza de que este momento será decisivo para a consolidação de um projeto para o qual tanto lutamos no Estado do Ceará". Muito assediado pelos companheiros e correligionários dos dois candidatos, um dia, num fim da manhã, recebo um telefonema de Mário Covas na minha casa, em Fortaleza. Foi quando ouvi aquele vozeirão: Tasso, é o seguinte: estão aqui me pressionando para eu falar com você, pois acham que eu ainda não lhe fiz nenhum apelo direto e pessoal! Eu queria dizer o seguinte: você é um 5

político jovem, que tem um enorme Muro pela frente, e não é correto eu ficar Ihe fazendo nenhum tipo de constrangimento. Saiba, portanto, que eu entendo perfeitamente se você fizer uma m o pelo Collor. Ele está a frente nas pesquisas, seus prefeitos devem estar lhe pressionando e é perfeitamente compreensível que você tome esta m o. De minha parte, não fmrá nenhuma mágoa ou ressentimento!" Quando o telefone desligou, eu tinha decidido: "Este é o homem!". Sentira que, afinal, havia alguém no País com real desejo de transformar a política nacional, num projeto honesto, sensato, através de um nwo modelo político. Perdemos as eleições; ganhamos um partido, o PSDB, ganhamos um líder que se tomou uma verdadeira referência nacional! Reawnte, nunca uma campanha política derrotada numa eleição fora tão vitoriosa! Aquela campanha I

consolidou o PÇDB e propiciou que o partido alcançasse rapidamente, apesar de ser o mais novo dos partidos, a Presidência da República já na eleição seguinte. E eu ouso dizer que nosso partido se formou e cresceu ao redor da personalidade marcante do candidato Mário Covas. Sim, da personalidade de Mário Cuvas. Homens mais à esquerda e mais à direita se uniam ao redor das car~ctet-ktbs de sua liderança, sentindo a necessidade de se integrarem a um bom partido, um - 1 bom político e um bom governo. Mário Covas reunia em si os elementos essenciais de um Iíder legitimo aja primeira característica era o caráter. Essa firmeza de caráter, sua integridade pessoal, não somente no plano da honestidade, mas em todos os gestos e em todos os momentos, o faziam um Iíder realmente respeitado, dotando-o das condições morais de -por rumos e caminhos, fossem estes os mais difíds.

E a segunda característica: o espírito público. Espírito esse tão em falta nos dias de hoje, que lhe dá dimensão exata de tratar e administrar a coisa pública. Espírito público que não dá espaço ao clientelismo e ao fisiolog imo. Espírito público bastante para perceber que os fundamentos maaoeconômicos por si só não são capazes de resolver os enormes desequilbrios econômicos e sociais de uma sociedade aomplexa, tenda o Estado que estar sempre presente e alerta, com seus - 1 mecanismos, para corrigir os excessos e garantir o interesse público. A terceira característica : o compromisso inarredável com a democracia. O compromisso que aceita que o direito a expressão é para todos os momentos e para todas as horas, todas as classes e todos os setores. Que as regras e os valores de um regime não podem ser mudados conforme as conveniências do momento, pois as leis e as regras são efetivamente as guardiãs das liberdades.

E, finalmente, a humildade; humildade para entender que o homem público não pode ser o dono da verdade. Humildade para ouvir e mudar de conceitos e opiniões que podem e devem ser mudados, sem nunca, no entanto, deixar de reconhecer que, mesmo com aqueles r que parecem nada ter a dizer, muito se tem a aprender. / Falar sobre Mário Covas no Brasil de hoje é mais do que oportuno para enfrentar os desafios que se nos apresentam a fim de pue nos tornemos merecedores da confiança do povo brasileiro. Dentre esses desafios destacaria: 1.Em primeiro lugar, a moralização da vida política. Não podemos pensar em governar o Brasil, convivendo com uma relação política em que a discussão dos grandes temas de interesse nacional fique refém de pressões de grupos voltados para mesquinharias individuais. A dedade não pode ter vergonha de seus representantes e o governo não pode "apequenar" a sociedade negociando o 9

interesse público nacional no varejo. Toma-se urgente uma reforma política para que os representantes eleitos pelo povo se mantenham fiéis aos compromissos assumidos em campanha a partir das propostas partidárias. Não é mais aceitável que os partidos políticos se transformem em pequenos espaços voltados para conveniências eleitorais. Os partidos políticos têm de ser respeitados para que a classe poli- recupere a credibilidade junto à opinião pública. 2. No campo ecio~ôrnico,o grande desafio é reduzir as desigualdades sociais e regionais. O Presidente Fernando Henrique tem dito que o Brasil não 6 um país pobre, mas um país injusto. Os desníveis de renda no País são inaceitáveis e não podemos mais conviver com eles. Preservada a estabilidade monetária e respeitados os princípios fundamentais da responsabilidade fiscal, a meta deve ser o crescimento e a redução das desigualdades. Para tanto, o Estado deve ter um grau maior de interferência sem exercer o papel de empresário, 10

mas sendo pró-ativo na consecução desses objetivos, na indução da competitividade e na promgão de negócios. O empresariado brasileiro não pode ser considerado um incômodo para atingir os objetivos nacionais, mas sim como um parceiro obrigatório. É indispensável o fortalecimento dos mecanismos de poupança interna e da capacidade exportadora / como formas de atenuar a vulnerabilidade decorrente das pressões externas. Não podemos mais continuar eternamente impotentes para enfrentar as crises internacionais. 3. A crise nas grandes cidades precisa ser enfrentada pela ação decidida do Governo Federal. A sociedade brasileira não pode ficar refém da criminalidade. O modelo de urbanização deve ser olhado sob o prisma de grande problema nacional e como tal tem de ser revisto. É urgente e inadiável a reforma das polícias civil e militar, unificando-as e montando um adequado sistema de treinamento e capacitação. As penitenciárias brasileiras são verdadeiras "universidades crime" e necessitam ser 11

imediatamente reformuladas para não ficarmos sob ameaça em nossas cidades e casas. 4.No campo das políticas çociais, os avanços já a tcançados pelo Govemo Femando Henrique, como a bolsa-escola, a bolsa-alimentação, o NNDEF, o Plano Saúde da Família (PSF) entre outros, devem ser preservados e a profundados. Hoje temos cerca de 97% das crianças na escola e 60% das famílias brasileiras atendidas regulamente por uma equipe de saúde da família. - I Agora o nosso grande desafio nessas áreas passa pela melhoria na qualidade dos serviços públicos. 5. No campo internacional, o "Consenso de Washington" morreu! Ele não foi capaz de reduzir a pobreza e as desigualdades no mundo. Ao contrário, as evidências apontam que elas foram agravadas. O Brasil não pode mais se omitir, como maior país da América Latina, na redixussão do modelo global. Os chamados países emergentes estão quase todos em crise e oç excessos da 12

globalização parecem atingir até os países desenvotvidos. Nesse sentido, um novo modelo de relações econômicas internacionais precisa ser discutido e implementado. No momento em que se discutem os novos rumos do País, é comum surgirem muitos "especialistas" com planos de toda a ordem, contemplando as mais diversas atividades e setores. Mas é fundamental ter em mente que princípios como aqueles de Mário Covas, a que me referi, devem permear - 1 e nortear o processo de condução da liderança de uma nação. São certamente os Únicos capazes de mobilizar os melhores valores necessários para a solução das questõeç políacas, econômicas e principalmente sociais em um País com as características do Brasil. SÓ assim, as interesses coletivos efetivamente se sobreporão aos individuais ou dos grupos que se revezam no poder. "Lealdade é um valor praticado entre companheiros. Mas há uma forma de lealdade que se sobrepõe a todas: a lealdade aos destinos do País".

Meus amigos, Dona Lila, Renata, Zuzinha, Governador Geraldo Aickrnin, companheim e amigos do Governador Mário Covas, queria encerrar por aqui, repetindo o que comecei a dizer. Parte substancial da minha vida política foi moldada ao redor da personalidade de Mário Covas, clara e transparente, porque entendo que o político ou gwernante que /obedecer a estes princípios estará pronto para merecer a confiança que a população nele depositarn Por fim, eu diria que Mário Covas provou que é possível ser vençedor na política brasileira sem maquiavelismos e 'raposices". Ele demonstrou que podemos ser firmes sem perdermos a sensibilidade. Cabe ao Presidente do Brasil exercer a liderança moral no País e ser o representante e defensor dos mais altos valores da sociedade brasileira. MUTTO OBRIGADO