Sendo Maria Mãe de Jesus Cristo, e havendo nele duas naturezas a divina do Verbo e a humana indivisíveis, a mesma Mãe de Jesus Homem e Mãe de Jesus Deus. Lc 1, 35: O que nascer de ti será chamado Filho de Deus. Lc 1, 42-43: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Donde me vem que a mãe do meu Senhor me visite? 0/8
Para os cristãos do século V era familiar a palavra Theotókos, que significa Mãe de Deus. O patriarca de Constantinopla, Nestório (428), afirmava que Cristo era um sujeito humano, unido, mas distinto do Verbo: um homem extraordinário, mas não verdadeiro Deus. A Virgem seria então Mãe de Cristo, mas não Mãe de Deus. O concílio de Éfeso (431) declarou que a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, consubstancial ao Pai, assumiu uma natureza humana, de modo que a única pessoa em Cristo é esta Pessoa divina. Assim a Virgem é Mãe desta Pessoa divina, e por isso verdadeira Mãe de Deus. 1/8
A pergunta que é? refere-se a uma natureza (é um pinheiro, um homem, etc.), enquanto que a pergunta quem é? se refere a uma pessoa (é Pedro). Eu não sou antes de tudo um que, sou um quem ; não sou algo, sou alguém. Tenho uma natureza e sou uma pessoa. CIC 457: Deus pode criar uma natureza humana de tal modo que o sujeito dessa natureza seja um Eu divino, uma das Pessoas da Trindade. Jesus, gerado por obra do Espírito Santo, é verdadeiro homem porque tem uma natureza real e perfeitamente humana. E é verdadeiro Deus, porque a pessoa que sustenta essa natureza não é outra que a do Verbo divino. 2/8
Justa e verdadeiramente se chama Maria Mãe de Deus, por ter concebido a natureza humana de Jesus, cuja pessoa é divina. Maria dá a Jesus, quer dizer, a Deus Filho, tudo o que uma mãe dá ao seu filho. Ela é, pois, sem sombra de dúvidas, e em sentido próprio, Mãe de Deus Filho. O Concílio de Éfeso (431) define, frente aos erros de Nestório: A Santa Virgem é Mãe de Deus, porque deu à luz carnalmente o Verbo de Deus feito carne. O Concílio de Calcedónia (451) acrescenta que não pode chamarse à Virgem Maria Mãe de Deus em sentido figurado : tem que ser afirmado em sentido próprio. 3/8
No AT há alusões ao mistério da Maternidade divina de Maria: pré-anúncios de Maria são Eva (mãe dos viventes), Sara, Judite, Débora, Rute, Ester... Aparece também a figura da rainha-mãe (Betsabé, mãe de Salomão). Vários profetas falam de uma Filha de Sião que representa Israel nos três aspectos de Esposa, Mãe e Virgem, que se realizarão plenamente no mistério de Maria. No NT a maternidade divina de Maria afirma-se implícitamente, sempre que se fala d Ela como Mãe de Jesus, o qual declarou sem margem para dúvidas que é Deus, coisa que entenderam muito bem os seus inimigos, que nisso viram blasfémia. Marcos chama a Jesus filho de Maria e Filho de Deus. Em Mateus e Lucas emprega-se a palavra Mãe tanto no relato da Concepção como no Nascimento. 4/8
O NT ensina também explicitamente o mistério O anjo disse a Maria: O Espírito Santo descerá sobre ti, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. E, por isso mesmo, o Santo, que há-de nascer de ti, será chamado filho de Deus. Chamar- -se-á Emanuel, Deus connosco. Em Mt 1, 21, o Anjo anuncia a José que Jesus salvará o seu povo, expressão que no AT se reserva a Deus; e que o salvará dos seus pecados, poder que se atribui só a Deus. Em Lc 1, 43, Isabel chama a Maria a mãe do meu Senhor. Os judeus chamavam a Deus seu Senhor. 5/8
Os Padres muito perto do ensino dos Apóstolos, como Santo Inácio de Antioquia (+107), falam da maternidade de Maria. Destacam-se São Justino (+165), Santo Ireneu (+202), Tertuliano (+220/230), Santo Hipólito (+235). Orígenes (+ 253) é o primeiro que nos fala da feliz fórmula Theotókos (Mãe de Deus), que encontramos depois em autores tão importantes como Santo Atanásio, São Dídimo, São Gregório de Nisa, São Cirilo de Jerusalém, Santo Epifânio de Salamina, São João Damasceno. O termo latino equivalente encontra-se em Santo Ambrósio, São Jerónimo e outros. 6/8
São Tomás: Pelo facto de ser Mãe de Deus, tem uma dignidade em certo modo infinita, por causa do bem infinito que é Deus. (...) Não se pode imaginar uma dignidade maior, como se não pode imaginar coisa maior que Deus (ST I, q. 25). Ela é a única que junto com Deus Pai pode dizer ao Filho de Deus: Tu és meu Filho (ST III, q. 103). Não se pode considerar a Virgem revestida de uma dignidade divina. Mas mais que Ela só Deus (cfr. São Josemaria, Caminho 496). João Paulo II insistiu na fórmula: Filha de Deus Pai, Mãe de Deus Filho, Esposa de Deus Espírito Santo (Redemptoris Mater, 8). 7/8
Bibliografia Estes Guiões são baseados nos manuais da Biblioteca de Iniciação Teológica da Editorial Rialp (editados em português pela editora Diel) Slides Original em português europeu - disponível em inicteol.googlepages.com 8/8