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Transcrição:

Batida Antológica Autor: Denis dos Santos

Índice CACARECO JUNK Vagabundo Metropolitano Introdutório Poesia maiúscula Vida Busca Alegre poesia de inspiração Deus Sobre a ocorrência do mundo O segundo sonho Querência Volúpia Vergonha Meia e calça Folha em branco Beco do pinto Cadela velha Sem sentido Campo x Cidade Curta poesia Pipa no ar Procura à Poética ÚLTIMAS INSPIRAÇÕES Parede suja Só festa no lugar de uma reunião familiar monótona Bonde do isqueiro Ensaio Difuso Verde vôo imaginativo Volta Sideral Ecovia

A gangorra Lancinante Dormindo na penumbra Lugar comum Lugar comum II Meu e teu Bôro báu bême Conto do Morro do Balangandã Poemeto do amor de irmão Manhã Noturna Fora de tempo Outros significados Wesley Vila Acesos da Contravenção POESIA BEAT Ação enroscada Na mais verde rama Marcha Beat Engenharia da carne Baladinha da sex(s)ta Alucinação lunar Campainhas padrão Artigos proibidos Soneto xarope Sistema de Droga Onda Grossa Tropical Psicotrópica Mundo Animal (Canção do Exílio Animal) O capeta 'tá na terra! Poetar no infinito AMOR ou completa vírgula Amo

Amálgamas com beijo No tempo do contrabando O Retorno do Uno Férias Floridas

Uma apresentação oriental A curtição e o amadurecimento do tempo com poesia estimulam naturalmente uma íntima e crescente relação com o meio no qual se vive, no mesmo tempo que em plenitude emerge para a Iluminação do Eu-Superior e a realização de um maior contato junto a Shiva. A escalada interna aquieta no Coração a ritmada batida da sabedoria, ao transpor o eu-egóico e a ignorância para assim ser perceptível o real estado da graça de Guru. O sabido abrir das mentes é espontâneo e confunde-se com o Ser Infinito seguindo uma antiga fórmula da Natureza, que em seu equilíbrio renovar é preservar nas fontes a paz individual e a beatitude, em busca do estado de absorção de si mesmo, sem conceitos, e tornar o conhecimento de si o combustível mesmo para a realização e dissolução no Eu-Superior. No despontar do Caminho de Luz da Consciência Infinita, proveniente do próprio Coração, é absorvida a Realidade Una do Conhecimento, alcançado à Plenitude junto ao Corpo do Ser Supremo. Assim aconteceu a geração beat de Jack Kerouac, Beatles, Castaneda e toda uma gama virtuosa de entidades exóticas, dotada de talento e inspiração transcendentais, unindo e enveredando vertentes até hoje ao cantar o amor universal do ocidente ao oriente, na maior manifestação cultural da Humanidade.

CACARECO JUNK

Vagabundo Metropolitano À céu aberto, ribombam arranha-céus e rotundas em cores na metrópole. E o errante, sobre o degrau, prostra as mãos em devoção, clamando: - Ó gran pitangueira anã você tão humilde e ostentosa, em tua beleza e perfumes voro, inebriado de outras fumaças, por apenas uma porção de seu docinho de fuligem!, Dai-me sã silvestre, uma oportunidade de juntos fecundarmos canteiros e terrenos baldios com muitas mais das divindades de seu porte., Prometo enterrar com carinho o doce dos doces de vossa semente no âmago de nossa fofa terra! Verdejante e corada de tanto lisonjeio, a bicha como que enverga os galhos e despeja em suas mãos uma batelada de incríveis e biteludas pitangas. Assim mais tarde, irradiante do prazeroso reencontro de doçura, entrega toda a coleta à dama na faia e, para completar o dia perfeito faz o último pedidinho do dia: - Passa ma femme meu amor, aquele cafezinho preto na meia do véio. Enquanto isso eu preparo aquele velho naco de fumo...

Introdutório Corre em mim o sangue dos deuses das donzelas, a ambição da plebe dos verdadeiros reis e a felicidade. Sou já o instrumento protetor das peles e não só o animal ferido de outrora ignorado dentro de sua razão reles, mas o digno porvir da nova aurora. Sou, sou tudo, sou o nada, sou a massa ignara de excitantes membros posto afora, na luz fulgurante do extasiante mundo feito em carne especialmente para mim. Único animal que quando nasce chora sou agora ser-humano único e sereno, nas graças de Gaia virando querubim.

Poesia maiúscula DADA VIAGEM RACIONAL É BALADAMUSICAL RIMARVERDADEIRA... É NATURALNAMOREIRA.

Vida Ó maravilhoso espetáculo da Terra, pairei tão contente, extasiado e surpreso em sua volúpia sempiterna que bem me vi como um sopro. Nunca dizer insignificante embora seu desdém edificante renova em mim a trajetória de uma malha intermitente e decisória. A vida é não parar, às vezes pensar que sou e como um peixe no mar dizer à amada que estou... Volte para mim perseguida! Te amo tanto que vou em suas asas, a mais garrida, contemplar os privilégios de seu show.

Busca Procuro se preciso nas minúcias um termo e o encontro próximo quando me fio se fazendo clara à origem qual um fio que se curto é deleite, senão levo a ermo. Ah, quantas alvoradas me apresentariam resposta se como um raio, o desconhecimento não pairasse em meu labirinto, mas iluminasse a pergunta que eu mesmo fiz para que a encontrasse.

Alegre poesia de inspiração Logo cedo à química do amor percorrendo todo meu corpo e deslocando as sensações da próxima quimera num ardor característico de nervos relaxados. Mas cadê aquele poeta que está dentro de mim que a pouco brincava e versava livre exsudando aos poros a desejada rima, e que agora se choca nas barragens da língua? Continuo aqui, no mesmo lugar, paciente à sua espera ao mesmo tempo que te busco em todos os lugares do universo.

Deus Sigo seu caminho enxergando os meus e me guio pela sua essência, tão vivaz e cristalino na criação dos céus o ser supremo no infinito de minha semelhança.

Sobre a ocorrência do mundo Poucas respostas tive ao pensar no assunto mas, por que raios paramos nesse buraco? Não que seja o entendimento e os fatos imutáveis mas terá surgido de uma pergunta ou resposta, anunciando a chegada da grande novidade? Especulações à parte, me sinto um fractal reunido num universo de dimensões e realidades por vezes pouco concebida e impalpável, até na relação da vivacidade com qualquer matéria. A grande excursão da consciência liberta e solitária por natureza à busca espacial, é a própria pureza conservada do progresso onde o filho é a substância do filho.

O segundo sonho Durmo e não acordo. Ou penso que acordei? Aonde existe pensamento, é onde penso que sou algum raciocínio ou parte dele localizado ribombando a consciência querente de vida. Fabulosíssima epopéia essa que me despertou! Sinto pulsar todos os motivos existentes de uma nobre quimera desejada, ou qualquer inexistência que seja no tempo da desilusão de sentir-se acordado no onírico da querência.

Querência Sinto por hora o inteligível deslizar das órbitas interdiscais no espaço comum das intuições subliminares. Será meu desejo tão ardente em fulgor que separa a realidade da razão esperada? Apenas eu sei.

Volúpia É tão doce o cheiro da manhã de primavera os arvoredos, e o gorjear com as pupas suaves melodias do sabiá montando o ninho! A preguiça baixa ao solo no tempo que a fruta cai e a suculenta polpa espirra não sei se antes de subir ou depois da escalada da volúpia por dentre as flores transformadas.

Vergonha Por que fugiste desta forma! Você sempre tão ardorosa, às vezes passa por mim toda cheia de manha, esguia e dona da situação: te olho e você não! Procuro olhar novamente para confirmar o sentimento, se de afeição ou admiração no rubor da minha espera, e no orgulho de um possível porvir, mascaro qualquer reação: você olha e eu não...

Meia e calça Vestimentas saborosas e quente qualidade dos babados soltos às canelas sobrepostas. Eta gosto popular! Imitam até à pele protegida, toda fragilidade dos sentimentos basais, produtos da satisfação de se sentir vivo. Já o peito, eu vigio!

Folha em branco Lembro a linda brochura na escola, a ser escrita nas tardes quentes de brincadeira que a espontânea careta espanta. Como o tempo passa, não! Hoje a quero preenchida em preto, branco, ou colorido, já que importa mesmo sabemos, é o sono bom, a diversão, o tesão. O que faço então nessa trilha? Rabisco um amanhã desse modo: o que é bonito aos óleos, não esquecemos.

Beco do pinto A ruela amanheceu cheia de penas, uns dizem ter vindo da fazenda, outros que a passarada migrando, nas tendas do beco do pinto montou sua senda. Mas como, se ninguém viu passando nem o fazendeiro nem os pintos ou qualquer pomba-rola voando? Ficou mesmo, foi o cheiro dos campos.

Cadela velha Late a cadela na ladeira passando rente aos postes. Sabe que na frente na moita, está a filhote molhada secando ao sol a lamber o passarinho morto já com o bucho cheio à espera do vira-lata. Cachorrinha bonita essa toda malhada e carinhosa. Bem podiam ser das minhas as cadelas manhosas no terreno baldio da rua de baixo! Qual criança nunca teve ou amou uma cachorro! Curioso bicho esse que alegra tanto nossas tardes.

Sem sentido Louca vida esta que quando penso encontro não uma, mas mais, muito mais do que consigo conceber. Quem dera eu fosse um deus e agisse certo em todas conclusões já que quando criei as fórmulas quis o nada como maior satisfação.

Campo x Cidade Começa o jogo um toca no outro juiz manda voltar pelota parada pelota voando torcida vibra e o juiz apita! É falta! Que isso! Viajou bicho? A próxima é cartão...

Curta poesia Deleite todos sua imensidão e sua mansidão à sombra dos toldos.

Pipa no ar Voa o enorme papagaio a desbicar do verde galho, e o vento que bate no rosto levanta o mesmo com gosto. E corta a linha os peixinhos o hábil quadrado das sombras, rente às nuvens dos pinhos que buscam juntar as lombras.

Procura à Poética Busco um tema dentre os infinitos: e tudo só para me sentir melhor. No latejar dos lampejos, estaciono meus pensamentos: e aguardo em virtude baixar no verso. Como giros transcendentais, escapamos à nulidade da frequentemente boçal rotina intermitente: e no emaranhado de questões pendentes da realidade, desdobramos o universo de uma informação ausente. Essa que só passa a existir no presente tema, quando reluz o lume certeiro do desejo: e em sua escolha, arranjo palavras de ensejo para enredar meus sentimentos e o de toda gente. Como pescar conceitos nos recônditos da mente: e a alma nada aos espirros nervosos fisgadas idéias guardadas, em corpos reunidos na farta rede do querente. Nos sentidos escondo minha perdição. Em verdade declaro, - minha intenção. Tal como penso; - minha quimera. E no tempo vindouro: - minha espera.

ÚLTIMAS INSPIRAÇÕES

Parede suja Ando virando a lata e o líquido que esparrama, lembra o néctar na mesa que nos servem, os pratos fisgando a gente os talheres esparramados da mudança e também todas quinquilharias. Molhação em contrastes diversos e a Aurora boreia imunda às paredes molhadas em cinza, borrões e incrustações azuladas, escuras em faixas longas pela branca parede da sala. Só faltava chover na cidade e a lambança estaria feita! Tomarem o rolo jogado e o pincel molhado estarem à disposição da suja pintora, e do entardecer chegarmos limpos à garantida balada noturna.

Só festa no lugar de uma reunião familiar monótona O povo aproveita à beça a louca vibração do palco fervendo os hormônios e os saltos aos pulos, chamam a atenção da tribo delirando na arquibancada. Que agitação danada esta transformando o suor num melaço cheiroso, fedido e grudento de tão social em suas ambições na fina mistura da diversão! É claro olharmos extasiados toda algazarra de risos nos cantos das tendas armadas, todos os palhaços e também toda panacéia de elogios dignas de uma grande festa que acaba deus sabe quando, já que não existe hora para acabar. Interessante notar no fim da noite os olhos cerrados, mas esbeltos da ávida platéia à troca de banda! Todos sedentos na barganha repunham os sais convencidos enquanto uma parte embarcava na tenda ao lado outra viagem, e tão intensa quanto a primeira, dançavam sobre a luz da alvorada encerrada num verde-violáceo, própria de pirilampos brincando no gramado fértil da vida. Eta solzinho bom esse!

Bonde do isqueiro - Fogo! Fogo! Quem tem fogo! E o bonde não pára onde ninguém pára mas todos queimam a pelota de fumo cheirando na brasa do som rolando. - Quem tem fogo! Fogo! Fogo! Tenho, não tenho não tenho, tenho outro perto do cinzeiro. Que vai acontecer? Vou acender! - Fogo! Fogo! Quem tem fogo! Espera o bongue no colo a boca sugando no colo à chama acesa o bocal. E nos trilhos trepida a galera da boa, viagem maneira.

Ensaio Difuso Simulacro no mar de interferências provocadas e tomadas no cenário surreal das culturas é dissonante enquanto fonte perceptiva mas ainda no palco clara representativa. Tudo posso, se desdifuso a rima repartida na obscura beleza de um soneto e com livres versos declamar na poesia as estrofes do coração num quente canto. Breve peça no artifício textual, preencha toda regra coloquial no simples diretivo campo do respeito, e liberte a proposta que arde no peito.

Verde vôo imaginativo Aproveito no giro da Terra um vôo alto catapultado ao toque lunar impulso plano, e mesmo em flutuar raso no vento oportuno me deixo guiar seguro pelo sol incauto. No caminho, pouso aliviado na nuvem próxima em posição de lótus, à colcha aquífero e pueril, estufa de origem metropolitana, e avisto a primavera ávido por seu cheiro, na precipitação gentil. Por indução, me exilo no campo afora alçando novos planares a exemplo da fauna: pela amêndoa do esquilo voador, a rapidez pelo néctar da borboleta, a altivez. E ainda rente, contemplo a flora verde vivaz que não virou savana.

Volta Sideral Voltei de uma viagem pelo cosmos trazendo uma nova da última dobra espacial, cria genuína de nebulosas em choque. Na pressa de me acomodar no núcleo quente da via láctea onde de elípticas e irregulares espiralavam ao mesmo tempo as ex-galáxias solitárias, fui percebendo melhor seus contornos e pensava como raios carregar minha grande futura geradora galáctica incólume e aquecida para algum lugar daqui perto, nem que fosse desdobrando na esquina da Vênus com a Mercúrio, e eu já tava contente. "Mas não!, - dizem uns muito espaço ocupar, "Não, mas..." - dizem outros muito tempo levar. De qualquer maneira, trago a danada nem que seja voando à Cavalo.

Ecovia Contrasta a paisagem do colorido Amazonas, numa imensa variedade de penagens, as excrescências, e aos extratos semeados completa com a massa, o encanto, com infinita admiração: - a bicharada! De giros em rodopios pousa na copa o tranqüilo sabiá a montar o ninho e atento ao ribombeio esvoaçante do vizinho vislumbro, no farfalhar das caudas: - a papagaiada! Perdido da matilha, na beira da lagoa roça o animal molhado numa boa e na fértil terra a olhar o nada contemplo, no saudoso reencontro: - a cachorrada! Novas possibilidades de sombra e sossego das suculentas flores a colher no galho e as suculentas frutas a de uma dieta completa avisto, na oportuna mata: - a macacada!

A gangorra Balança ao espaço o menino faceiro na gangorra imemorial do parque da vida. Para cima apeia um novo impulso, para baixo eleva um outro pulo. Do alto avistam alguns adultos e no solo perscrutam todas as crianças à espera de um brinquedo vago e inteiro. E pairam serelepes em outro meneio um rápido balouço entre murmúrios e o despontar do dia no parque da vida.

Lancinante De ontem feito em carne hoje sou todo nervos, e amanhã sabe-se lá o quê.

Dormindo na penumbra Dorme ao relento o menino alheio ao contrato político. Um sonha modesto aos ventos e o outro atento aos contentos, esperam aos pobres se amando ainda às luzes apagando. E na retraída sombra da cruz o renovar da aurora faz jus: - Vai lá menino, toma o que é teu!, orienta o papai do céu - E volte ao bento sono.

Lugar comum Rio cadeira guarda-roupa cama telhado escada passarela corredor, fila planeta estrela lua, meteoro cometa escuro claro, duro mole quente carne osso nervo raio semente tempo buraco-negro minhoca espaço.

Lugar comum II Sento aliviado e um ventinho sopra num lugar próximo onde me situo. Um vento quente e molhado concluo, pois sinto uma satisfação de sobra.

Meu e teu Seguro em nossas mãos cheio de graças, está o futuro e ambas suam. Nosso bem-estar está em jogo e o cheiro doce de um, mistura ao azedo d'outro e vice-versa. E no polapola naturalmente exsudante de um lindo sentimento, penso o presente a ser dado.

Bôro báu bême Quando nada baixa ao papel ligo incerto o rádio elétrico em busca de um som meloso ou metal a depender da circunstância, companhia ou lero.

Conto do Morro do Balangandã A terra fofa cheia de gente acomoda uma reunião inusitada: a baianada a fazer o teste da saia! O bonito bordado feito a mão apresenta agora o novo tecido incrível e porreta à base de pimenta. Embora tenha começado a chover a proposta continua no arrastar dos adornos, que a especiaria temperasse a lama e animasse os santos do paraíso, para lembrá-los do acarajé e do cuscuz, do vatapá e todos pratos quentes da nossa Bahia tão caliente. Pelo visto, agitou todo mundo!

Poemeto do amor de irmão Obrigado vós e pais tios, vôs e mães e a primaiada toda das vilas, pelas andanças e amizades todas. Qualquer explicação é mera tentativa de expressar o amor todo sentido, e que vibra nos corações como calor.

Manhã Noturna O céu ainda vermelho cai. Parece coisa de profecia ou mera construção [poética mas o que aflora, antes de tudo, é a beleza. Sempre que o tempo periga virar, parece acordarmos de um [pesadelo mas a sensação, numa análise fria, é de estarmos sempre vigiados. Pode ser que por nós mesmos, extasiados na intempérie, pairando ainda a incrível sensação do divino repartindo a benção [do porvir. Longos momentos de esquecimento e o nada seriam [uma citação, mas está perto de ser a única: além da potência [do fabuloso alvorecer sempre existirá a pessoa ao lado, o amigo, a parentada, [a bondosa natureza ao redor. E, além de tudo, ainda é madrugada! E a noite sendo uma criança, quando damos por si, percebemos qualquer luminar, seja da onde [for, seja de uma estrela próxima ou não, ou o simples [reflexo da nossa próxima gram-maior. Ó aurora por tardar, chegue desalaranjada dessa vez, se for de tua satisfação, mas continue a aquecer nossa morada pueril, e aproxime a consciência desperta do ente mais próximo em sua [clareza! Ó magnífico luar, queira seu acontecimento junto às marés e o arrastar dos ventos, enveredar livre às escuras e [obscuras praias e, por favor, deixe escapar também aquela aragem [da areia quente, típica dos sonhos mais voluptuosos dos enamorados:

é certo serem cíclicos seus acontecimentos, mas te quero [eternamente em ares de festa... Assim, tratemos de amanhecer logo, não tarde [outra noite nova...

Fora de tempo Ontem, hoje, amanhã manhã, tarde, noite escuro, colorido, claro antes, durante, depois... Nadas múltiplos imundos sopros bola murcha mundo afora todo material residual e igual, e cama quente do vivente inconsciente.

Outros significados (ou a mente filmada) Depois de tantas fitas qualquer besteira é bobagem e a dúvida nunca pára: o que há a rolar? Só sabemos da pelota de terra e outras cositas, mas o que fica mesmo são outros significados.

Wesley Vila Grande amigo esse carinha maluco - De hora em hora fila a bóia! Mente descrente na ignorância em uníssono - De tempo em tempo alegre vóra! Chama a loura pensando no louro - De vóra em vóra sereno tempera! E gora outra crente no bolo - De papo em papo voa à desforra! Bota na conta e chama ao campo - E de trago em trago na rama declama!

Acesos da Contravenção Hoje nos grandes conglomerados tanta poluição quanto anúncios de todas as espécies e interesses anuviam tanto a mente de quem passa que se mimetizam no escuro da desinformação. Numa bela e chata tarde de domingo, um amigão da galera traz consigo baseado, cigarros e bebidas. O pessoal mais novo, empolvorosa, excita-se em êxtase e admiração com o galã e sua gata botando fogo na bomba, e mais ainda com o grosso calibre da especiaria, diziam ser, de Santa Catarina. Alheio às fascistas proibitivas acerca das substâncias e os que aportam, o jovem, defronte ao cheiro inebriante e a brasa acesa, encontra-se no ápice subversivo de sua vida e das próximas gerações e o ébrio torpor da juventude transviada transcende o entorpecimento. - Tudo aquilo que falaram torna claro que não passam de mentiras ou interesses escusos, e nada impedirá uma vida de liberdade e maiores volúpias! Não fosse tamanha exposição das preconceituosas divagações sobre drogas, conclusões impertinentes não entrariam na ordem inconsciente do dia. - Porra véi, ninguém merece!,

exclama a gatinha no tempo que carbura a fumaça na mente, dando mais um peguinha na bagana. E assim todos riem da voz fanhosa e o alento da subversão, e a situação se perpetua, ao menos enquanto durarem maiores e estranhas proibições.

POESIA BEAT

Ação enroscada Tresmalha louca intrépida intrínseca antes do chão do mar o continente, afluentes de formação em extratos ascendentes céus azuis, a terra barrenta na água suja depósito de lodo ígneo escura cinzas claras reversas brandas no desopilar de calor âncoras obtusas. Depois do pó derrete primeiro a verve gelada areiando por cima torrando baixo dentro em frente sapeca de lado no mesmo vento virtuose de visco ulular no sol para ver se esquenta também os cantos em longas solapadas ao voltar dos becos, do giro massa não-escalar infinita a garganta seca mas de glosa molhada

mesma da perereca linda da natureza, na hora que parar sobram as luzes!, pois já é tempo de voltar mormaço agora colorido debalde no campo corpos já sem dor você me beijar e de dois numa faixa retornar, e grunhindo de um dar dois nós a pupar n'amoreira a galope doce, a cumeeira cheia transbordar da massa eira nossas boas e velhas chapadas.

Na mais verde rama À sombra do chumaço tropical paira o mais agradável microclima rasteiro encontrado em nós, tal gomos de morada do bambuzal, ancestral também na rama, ladeados cuneiformes entrenós. Qual cabana apache do grilo, lasca tentativa ajunta-lo, densas hastes móveis em fósseis arranjos sésseis. Amarela vermelha rosada. De volta a verde rama, queima o cone interno declarado fervor de lama.

Marcha Beat Na Unidade rumamos à concretude da infinita linha imaterial, num infinito Universo atemporal, de um simples foco em alude. Vontade Divina retirada já, quase variação de tempo - e Seu Corpo no Centro da Alma do Absoluto Cosmo em Remanso. Concessão vital no crepúsculo, ofuscar o esplendor pelo calor à verve, tostado e noturno? Púrpuro ou nebuloso mentor de cordão irradiante e pulsante, exótica à faixa cintilante.

Engenharia da carne Mera redundância estaria e até no fim-do mundo tocaria o verbo balançar na carne no ninar ou qualquer tocada "principal noturna intrincada" e edificante alvorada estandarte. Longa, alongada onda, és também brasa primórdio! E como tudo que nesse mundo dura, amola ou faz milagres, e considerado material próximo aproxima sua entoada fervilhante: "- És viagem ao relento léu em seu depurado gosto de céu."

Baladinha da sex(s)ta - À Glauco Mattoso Um beijo, um abraço e um queijo: que mais preciso que isso a não ser a toada em uníssono do bom e velho ensejo na nossa morada ou qualquer trepadeira vistosa na rua, subirmos e vê-la nua, juntinhos a pintura da Cher. Seu sorriso claro inspira-nos a tentar proezas mil enquanto lá embaixo, dormindo, guardamos baixinho suspiros de nosso sonho bento e vil, nos respingos de um luar bem-vindo. ]

Alucinação lunar Gostos tantos qual enxurradas e o povo, mais do que as estrelas, trespassam à sensação delirante queimando e torrando defronte. Também mel de outrora, etéreo mel lancinante, no asco, sua afetada juventude. De brilhantes crateras diurnas, clarificada instituição humana, seu beijo frio tempera noturna.

Campainhas padrão - ao Racionalismo O mundo ao redor esclarece pululante às vezes, e como sempre, sempre ao alcance deslizante escorregar e acionar do maquinante. "- A da vizinha pode até ser maior!", mas não é o alcance ainda menor tal o chamar embaixo berrante ou encima qual motim consoante!

Artigos proibidos Melancólica colina em plena primavera alheia rima desconsiderada em seus tecidos qual masoquismo enrustido e eternidades no inferno garantidas a quem se resguarda em casa ou o Érebo. Flores vistosas enchem os olhos d'água enquanto a semente da paz guarda o caminho de quem está só de passagem no crepúsculo. "- Mas alto lá meu rebanho!" Já comum "estória para boi dormir" pensar ser demais três voando, é o casal de velhinhos, naquela serenidade, simular saudoso o encontro com a beata. Ao invés de tornar história tão pequena influência conto a verdade torcendo ser a sua na trajetória nebulosa de grande atividade a esperar a iluminação do laboratório racional.

Soneto xarope - à Castro Alves Saia na sacada e veja um sorriso se abrir no céu noturno, e o frescor pluvioso e fluminense em brisas no crescente alvorecer cósmico o branco véu junção do encontro às vizinhanças gloriosas. Nas calçadas, de um prazeroso passeio ao léu, suavizar ainda mais a febre juvenil ao contemplar da cintilante lua gentil, meia escura na penumbra, seu doce mel. Deleite essa porção mate, hortelã ou camomila n'amoreira ou floridos canteiros de verde cipreste, sana minha dor de amante à sombra da faia. E deixe efetuar a ardorosa volúpia celeste junto do azedo processo catabólico e maçante ao sorver a especial mistura de teor emulsionante.

Sistema de Droga Para ocuparem um estratégico ponto na favela achega um comerciante a procurar um sócio e aflitos na fronteira esperarem a muamba para o tempo dos jovens e usuários no ócio. Passada a trouxa de mão em mão no tronco oco guarda depressa: "- O cabeça 'tá chegando!" pois a ordem era embrulhar um milhão. E mesmo desentendido e sabido da contravenção o viandante curioso arremata na bica, entre a barraca de doce e a venda, o ainda subdesenvolvido produto pela nação.

Onda Grossa Garantido efeito da marola! Aquela marola da boa e da qual surfamos até seu orgiástico rebento. Quão saudosa maresia, como se voasse a tal névoa úmida e malograda, e que por poucos rendidos muito acabam fodidos. Mas de sua eterna atualidade, na chapada o que enreda é a brisa.

Tropical Psicotrópica Na alta estrada a viagem por dentre buracos e atalhos, toda sorte de fenômenos beiram psicodélicos ao lado: plantações luxuosas de doces cogumelos gigantes e coloridos ecstases de prazer sensacionais em bagas de cheirosas flores sortidas sementes tropicais. Adentro às possibilidades de colheita, cascatas fluviais cristalinas contrastam montanhas à fundo num céu de nuvem vermelha laranja regrados à cânhamo e chimarrão, encerrar o cenário na irrupção da encosta, numa sombrinha sem igual.

Mundo Animal (Canção do Exílio Animal) Ó sabiá da minha palmeira por onde voavas tão revolto, que de volta a ti paixão, pressentia as nuvens de monções a chegar. Baixava fugaz dos granizos, de palmeira em palmeira, todo enlameado embora posto que chafurdando atrás de uma suculenta minhoca, e perdia-se com a cuca por dentre a relva jamaicana, nas pradarias do planalto meridional. E como se falasse, o bicho logo cantava: Crê amor! Crê em mim... Bela Dona! Achando mui peculiar o gorjear, mesmo em voltar aos afazeres do lar, ao atravessarem voando e hábil a pinguela, tomaram na faia os primeiros respinguelos, pressentindo as nuvens de monções a chegar.

O capeta 'tá na terra! Se não bastasse todo sofrimento o amor de todo não vingaria na volta da dor um quente sereno relaxar no mesmo o homem que ria.

Poetar no infinito No imortal desenrolar poético a reversa rima do pó abraça ao ar membros e prazeres através dos tempos. Errático e muito embora doce, de quando azedo o caminho reto ao desejo perpassa lusco, mas amaina.

AMOR ou completa vírgula A santa sensação do amor imaculado sentimento bendito a moda do momento ou o mesmo passageiro juvenil presente de todas épocas e eras do fogo eterno da paixão. Sedenta e aficionada amante emoção tipicamente afeminada rima do sentido imaterial mas tão existente quanto bica das montanhas geladas escorrida por infinitos rumos aos desertos para deleite viajante rotatório delirante compartilhado refrescante escarpa digestória em meio à vento na espraiada nutritidora e fruta do paraíso como se doce o próprio mar. Som da vida em flor pétala à pétala num buquê com seus botões à mostra simétrico fractal unido desde criaturas crias animais mansas com seu fervor até intelectos dinossauros bufões cor-de-rosa musicais polados enroscados sobrepostos quão instintivo órgão religioso sobrehumano espírito do conjunto o racional leitinho do bico do peitinho da mãe Terra alento voador da paz

a natural onipresença é o amor. Você chegou meu bem e eu cheguei também. E como um formamos algo incrível juntos. Sentem todos a chama eterna e inflama amizade dessa coisa que gama e só nos traz felicidade. Feliz é quem se rende à veemência sem culpa de um sentimento todo seu e assim achega a gente num afeto sob a lua que a solidão a paixão resolveu.

Amo Venho chegando para te surpreender, te dizer tudo que precisavas, só que na batida de seu coração que é só o que eu precisava. No trajeto, não ouso nenhum zigue-zague não ouço nada dos lados. Penso apenas em chegar logo pois tenho medo que não saiba que te amo mais ainda que tudo.

Amálgamas com beijo Longeva liga metametálica de transição curtida desembocada avermelha em formação para rosear a bochecha e roxear o pescoço combinam desde a alquímica de cerveja e tremoço dos encontros no banheiro nos shoppings nas praças ou mesmo qualquer cara-de-pau nas calçadas enveredar carno-aquoso onipresente sua bocaça bela e doce eternamente entornando todos os orifícios até a mente limpar o suor a língua em seus cantos em água ou a testa molhar quente de novo em outra rodada de beijos tantos dessa vez secar nas esparsas no mesmo processo embora misturado num chão forrado de lenço perfumado só que agora às patativas e magnólias.

No tempo do contrabando Tarde na balada numa boa fumava um tranquilo e chapado: - Ei Miguel, que passa na zona azul?, dizia o malandro com o zóio esbugalhado, no delírio de pensar a muamba chegando, - Que massa véio, 'magina se vêm daquelas? e emocionados da possibilidade, Delito exclama: - Corre que lá chegam nossas felicidades!, dando mais um rápido peguinha na bagana e voando com o bagulho ainda na mão. Defronte ao estabelecimento mesmo, salvo as honrarias da malandragem, voraz abre o embrulho e dá aquela cafungada: - Que barato lôco grande irmão! - Podes crer carinha, a viagem foi longa mas valeu... - Pelo cheiro subo até nas paredes! - Deixe-me ir. Aquele beijo pra Constanza, e marquemos logo de nos encontrar no Club3000!, despedindo-se rápido com abraços os amigos. De volta da função, Delito já seco de tanto bater fliperama larga mão e beija Miguel, seu companheiro, até na boca de tanta felicidade, mas ao desembrulhar a muamba: - Mas que pepito! Que merreca é essa? - Tava osso véio, então sobrou só isso... Moral da história: o que é muito para um, pode não ser para o outro.