OBSERVATÓRIO DE MULHERES ASSASSINADAS 8
Comunicado Quando se comemoram 9 anos de passagem a natureza pública do crime de violencia doméstica em Portugal, (Maio -Maio 9) a UMAR divulga os dados finais do Observatdrio de Mulheres Assassinadas relativos a 8, assim como os casos de homicídio já recolhidos para 9. Simultaneamente, entregará no Ministério da Administração Interna (MAI), um dossier com toda a informação recolhida relativa aos 6 casos de homicídio de 8, as tentativas de homicídio relativas a igual período, bem como a análise comparativa dos dados do OMA registados entre e 8. Lisboa, 7 de Maio de 9 Contactos: Elisabete Brasil 96977; Artemisa Coimbra 9675; Maria José Magalhães 968597.
A UMAR - União de Mulheres Altemativa e Resposta, Organização Não Governamental de Mulheres saúda a análise individualizada que o Relatório Anual de Segurança Interna, tornado há dias público pelo MAI, optou por fazer. No entanto, em nosso entender, idêntico tratamento deveria ter tido o homicídio perpetrado contra mulheres por maridos, companheiros e namorados, ou seja, os concretizados no âmbito da conjugalidade e situações afins. Isto é, estes crimes deveriam ter sido devidamente identificados e sublinhados, o que não é feito em parte alguma do relatório que agora se analisa. Pior que isso, apenas se apresentam dados referentes às mulheres que viriam a morrer em consequência das agressões, infligidas no âmbito da violência doméstica e que totalizam casos. O observatório da UMAR contabilizou o ano passado (8), 6 casos de homicídio de mulheres em que, na grande maioria dos casos (8%), o homicida era o outro membro ou ex membro do casal, quer o relacionamento fosse o de casamento, situação de união de facto ou mero namoro. Este número assustador e trágico deveria ter sido individualizado e especificamente tratado no relatório. Integrar estes homicídios de contornos únicos no universo de todos os outros homicídios cometidos, leva à incompreensão deste especialíssimo fenómeno
criminal que deve ser estudado, analisado e publicitado no sentido de ser invertido drasticamente, consubstanciando a sua quantificação e publicitação um alerta social enviado pelos poderes públicos à sociedade que somos e que deve conhecer-se numa das suas mais profundas patologias. Propõe-se por isso, que futuros relatórios optem por uma diferenciada metodologia relativamente ao tratamento a dar aos homicídios cometidos no âmbito a que atrás se aludiu. A UMAR junta neste acto, em anexo à presente exposição, um dossier que integra uma súmula dos 6 casos que a Imprensa relatou. O número aqui constante peca por defeito, porque apenas se contabilizaram os casos que vieram a público através da comunicação social. A Direcção da UMAR Lisboa, 7 de Maio de 9.
8 A UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta vem divulgar os dados referentes ao Observatório de Mulheres Assassinadas de 8 e a comparação com os anos anteriores, desde. Durante o ano de 8, morreram 6 mulheres, vítimas de violência de género. 6% destes homicídios ocorreram em relações de intimidade, tendo sido essas mulheres assassinadas às mãos de maridos, companheiros e namorados. Em 8% dos casos essa relação estava quebrada, tendo sido estas mulheres mortas por ex-maridos, ex-companheiros e ex-namorados. O fim da relação nao impediu que os agressores tivessem continuado a perseguir a vítima até à morte. Para alguns homens, «se não és minha, não és de ninguém» é levado literalmente. Para além das 6 mulheres assassinadas, foram igualmente vítimas de homicídio 5 pessoas (vítimas associadas), incluindo filhos, pais, outros familiares e conhecidos das vítimas e, que ficou ferida.
A dureza destes números ultrapassa os de, ano em que foram registados pelo OMA (Observatório de Mulheres Assassinadas) homicídios. Existe, portanto, uma regressão preocupante neste campo. Consciente de que, infelizmente, estes números pecam por defeito, uma vez mais a UMAR vem afirmar como a violência doméstica é letal, não apenas para as mulheres, mas também para as suas crianças, família alargada, conhecidos, vizinhos, no fundo, para a sociedade em geral. Sao números brutais que nos obrigam não só a prestar atenção redobrada ao problema social da violência doméstica contra as mulheres como também nos obrigam a repensar o papel de cidadãos e cidadãs interventores e interventoras, esclarecidos e esclarecidas, formadores e formadoras, denunciadores e denunciadoras deste flagelo que grassa na nossa sociedade. Todos e todas, repetimos, todos e todas temos a obrigação de desconstruir estereótipos enquistados e de actuar, investindo, antes de mais, na prevenção destas situações, alicerçando, por conseguinte, a formação de crianças e jovens nos valores da igualdade e do respeito. Relativamente à idade das vítimas, registamos que, no que se refere aos homicídios, o maior número, %, se concentra nas idades entre os e os 5 anos, seguida da idade entre os 6 e os 5 anos, com idade superior a 5 anos e com idade entre os 8 e os anos. Este factor é preocupante, porque, se tivermos em conta os dados dos anos anteriores, registamos que as vítimas sao cada vez mais jovens, o mesmo se passando com os agressores. Previa-se que as gerações mais jovens invertessem esta curva no sentido descendente, todavia os números aí estão a provar o contrário. Mulheres na maturidade dos seus percursos, brutalmente arrancadas à vida por alguém que levou as ameaças até ao fim, sem que nada nem ninguém o impedisse.
No que respeita a tentativas de homicídio, mulheres foram vítimas desta forma de violência, interligando-se a estas mais 7 por agressões / violência continuada e pessoas como vítimas associadas. Nas tentativas de homicídio / agressões / violência continuada, mantêm-se as faixas etárias dos 6 aos 5 anos e superior a 5, quer no que respeita às vítimas quer aos agressores. Sao relatados casos de mulheres vítimas de maus tratos há dácadas. A partir dos dados que obtivemos, podemos afirmar a não identificação de um perfil de agressor, já que os agressores se distribuem por diversas faixas etárias, diferentes classes sociais, distintas habilitações, são urbanos e rurais, de diferentes culturas e etnias. No que se refere aos distritos onde ocorreram os homicídios, observa-se o seguinte: DISTRITOS AÇORES AVEIRO BEJA BRAGA BRAGANÇA CAST.BRANCO COIMBRA ÉVORA FARO GUARDA LEIRIA LISBOA MADEIRA PORTALEGRE PORTO SANTARÉM SETÚBAL V. CASTELO VILA REAL VISEU TOTAL HOMICÍDIOS 6 9 7 6 Foram Lisboa (9), Porto (7), Açores (6), Setúbal () Viseu () e Coimbra () os distritos onde ocorreram mais homicídios. Equacionando relativamente ao número da população de cada distrito, verificamos que os do Porto e Açores apresentam uma realidade deveras preocupante. No que se refere à distribuição pelos meses do ano, e tendo em conta os homicídios de Janeiro de a de Dezembro de 8, podemos observar que, em 8, o mês mais fatídico foi Julho, com mortes, vítimas directas e vítima associada, seguido de perto por Abril, com 7, e Maio com 5; em 7 foram Maio e Setembro, com mortes; no ano de 6, foram Maio e Setembro com 7 mortes, seguido de perto por Agosto com 5 mulheres assassinadas; em 5, foram Abril e Julho que registaram o maior número de homicídios: 5 mortes; e em foi Agosto que registou 8 homicídios.
Homicídios [Janeiro Fevereiro Marco Abril Maio Junho Julho kgosto Setembro Outubro Novembro pezembro MORTES! 8 HOMICIDI OS A : >8/ MES Mortes5 5 5 Mortes6 7 5 7 5 Mortes7 Mortes8 7 5 6 Totais/mês 6 5 7 77 Segundo indicam os dados, os meses de Setembro, Maio, Abril, Agosto e Julho, são sangrentos para as mulheres em consequência deste tipo de violência. Considerando que ele ainda peca por defeito, mais aterrador é o número total de mulheres assassinadas em Portugal entre Janeiro de e de Dezembro de 8: 77!
A violência doméstica e CRIME. O combate a este flagelo é tarefa de todas/os. NÃO FIQUE INDIFERENTE! A SOLUÇÃO PASSA POR SI!
A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA TAMBÉM MATA HOMICÍDIOS - 9 TIPOLOGIA VÍTIMAS DIRECTAS VÍTIMAS ASSOCIADAS TOTAL Marido / Companheiro/ Namorado / Relação de intimidade 8 9 Ex-marido / Ex-companheiro / Ex-namorado / Ex-amante Descendentes directos Outros familiares Não especificado TOTAL