APLICAÇÃO DE LUZ UV SOLAR ASSOCIADA COM PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO NO TRATAMENTO DA VINHAÇA

Documentos relacionados
APLICAÇÃO DE LUZ UV SOLAR ASSOCIADA COM PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO NO TRATAMENTO DA VINHAÇA

Categoria Trabalho Acadêmico\Resumo Expandido. REMOÇÃO DA DQO DA VINHAÇA UTILIZANDO H 2 O 2 /UV EM DIFERENTES VALORES DE ph

Titulo do Trabalho APLICAÇÃO DO COAGULANTE TANINO NO TRATAMENTO DA VINHAÇA EM ph NEUTRO

DEGRADAÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA DA VINHAÇA UTILIZANDO H 2 O 2 /UV. Vitor Amigo Vive 1. Maria Cristina Rizk 2

TRATAMENTO DA VINHAÇA: EFEITOS NA REDUÇÃO DA POLUIÇÃO DAS ÁGUAS. Vitor Amigo Vive 1, Maria Cristina Rizk 2

APLICAÇÃO DO COAGULANTE QUITOSANA NO TRATAMENTO DE CHORUME

POAs Processos Oxidativos Avançados

RESÍDUOS SÓLIDOS REMOÇÃO DE COR DE LIXIVIADO DE ATERRO SANITÁRIO ATRAVÉS DO PROCESSO UV/H 2 O 2.

PROCESSOS OXIDATIVOS AVANÇADOS

TRATAMENTO DO EFLUENTE DA PRODUÇÃO DO ETANOL VIA PROCESSO DE OXIDAÇÃO AVANÇADA

Sistemas Homogêneos de Processos Oxidativos Avançados

ASSOCIAÇÃO DE TÉCNICAS DE OXIDAÇÃO AVANÇADA VISANDO A DEGRADAÇÃO DE FENÓIS E ABATIMENTO DE DQO EM EFLUENTES INDUSTRIAIS

TRATAMENTO DO EFLUENTE GERADO NA PRODUÇÃO DE BIODIESEL UTILIZANDO OS PROCESSOS OXIDATIVOS AVANÇADOS FOTO- FENTON- EM LUZ ARTIFICIAL

II-292 DEGRADAÇÃO DO CORANTE TÊXTIL LUMACRON SE UTILIZANDO H 2 O 2 /UV

UTILIZAÇÃO DA REAÇÃO FOTO-FENTON PARA REMEDIAÇÃO DE EFLUENTE FENÓLICO EM REATOR PARABÓLICO

TRATAMENTO DE EFLUENTE HOSPITALAR POR MÉTODOS OXIDATIVOS AVANÇADOS

II-142 DEGRADAÇÃO FOTOCATALÍTICA DE CORANTES SINTÉTICOS: ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DE PARÂMETROS OPERACIONAIS

APLICAÇÃO DA FOTOCATÁLISE HETEROGÊNEA NO TRATAMENTO DE EFLUENTES DE LAVAGEM DO BIODIESEL RESUMO

REMOÇÃO DE COR E MATÉRIA ORGÂNICA DE LIXIVIADO DE ATERRO SANITÁRIO POR MEIO DE TRATAMENTO COM O 3, O 3 /TiO 2 e O 3 /ZnO

TRATAMENTO DO LIVIVIADO DO ATERRO SANITÁRIO DE MARINGÁ-PR POR PROCESSOS

APLICAÇÃO DA FOTOCATÁLISE HETEROGÊNEA NA DEGRADAÇÃO DE FÁRMACOS

XX Encontro Anual de Iniciação Científica EAIC X Encontro de Pesquisa - EPUEPG

Título do Trabalho ESTUDO DA APLICAÇÃO DE PROCESSOS POAS COMBINADOS COMO PRÉ- TRATAMENTO NA DEGRADAÇÃO DE CHORUME

Remediação de solos in situ usando POA: ensaios preliminares de tratabilidade

II DESCOLORIZAÇÃO DE EFLUENTE DE INDÚSTRIA TÊXTIL UTILIZANDO COAGULANTE NATURAL (MORINGA OLEIFERA E QUITOSANA)

CONFECÇÃO DO CATALISADOR DE TiO 2 SUPORTADO EM BASTÃO DE VIDRO

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DO PROCESSO DE FOTO-FENTON NA DEGRADAÇAO DE EFLUENTE TÊXTIL

ANÁLISE DA UTILIZAÇÃO DO COAGULANTE TANINO NA REMOÇÃO DA COR, TURBIDEZ e DQO DO EFLUENTE TEXTIL DE UMA LAVANDERIA INDUSTRIAL.

ANÁLISE DOS PROCESSOS FENTON E FOTO-FENTON NO TRATAMENTO DO EFLUENTE DO ATERRO SANITÁRIO DE CACHOEIRA PAULISTA EM RELAÇÃO AO TOC E DQO

ANÁLISE DA UTILIZAÇÃO DO COAGULANTE POLICLORETO DE ALUMÍNIO (PAC) NA REMOÇÃO DA COR, TURBIDEZ E DQO DE EFLUENTE DE LAVANDERIA TEXTIL.

Construção de reatores de fotodegradação em batelada para atividades práticas envolvendo Química e Matemática

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CARLA CRISTINA ALMEIDA LOURES

UTILIZAÇÃO DA CAFEÍNA COMO INDICADOR DE CONTAMINAÇÃO POR ESGOTO DOMESTICO NO AÇUDE BODOCONGÓ EM CAMPINA GRANDE PB

REMOÇÃO DE DQO DA VINHAÇA UTILIZANDO PROCESSO OXIDATIVO AVANÇADO E RADIAÇÃO UV SOLAR

Fe 3+ (aq) + H 2 O + hv Fe 2+ (aq) HO H + Reação 2

VI-024 ESTUDO DA AÇÃO DO FENTON NO TRATAMENTO DE RESÍDUOS CONTENDO FORMOL

APLICAÇÃO DA FOTOCATÁLISE SOLAR HETEROGÊNEA EM EFLUENTE ORIUNDO DE INDÚSTRIAS TÊXTEIS

APLICAÇÃO DO PROCESSO OXIDATIVO AVANÇADO ELETROQUÍMICO PARA OXIDAÇÃO E DEGRADAÇÃO DE CORANTES PRESENTES EM EFLUENTE TÊXTIL SIMULADO

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA CONCENTRAÇÃO DE TiO 2 NA FOTODEGRADAÇÃO DE SOLUÇÃO DE LIGNINA

MONITORAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO RIO BENFICA COM VISTAS À SUA PRESERVAÇÃO

4 Materiais e métodos

UTILIZAÇÃO DE PROCESSOS OXIDATIVOS AVANÇADOS (POAs) NO TRATAMENTO DE LÍQUIDOS PERCOLADOS PROVENIENTES DO ATERRO SANITÁRIO DE UBERLÂNDIA-MG/BRASIL

INFLUÊNCIA DO ph NO TRATAMENTO DE LIXIVIADO DE ATERRO SANITÁRIO POR PROCESSO DE STRIPPING DE AMÔNIA.

Processos Oxidativos Avançados (POA s)

POA (Processos Oxidativos Avançados)

MF-431.R-1 - MÉTODO TURBIDIMÉTRICO PARA DETERMINAÇÃO DE SULFATO

AVALIAÇÃO DE REATOR FOTO-FENTON UTILIZADO NA DEGRADAÇÃO DE POLUENTES

II-194 APLICAÇÃO DE PROCESSO OXIDATIVO AVANÇADO (H2O2/UV) NO EFLUENTE DA ETE JESUS NETO (SABESP) PARA FINS DE REUSO

22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental II-323 REMOÇÃO DE COR E DUREZA DE EFLUENTE TÊXTIL ATRAVÉS DO PROCESSO FENTON

MF-420.R-3 - MÉTODO DE DETERMINAÇÃO DE AMÔNIA (MÉTODO DO INDOFENOL).

4. Resultados e Discussão

METODOLOGIA EXPERIMENTAL

TÍTULO: DEGRADAÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA DO CHORUME DO ATERRO MUNICIPAL DE CONTAGEM ATRAVÉS DO PROCESSO OXIDATIVO AVANÇADO UTILIZANDO REAGENTE DE FENTON

Processos Oxidativos Avançados

1. INTRODUÇÃO. (2 Professor do curso de Engenharia Química- Centro Universitário de Patos de Minas

Avaliação do Potencial e da Capacidade de Desnitrificação em Sistema Pós-D de Tratamento de Esgoto

III ESTUDO DO STRIPPING DE AMÔNIA EM LÍQUIDO PERCOLADO

ESTUDO DO DESEMPENHO DO ROTATING BIOLOGICAL CONTACT (RBC) NA REMOÇÃO DE CARGA ORGÂNICA DE EFLUENTES LÍQUIDOS HOSPITALARES

II ESTUDO DA BIOREMOÇÃO DO ÍON CIANETO PELA MACRÓFITA EICHHORNIA CRASSIPES

destilador solar Fig. 2: Foto destilador solar

II-311 DESTRUIÇÃO DE AZO-CORANTES COMERCIAIS EM EFLUENTES TÊXTEIS POR PROCESSO FOTOCATALÍTICO

Tratamento de Efluentes da Indústria de Processamento de Alimentos Via Processo Foto-Fenton Artificial

II-069 TRATAMENTO DAS ÁGUAS ÁCIDAS DE REFINARIA DE PETRÓLEO PELOS PROCESSOS FENTON E FOTO-FENTON COMBINADOS

AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DA CODISPOSIÇÃO DE LODO SÉPTICO EM LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO NO TRATAMENTO DE LIXIVIADO DE ATERROS SANITÁRIOS

PREPARO DE GOETHITAS DOPADAS COM TITÂNIO PARA REMOÇÃO DE RODAMINA B DO MEIO AQUOSO

Tratamento de efluentes têxteis por fotocatálise heterogênea

TRATAMENTO DE LIXIVIADO DE ATERROS SANITÁRIOS URBANOS UTILIZANDO OS PROCESSOS OXIDATIVOS AVANÇADOS COMBINADOS A COAGULAÇÃO/FLOCULAÇÃO

Degradação de fenol em águas por processo oxidativo avançado utilizando ferro metálico e peróxido de hidrogênio

PROCESSOS OXIDATIVOS AVANÇADOS

Oxidativa avançada do azo corante Acid Red 66 usando processos Fenton (H 2 O 2 /Fe 2+ ) e Foto-Fenton (UV/H 2 O 2 /Fe 2+ )

DESENVOLVIMENTO DE PROCESSOS FÍSICO-QUÍMICOS PARA AUMENTAR A EFICIÊNCIA DA COMBUSTÃO DA VINHAÇA, UTILIZANDO RESÍDUOS DO SETOR SUCROENERGÉTICO.

Degradação do corante azul de metileno pelo processo de fotólise em um reator tubular de fluxo contínuo utilizando radiação artificial

TRATAMENTO DE EFLUENTES INDUSTRIAIS CONTENDO METAIS PESADOS

UTILIZAÇÃO DE ENZIMAS NA DEGRADAÇÃO AERÓBIA DE DESPEJO DE ABATEDOURO DE AVES

EFICIÊNCIA NA ADERÊNCIA DOS ORGANISMOS DECOMPOSITORES, EMPREGANDO-SE DIFERENTES MEIOS SUPORTES PLÁSTICOS PARA REMOÇÃO DOS POLUENTES

Lactuca sativa BIOINDICADORA NA EFICIÊNCIA DO PROCESSO FENTON EM AMOSTRAS CONTENDO BENZENO

Poluição Ambiental Matéria Orgânica e Carga Poluidora. Prof. Dr. Antonio Donizetti G. de Souza UNIFAL-MG Campus Poços de Caldas

FÓRUM DE MEIO AMBIENTE CRQ IV SP Tecnologias de Tratamento de Áreas Contaminadas Remediação Ambiental In situ

DEGRADAÇÃO DE POLUENTES USANDO O PROCESSO FENTON E ENRGIA SOLAR EM UM REATOR TUBULAR

ESTIMATIVA E QUANTIFICAÇÃO DE MATÉRIA ORGÂNICA EM ÁGUAS - UMA AVALIAÇÃO METODOLÓGICA E PROPOSIÇÃO DE MUDANÇAS

MF-439.R-1 - MÉTODO PARA DETERMINAÇÃO DA DEMANDA BIOQUÍMICA DE OXIGÊNIO DBO.

7 Resultados e discussão

Palavras chave: Efluente industrial, Azul de metileno, POA, Foto-fenton.

TRATAMENTO DE ÁGUAS CONTAMINADAS

Recuperação de fósforo de efluentes através da precipitação de estruvita MAP

ESTUDO COMPARATIVO DA REDUÇÃO DE COREM LIXIVIADO DE ATERRO SANITÁRIO UTILIZANDO PROCESSOS DE FOTOCATÁLISE SOLAR

ESTUDOS DA ÁGUA PRODUZIDA ATRAVÉS DOS PARAMETROS TOG, CONDUTIVIDADE, PH, TURBIDEZ E SALINIDADE

Poluição Ambiental Matéria Orgânica e Carga Poluidora. Prof. Dr. Antonio Donizetti G. de Souza UNIFAL-MG Campus Poços de Caldas

Determinação do índice de qualidade da água em trechos do Ribeirão São Bartolomeu, município de Viçosa - MG.

REMOÇÃO DE ÁCIDOS HÚMICOS NA ETAPA DE PRÉ-OXIDAÇÃO DO TRATAMENTO DE ÁGUA PARA O CONSUMO HUMANO COM O USO DOS PROCESSOS FENTON E FOTO-FENTON

DISPOSIÇÃO DE CHORUME DE ATERRO SANITÁRIO EM SOLO AGRÍCOLA

TÍTULO: VERIFICAÇÃO DA EFICIÊNCIA DO TRATAMENTO BIOLÓGICO DE EFLUENTE INDUSTRIAL, UTILIZANDO COMO BIOINDICADOR A PLANÁRIA DUGESIA TIGRINA.

Ciências do Ambiente

II OZONIZAÇÃO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS DOMICILIARES APÓS TRATAMENTO ANAERÓBIO - ESTUDO PRELIMINAR

II-140 ESTUDO CINÉTICO DE DEGRADAÇÃO FOTOCATALÍTICA DO ALARANJADO DE METILA, EM UM REATOR TANQUE BATELADA, USANDO LÂMPADAS GERMICIDAS.

DEGRADAÇÃO FOTOCALÍTICA DE BENTAZONA COM TiO 2

CARACTERIZAÇÃO QUALITATIVA DO ESGOTO

TÍTULO: APLICAÇÃO DE PROCESSO FENTON ASSOCIADO A FILTRAÇÃO EM AREIA NO TRATAMENTO DE EFLUENTE DE INDÚSTRIA ACABADORA DE COURO

COD AND COLOR REDUCTIONS OF LANDFILL LEACHATE BY (UV/H 2 O 2 ) AIMING THE PROTECTION OF WATER RESOURCES

[REVISTA BRASILEIRA DE AGROTECNOLOGIA] ISSN Palavras chave: Processos Oxidativos Avançados, Resíduo Industrial, Foto-Fenton

Transcrição:

APLICAÇÃO DE LUZ UV SOLAR ASSOCIADA COM PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO NO TRATAMENTO DA VINHAÇA Lays Harumi Morimoto 1 Pedro Miguel Alves Almeida 2 Maria Cristina Rizk 3 RESUMO: A vinhaça, resíduo líquido gerado na destilação de etanol, apresenta elevadas concentrações de poluentes. Se disposta inadequadamente, pode contaminar o solo e os recursos hídricos superficiais e subterrâneos. Nesse sentido, o presente trabalho teve como objetivo estudar o tratamento da vinhaça por H 2 O 2 /UV solar, em ph 5,0. Para isso, foi usado um reator composto por vidros curvos de borossilicato e mangueiras de silicone, no qual a vinhaça ficou em circulação, mantendo-se exposta à radiação UV solar. Houve a variação da concentração de H 2 O 2 e do tempo de exposição à radiação UV. Cada ensaio teve duração de 180 minutos, nos quais as amostras eram retiradas a cada 30 minutos. Os principais resultados obtidos para remoção de cor, turbidez e DQO foram de 41,72; 51,08 e 36,19%, após 120, 180 e 180 minutos de exposição à UV solar, respectivamente, nas concentrações de 27,02; 16,37 e 5,51g.L -1 de H 2 O 2. Palavras-chave: Poluição ambiental. Efluente industrial. Processo oxidativo avançado. 1 Graduando em Engenharia Ambiental, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho campus de Presidente Prudente. lays.morimoto@hotmail.com 2 Graduando em Engenharia Ambiental, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho campus de Presidente Prudente. pedro.miguel.aa@hotmail.com 3 Engenheira Química, Professora Assistente Doutora, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho campus de Presidente Prudente. crisrizk@fct.unesp.br

1 INTRODUÇÃO Com o aumento da produção de etanol, cresce também a produção de vinhaça, cujo poder poluente é cerca de cem vezes maior que o do esgoto doméstico e decorre da sua riqueza em matéria orgânica, baixo ph, elevada corrosividade e altos índices de demanda bioquímica de oxigênio (DBO), além de elevada temperatura na saída dos destiladores. A vinhaça é considerada altamente nociva à fauna, flora, microfauna e microflora das águas doces, além de afugentar a fauna marinha que vem às costas brasileiras para procriação (SILVA et al., 2006). Os processos oxidativos avançados (POA) se caracterizam por transformar a grande maioria dos contaminantes orgânicos em dióxido de carbono, água e ânions inorgânicos, através de reações de degradação que envolvem espécies transitórias oxidantes, principalmente radicais hidroxilas ( OH), que têm potencial de oxidação de 2,8 V (TEIXEIRA e JARDIM, 2004). Os radicais hidroxilas podem ser gerados por meio de reações envolvendo oxidantes fortes, como ozônio e peróxido de hidrogênio (H 2 O 2 ); semicondutores, como dióxido de titânio (TiO 2 ) e óxido de zinco (ZnO); e radiação ultravioleta (UV). Os POA têm tido excelência na degradação da maioria dos compostos orgânicos presentes em efluentes poluídos. Uma das razões para o uso dos POA é devido à incapacidade dos processos biológicos em tratar efluentes altamente contaminados e tóxicos, considerando que nessas condições os microrganismos degradantes não sobrevivem. Sendo assim, os processos fotoquímicos de oxidação avançada, incluindo fotólise e fotocatálise, são atraentes tecnologias de remediação ambiental e estão ganhando cada vez mais importância para a degradação de poluentes orgânicos (MONTASER et al., 2000). A radiação UV, tanto solar como artificial, atua na quebra da molécula de peróxido de hidrogênio. Segundo Huang et al. (1993), o mecanismo mais comumente aceito para a fotólise de H 2 O 2 por UV é a quebra da molécula em radicais hidroxila com um rendimento de dois radicais hidroxilas ( OH) para cada molécula de H 2 O 2. hv H 2 O2 2 OH (1) 2 OH H O (2) 2 2

A utilização da radiação UV solar desperta interesse devido a sua abundância e gratuidade como fonte energética, considerando que o consumo energético representa uma parcela significativa nos custos de um tratamento. O presente trabalho teve como objetivo investigar o processo oxidativo avançado que combina peróxido de hidrogênio e irradiação ultravioleta solar (H 2 O 2 /UV solar) no tratamento da vinhaça. 2. DESENVOLVIMENTO A seguir, estão apresentadas a metodologia, os resultados obtidos e a discussão desta pesquisa. 2.1 METODOLOGIA A vinhaça foi coletada numa usina de açúcar e álcool, armazenada em galões de 5 litros e conservada a temperatura abaixo de 10ºC até o seu uso. O tratamento da vinhaça consistiu na passagem do efluente, em fluxo contínuo com vazão de 25 ml.min -1, num reator formado por 6 tubos de vidro borossilicato curvos conectados por mangueiras de silicone, de modo que o efluente ficasse exposto à radiação UV e a mistura com H 2 O 2 (Fotografia 1). Antes do início dos experimentos, o ph da vinhaça foi ajustado para 5,0. O ajuste de ph foi feito com solução de hidróxido de sódio 0,5 M. Nos ensaios, foram testadas 6 concentrações distintas de peróxido de hidrogênio, variando-se o tempo de exposição à radiação UV em até 180 minutos. As concentrações de H 2 O 2 e o tempo de exposição à luz UV estudados foram baseados nos trabalhos de Shu et al. (2006) e Vive et al. (2012). Assim, as concentrações de peróxido de hidrogênio testadas foram de 2,76; 5,51; 10,97; 16,37; 21,72 e 27,02 g.l -1 e os tempos de exposição à radiação UV solar foram de 30, 60, 90, 120, 150 e 180 minutos.

Fotografia 1 Reator utilizado nas análises As variáveis resposta do estudo foram: cor aparente, turbidez e demanda química de oxigênio (DQO), uma vez que estão relacionadas a capacidade de degradação do efluente. O ph foi determinado no phmetro HANNA modelo HI 221. A determinação de cor aparente foi feita num espectrofotômetro, marca HACH modelo DR3900, no comprimento de onda de 120 nm, calibrado com padrões de platina/cobalto (método 8025 manual HACH). Para a determinação da turbidez, foi utilizado um espectrofotômetro HANNA modelo HI 88703, que realiza a leitura direta da turdidez, com os resultados expressos em NTU (Unidade Nefelométrica de Turbidez). A DQO foi determinada utilizando a metodologia do Standard Methods (APHA, 1998). O método baseia-se na oxidação da matéria orgânica por 2 horas de aquecimento em presença de meio ácido (H 2 SO 4 ) e dicromato de potássio (K 2 Cr 2 O 7 ). A leitura espectrofotométrica foi feita num espectrofotômetro HACH modelo DR3900, no comprimento de onda de 620 nm. Os parâmetros cor aparente, turbidez e DQO foram determinados antes do início dos experimentos e a cada 30 minutos de exposição à radiação UV para cada uma das concentrações de peróxido de hidrogênio testadas. Estes parâmetros foram lidos em duplicata e seus resultados apresentados em termos dos valores médios. Além disso, foram feitas réplica de todos os ensaios (variação de concentração de H 2 O 2 e tempo de exposição a radiação UV).

2.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados da caracterização da vinhaça estão apresentados na Tabela 1. Tabela 1 Caracterização do efluente bruto Parâmetros Efluente Bruto Cor Aparente (mg PtCo.L -1 ) 30.200 DQO (mg O 2.L -1 ) 18.900 ph 4,30 Turbidez (NTU) 2.520 Com os dados obtidos pela análise físico-química foi possível confirmar o elevado nível de DQO da vinhaça, além dos altos teores de cor e de turbidez, que estão associados principalmente aos sólidos suspensos e aos compostos melanoidinas, respectivamente (GONZÁLEZ et al., 2012), o que confirma o potencial poluente do efluente. Os gráficos 1, 2, 3, 4, 5 e 6 apresentam as remoções dos parâmetros resposta obtidas nos ensaios realizados. Gráfico 1 Remoção de cor nas diferentes concentrações de H 2 O 2 e tempo de exposição à radiação UV testados

Gráfico 2 Réplica da remoção de cor nas diferentes concentrações de H 2 O 2 e tempo de exposição à radiação UV testados Conforme pode ser visto na figura 2, os maiores valores de remoção de cor foram de cerca de 40; 37 e 36% nas concentrações de 21,72; 10,96 e 16,37 g.l -1 de H 2 O 2, respectivamente. A figura 3, réplica, mostra que os maiores valores de remoção de cor encontrados foram de 42; 41 e 39% nas concentrações 27,02; 16,37 e 21,72 g.l -1 de H 2 O 2. As melhores remoções de cor ocorreram aos 180 minutos de análise, exceto na concentração 21,72 g.l -1 do ensaio 1, cuja remoção de 40% aconteceu com 150 minutos de exposição ao UV, porém, essa taxa se manteve praticamente constante até o final do período de exposição à luz UV. Assim, pode-se dizer que as melhores remoções de cor obtidas pelas análises ocorreram nas concentrações mais elevadas de peróxido de hidrogênio, nos tempos máximos de exposição à luz UV e foram em torno de 40%.

Gráfico 3 Remoção de turbidez nas diferentes concentrações de H 2 O 2 e tempo de exposição à radiação UV testados Gráfico 4 Réplica da remoção de turbidez nas diferentes concentrações de H 2 O 2 e tempo de exposição à radiação UV testados De acordo com a figura 4, as maiores remoções de turbidez nas análises foram de 47; 47 e 46% para as concentrações 27,02; 21,72 e 16,37 g.l -1 de peróxido de hidrogênio, valores alcançados sempre aos 180 minutos de exposição à UV. Nas réplicas (figura 5), os maiores resultados obtidos foram 51; 49 e 49% de remoção para as concentrações de 16,37; 21,72 e 27,02 g.l -1 H 2 O 2. Também foram necessários 180 minutos de exposição à UV para que as concentrações de 16,36 e 27,02 g.l -1 de H 2 O 2 atingissem suas melhores taxas de remoção. Na concentração 21,72 g.l -1 de H 2 O 2 o máximo de remoção ocorreu

após 150 minutos de análise, permanecendo praticamente constante até o final do experimento. Assim, as maiores remoções de turbidez ocorreram também nas concentrações mais elevadas de peróxido de hidrogênio, nos tempos máximos de exposição à luz UV e foram em torno de 50%. Gráfico 5 Remoção de DQO nas diferentes concentrações de H 2 O 2 e tempo de exposição à radiação UV testados Gráfico 6 Réplica da remoção de DQO nas diferentes concentrações de H 2 O 2 e tempo de exposição à radiação UV testados A remoção de DQO (figuras 6 e 7) não alcançou valores altos, provavelmente devido à interferência dos sólidos em suspensão da amostra, que impediu a infiltração de

radiação UV na vinhaça e prejudicou a fotólise do peróxido de hidrogênio, resultando em valores baixos de degradação da matéria orgânica. É possível que os valores flutuantes das leituras de DQO tenham ocorrido devido à presença de íons cloreto, que são oxidados juntamente com a matéria orgânica durante o teste da DQO e alteram seus valores de leitura. Assim, pode-se dizer que em função de não ter havido um tratamento prévio da vinhaça para retirar os sólidos em suspensão, que interferem na absorção de radiação UV pelo efluente, houve uma remoção satisfatória dos parâmetros estudados. O parâmetro resposta que obteve maior taxa de remoção foi a turbidez, seguido pela cor aparente, essas taxas de remoção provavelmente estão relacionadas aos sólidos em suspensão que decantaram e aos compostos que foram degradados durante a análise. Acredita-se que o design do reator e o tempo total de análise também tenham favorecido a remoção de turbidez e cor. 3. CONCLUSÃO A literatura e os resultados do presente estudo comprovaram o caráter poluente da vinhaça, evidenciando a necessidade de um tratamento adequado para este resíduo, principalmente antes de seu despejo em corpos d água. Os valores de remoção alcançados foram significativos, sendo que as maiores remoções de DQO ocorreram nas menores concentrações de peróxido de hidrogênio e as maiores remoções de cor aparente e turbidez aconteceram nas maiores concentrações de peróxido de hidrogênio. Na análise dos parâmetros estudados, verificou-se também que os melhores resultados ocorreram nos maiores tempos de exposição à radiação UV. Assim, a utilização de radiação UV solar, como fonte energética para desencadear os processos químicos, torna este tratamento economicamente atraente, considerando que o gasto de energia representa custos para um tratamento.

REFERÊNCIAS APHA American Public Health Association. Standard methods for the examination of water and wastewater. Washington D.C., 20th ed, 1998. GONZÁLEZ, V. R.; MAYER, J. G.; SEIJAS, N. R.; VARALDO, H. M. P. Treatment of mezcal vinasses: A review. Biotechnology, v. 157, p. 524 546, 2012. HUANG, C. P.; DONG, C.; TANG, Z. Advanced chemical oxidation: its present role and potential future in hazardous waste treatment. Waste Management, London, v. 13, p. 361-377, 1993. MONTASER Y.; GHALY, G. H.; ROLAND, M.; ROLAND H. Photochemical oxidation of p-chlorophenol by UV/H 2 O 2 and photo-fenton process. A comparative study. Waste Management, London, v. 21, p. 41-47, 2000. SHU, H. Y.; CHANG, M. C.; HSIEH, W. P. Remedy of dye manufacturing process effluent by UV/H 2 O 2 process. Hazardous Materials, v. 128, p. 60 66, 2006. SILVA, M. A. S.; GRIEBELER, N. P.; BORGES, L. C.; Uso de vinhaça e impactos nas propriedades do solo e lençol freático. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, PB, v.11, n.1, p.108 114, 2007. TEIXEIRA C. P. A. B. E JARDIM, W. F. Processos Oxidativos Avançados: conceitos teóricos. Campinas: LQA/IQ/UNICAMP, v. 3, p. 83, 2004. VIVE, V. A.; RIZK, M. C.; ORTOLAN, A. V. S. Remoção da DQO da vinhaça utilizando H2O2/UV em diferentes valores de ph. Fórum Ambiental da Alta Paulista, v. 8, n. 12, p. 292-296, 2012.