CARACTERIZAÇÃO MINERALÓGICA, ESTUDO DO POTENCIAL ZETA E FLOTABILIDADE DA APATITA E CALCITA*

Documentos relacionados
CARACTERIZAÇÃO E ESTUDO DO POTENCIAL ZETA DE HEMATITAS ORIGINÁRIAS DO Quadrilátero FERRÍFERO E CARAJÁS

Análise estatística da microflotação de minerais em tubo de Hallimond

Tecnicas analiticas para Joias

Rem: Revista Escola de Minas ISSN: Escola de Minas Brasil

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NA OBTENÇÃO DE HIDROXIAPATITA PARA FINS BIOMÉDICOS

INFLUÊNCIA DO TEMPO DE SAPONIFICAÇÃO DE ÓLEOS AMAZÔNICOS NA FLOTABILIDADE DA APATITA

Difração de raios X. Ciência dos Materiais

Síntese e Caracterização dos Compósitos de Fosfato Dicálcio Anidro/Óxido de Silício e avaliação da estabilidade química

4 Materiais e métodos

Título do projeto: Linha de Pesquisa: Justificativa/motivação para realização do projeto: Objetivos:

CARACTERIZAÇÃO DE PÓ DE BALÃO PARA APLICAÇÃO EM MASSA CERÂMICA PARA FABRICAÇÃO DE BLOCOS DE VEDAÇÃO*

Tratamento de Minérios

Física VIII Ondas eletromagnéticas e Física Moderna

DEPRESSORES PARA CALCITA NA MICROFLOTAÇÃO DE APATITA

O espectro eletromagnético

Fluorescent lamps phosphors characterization through X-Ray Fluorescence spectroscopy

Espectrofotometria UV-Vis. Química Analítica V Mestranda: Joseane Maria de Almeida Prof. Dr. Júlio César José da Silva

5 Resultados e discussão

Revisão sobre Rochas e Minerais

Caracterização de matérias-primas cerâmicas

Introdução [1] MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA

2 Composição mineralógica, estrutura morfológica e características químicas

3 Materiais e métodos

TÉCNICAS ANALÍTICAS NO ESTUDO DE MATERIAIS. INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS UFRGS Prof. Vitor Paulo Pereira

Título do Projeto: Linhas de Pesquisa: Justificativa/motivação para realização do projeto: Objetivos:

CARACTERIZAÇÃO DOS ARGILOMINERAIS DOS ARENITOS DA FORMAÇÃO FURNAS, REGIÃO DE CAMPO NOVO-PR

5 Metodologia experimental

Analise de Joias e Metais por Raios X

01 - SÍNTESE DE HIDROXIAPATITA PELO MÉTODO SOL- GEL UTILIZANDO EM DIFERENTES MEIOS

Luiz Antônio M. N. BRANCO - FEA/FUMEC- Brasil. Antônio Neves de CARVALHO JÚNIOR - EE/UFMG - Brasil. Antônio Gilberto COSTA - IGC/UFMG - Brasil

CARACTERIZAÇÃO TECNOLÓGICA DE UM PROTOMINÉRIO DE MANGANÊS DA REGIÃO DE CORRENTINA NA BAHIA

CARACTERIZAÇÃO DO RESÍDUO DA INDÚSTRIA DE PAPEL E CELULOSE VISANDO A UTILIZAÇÃO NA FABRICAÇÃO DE ESCÓRIAS*

Física dos Materiais (FMT0502)

FLOTAÇÃO DE MINÉRIO DE FERRO COM OLEATO DE SÓDIO E SILICATO DE SÓDIO IRON ORE FLOTATION WITH SODIUM OLEATE AND SODIUM SILICATE

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Palavras-chave: Análise Qualitativa; mineralogia, Gibbsita, Quartzo. Área do Conhecimento: Ciências Ambientais

Lembrando: Portanto diminuindo d ficaria mais difícil resolver as duas fontes.

1º ETAPA PROVA DE MÚLTIPLA ESCOLHA (ELIMINATÓRIA)

CONCURSO PÚBLICO EDITAL Nº 03 / 2014

Métodos Experimentais em Física dos Materiais FMT2501

ANDRÉ LUIZ PINTO CBPF

Técnicas de Caracterização de Materiais

DESENVOLVIMENTO DE NOVOS MATERIAIS CERÂMICOS A PARTIR DE RESÍDUOS DE LAPIDÁRIOS

CARACTERIZAÇÃO MICROESTRUTURAL DE ESCÓRIA GRANULADA DE ACIARIA PARA FABRICAÇÃO DE PEÇAS DE CERÂMICA VERMELHA*

4 METODOLOGIA EXPERIMENTAL

Engenheira Geóloga/UFOP, Dra., Geóloga, Planejamento de lavra/curto Prazo, Vale.

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

O uso de Lama Vermelha ativada a diferentes temperaturas como meio adsorvedor de baixo custo para corante reativo

N-SARCOSINA COMO COLETOR EM MINÉRIOS FOSFÁTICOS COM GANGA DE CARBONATOS

TEMPERATURE EFFECTS ON CRYSTALLINE STRUCTURE AND WETTABILITY OF TiOx FILMS DEPOSITED BY TRIODE MAGNETRON SPUTTERING ON GLASS

QUI346 ESPECTROMETRIA ATÔMICA

CARACTERIZAÇÃO MINERALÓGICA DE AMOSTRAS DO REJEITO DA ANTIGA MINERAÇÃO DE CHUMBO EM BOQUIRA, BAHIA

5. CARACTERIZAÇÃO POR MICROSCOPIA ELETRONICA DE TRANSMISSÃO E VARREDURA.

TÉCNICAS LABORATORIAIS EM QUÍMICA E BIOQUÍMICA Espetrofotometria de absorção atómica

QUI346 ESPECTROMETRIA ATÔMICA

INFLUÊNCIA DO MÉTODO DE SAPONIFICAÇÃO DE ÓLEO VEGETAL AMAZÔNICO NA FLOTABILIDADE DA APATITA

Universidade Federal do Rio Grande do Sul Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e Materiais

Eletroflotação de finos de cassiterita e quartzo utilizando a cepa Rhodococcus opacus como biorreagente.

RELATÓRIO N DE ANÁLISE POR MICROSCOPIA. Foram recebidos 02 (dois) recipientes de material particulado, ambos identificados

Escola SENAI Mario Amato Faculdade SENAI de Tecnologia Ambiental

4 MATERIAIS E MÉTODOS

Fonte de plasma - DCP

OTIMIZAÇÃO DA RELAÇÃO TEOR/RECUPERAÇÃO DE UMA CÉLULA DE FLOTAÇÃO PNEUMÁTICA

Compreendendo a Terra

interação feixe de elétrons-amostra [3] Propriedades do elétron:

4 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Quantização da Carga, Luz e Energia

GEOLOGIA. Professor: Adilson Soares Site:

Processos de Concentração de Apatita Proveniente do Minério Fósforo- Uranífero de Itataia

SÍNTESE DE BETA FOSFATO TRICÁLCICO, POR REAÇÃO DE ESTADO SÓLIDO, PARA USO BIOMÉDICO

CORRELAÇÃO ENTRE TIPOS TEXTURAIS, MORFOLOGIA DE PARTÍCULAS, POTENCIAL ZETA E FLOTABILIDADE DA HEMATITA

Carlos Alberto Castañeda Olivera. Bioflotação da hematita usando a bactéria Rhodococcus erythropolis. Dissertação de Mestrado

Métodos Instrumentais de Análise

Estudo fundamental e tecnológico do Tratamento de rejeitos de Flotação e de barragem de minério de ferro

Difracçãoderaios-X XRD, PXRD

Microscopia de transmissão de elétrons - TEM TEM. NP de Magnetita. Microscópio de Alta-resolução - HRTEM. Nanocristais Ni 03/04/2014

APLICAÇÃO DA FRAÇÃO FINA DE RESÍDUOS DE CONCRETO COMO FILLER AO CIMENTO

Antonio Gutiérrez Merma. Aspectos Fundamentais da Bioflotação do Sistema Apatita Quartzo usando a bactéria Rhodococcus opacus como Biorreagente

SÍNTESE E CARCATERIZAÇÃO DE BETA FOSFATO TRICÁLCICO OBTIDO POR MISTURA A SECO EM MOINHO DE ALTA ENERGIA

ESTUDOS PRELIMINARES DA APLICAÇÃO DE RESÍDUO DE MINÉRIO DE COBRE SULFETADO NA ELABORAÇÃO DE ARGAMASSAS DE ASSENTAMENTO E REVESTIMENTO

ELUCIDAÇÃO DA AÇÃO DO SILICATO DE SÓDIO COMO DEPRESSOR NA FLOTAÇÃO DE CALCITA E QUARTZO

PRODUÇÃO DE COAGULANTE FÉRRICO A PARTIR DE REJEITOS DA MINERAÇÃO DE CARVÃO. 21/08 24/08 de 2011.

2ª SÉRIE roteiro 1 SOLUÇÕES

PÓ DE ACIARIA MODIFICADO UTILIZADO EM PROCESSO DE DESCONTAMINAÇÃO AMBIENTAL

PROCESSO SELETIVO DE MESTRADO PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS 27/06/2019 ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: TRATAMENTO DE MINÉRIOS CHAVE DE RESPOSTAS

Agronomia Química Analítica Prof. Dr. Gustavo Rocha de Castro. As medidas baseadas na luz (radiação eletromagnética) são muito empregadas

OBTENÇÃO DE ÁCIDO FOSFÓRICO DE ALTA PUREZA A PARTIR DE CALCINADO DE OSSOS BOVINOS

ESTUDO DE DEPRESSORES DE TALCO NA FLOTAÇÃO DE UM MINÉRIO DE NÍQUEL

CARACTERIZAÇÃO DE ESCÓRIA DE ALTO FORNO PARA FABRICAÇÃO DE TELHAS*

VARIAÇÃO DO POTENCIAL ZETA DE ANFIBÓLIOS NA PRESENÇA E AUSÊNCIA DE ÁCIDO OXÁLICO

Introdução aos métodos instrumentais

ATENÇÃO: O DESENVOLVIMENTO TEÓRICO DAS QUESTÕES É OBRIGATÓRIO

A mineralogical study of industrial Portland clinker produced with non-traditional raw-materials (carbonatite) and fuels (coal, pet coke, waste tires)

CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA, GRANULOMÉTRICA E MINERALÓGICA DO REJEITO PROVENIENTE DO BENEFICIAMENTO DE MOSCOVITA

Avaliação da Reatividade do Carvão Vegetal, Carvão Mineral Nacional e Mistura Visando a Injeção em Altos- Fornos

4 Materiais e Métodos

CARACTERIZAÇÃO E BENEFICIAMENTO DE BAUXITA: ESTUDO DO CASO DA BAUXITA NODULAR DO NORDESTE DO PARÁ

5 Caracterizações Física, Química e Mineralógica.

5 Resultados e Discussão

Transcrição:

CARACTERIZAÇÃO MINERALÓGICA, ESTUDO DO POTENCIAL ZETA E FLOTABILIDADE DA APATITA E CALCITA* Isabel de Sousa Batista Carvalho 1 Matheus Ruas Bezerra 2 Andréia Bicalho Henriques 3 Paulo Roberto Gomes Brandão 4 Resumo Minerais fosfáticos variam muito na sua composição, e esses diferentes minérios requerem incontáveis técnicas de mineração. Neste trabalho, o objetivo é estudar a composição de um minério fosfático e suas características eletrocinéticas, por meio de amostras de apatita e calcita. A partir das técnicas de difração e fluorescência de raios X e espectrometria no infravermelho, foi possível realizar a caracterização mineralógica das amostras, permitindo identificar as fases de apatita e calcita, e identificar os elementos presentes em cada amostra.dados morfológicos e imagens foram obtidos a partir da técnica de microscopia eletrônica de varredura e microanálises químicas. As medidas do potencial zeta foram realizadas utilizando o nitrato de potássio como eletrólito indiferente e os pontos isoelétricosencontrados foram: ph7 para a apatita; e ph 6 para a calcita. Nas faixas de concentração do coletor estudadas, a apatita apresentou flotabilidademaior que 90% para concentração do coletor igual a 10,0mg/L, principalmente ph 9, e a calcita apresentou melhor flotabilidadenessa mesma concentração de coletor, entretanto não houve um ph que se destacasse igual no caso da apatita. Palavras-chave:Apatita;Calcita; Minério fosfático MINERALOGICAL CHARACTERIZATION, STUDY OF THE POTENTIAL ZETA AND FLOTABILITY OF APATITE AND CALCITE Abstract Phosphate minerals vary a lot in composition, and these different ores require countless mining techniques. In this work, the objective is to study the composition of a phosphate ore and its electrokinetic characteristics, through samples of apatite and calcite. From the techniques of X-ray diffraction and fluorescence, and infrared spectrometry, it was possible to perform the mineralogical characterization of the samples, allowing the identification of the apatite and calcite phases, and identify the elements present in each sample. Morphological data and images were obtained from the scanning electron microscopy technique and chemical microanalysis. The zeta potential measurements were performed using the potassium nitrate the electrolyte indifferent and the isoelectric points found were: ph 7 for apatite; and ph 6 for calcite. In the concentration bands studied, apatite presented flotabilitybigger than 90% for collector concentration equal to 10,0mg/L, mainly ph 9, and calcite also presented better flotabilityin the same collector concentration, however there wasn t ph that stood out like in the case of apatite. Keywords: Apatite; Calcite; Phosphorus ore 1 2 Mestranda em Tecnologia Mineral, estudante, Departamento de Engenharia de Minas,Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais e Brasil. Graduando em Engenharia de Minas, estudante,departamento de Engenharia de Minas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais e Brasil.

3 4 Doutorado em Tecnologia Mineral, professora, Departamento de Engenharia de Minas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais e Brasil PHD em Tecnologia Mineral-Canada, professor emérito, Departamento de Engenharia de Minas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais e Brasil.

1 INTRODUÇÃO A mineração de fosfato envolve a extração de minérios ricos em substâncias com íon fosfato. Muitos processos químicos diferentes usam fosfatos, e sua mineração proporciona uma das mais importantes fontes de fósforo para uso na síntese de fertilizantes químicos. Fertilizantes químicos são produzidos em grande escala, e são importantes para o sucesso da agricultura em muitos países, como é o caso do Brasil. A apatita é um mineral do grupo dos fosfatos, que possui três variantes: hidroxiapatita, fluorapatita, e clorapatita, assim designados por causa de altas concentrações de íons Hidróxido(OH - ), Fluoreto(F - ), e Cloreto(Cl - ), respectivamente, em sua estrutura cristalina. É um dos poucos minerais a serem produzidos e utilizados por sistemas biológicos, seu cristal possui dureza semelhante à do vidro e sua fórmula geral é Ca 3 (PO 4 ) 2 (OH, F, Cl). A calcita é um mineral com composição química CaCO 3, com clivagem perfeita e romboédrica. O emprego mais importante da calcita é na fabricação de cimentos e cal para argamassa. Também é usado como corretor de ph em solos ácidos. Neste trabalho, foram feitos estudos com três amostras minerais, sendo duas de apatita e uma de calcita, com a finalidade de caracterizá-las e de estudar sobre suas propriedades eletrocinéticas e flotabilidade. Para isso, as amostras foram submetidas aos testes de difração e fluorescência de raios X, espectrometria no infravermelho, microscopia eletrônica de varredura, microanálise química. Além disso, foi medido o potencial zeta, utilizando a técnica de eletroforese e nitrato de potássio como eletrólito indiferente, e foram realizados testes de microflotação usando oleato de sódio como coletor em algumas concentrações e variando o ph. 2 DESENVOLVIMENTO Foram estudadas, neste trabalho, trêsamostras, sendo duas de apatita, coletada de região de pegmatito em Minas Gerais e outra de Tapira-MG, e uma amostra de calcita, de região de pegmatito em Minas Gerais. Todas as amostras foram submetidas a análises por difratometria de raios X, identificação de elementos por espectrometria de fluorescência de raios X e espectroscopia no infravermelho e microscopia eletrônica de varredura. A partir disso, foram escolhidas as amostras de apatita e calcita provenientes de regiões de pegmatito em Minas Gerais que foram submetidos aos testes de potencial zeta e microflotação. 2.1 Caracterização mineralógica A análise por difração de raios X (DRX) permite a identificação mineral através da caracterização de sua estrutura cristalina. É usadapara determinar a estrutura atômica e molecularde um cristal, na qual os átomos cristalinos fazem com que um feixe de raios X incidentes difrate em muitas direções específicas, produzindo um gráfico, o difratograma. Cada estrutura cristalina produz um padrão de difração característico e para interpretar os resultados, recorre-se a um banco de dados. A difratometria de raios X foi realizada em um difratômetro de raios-x para amostras em pó, marca Philips-PANalytical sistema Empyrean, com os detectores tipo proporcional de Xe selado e de estado sólido X Celerator. Tubo de cobre (Z=29): λ Kα médio = 1,54184Å--λ Kα1 = 1,54056Å. As condições instrumentais foram:

varredura de 3 a 90º em 2Ө, 40kV, 40mA, passo de 0,06 (2Ө) e tempo por passo de 3segundos. A partir dos difratogramas obtidos, foi possível identificar somente a fase apatita nas amostras das duas apatitas e, já na amostra calcita, apenas a fase calcita. Figura 1.Difratogramada amostra de calcita. Figura 2.Difratograma da amostra de apatita de Tapira-MG.

Figura 3.Difratograma da amostra de apatita. A fluorescência de raios X (FRX) é uma técnica analítica capaz de identificar os elementos de uma dada amostra mineral. Neste método, o material a ser analisado é atingido com um feixe de raios X que interage com os átomos da amostra provocando a ionização das camadas mais internas dos átomos. As análises de fluorescência de raiosx foram realizadas no espectrômetro Philips- PANalytical PW 2400, com tubo de anodo de ródio. Essa técnica forneceu, então, os elementos químicos presentes em cada amostra, como se pode observar na Tabela (Tabela 1). Tabela 1. Resultados de fluorescência de raios-x das amostras dos minerais apatita, apatita de Tapira-MG e calcita Ocorrência Apatita Apatita Tapira-MG Calcita Alto P, O P, O C, O Médio - - Ca Baixo Ca, Si Ca, Si - Traço Fe, Mn, Cr, Ce, S, Cl, Mg, F Fe, Mn, Ce, S, Mg, Sr, Zr, Ti, Al, Na, F Fe, S, P, Si, Mg A espectroscopia no infravermelho é um tipo de espectroscopia de absorção que usa a região do infravermelho do espectro eletromagnético. Pode ser usada para identificar um composto ou investigar a composição de uma amostra e é de muita importância na análise química qualitativa. As análises foram executadas em um espectrômetro marca Bruker, modelo Alpha. É possível observar os espectros no infravermelho das amostras de apatita MG, apatita de Tapira-MG e calcita nas Figuras (Figuras 4,5 e 6). A partir dessa análise, foi visível a identificação dos harmônicos do Grupo PO 4 para o mineral apatita (vibração do PO 4 na região 1000cm -1 ), nas duas amostras de apatita, e para a amostra de calcita, observou-se

as vibrações: 870 cm -1 deformação angular fora do plano, 1400 cm -1 estiramento anti-simétrico, e 710cm -1 deformação angular no plano. Figura 4. Espectro no infravermelho da amostra de apatita. Figura 5. Espectro no infravermelho da amostra de apatita de Tapira-MG. Figura 6. Espectro no infravermelho da amostra de calcita.

A microscopia eletrônica de varredura (MEV) é empregada para produzir imagens de alta resolução e amplificação da superfície de uma amostra. O princípio de funcionamento do MEV consiste na emissão de feixes de elétrons por um filamento capilar de tungstênio, mediante a aplicação de uma diferença de potencial. As Figuras (Figuras 7,8 e 9) correspondem às imagens obtidas por meio do microscópio eletrônico de varredura das amostras de apatita de Tapira-MG, apatita e calcita. É possível observar, por exemplo, na amostra de calcita o comportamento romboédrico característico desse mineral. Figura 7. Imagem de elétrons retroespalhados da apatita de Tapira-MG com aumento de 6000x. Figura 8. Imagem de elétrons retroespalhados da apatita com aumento de 1200x.

Figura 9. Imagem de elétrons retroespalhados da calcita com aumento de 1500x. Paralelamente ao processo de formação de imagens, a formação de raios-x emitidos pela amostra e a sua detecção permitem a realização da microanálise elementar (EDS). Ele permite determinar quais os elementos químicos estão presentes na amostra, identificando assim, de forma simples, de qual mineral se trata. Foram realizadas microanálises nas três amostras como é possível observar nas Tabelas (Tabelas 2, 3 e 4). Tabela 2. Microanálise EDS da amostra apatita Tapira-MG em porcentagem Área Ca P Si F O Mineral 42,16 19,81 2,46 3,29 32,28 Apatita Tabela 3.Microanálise EDS da amostra apatita em porcentagem Área Ca S P Si F O Mineral 1 5,47 4,03 0,31 58,83 0,32 31,04 Quartzo 2 39,89 0,74 19,09 0,79 3,49 36 Apatita 4.2 Estudo do potencial zeta Tabela 4.Microanálise EDS da amostra calcita em porcentagem Área Ca O C Mineral 43,01 40,63 16,36 Calcita Fenômenos eletrocinéticos, que envolvem a interação entre efeitos mecânicos e elétricos como movimento na interface, têm grande aplicação em química coloidal e superficial. Os dois efeitos eletrocinéticos mais importantes nesse campo são a eletroforese e as medidas de potencial de escoamento[1]. O potencial zeta é o potencial medido com parâmetros experimentais estudados no plano de cisalhamento. Este potencial determina o comportamento das partículas, suas estabilidades na dispersão, ou suas tendências rumo à coagulação [2].

O ponto isoelétrico (PIE) é o logaritmo negativo da atividade de um dos íons determinadores de potencial para a qual a carga líquida no plano de cisalhamento se anula [3]. As medidas do potencial zeta realizadas num medidor modelo ZM3-D-G, Zeta Meter 3.0+, utilizando a técnica de eletroforese e solução eletrolítica de KNO 3 (1x10-3 M) como eletrólito indiferente.na Figura (Figura 10), é possível observar a variação do potencial zeta com o ph para as amostras calcita e apatita. A amostra de calcita apresentou valor de ph no ponto isoelétrico próximo de ph 6, e já aapatita apresentou ponto isoelétrico próximo de ph 7. 40 30 Potencial Zeta Potencial Zeta (mv) 20 10 0-10 0 2 4 6 8 10 12 14 Apatita Calcita -20-30 ph 4.3 Microflotação Figura 10.Gráfico da variação do potencial zeta com o ph das amostras. Testes de microflotação normalmente são realizados em tubo de Hallimond com adição de coletores em dosagens de preferência intermediárias [4]. Essa técnica é utilizada com o intuito de avaliar as respostas de minerais puros perante a flotação tradicional. Neste trabalho, foi avaliado apenas o oleato de sódio como coletor, e os teste foram feitos nas mesmas condições tanto para a apatita, quanto para a calcita: vazão de gás nitrogênio a 40mL/min, faixa granulométrica menor que 150µm e maior que 106µm, massa inicial de 1g, agitação magnética, tempo de condicionamento de 5 minutos e tempo de flotação de 1 minuto. AsFiguras (Figuras 11, 12, 13 e 14) apresentam curvas de flotabilidade para diferentes concentrações do coletor oleato de sódio (2,5mg/L, 5,0mg/L, 7,5mg/L, 10,0mg/L). A Apatita apresentou melhores resultados na concentração de coletor igual a 10,0mg/L em toda a faixa de ph analisada (maior que 90%). Acalcita apresentou, também, maior flotabilidade na concentração de coletor igual a 10,0mg/L em toda a faixa de ph analisada (aproximadamente maior que 50% e menor que 65%). Além disso, é possível observar que, para todas as dosagens de coletor, a apatita apresentou maior flotabilidade quando comparada a calcita.

Oleato de Sódio (2,5mg/L) 30 Flotabilidade (%) 25 20 15 10 5 0 7,5 8 8,5 9 9,5 10 10,5 ph Calcita Apatita Figura 11. Flotabilidade dos minerais apatita e calcita versus ph usando a concentração do coletor igual a 2,5mg/L. 60 Oleato de Sódio (5,0mg/L) Flotabilidade (%) 50 40 30 20 10 0 7,5 8 8,5 9 9,5 10 10,5 ph Calcita Apatita Figura 12. Flotabilidade dos minerais apatita e calcita versus ph usando a concentração do coletor igual a 5,0mg/L.

Oleato de Sódio (7,5mg/L) Flotabilidade (%) 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 7,5 8 8,5 9 9,5 10 10,5 ph Calcita Apatita Figura 13. Flotabilidade dos minerais apatita e calcita versus ph usando a concentração do coletor igual a 7,5mg/L. 120 100 Oleato de Sódio (10,0mg/L) Flotabilidade (%) 80 60 40 20 0 7,5 8 8,5 9 9,5 10 10,5 Calcita ph Apatita Figura 14. Flotabilidade dos minerais apatita e calcita versus ph usando a concentração do coletor igual a 10,0mg/L. 3 CONCLUSÃO Na amostra de apatita e apatita de Tapira-MG, identificou-se somente o mineral apatita, por meio das técnicas de DRX, FRX,infravermelho e MEV/EDS. Pelas mesmos testes, detectou-se apenas o mineral calcita, na amostra de calcita, tratando-se, assim, de três amostras minerais puras. A amostra de apatita apresentou valor do ponto isoelétrico próximo de ph 7 e a de calcita próximo de ph 6. Percebeu-se que, para todas as dosagens de coletor, a apatita apresentou maior flotabilidade quando comparada a calcita. A Apatita denotou melhores resultados na concentração de coletor igual a 10,0mg/L em toda a faixa de ph analisada (maior

que 90%) e a calcita apresentou, também, maior flotabilidade na concentração de coletor igual a 10,0mg/L em toda a faixa de ph analisada (entre 50% e 65%). Agradecimentos Agradeço a FAPEMIG pelo financiamento da pesquisa e ao PPGEM. REFERÊNCIAS 1 Gilmara Mendonça Lopes. Coletores potencialmente seletivos na separação de apatita, calcita e dolomita. Tese de doutorado. 2013; p.1-162. 2 Andréia Bicalho Henriques. Caracterização e estudo das propriedades eletrocinéticas dos minerais de ferro: hematita, goethita e magnetita.tese de Doutorado. 2012; p.1-233. 3 Andréia Bicalho Henriques. Caracterização e estudo do potencial zeta de hematitas originárias do quadrilátero ferrífero e Carajás. XXIV ENTMME. 2011; p.1-8. 4 Angela Nair Avelar. Caracterização dos minerais do grupo da apatita e carbonatos no minério sílico-carbonatado de Catalão, Go, e sua relevância no processo de flotação. Tese de doutorado. 2018; p.1-151.