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Transcrição:

DEONTOLOGIA (Teste de aferição de 16 de Setembro de 2009) Analise as perguntas e hipóteses e responda, depois, às questões que lhe são colocadas, justificando as respostas com recurso às normas legais e princípios deontológicos aplicáveis. Grupo I (4 valores) Escolha responder sucintamente a quatro das seguintes questões: 1. Finda uma questão que lhe foi confiada para dela tratar enquanto Advogado, qual a condição indispensável para que possa exercer o direito de retenção à garantia do pagamento dos seus honorários? (1 valor) 2. Sendo Advogado, no caso de ter pedido uma provisão, como deve proceder para não ser obrigado a dispor da parte que dela afectou a honorários? (1 valor) 3. Como justifica a proibição do pacto de quota litis? (1 valor) 4. Findo o tratamento de assunto em que fora constituído advogado por livre escolha do seu cliente, enviou-lhe a respectiva conta de honorários. Recebeu do cliente uma resposta escrita de recusa de pagamento, por não concordar com tal conta. Caso pretenda obter laudo de honorários: a) Como deve proceder? (0,5 valor) b) Quais os requisitos obrigatórios a ter em atenção na elaboração dessa conta para que o laudo seja dado? (0,5 valor) 5. Imagine que enquanto Advogado lhe é solicitado para, em substituição de outro Colega, assumir mandato forense que até então a este estava confiado e é sua intenção assumi-lo. Como procedia? Porquê? (1 valor)

6. É possível recusar liminarmente a nomeação para patrocínio de assunto ao abrigo das regras do Acesso ao Direito? Caso negativo, porquê e quais as eventuais consequências se, não obstante, recusar tal nomeação. (1 valor) Grupo II (3 valores) Escolha responder a uma das seguintes questões: 1. O Advogado Dr. XYZ, mandou publicar em vários jornais e revistas o texto abaixo reproduzido: «O conhecido Advogado Dr. XYZ proferirá no próximo dia 20 de Outubro, no Centro de Cultura Municipal uma palestra subordinada ao tema Políticas ambientais, direitos, liberdades e garantias. Com início às 18 horas, o promotor do evento, renomado especialista em Direitos Humanos, fará uma interessante comunicação sobre o tema proposto, a qual servirá de pré anúncio ao lançamento do livro de sua autoria intitulado Limitar liberdades para salvar o ambiente?. Esta palestra tem o patrocínio da O.n.g. Libertas e da empresa Chemical Brands Corporation cujos interesses em Portugal são representados pelo escritório do conferencista e autor. Entrada livre.» Comente e fundamente ( 3 valores). 2. O Dr. XYZ, entrevistado por um canal de televisão à saída de uma conferência, produziu a seguinte afirmação: «O patrocínio da Libertas e da Chemical Brands Corporation a esta conferência prova o interesse que estas minhas clientes continuam a ter no mercado nacional apesar de, como é sabido, serem alvo de uma investigação pelo Ministério Público na sequência duma denúncia infundada da CMVM (Comissão de Mercado da Valores Mobiliários). Fica demonstrado que não é com atitudes persecutórias como estas que se fomenta o investimento estrangeiro em Portugal. É chegado o momento das autoridades de mercado e judiciárias portuguesas verem neste acto uma oportunidade de repensarem os seus procedimentos e arquivarem os inquéritos pendentes. Este é o objecto do meu patrocínio.» Comente a conduta do Dr. XYZ e fundamente ( 3 valores) Grupo III (6,5 valores)

Ângela, advogada, dirigiu-se a uma Conservatória de Registo Predial para requerer o registo de aquisição de um imóvel a favor do seu cliente Belmiro. Uma vez aí chegada, recebeu um telefonema de seu marido, economista, informando-a que, naquele preciso momento, encontravam-se na residência de ambos, três agentes da Policia Judiciária, devidamente identificados e exibindo mandado de busca emitido por um Juiz. Os agentes de autoridade pretendiam realizar uma busca na residência de Ângela, concretamente, no arquivo profissional que esta tem na cave e bem assim no computador portátil que a mesma usa na sua actividade. A diligência tinha por objectivo obter documentos, nomeadamente, correspondência trocada em suporte de papel ou informático, relativamente a vários assuntos da cliente Zeferina, S.A. Colhida de surpresa, já que desconhecia em absoluto a existência de tal mandado, Ângela deu algumas instruções a seu marido e, com o objectivo de rapidamente se deslocar à sua residência para acompanhar aquela diligência, exigiu ao funcionário da Conservatória ser atendida imediatamente e com prioridade sobre os demais utentes que aí já se encontravam. Responda, fundamentando: 1. No lugar de Ângela, aquando do referido telefonema e enquanto não regressasse à sua residência, que instruções daria ao cônjuge quanto à realização da diligência de busca? (5 valores) 2. Podia Ângela ser atendida na Conservatória do Registo Predial com prioridade sobre os demais utentes que aí já se encontravam? (1,5 valor) GRUPO IV (6,5 valores) 1. A Sempre a Vender Sociedade de Mediação Imobiliária, Lda propôs-lhe, como advogado, a colaboração, em regime de contrato de trabalho ou através de um contrato de avença.

Aceitaria ou recusaria qualquer um desses contratos ou por qual optaria? Justifique. (2,5 valores) 2. Independentemente da resposta que deu à pergunta anterior, o objecto dos serviços jurídicos que lhe foi proposto pela Sempre a Vender, como seu advogado, compreendia a consulta jurídica, o mandato judicial e a elaboração de contratos, relativamente às relações jurídicas entre os trabalhadores da Sempre a Vender e esta, bem como às relações jurídicas resultantes das vendas angariadas pela Sempre a Vender para os seus clientes, nomeadamente a elaboração dos contratos promessa de compra e venda dos imóveis entre os seus clientes e os interessados na compra desses imóveis, angariados pela Sempre a Vender. Aceitaria esses serviços com esse objecto? Justifique. (4 valores)

GRELHA DE CORRECÇÃO (Teste de aferição de 16 de Setembro de 2009) GRUPO I (4 valores) 1. A condição indispensável é a prévia apresentação da conta (nota) de honorários, como decorre, expressamente, do nº3 do art. 96º do E.O.A. (1 valor) 2. Tenho que ter atenção ao que se rege no nº 3 do art.98º do E.O.A., ou seja, tenho que, aquando do pedido daquela provisão, destrinçar os valores que destinei a despesas e os que afectei a honorários, por forma a que o cliente fique perfeitamente conhecedor dos fins a que se destinam os valores que me entregou. (1 valor) 3. A ratio principal para se ter estabelecido essa proibição radica na ideia de preservar a independência do Advogado, por forma a evitar que o Advogado possa por os seus interesses pessoais acima dos do seu cliente (Art. 84º EOA), o que também lhe é vedado face ao que se preceitua na alínea d) do nº1 do art. 95º do E.O.A., ao preceituar que constitui dever do Advogado para com o seu cliente, Não celebrar, em proveito próprio, contratos sobre o objecto das questões que lhe estão confiadas. (1 valor) 4. a) Atento o que se preceitua no art. 8º do Regulamento dos Laudos de Honorários Regº 40/2005-D.R. II Série, nº98 de 20/05/2005: (0,5 valor) - Devo requere-lo fundamentadamente, e por escrito, ao Senhor Presidente do Conselho Superior da O.A.. - Instruir tal pedido com a conta que se pretende ser laudada. - Identificar-me pelo nome e domicílio profissional, procedendo de igual modo quanto ao meu cliente. - Caso possível, indicar os números de telefone, fax e endereço electrónico de todas as partes envolvidas. - Apresentar o pedido directamente no Conselho Superior ou remete-lo à sede da Ordem, do Conselho Distrital ou da Delegação.

b) A conta tem obrigatoriamente que obedecer, para além da óbvia redução a escrito, aos requisitos previstos no art. 5º do já mencionado Regulamento dos Laudos de Honorários: (0,5 valor) - Mencionar o IVA que for devido; - Ser assinada por mim ou por minha ordem e responsabilidade ou da Sociedade de Advogados que integro; - Os honorários devem ser fixados em euros, ou em moeda que lhes corresponda; - A conta deve enumerar e descriminar os serviços prestados; - Os honorários devem ser separados das despesas e encargos, sendo todos os valores especificados e datados; - A conta deve mencionar todas as provisões recebidas. 5. Face ao que se preceitua no nº 2 do art. 107º do EOA, antes de iniciar a minha actuação contactava o Colega, oralmente ou por escrito, diligenciando pela forma que se descreve na supra referida norma Estatutária. (1 valor) 6. Não, já que um dos deveres do Advogado para com a comunidade é colaborar no acesso ao direito (art. 85º nº1 f) EOA). A minha recusa era susceptível de constituir infracção disciplinar por violação do citado preceito (art. 110º do também sempre citado EOA) (1 valor). GRUPO II (3 valores) QUESTÃO 1 3 valores Estamos perante um acto ilícito de publicidade (Arts. 89º-1, a contrario, 4-als. a) e d), 2-f ) a contrario e Regulamento Geral das Especialidades (Regulamento. Nº 204/2006 de 20.10.2006), e 3-h), porquanto : -contém referências adjectivas de conhecido e renomado ; - faz alusão a uma especialidade inexistente; - divulga os nomes das suas clientes (salvo se verificados os pressupostos da al. h) do nº 3 do art.89º do EOA).

Estaríamos perante um acto lícito de publicidade se observado o disposto nas als. f), g) e h) do nº3 do art. 89º do EOA. Tal acto ilícito de publicidade constitui infracção disciplinar (art.110º do EOA). QUESTÃO 2 3 valores O comportamento do Sr. Advogado viola a regra prevista no nº 1 do art. 88º do EOA, o que constitui infracção disciplinar (art. 110º do EOA). É vedado ao advogado influir através da comunicação social, na resolução de pleitos judiciais ou outras questões pendentes. Todavia se o Sr. Advogado tivesse observado o disposto no nº 2 ou nº 6 do mencionado art. 88º, se se verificassem os respectivos pressupostos, poderia pronunciar-se. GRUPO III (6,5 valores) QUESTÃO 1 5 valores - Nos termos do artigo 70º nº 1 do EOA a busca em qualquer local onde o advogado faça arquivo só pode ser decretada e presidida por Juiz que, com a necessária antecedência, deve convocar para assistir à diligência o advogado a ela sujeito bem como um representante da Ordem dos Advogados conforme o previsto e regulado nos nºs 2 e 3 do mesmo artigo. (0, 5 valores) - Uma vez que nos termos do nº 4 do artigo 70º EOA à diligência em causa é admitida a intervenção de familiares do advogado, Ângela devia instruir o seu marido no sentido de apresentar reclamação nos termos e com a legitimidade que lhe é conferida pelo artigo 72º nº 1 do EOA (0,5 valores): - Arguindo o vício da nulidade pelo facto da diligência não ter sido presidida pelo Juiz e para a mesma não ter sido convocado qualquer representante da Ordem dos Advogados artigos 118º, nº1, 177, nº5 e 180º,nº 1 do CPP (1 valor) e ainda o vício de irregularidade pela omissão de convocação da própria advogada visada (artigo 70º nº 2 EOA e artigos 118º nº 2 e 123º do CPP) (0,5 valor)

- Invocando que a correspondência e documentação em causa não pode ser apreendida por conter informação protegida pelo segredo profissional (artigo 71º nºs 1, 2 e 3 e artigo 72º nº 2, 3 e 4 do EOA) (1 valor) - O especial regime da busca e apreensão de documentos e correspondência a que se referem os artigos 70º a 72º do EOA e artigos 177º, nº 5 e 180º, nº 1 do CPP justifica-se pelo reconhecimento do interesse público da profissão de advogado (0,75 valor), que o considera um participante na administração da justiça (artigo 208º do CRP), garantindolhe e impondo-lhe o direito/dever de guardar segredo profissional (artigo 114º nº3 alíneas a) e c) da LOFTJ, artigo 87º do EOA e pontos 1.1 e 2.3. do CDAE ) (0,75 valor) QUESTÃO 2 1,5 valores - Nos termos do artigo 74º nº 2 do EOA, os advogados, quando no exercício da sua profissão, têm preferência para ser atendidos por quaisquer funcionários a quem devam dirigir-se (0,50 valor) - A prerrogativa contida no artigo 74º, nº2 do EOA não constitui um privilégio do advogado mas antes uma emanação do interesse público da profissão e não pode ser usada quando colida com direitos ou interesses prevalecentes ou de maior força, legalmente protegidos. Ângela, ao exercer tal direito de preferência poderia violar a regra da prioridade dos registos prediais em função da data da sua apresentação e, eventualmente, obter uma vantagem ilegítima para o seu cliente ( (1 valor) GRUPO IV QUESTÃO 1 2,5 valores - Optaria pelo contrato de avença, que é um contrato de prestação de serviços e a forma mais vulgar de ajuste prévio de honorários (1 valor). -Com efeito, a Sempre a Vender é uma sociedade de mediação imobiliária, como resulta da sua denominação social, constituindo a actividade de mediação imobiliária

incompatibilidade com o exercício da advocacia (art. 77º-1, al. p) do EOA), já que pode afectar a isenção, a independência e a dignidade da profissão (art. 76º-2 do EOA) (0,5 valor). Tal incompatibilidade verifica-se qualquer que seja o título, designação, natureza e espécie de provimento ou contratação (art. 77º-2 do EOA) (0,5 valor). Assim, não poderia aceitar o contrato de trabalho, mas já poderia aceitar o contrato de avença, que, como contrato de prestação de serviços, está excluído da incompatibilidade, por força da excepção prevista na al. d) do nº 2 do mencionado art. 77º do EOA (0,5 valor). QUESTÃO 2 4 valores - Não poderia aceitar todos os serviços propostos, pelo que recusaria os relativos às relações jurídicas resultantes das vendas angariadas pela Sempre a Vender para os seus clientes, nomeadamente a elaboração dos contratos promessa de compra e venda dos imóveis entre os seus clientes e os interessados na compra desses imóveis, angariados pela Sempre a Vender (1,5 valor). - Com efeito, a consulta jurídica, o mandato judicial e a elaboração de contratos são actos próprios do advogado (Arts. 62º-1, als. a) e b), do EOA e arts. 1º, nºs-5, als. a) e b) e 6, al. a), da Lei nº 49/2004, de 24 de Agosto) (0,5 valor) - Tais actos apenas podem ser praticados por Advogado, Advogado Estagiário da 2ª fase, com respeito das limitações do processo (arts. 61º-1 e 189º do EOA), por escritórios ou gabinetes compostos exclusivamente por advogados, ou por solicitadores ou por advogados e solicitadores, ou ainda por sociedades de advogados e sociedades de solicitadores (art. 203º do EOA e art. 6º-1 da Lei nº 49/2004, de 24 de Agosto) (0,5 valor). - A cliente do advogado é a Sempre a Vender, que é uma sociedade de mediação imobiliária, pelo que poderia tratar dos serviços relativos às relações jurídicas entre os trabalhadores da Sempre a Vender e esta, mas já não poderia tratar para a Sempre a Vender dos serviços relativos às relações jurídicas entre os clientes da Sempre a

Vender e os interessados na aquisição dos imóveis daqueles (art. Arts. 6º-1 e 1º, nº 7 da Lei nº 49/2004, de 24 de Agosto), incorrendo se o fizesse em responsabilidade disciplinar (art. 110º do EOA) e ainda responsabilidade criminal (art. 7º da mencionada Lei nº 49/2004) (1,5 valor).