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1. Trata-se de denúncia oferecida pelo MPF contra (evento 1):

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Transcrição:

Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 13ª Vara Federal de Curitiba Av. Anita Garibaldi, 888, 2º andar Bairro: Cabral CEP: 80540 400 Fone: (41)3210 1681 www.jfpr.jus.br Email: prctb13dir@jfpr.jus.br AÇÃO PENAL Nº 5054932 88.2016.4.04.7000/PR AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL RÉU: ROGERIO SANTOS DE ARAUJO RÉU: JOAO VACCARI NETO RÉU: ANTONIO PALOCCI FILHO RÉU: MARCELO BAHIA ODEBRECHT RÉU: EDUARDO COSTA VAZ MUSA RÉU: MONICA REGINA CUNHA MOURA RÉU: HILBERTO MASCARENHAS ALVES DA SILVA FILHO RÉU: RENATO DE SOUZA DUQUE RÉU: JOAO CERQUEIRA DE SANTANA FILHO RÉU: LUIZ EDUARDO DA ROCHA SOARES RÉU: BRANISLAV KONTIC RÉU: MARCELO RODRIGUES RÉU: FERNANDO MIGLIACCIO DA SILVA RÉU: OLIVIO RODRIGUES JUNIOR RÉU: JOAO CARLOS DE MEDEIROS FERRAZ DESPACHO/DECISÃO Decido sobre as respostas preliminares apresentadas. A presente fase processual não permite cognição profunda sobre fatos e provas, bem como sobre questões de direito envolvidas, sendo impertinente um exame aprofundado. Relativamente à adequação formal da peça inicial e a presença de justa causa, entende este Juízo que foram examinadas quando do recebimento da denúncia (evento 3). Transcrevo, por oportuno, o que consignei naquela ocasião: "1. Trata se de denúncia oferecida pelo MPF contra (evento 1): 1) Antônio Palocci Filho; https://eproc.jfpr.jus.br/eprocv2/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=701481033592473920058746534822&evento=7014810335924739200 1/16

2) Brasnilav Kontic; 2) Eduardo Costa Vaz Musa; 3) Fernando Migliaccio da Silva; 4) Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho; 5) João Carlos de Medeiros Ferraz; 6) João Cerqueira de Santana Filho; 7) João Vaccari Neto; 8) Luiz Eduardo da Rocha Soares; 9) Marcelo Bahia Odebrecht; 10) Marcelo Rodrigues; 11) Monica Regina Cunha Moura; 12) Olívio Rodrigues Júnior; 13) Renato de Souza Duque; e 14) Rogério Santos de Araújo. A denúncia tem por base o inquérito 5054008 14.2015.4.04.7000 e processos conexos, especialmente o processo de busca e apreensão 5043559 60.2016.4.04.7000. A denúncia é extensa, sendo oportuna síntese. 2. Tramitam por este Juízo diversos inquéritos, ações penais e processos incidentes relacionados à assim denominada Operação Lavajato. A investigação, com origem nos inquéritos 2009.7000003250 0 e 2006.7000018662 8, iniciou se com a apuração de crime de lavagem consumado em Londrina/PR, sujeito, portanto, à jurisdição desta Vara, tendo o fato originado a ação penal 5047229 77.2014.404.7000. Em grande síntese, na evolução das apurações, foram colhidas provas, em cognição sumária, de um grande esquema criminoso de corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da empresa Petróleo Brasileiro S/A Petrobras cujo acionista majoritário e controlador é a União Federal. Empresas fornecedoras da Petrobrás pagariam sistematicamente propinas a dirigentes da empresa estatal, também em bases percentuais sobre os grandes contratos e seus aditivos. A prática, de tão comum e sistematizada, foi descrita por alguns dos envolvidos como constituindo a "regra do jogo". https://eproc.jfpr.jus.br/eprocv2/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=701481033592473920058746534822&evento=7014810335924739200 2/16

Receberiam propinas dirigentes da Diretoria de Abastecimento, da Diretoria de Engenharia ou Serviços e da Diretoria Internacional, especialmente Paulo Roberto Costa, Renato de Souza Duque, Pedro José Barusco Filho, Nestor Cuñat Cerveró e Jorge Luiz Zelada. Surgiram, porém, elementos probatórios de que o caso transcende a corrupção e lavagem decorrente de agentes da Petrobrás, servindo o esquema criminoso para também corromper agentes políticos e financiar, com recursos provenientes do crime, partidos políticos. Entre dirigentes das empreiteiras e dirigentes da empesa estatal atuariam intermediadores, encarregados do pagamento da propina. Entre as ações pertinentes à Operação Lavajato, encontra se a ação penal 5036528 23.2015.4.04.7000. Nela foram condenados, por sentença de primeira instância, por crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e associação criminosa, os dirigentes do Grupo Odebrecht Alexandrino de Salles Ramos de Alencar, Cesar Ramos Rocha, Márcio Faria da Silva, Rogério Santos de Araújo e Marcelo Bahia Odebrecht, e, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Paulo Roberto Costa, Pedro José Barusco Filho, Renato de Souza Duque e Alberto Youssef. Provado, nos termos da sentença, o pagamento de propina de R$ 108.809.565,00 e USD 35 milhões pelo Grupo Odebrecht à Diretoria de Abastecimento e à Diretoria de Engenharia e Serviços da Petrobrás. Na evolução das investigações acerca do Grupo Odebrecht, surgiram provas, segundo a denúncia, da existência na empresa de um setor específico destinado à realização de pagamentos subreptícios e que, em seu âmbito, era denominado de Setor de Operações Estruturadas. Executivos do Grupo Odebrecht, inclusive seu Presidente Marcelo Bahia Odebrecht, recorriam a esse setor quando necessária a realização de algum pagamento subreptício. Pagamentos eram efetuados através de contas secretas mantidas no exterior, caso da propina paga aos dirigentes da Petrobrás, e através de entregas de dinheiro em espécie no Brasil. Esse Setor teria, por exemplo, se encarregado do pagamento dos agentes da Petrobrás e que foi objeto da referida ação penal 5036528 23.2015.4.04.7000. Entretanto, os pagamentos do Setor de Operações Estruturadas transcendiam os efetuados no âmbito dos contratos com a Petrobrás. Dirigiam esse setor os executivos Fernando Migliaccio da Silva, Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho e Luiz Eduardo da Rocha Soares. Olívio Rodrigues Júnior e Marcelo Rodrigues realizavam, por sua vez, operações financeiras subreptícias, inclusice com contas no exterior, para o Setor de Operações Estruturadas. As investigações do Setor de Operações Estruradas, que foram conduzidas principalmente nos processos 5010479 08.2016.4.04.7000 e 5003682 16.2016.4.04.7000, já deram origem a uma ação penal, de n.º 5019727 95.2016.4.04.7000, que tem por objeto pagamentos subreptícios realizados pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht a Mônica Regina Cunha Moura e a João Cerqueira de Santana Filho, identificados pelo codinome "Feira" nos controles da empresa, em contraprestação a serviços que ambos teriam prestado nos processos https://eproc.jfpr.jus.br/eprocv2/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=701481033592473920058746534822&evento=7014810335924739200 3/16

eleitorais no Brasil para o Partido dos Trabalhadores. Os fatos, na ação penal 5019727 95.2016.4.04.7000, foram enquadrados como constituindo crimes de lavagem de dinheiro. Segundo a denúncia, Antônio Palocci Filho, na condição de deputado federal, Ministro Chefe da Casa Civil ou membro do Conselho de Administração da Petrobrás, teria solicitado e recebido para si e para outrem vantagem indevida do Grupo Odebrecht para interferir em seu benefício em diversos assuntos da Administração Pública Federal, entre eles em contratos e licitações da Petrobrás. Os pagamentos teriam sido efetuados pelo Setor de Operações Estruturadas das Odebrecht, no qual Antônio Palocci Filho era identificado como "Italiano". Tais pagamentos estariam retratados em planilha apreendida no Grupo Odebrecht de título "Posição Programa Especial Italiano" Assim, Antônio Palocci Filho era, segundo a denúncia, o responsável pelo "caixa geral" de acertos de propinas entre o Grupo Odebrecht e agentes do Partido dos Trabalhadores. Antônio Palocci Filho teria contado nessa atividade com o auxílo de Branislav Kontic, seu assessor de confiança. João Cerqueira de Santana Filho e Mônica Regina Cunha Moura, que prestavam serviços de publicidade eleitoral em diversas campanhas do Partido dos Trabalhadores, teriam recebido, conscientemente e sob a supervisão de Antônio Palocci Filho, parte dos pagamentos das propinas a título de remuneração dos aludidos serviços. Embora a planilha que retrata esse "caixa geral" de propinas aponte o pagamento de cerca de cento e vinte e oito milhões de reais entre 2008 a 2013, a denúncia apresentada tem por objeto específico o pagamento de propinas de USD 10.219.691,08 em favor dos publicitários, mediante depósitos subreptícios no exterior, no período de 19/07/2011 a 18/07/2012 (fls. 101 102 da denúncia), e sob a supervisão de Antônio Palocci Filho. O repasse subreptício, com utilização pelo Grupo Odebrecht e pelos dois publicitários de contas secretas no exterior caracterizaria, segundo a denúncia, não só crime de corrupção, mas igualmente de lavagem de dinheiro. Tais pagamentos encontrariam correspondência em lançamento na planilha que retrataria o "caixa geral" da propina a título de "Feira (pgto fora=us10mm)", sendo "Feira" o codinome atribuído pelo Grupo Odebrecht ao casal de publicitários. Ainda segundo a denúncia, parte das propinas pagas estaria relacionada com a interferência de Antônio Palocci Filho em favor do Grupo Odebrecht na contratação pela Petrobrás de vinte e oito sondas de perfuração marítima para exploração de petróleo na área do pré sal. No âmbito desta contratação, a Petrobrás teria autorizado, em 10/09/2009, a contratação da construção de sete das sondas no Brasil mediante licitação. Teriam concorrido o Estaleiro Atlântico Sul, Alusa/Galvão, Keppel Fels, Jurong, Estaleiro Enseada do Paraguaçu, EISA Alagoas e Andrade Gutierrez. As propostas foram abertas em 25/11/2010. O menor preço oferecido foi pelo Estaleiro Atlântico Sul, de USD 662.428.590,00. O Grupo Odebrecht, que participava através do Estaleiro Enseada do Paraguaçu, não logrou se vencedor. https://eproc.jfpr.jus.br/eprocv2/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=701481033592473920058746534822&evento=7014810335924739200 4/16

Segundo a denúncia, baseada nas mensagens eletrônicas apreendidas e relativas ao período de 29/01/2011 a 23/02/2011 (fls. 59 63 da denúncia), o Grupo Odebrecht, liderado por Marcelo Bahia Odebrecht, teria então oferecido vantagens indevidas "para assegurar que fosse lançado um novo edital de licitação nos moldes em que pretendido pelo Grupo Odebrecht, de forma que os interesses do Grupo Odebrecht na contratação de sondas fossem plenamente atendidos". A nova licitação seria relativa às sondas ainda não licitadas. Em especial, segundo a denúncia, propugnava o Grupo Odebrecht que o valor apresentado pelo Estaleiro Atlântico Sul não fosse utilizado como parâmetro para as próximas contratações de sondas, o que inviabilizaria a margem de lucro esperada pelo Grupo Odebrecht, que pretendia oferecer preço superior a setecentos milhões de dólares por sonda. Ainda segundo a denúncia, baseada nas mensagens eletrônicas apreendidas e relativas ao período de 29 a 30/04/2011 (fls. 67 69 da denúncia), era do interesse do Grupo Odebrecht que as demais sondas fossem contratadas pelo modelo de afretamento e não de construção, o que lhe daria vantagem competitiva por excluir, como parâmetro de comparação, o preço oferecido pelo Estaleiro Atlântico Sul e por favorecer os estaleiros locais em detrimento dos internacionais. Também segundo as mensagens, "Italiano", ou seja, Antônio Palocci Filho, seria provocado para interceder em favor do modelo de contratação pretendido pelo Grupo Odebrecht. Também segundo a denúncia, constatadas mensagens e anotações eletrônicas indicando que o acusado Antônio Palocci Filho efetivamente intercedeu em favor do Grupo Odebrecht, quando ocupava a posição de Ministro Chefe da Casa Civil (fls. 70 72 da denúncia). Logo após, em 02/06/20111, a Diretoria Executiva da Petrobrás efetivamente aprovou a abertura de licitação para afretamento das sondas que deveriam ser construídas no Brasil, o que atendia o solicitado pelo Grupo Odebrecht. Parte das propinas identificadas na referida planilha teria sido paga em decorrência dessa interferência de Antônio Palocci Filho em favor do Grupo Odebrecht junto à Petrobrás. Ainda segundo a denúncia, também teria havido o pagamento de propinas, em circunstâncias semelhantes, pelo Grupo Odebrecht em contratos celebrados com a empresa SeteBrasil para fornecimento de sondas para utilização pela Petrobrás na exploração do petróleo na camada de pré sal. O acusado Pedro José Barusco Filho revelou que o esquema criminoso da Petrobrás, de pagamento sistemático de propinas, reproduziu se na empresa SeteBrasil para a qual foi indicado como Diretor de Operações, a fim de conduzir o projeto de construção de sondas de perfuração de águas profundas para exploração do petróleo na área do pré sal. A SeteBrasil foi constituída com diversos investidores, entre eles a Petrobrás e com recursos provenientes de fundos de pensão da Petros, Previ e Funcef, Valia. Também tem por sócios empresas privadas e instuições financeiras, como os bancos Santander, Bradesco e o BTG Pactual. Segundo Pedro Barusco, a Petrobas lançou a referida licitação, em cujo formato teria Antônio Palocci Filho influenciado, para o afretamento de vinte e uma sondas para exploração do pré sal no Brasil. A SeteBrasil ganhou a licitação e negociou vinte e um contratos de afretamento dessas sondas com vários estaleiros, sendo seis sondas negociadas com o Estaleiro Enseada do Paraguaçu, do qual fazia parte o Grupo Odebrecht, pelo valor de R$ https://eproc.jfpr.jus.br/eprocv2/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=701481033592473920058746534822&evento=7014810335924739200 5/16

28.065.162.950,77. Foi acertado o pagamento de propina sobre esses contratos. A propina foi fixada em em 0,9% sobre o valor dos contratos e dividida 1/3 para o Diretor de Engenharia e Serviços da Petrobrás Renato de Souza Duque, 1/3 para os acusados Pedro José Barusco Filho, Eduardo Costa Vaz Musa e João Carlos de Medeiros Ferraz, estes agora como dirigentes da própria empresa SeteBrasil, e 2/3 para o Partido dos Trabalhadores, com arrecadação por João Vaccari Neto. Estima a denúncia em R$ 252.586.466,55 a propina que teria sido paga em decorrência dos contratos celebrados com o Estaleiro Enseada do Paraguaçu. Essa a síntese da denúncia. Não cabe nessa fase processual exame aprofundado da denúncia, o que deve ser reservado ao julgamento, após contraditório e instrução. Basta apenas, em cognição sumária, verificar adequação formal e se há justa causa para a denúncia. Relativamente à adequação formal, reputo razoável a iniciativa do MPF de promover o oferecimento separado de denúncias a cada grupo de fatos. Apesar da existência de um contexto geral de fatos, a formulação de uma única denúncia, com dezenas de fatos delitivos e acusados, dificultaria a tramitação e julgamento, violando o direito da sociedade e dos acusados à razoável duração do processo. Apesar da separação da persecução, oportuna para evitar o agigantamento da ação penal com dezenas de crimes e acusados, remanesce o Juízo como competente para todos, nos termos dos arts. 80 e 82 do CPP. Ainda sobre questões de validade, esclareça se, por oportuno, que a competência, em princípio, é deste Juízo, em decorrência da conexão e continência com os demais casos da Operação Lavajato e da prevenção, já que a primeira operação de lavagem consumou se em Londrina/PR e foi primeiramente distribuída a este Juízo, tornando o prevento para as subsequentes. A conexão, aliás, com a ação penal 5019727 95.2016.4.04.7000 que tem por objeto outros pagamentos efetuados pelo Grupo Odebrecht a João Cerqueira de Santana Filho e a Monica Regina Cunha Júnior é bastante óbvia. Dispersar os casos e provas em todo o território nacional prejudicará as investigações e a compreensão do todo. Nesse aspecto, o Superior Tribunal de Justiça, ao julgar habeas corpus impetrado em relação à ação penal conexa, já reconheceu a conexão/continência entre os processos da assim denominada Operação Lavajato (HC 302.604/PR Rel. Min. Newton Trisotto 5.ª Turma do STJ un. 25/11/2014). Além disso, embora a Petrobrás seja sociedade de economia mista, no âmbito da Operação Lavajato, inclusive na presente ação penal, há diversos crimes federais, como a corrupção e a lavagem, com depósitos no exterior, de caráter transnacional, ou seja iniciou se no Brasil e consumou se no exterior. O Brasil assumiu o https://eproc.jfpr.jus.br/eprocv2/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=701481033592473920058746534822&evento=7014810335924739200 6/16

compromisso de prevenir ou reprimir os crimes de corrupção e de lavagem transnacional, conforme Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção de 2003 e que foi promulgada no Brasil pelo Decreto 5.687/2006. Havendo previsão em tratado e sendo os crimes de corrupção e lavagem transnacionais, incide o art. 109, V, da Constituição Federal, que estabelece o foro federal como competente. Isso sem olvidar que o acerto de propinas teria se dado com o acusado Antônio Palocci Filho inclusive no período em que este detinha o mandato de parlamentar federal, o que também determina a competência da Justiça Federal. De todo modo, eventuais questionamentos da competência deste Juízo poderão ser, querendo, veiculados pelas partes através do veículo próprio no processo penal, a exceção de incompetência, quando, então, serão, após oitiva do MPF, decididos segundo o devido processo. No que se refere à justa causa para a denúncia, entendo que os fundamentos já exarados por este Juízo na decisão datada de 30/09/2016 (evento 73) do processo 5043559 60.2016.4.04.7000, na qual deferi pedido de prisão preventiva de Antônio Palocci Filho e de Branislav Kontic, são suficientes, nessa fase, para o recebimento da denúncia. Conforme exposto cumpridamente naquelas decisões, há razões fundadas para identificar Antônio Palocci Filho como a pessoa identificada pelo codinome "Italiano" no Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht. Entre elas, a refeida planilha apreendida que retrata, sob o título "Posição Programa Especial Italiano", os pagamentos e compromissos de pagamentos de vantagem indevida pelo referido grupo empresarial a agentes do Partido dos Trabalhadores entre 2008 a 2013, as mensagens eletrônicas nas quais executivos do Grupo Odebrech discutem a respeito da interferência de "Italiano" em seu favor junto ao Governo Federal e os registros na contabilidade subreptícia de pagamentos de valores a "Italiano". Por outro lado, apesar da dificuldade do rastreamento dos pagamentos, há, em cognição sumária, prova documental de pagamentos no exterior efetuados pelo Grupo Odebrecht e subrepticiamente em benefício de João Cerqueira de Santana Filho e Mônica Regina Cunha Moura e que é consistente com o lançamento a esse título na referida planilha, sem olvidar que ambos prestavam serviços de publicidade eleitoral em diversas campanhas do Partido dos Trabalhadores. Agregue se a referência feita pelo MPF na denúncia às mensagens eletrônica, datadas de 19/08/2009, trocadas entre executivos do Grupo Odebrecht e nas quais, com o assunto "Palocci acaba de ligar", o contexto mais uma vez indica que "Italiano" seria o interlocutor e que estaria, Italiano/Palocci, na reunião com o então Ministro da Fazenda Guido Mantega e o ex Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva para defender os interesses do Grupo Odebrecht (fls. 50 51). Agrego igualmente, entre as provas da segunda parte da denúncia, referência à mensagem eletrônica enviada em 04/04/2011 do acusado Rogério Santos de Araújo, executivo da Odebrecht, a outros executivos daquela empresa e no qual se verifica, em cognição sumária, que, mesmo antes da abertura da licitação para contratação das vinte e uma sonda, já havia a definição de que a Setebrasil seria a vencedora e que ela iria subcontratar as sondas com os Estaleiros Jurong, Keppel Fels, Rio Grande e Enseada do Paraguaçu (fl. 88 da denúncia). Chama a atenção que as informações teriam sido fornecidas a Rogério Santos e Araújo pelo Diretor da Petrobrás Renato de Souza Duque. A mensagem ainda indica que foi a Petrobrás, especificamente o referido Diretor, quem determinou à SeteBrasil que contratasse os referidos estaleiros e que a sua atuação, do Diretor, se fazia no interesse do Partido https://eproc.jfpr.jus.br/eprocv2/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=701481033592473920058746534822&evento=7014810335924739200 7/16

dos Trabalhadores. Indica, portanto, a mensagem a atuação do então Diretor da Petrobrás Renato de Souza Duque em favor do Estaleiro Enseada do Paraguaçu, o que explica o recebimento por ele de parte da propina ainda que o contratante direto tenha sido a Setebrasil. Relevante ainda destacar que o pagamento de propinas nos contratos de afretamento das sondas a agentes da Petrobrás, a agentes da Setebrasil e a agentes políticos, é, em cognição sumária, objeto de confissão de dois dos acusados, Eduardo Cosa Vaz Musa e João Carlos de Medeiros Ferraz, além de Pedro José Barusco Filho, este arrolado como testemunha. É certo que João Cerqueira de Santana Filho e Monica Regina Cunha Moura não são agentes públicos, mas se, como afirma a Acusação, receberam conscientemente recursos provenientes de acertos de propinas entre agentes públicos e empresas fornecedoras da Petrobrás, são passíveis de responsabilização por crime de corrupção passiva a título de participação e considerando o disposto no art. 30 do CP. Presente, portanto, justa causa para a imputação. Evidentemente, a questão da presença ou não do elemento subjetivo deve ser aferida após a instrução, sendo inviável resolver o ponto nessa fase processual. Também evidentemente, a avaliação das questões de fato e de direito ora feita sem faz em cognição sumária e é meramente provisória. Questões mais complexas a respeito do enquadramento jurídico dos fatos, com a configuração ou não, por exemplo, de crime de corrupção e de lavagem, o que depende de profunda avaliação e valoração das provas, devem ser deixados ao julgamento, após a instrução e o devido processo. Relativamente aos acusados colaboradores, oportuno destacar que essa condição não impede a denúncia ora formulada e que, de todo modo, no caso de eventual condenação serão concedidos a eles os benefícios acordados com o MPF segundo a efetividade da colaboração. 3. Presentes indícios suficientes de autoria e materialidade, recebo a denúncia contra os acusados acima nominados." É o quanto basta nessa fase. Nesta fase cabe absolvição sumária apenas diante de causa manifesta. Apesar da relevância de parte das alegações das Defesas, forçoso reconhecer que não há descrição de situações que justificam absolvição sumária, sendo necessário para todas elas a prévia instrução probatória A resposta preliminar não serve para esgotar toda a matéria da defesa (para tanto, há alegações finais) e nem para forçar a apreciação prematura pelo Juízo do mérito. Aprecio pontualmente o conteúdo das respostas preliminares. https://eproc.jfpr.jus.br/eprocv2/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=701481033592473920058746534822&evento=7014810335924739200 8/16

Antes, verifico que o MPF, no evento 134, apresentou suas justificativas do motivo de não ter promovido a ação penal contra Pedro José Barusco Filho, alegando que ele já foi condenado, nas ações penais conexas, ao máximo da pena prevista no acordo de colaboração. Pleiteia a suspensão da propositura da ação penal por dez anos. Considerando os termos do acordo, nova condenação contra Pedro Barusco não agregaria pena a ser cumprida. Assim, por economia processual, reputo razoável o motivo alegado pelo MPF para não denunciá lo no presente feito, motivo pelo qual defiro a suspensão da persecução penal contra ele por dez anos em relação a presente ação penal. 1) Antônio Palocci Filho e Brasnilav Kontic (evento 133). Alega ilicitude de depoimento tomado na investigação preliminar por Delcídio do Amaral Gomez porque tomado sem contraditório. Depoimentos na fase de investigação preliminar são usualmente tomados sem contraditório, então o vício afirmado é inexistente. De todo modo, foi ele arrolado como testemunha e será ouvido em contraditório em Juízo, oportunidade na qual a Defesa poderá fazer as suas indagações. Evidentemente, no julgamento, o depoimento a ser considerado pelo Juízo será o tomado sob contraditório. Alegam que a denúncia é inepta ou que lhe falta justa causa, o que já foi acima afastado. Mesmo quanto à Branislav Kontic, ainda que com, segundo a denúncia, um papel acessório, aplica se o disposto no art. 29, caput, do CPP, "quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade". Não é inepta a denúncia que descreve as condutas do acusado que concorreram, segundo a denúncia, para a execução dos crimes. Se isso é suficiente ou não para torná lo responsável, é questão de mérito. Já as alegações quanto a Antônio Palocci Filho a esse respeito, pleiteando reconhecimento de inépcia ou absolvição sumária, dizem respeito, a toda evidência, ao mérito. Como adiantado, absolvição sumária somente diante de causa manifesta e a própria extensão da resposta preliminar da Defesa, de 178 páginas, deixa claro que suas razões nada têm de manifestas. Acerca das provas, em cognição sumária, que apontam para autoria e materialiade dos crimes, reporto me ao já fundamentado na decisão de recebimento da denúncia, o que, para a continuidade da ação penal, é suficiente. Assim, não é caso de reconhecer inépcia, falta de justa causa ou causa manifesta para absolvição sumária. https://eproc.jfpr.jus.br/eprocv2/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=701481033592473920058746534822&evento=7014810335924739200 9/16

Arrolaram vinte e oito testemunhas. Concedo cinco dias, sob pena de preclusão, para indicação dos endereços faltantes. 3) Eduardo Costa Vaz Musa (evento 153). Afirma tratar se de acusado colaborador, já condenado na ação penal 5039475 50.2015.4.04.7000. Pleiteia a suspensão do processo, pois já teria sido condenado ao tempo de pena máximo previsto no acordo. Quanto ao requerido, observa se que o MPF já opinou contrariamente (evento 134). Acompanho a posição do MPF. Enquanto não houver trânsito em julgado da condenação exarada, não há garantia de que o acusado colaborador cumprirá a pena acordada, não havendo razão para suspensão da presente ação penal ou de outras. Alega que, nos acertos de propina da SeteBrasil, restou convencionado que os executivos da empresa receberiam exclusivamente propinas do Estaleiro Jurong e pela qual o acusado já teria sido denunciado na ação penal 5013405 59.2016.4.04.7000. Argumenta que haveria litispendência. Quanto a essa questão, deve a Defesa manejar a necessária exceção de litispendência, não sendo viável alegá la em resposta preliminar. Concedo à Defesa o prazo de dez dias para tanto. Diz por fim que, se prosseguir a ação penal, deve ser concedido o perdão judicial ao acusado. Não arrolou testemunhas. 4) Fernando Migliaccio da Silva (evento 157). Apresentou resposta informando que esclarecerá os fatos ao final. Não arrolou testemunhas. 5) Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho (evento 150). Arrolou oito testemunhas residentes em São Paulo, sem outras considerações ou requerimentos. 6) João Carlos de Medeiros Ferraz (evento 148). Realiza longo histórico da Setebrasil e de sua participação na empresa. tanto. Admite que recebeu propina, mas alega que teria sido constrangido a https://eproc.jfpr.jus.br/eprocv2/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=701481033592473920058746534822&evento=701481033592473920 10/16

Alega que, nos acertos de propina da SeteBrasil, restou convencionado que os executivos da empresa receberiam exclusivamente propinas do Estaleiro Jurong e pela qual o acusado já teria sido denunciado na ação penal 5013405 59.2016.4.04.7000. Argumenta que haveria litispendência. Quanto a essa questão, deve a Defesa manejar a necessária exceção de litispendência, não sendo viável alegá la em resposta preliminar. Concedo à Defesa o prazo de dez dias para tanto. Diz por fim que, se prosseguir a ação penal, deve ser concedido o perdão judicial ao acusado. Argumenta que haveria litispendência. Quanto a essa questão, deve a Defesa manejar a necessária exceção de litispendência, não sendo viável alegá la em resposta preliminar. Concedo à Defesa o prazo de dez dias para tanto. Diz por fim que, se prosseguir a ação penal, deve ser concedido o perdão judicial ao acusado. Não arrolou testemunhas. 7) João Cerqueira de Santana Filho e 8) Monica Regina Cunha Moura (evento 147). Alegam que a denúncia é inepta ou que lhe falta justa causa, o que já foi acima afastado. Alegam que os acusados foram denunciados por fatos semelhantes na ação penal 5019727 95.2016.4.04.7000, sendo necessário reconhecer a conexão. Argumentam que as duas ações deveriam ser reunidas para julgamento conjunto e o reconhecimento de que os fatos nela envolvidos envolvem o mesmo crime em continuidade delitiva. Apesar dos argumentos e da probabilidade de reconhecimento da continuidade delitiva, no caso de eventual condenação em ambas as ações, é inviável a reunião, por não existir identidade de partes e pelos diferentes estágios das ações penais, aquela com a instrução praticamente finalizada, esta ainda se iniciando. Não obstante, no caso de dupla condenação, eventual unificação de penas pelo reconhecimento da continuidade delitiva pode ser realizada pelo Juízo da Execução. Quanto ao argumento de que os acusados não tinham "ciência de que os valores recebidos seriam produto dos crimes antecedentes apontados", é ele relevante, mas de inviável apreciação antes da instrução. Da mesma forma, somente ao final, será possível apreciar o argumento de que haveria confusão entre a corrupção e a lavagem. Arrolaram quinze testemunhas. https://eproc.jfpr.jus.br/eprocv2/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=701481033592473920058746534822&evento=701481033592473920 11/16

9) João Vaccari Neto (evento 130). Alega que falta justa causa à denúncia, o que já foi acima afastado. Alega conexão com a ação penal 5013405.59.2016.404.7000. Apesar da conexão, é inviável a reunião dos feitos, considerando que as partes não são totalmente as mesmas e, por outro lado, os estágios diferentes de uma e outra. Não obstante, isso não impede eventual empréstimo de prova e, se houver dupla condenação, a eventual unificação pelo Juízo da Execução caso reconhecido, por exemplo, continuidade delitiva. Arrolou sete testemunhas. 10) Luiz Eduardo da Rocha Soares (evento 136). Arrolou sete testemunhas, sem outras considerações ou requerimentos. 11) Marcelo Bahia Odebrecht (eventos 140 e 142). Arrolou trinta testemunhas, sem outras considerações ou requerimentos. Deve a Defesa, sob pena de preclusão, indicar os endereços faltantes para algumas testemunhas e esclarecer a testemunha arrolada em "i", já que o apelido e nome indicados não são convergentes. 12) Marcelo Rodrigues (evento 155); Arrolou nove testemunhas residentes em São Paulo, sem outras considerações ou requerimentos. 13) Olívio Rodrigues Júnior (evento 135). Arrolou nove testemunhas, sem outras considerações ou requerimentos. 14) Renato de Souza Duque (evento 138). Alega conexão ou litispendência com a ação penal 5029508 44.2016.404.7000 (desmembrada da ação penal 5013405 59.2016.4.04.7000). Quanto à litispendência, observo que ingressou com exceção, motivo pelo qual a questão será apreciada nos autos respectivos. Pleiteia que a presente seja desmembrada em relação ao acusado para julgamento conjunto com a 5029508 44.2016.404.7000. A conexão não importa necessariamente unidade de processo e julgamento. Se os crimes forem conexos e se houver dupla condenação, é viável eventual unificação de penas pelo Juízo da Execução. https://eproc.jfpr.jus.br/eprocv2/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=701481033592473920058746534822&evento=701481033592473920 12/16

No caso, não há como desmembrar a presente ação penal, para juntar a outra já desmembrada. Indefiro, portanto, o requerido. Isso sem prejuízo das provas produzidas em uma e outra ação penal sejam eventualmente emprestadas. Arrolou dezessete testemunhas. documentos: Requereu que sejam requisitados da Petrobrás os seguintes "a) DIP E&P SEV 500/2009, de 18.09.2009, bem como seus anexos, que solicitou a deflagração do Convite nº 0705007.09.8; b) Ata D.E. 4.777, de 01.10.2009, item 22, Pauta nº 1009, da Diretoria Executiva, que aprovou a deflagração do Convite nº 0705007.09.8; c) Relatório completo da Comissão de Licitação, relativo ao Convite nº 0705007.09.8, bem como seus anexos (pois na mídia fornecida pela Petrobras, estão faltando os anexos); d) Circulares e seus anexos, Recursos, Impugnações, ata de recebimento das propostas, atas das reuniões de negociação, estimativas de custo, e pareceres jurídicos relativos ao Convite nº 0705007.09.8; e) DIP E&P SERV/US CONT/CNTR 339/2009, de 05.10.2009, relativo ao Convite nº 0705007.09.8; f) DIP E&P SERV/US CONT/CNTR 343/2009, de 08.10.2009; g) DIP JURÍDICO/JEP 4521/2010, de 22.07.2010 (e anexos); h) Ata D.E. 4.8666, item 8, de 24.03.2011, e DIP E&P SERV 94/2011 (bem como seus anexos); i) DIP Engenharia/IEEPT 55/2009 e DIP Engenharia/IEEPT 04/2010, que designaram a Comissão de Licitação do Convite nº 0003554.09.8; j) Anexos 01, 03, 04, 05, 06, 07, 08, 09, 10, 11 e 12 do Relatório Final da Comissão de Licitação do Convite nº 0003554.09.8 (os demais anexos já foram apresentados pela Petrobras na mídia supracitada); k) Todas as circulares e seus anexos, recursos, impugnações, ata de recebimento das propostas, atas das reuniões de negociação, pareceres jurídicos e estimativas de custo do Convite nº 0003554.09.8; l) Anexos 01, 02, 03, 04, 05, 06 e 07 do Relatório Final apresentado pela Comissão de Licitação do Convite nº 0003555.09.8; m) Todas as circulares e seus anexos, recursos, impugnações, ata de recebimento das propostas, atas das reuniões de negociação, pareceres jurídicos e estimativas de custo do Convite nº 0003555.09.8; https://eproc.jfpr.jus.br/eprocv2/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=701481033592473920058746534822&evento=701481033592473920 13/16

n) Anexos 01, 02, 03, 04, 05, 06 e 07 do Relatório da Análise Crítica atinente à vistoria do Estaleiro Enseada do Paraguaçu, mencionados no arquivo da mídia disponibilizada pela Petrobras no Evento 342 da Ação Penal conexa ( Anexo 13 s) Relatório de GT.zip > Ata DE 4.959, item 6 e DIP E&P PGSU 71 2012 e anexos > Anexos > Anexo 9 Relatório da Análise Crítica, fls. 09); o) Anexos 01, 02, 03, 04, 05, 06 e 07 do Relatório de Auditoria Documental e Física relativo ao Estaleiro BRASFELS, mencionados no arquivo fornecido pela Petrobras no Eve nto 342 da Ação Penal conexa (Anexo 13 s) Relatório de GT.zip > Ata DE 4.953, item 9 e DIP E&P PGSU 34 2012 e anexos > Anexos > Anexo 5 Relatorio de Auditoria Documental e Fisica, fls. 09); p) TODOS os 48 anexos do Relatório Final da CIA da SETE BRASIL, instaurada pela Petrobras, deflagrada pelo DIP DE&P 251/2015, de 15.12.2015, utilizado pelo MPF para instruir a denúncia 29 (inclusive os depoimentos pr estados durante aquela sindicância); e q) cópia das ordens de pagamento emitidas em favor da SETE BRASIL, por força dos Contratos nºs 2050.0075177.12.230 (Unidade Boipeba), 2050.0075174.12.231 (Unidade Ondina), 2050.0075175.12.232 (Unidade Pituba), 2050.0075178.12.233 (Unidade Interlagos), 2050.0075180.12.2 (Unidade Itapema) 34 e 2050.0075181.12.235 (Unidade Comandatuba), que são objeto da denúncia." Defiro, fica intimada a Petrobras, na pessoa de seus advogados, para produzir os documentos, em mídia eletrônica se muito extensos. Prazo de 30 dias. Se houver dificuldades, o Juízo poderá ser provocado. Defiro, desde logo, o translado para estes autos do evento 342 da ação penal nº 5029508 44.2016.4.04.7000, bem como a afetação a estes autos da mídia a que se reporta o referido evento. Promova a Secretaria o necessário, ficando a mídia à disposição das partes. 15) Rogério Santos de Araújo (evento 154). Alega que a denúncia é inepta ou que lhe falta justa causa, o que já foi acima afastado. Alega incompetência do Juízo, mas subsidiariamente conexão com a ação penal 5013405 59.2016.4.04.7000 e a reunião dos processos. exceção. Observo que questões de incompetência devem ser veiculadas em Argumenta que o "fatiamento" das acusações contra o acusado é inválido e determina a invalidade da denúncia. Não assiste razão à Defesa, diante da quantidade de fatos apurados na assim denominada Operação Lavajato, é viável o desmembramento dos fatos em várias investigações e acusações. Não há qualquer invalidade. Se for o caso, a Defesa pode arguir litispendência ou conexão para posterior unificação de penas no caso de condenação por crimes em concurso. https://eproc.jfpr.jus.br/eprocv2/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=701481033592473920058746534822&evento=701481033592473920 14/16

Pleiteia a expedição de ofício à "Enseada Indústria Naval, para que informe se Rogério Santos de Araújo já foi seu representante, agente ou procurador". Deverá a Defesa indicar o representantes e o endereço a ser oficiado, em cinco dias. Arrolou onze testemunhas, várias sem endereço. Concedo cinco dias para indicar endereço, sob pena de preclusão. prosseguir. 16. Não havendo causas para absolvição sumária, o feito deve Designo audiências para oitiva das testemunhas de acusação: 01/02/2017, às 14:00, para oitiva de Ricardo Ribeiro Pessoa, Walmir Pinheiro Santana, Vinicius Veiga Borin, Marco Pereira de Souza Bilinski, Luiz Augusto França; 03/02/2017, às 14:00, para oitiva de Pedro José Barusco Filho, Zwi Skornicki e Delcídio Gomez do Amaral. Intimem se as testemunhas, na pessoa de seus defensores, considerando que todos dispõe de defensores constituídos em acordos de colaboração. Deverão peticionar informando ciência e que comparecerão na data e horário fixados. Relativamente a Maria Lucia Guimarães Tavares, agende a Secretaria videoconferência com a Justiça Federal de Salvador, tomando as providências para que seja ouvida. Com a data intime se igualmente a testemunha, por meio de seu defensor ou outros meios, já que também tem acordo de colaboração. Intimem se os acusados pessoalmente. Requisite se a apresentação dos acusados presos. Informo que, mediante requerimento, dispensarei a presença dos acusados nas audiências marcadas, desde que assumido o compromisso de que as próximas intimações, para as demais audiências, serão feitas exclusivamente na pessoa dos defensores. Ficam as partes cientes da juntada do evento 159. Intimem se MPF, Defesas e Petrobras do conteúdo desta decisão, devendo atentar para as providências específicas. Curitiba, 06 de dezembro de 2016. Documento eletrônico assinado por SÉRGIO FERNANDO MORO, Juiz Federal, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 700002699652v36 e do código CRC 9cecff4a. https://eproc.jfpr.jus.br/eprocv2/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=701481033592473920058746534822&evento=701481033592473920 15/16

Informações adicionais da assinatura: Signatário (a): SÉRGIO FERNANDO MORO Data e Hora: 06/12/2016 14:39:56 5054932 88.2016.4.04.7000 700002699652.V36 SFM SFM https://eproc.jfpr.jus.br/eprocv2/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=701481033592473920058746534822&evento=701481033592473920 16/16