1
1.Edição Edição do Autor 2012 2
3
Jonas de Paula Introdução Esse conto relata um mal entendido que poderia acontecer com qualquer pessoa em qualquer lugar, tem haver com a questão da globalização e seu choque com as culturas regionais. 4
João estava muito ansioso, quando desembarcou no aeroporto, vestido em um terno preto, gravata azul e sapatos bem engraxados. Nas mãos duas malas de roupa e uma carta com um endereço que tinha muitas recomendações de um amigo. Uma recomendação ele teve que levar em conta, fazer a barba para não ser confundido com um terrorista. Nunca havia saído do país, essa era a primeira viagem internacional. No avião sentou na poltrona de numero treze B, ao seu lado na poltrona de numero treze A sentou uma senhora de vestido branco com os cabelos soltos. Ela estava feliz da vida. Assim que João se acomodou quis mostrar a ele. No primeiro momento deu uma olhada de cima para baixo, como quem faz uma revista minuciosa, assim começou: É a sua primeira vez? Ele olhou para ela e não respondeu nada, apenas fez uma confirmação com a cabeça e com um pequeno e singelo barulho de voz: Hum. Isso foi o suficiente para ela disparar novamente a sua língua. Eu gosto muito dele, sou apaixonada por esse país. Ele novamente disse: Hum. Essa única palavra a deixou com muita raiva. Mais que coisa o senhor é muito estranho, só fala hum. Hum o que? Na verdade não sabia que essa era a primeira vez que ele entrou em um avião, estava com muito medo, mesmo antes de sentar ali e quando sentou entrou em pânico total. E mediante a situação ainda pensou em amenizar o conflito, olhou para ela e respondeu: Hum, hum. A senhora indignada virou o rosto, sem falar mais nada. O avião pousou, os passageiros tiraram o cinto de segurança, levantaram das poltronas, uns pegaram as coisas da porta malas e todos ficaram de fila indiana. Uma aeromoça, com um brasão no ombro, parecia uma patente militar, vestida de azul e cabelos loiros, saiu da cabine do piloto 5
veio até a porta e disse: Sejam bem vindos. Deu um sorriso, que mostrou os seus dentes brancos e abriu a porta de saída. Esse gesto para João foi tão forte que o tomou para si, e respondeu com outro. Juntamente com os outros passageiros andou até aporta. A aeromoça disse novamente: Boa noite. Ele respondeu e continuou no seu trajeto pelo corredor do desembarque, com passos lentos e quase parando. No que pensava naquele momento? Talvez na beleza da aeromoça, talvez em nada, ou na vida que ficou do outro lado do mar. Foi até a esteira de bagagem, ficou esperado as malas. Mais elas não veio. Somente quando os passageiros da aeronave 18010 que embarcou em São Paulo na manhã de domingo, pegaram todos os seus pertences que o chefe da segurança, um homem demasiadamente gordo, apareceu no local, com mais dois subordinados. Os três estavam vestidos com fardas de cor preta e uma arma semi automática de lado, tudo levava a crer que eram polícias. Um deles, um baixinho que tinha a cara de bravo Gritou: Parado ai. João tomou um susto com o grito, se sentiu acuado como um bicho em uma terra diferente teve medo, pensou em pedir ajuda, mas para quem? No local não tinha mais ninguém, fora os seguranças, então quis correr, mas para onde? Ele se lembrou do conselho do amigo, caso houvese incidentes, resolvesse colaborar. Mãos na cabeça. Outro segurança alto e muito magro, o revistou de cima para baixo, passou a mão por seu corpo, viu que não tinha nada. O chefe até então tinha suado muito, ao ponto da sua farda ficar toda malhada, parecia que tinha tomado uma chuva. Disse: Queira nos acompanhar. Não havia resistência, mesmo assim os dois subordinados o pegaram pelo braço e o conduziram para uma sala do aeroporto. Na sala João ficou sentado em uma cadeira, com os dois seguranças de vigia. Suas malas estavam lá todas reviradas, com seus pertences espalhados 6
em cima da mesa. O chefe da segurança segurou na mão um pacote com um pó branco. O que é isso? João olhou, pensou em falar que aquilo não era seu, mais dado as evidências, não tinha como negar. Eu não sabia que aqui era proibido. Um dos seguranças viu que se tratava de um estrangeiro então disse: Vou avisar o consulado indiano. João percebeu o engano mostrou o passaporte e respondeu: Eu não sou indiano. Mais o que importa a nacionalidade mediante a situação? A polícia foi chamada, algemado o levaram para a delegacia. Foi preso em flagrante, por trafico internacional de drogas. Depois de uma semana preso, estava muito abatido e sentia uma falta enorme da sua boa faria de mandioca. 7