METODOLOGIA PARA DEFINIÇÃO DE LIMITE OPERACIONAL ALTO PARA OTIMIZAÇÃO DE RESERVAÇÃO DE ÁGUA

Documentos relacionados
AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA E ECONOMICIDADE DA ATUAL RESERVAÇÃO DO SISTEMA ADUTOR METROPOLITANO DE SÃO PAULO

I PLANO DE OTIMIZAÇÃO E AMPLIAÇÃO DE RESERVAÇÃO

22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

I GREEAT - GESTÃO DE RISCOS E EFICIÊNCIA EM ELEVATÓRIA DE ÁGUA TRATADA

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental PHA Saneamento

Estações Elevatórias de Água

A UTILIZAÇÃO DE TELEMETRIA NO CONTROLE DA DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA NO SISTEMA GOPOÚVA EXPERIÊNCIA DO SAAE GUARULHOS SP.

Estações Elevatórias de Água

Reservatórios de Distribuição de Água

DIRETRIZES PARA ELABORAÇÃO

Caminhos da Engenharia Brasileira

I-048 PERIODICIDADE PARA CALIBRAÇÃO E AJUSTE DE MEDIDORES DEPRIMOGÊNEOS

23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO TÉCNICA DOS SISTEMAS DE ÁGUA E ESGOTO DO MUNICÍPIO DE LIMEIRA PRESTADOR: ODEBRECHT AMBIENTAL LIMEIRA S/A

MANUAL DE PROJETOS DE SANEAMENTO MPS MÓDULO DIRETRIZES PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE SANEAMENTO ESTUDO DOS TRANSITÓRIOS HIDRÁULICOS

DIRETRIZES PARA ELABORAÇÃO

I AMPLIAÇÃO DA EEAB DE BIRITIBA (RMSP) - UMA SOLUÇÃO NÃO TRADICIONAL

GREEAT GESTÃO DOS RISCOS E EFICIÊNCIA DAS ELEVATÓRIAS DE ÁGUA TRATADA

PLANEJAMENTO DO SISTEMA DE AUTOMAÇÃO, CONTROLE DE NÍVEL E SUPERVISÃO DE UM RESERVATÓRIO DE 1m 3 PARA UMA VAZÃO CONSTANTE DE ALIMENTAÇÃO

IV USO DA AUTOMAÇÃO NA OTIMIZAÇÂO DA OPERAÇÂO DE SISTEMAS DE BOMBEAMENTO DOS MANANCIAIS DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO (RMSP)

IRACEMÁPOLIS RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO TÉCNICA DOS SISTEMAS DE ÁGUA E ESGOTO DO MUNICÍPIO DE. Relatório R3 Continuação Diagnóstico e Não Conformidades

RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO TÉCNICA DOS SISTEMAS DE ÁGUA E ESGOTO DO MUNICÍPIO DE PIRACICABA PRESTADOR: SEMAE SERVIÇO MUNICIPAL DE ÁGUA E ESGOTO

Sistema de Hidrantes. O que é sistema de hidrantes: 13ª Edição Janeiro/Fevereiro 2017

22 al 27 de agosto de 2004 Hotel Caribe Hilton - San Juan, Puerto Rico

PIRASSUNUNGA RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO TÉCNICA DOS SISTEMAS DE ÁGUA E ESGOTO DO MUNICÍPIO DE

RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO TÉCNICA DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DO MUNICÍPIO DE CORDEIRÓPOLIS

8 Reservatórios de distribuição de água. TH028 - Saneamento Ambiental I 1

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL CAMPUS RIO GRANDE INSTRUMENTAÇÃO INDUSTRIAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS - UFPEL CENTRO DE ENGENHARIAS - CENG DISCIPLINA: SISTEMAS URBANOS DE ÁGUA RESERVATÓRIO DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA

LIMEIRA RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO TÉCNICA DOS SISTEMAS DE ÁGUA DO MUNICÍPIO DE. Relatório R6 Continuação do Diagnóstico e Não Conformidades

GOLPE DE ARÍETE E CONTROLE HIDRÁULICO EM ADUTORAS DE IRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO

RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO TÉCNICA DOS SISTEMAS DE ÁGUA E ESGOTO DO MUNICÍPIO DE PIRACICABA

PLANEJAMENTO DO SUPERVISÓRIO SISTEMA DE CAPTAÇÃO E TRATAMENTO DE ÁGUA

COSMÓPOLIS RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO TÉCNICA DOS SISTEMAS DE ÁGUA E ESGOTO DO MUNICÍPIO DE. Relatório R3 Continuação Diagnóstico e Não Conformidades

PMI3915 Lista de Exercıćios 22 de abril de Questão 5 Desenhar uma linha de fornecimento de vapor e anexar o indicador de vazão na linha.

Endereço(1) SABESP Cia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo. Rua Costa Carvalho, 300 CEP Pinheiros São Paulo SP

RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO TÉCNICA DOS SISTEMAS DE ÁGUA E ESGOTO DO MUNICÍPIO DE INDAIATUBA

ESTRUTURAÇÃO DO INDICADOR DE DESEMPENHO

Saneamento Ambiental I. Aula 08 Rede de Distribuição de Água: Parte III

MODELO MATEMÁTICO DO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA TRATADA DO MUNICÍPIO CEDE DE NOVA FRIBURGO

REGULADOR COMPACTO PARA TURBINAS HIDRÁULICAS VOITH HYDRO

RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO TÉCNICA DOS SISTEMAS DE ÁGUA E ESGOTO DO MUNICÍPIO DE ARARAQUARA PRESTADOR: DEPARTAMENTO AUTÔNOMO DE ÁGUA E ESGOTOS DAAE

LISTA DE EXERCÍCIOS 1 Máquinas de Fluxo

SUMÁRIO. Prefácio Autores do Livro Capítulo 1 - Aspectos Hidráulicos e Elétricos Básicos

DIMENSIONAMENTO DE TRATAMENTO PRELIMINAR COMPLETO. Vazão da captação, estação elevatória e adutora até a ETA (L/s)

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA LUIZ DE QUEIROZ DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE BIOSSISTEMAS

PALAVRAS-CHAVE: Automação no Saneamento, Abastecimento público, Tecnologia SCADA.

LOUVEIRA RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO TÉCNICA DOS SISTEMAS DE ÁGUA E ESGOTO DO MUNICÍPIO DE. Relatório R3 Continuação do Diagnóstico e Não Conformidades


I EMPREGO DE TANQUES ALIMENTADORES BIDIRECIONAIS (TAB) PARA ATENUAÇÃO DAS CARGAS TRANSITÓRIAS EM ADUTORAS POR RECALQUE: ESTUDO DE CASO

DIRETRIZES PARA ELABORAÇÃO

ESTAÇÕES ELEVATÓRIAS DE ESGOTO

Conceitos básicos de um sistema de esgotamento sanitário

FOLHA DE CAPA CONTROLE DE REVISÃO DAS FOLHAS

PROGRAMA DE SETORIZAÇÃO DAS REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA

Conceitos- Vazão, movimento e regime de escoamento. 1) Determine o regime de escoamento sabendo que o tubo tem um diâmetro de 75 mm e

Instalações Prediais Hidráulico-Sanitárias: Princípios Básicos para Elaboração de Projetos

Terceira lista de exercício

Válvula Controladora de Nível Modelo 210-3W

RELATÓRIO DE MONITORAMENTO DE PRESSÃO EM REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA. Município de São Pedro

% % 40

DOIS CÓRREGOS RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO TÉCNICA DOS SISTEMAS DE ÁGUA E ESGOTO DO MUNICÍPIO DE

RELATÓRIO DE ACOMPANHAMENTO DE MANOBRAS DE OPERAÇÃO DE RESERVATÓRIOS: BACIA DO PIRANHAS-AÇU. ORDEM DE SERVIÇO Nº 13/2017.

Estações Elevatórias

RAFARD RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO TÉCNICA DOS SISTEMAS DE ÁGUA E ESGOTO DO MUNICÍPIO DE. Relatório R4 Não Conformidades

METODOLOGIA PARA A IMPLANTAÇÃO DE ÁREAS DE RODIZIO DE ABASTECIMENTO NO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA DO MUNICÍPIO DE GUARULHOS

I FLEXIBILIZAÇÃO DO ABASTECIMENTO NA CRISE COM REVERSÃO DE ESTAÇÃO ELEVATÓRIA DE ÁGUA

10ª SEMANA DE TECNOLOGIA METROVIÁRIA 21 a 24 de setembro de 2004

INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA FRIA - DADOS PARA PROJETO

REFORMA E MODERNIZAÇÃO DAS ELEVATÓRIAS DE ÁGUA BRUTA DO TORTO E SANTA MARIA - UMA EXPERIÊNCIA DE REDUÇÃO DE CUSTOS E DE MOTIVAÇÃO INTERNA

ITUMBIARA GO 04 de SETEMBRO de Reunião Técnica para Análises de Adutoras de Irrigação e Fertirrigação

21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

Prof. André Luiz Tonso Fabiani. Universidade Federal do Paraná Curitiba PR (41)

A IMPORTÂNCIA DE UM SISTEMA DE SUPORTE A DECISÕES COMO FERRAMENTA DE APOIO NA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS

FOLHA DE IDENTIFICAÇÃO 1. TÍTULO OTIMIZAÇÃO ENERGÉTICA EM ESTAÇÕES ELEVATÓRIAS DE ÁGUA POTÁVEL INSTALADOS E M OPERAÇÃO NO SEMASA

Aplicação de Sistemas de Controle e Gestão de Redes de Distribuição. Autor: Carlos Rafael Bortolotto Galhardo 6º ENA - Março 2016

MANEJO AUTOMATIZADO DA IRRIGAÇÃO

Controle e Perdas em Sistemas de

Prof.: Victor Deantoni Lista de Exercícios Hidráulica Geral A Parte ,00m. 75mm. 1,5km

Roteiro - Aula Prática Perda de carga:

Algoritmo para Determinação e Classificação de Distúrbios Múltiplos em Sistemas Elétricos 79

RESERVATÓRIO DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA

RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO TÉCNICA DOS SISTEMAS DE ÁGUA E ESGOTO DO MUNICÍPIO DE RAFARD PRESTADOR: PREFEITURA MUNICIPAL DE RAFARD

Pesquisa de geração de energia na adutora Billings / Gurapiranga

1 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA FRIA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

I-096 OPERAÇÃO DE BOMBAS EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA

BROTAS RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO TÉCNICA DOS SISTEMAS DE ÁGUA E ESGOTO DO MUNICÍPIO DE. Relatório R2 Continuação do Diagnóstico e Não Conformidades

Terceira Unidade Transientes hidráulicos. Transientes Hidráulicos em Condutos Forçados

Saneamento Urbano II TH053

UFPR - Setor de Tecnologia Departamento de Engenharia Mecânica TM Laboratório de Engenharia Térmica Data : / / Aluno :

Resultados Práticos da Câmara Temática de Gestão de Perdas de Água ABES/SC

4.6. Experiência do tubo de Pitot

CRITÉRIOS PARA SUBSTITUIÇÃO DE BOMBAS DE POÇOS TUBULARES PROFUNDOS

1 - Elementos de um Projeto Industrial

29º Congresso Nacional de Saneamento e Meio Ambiente TRABALHO TÉCNICO DOSAGEM AUTOMÁTICA DE SULFATO EM RAZÃO DA TURBIDEZ

Exercício 9 Água escoa do reservatório 1 para o 2 no sistema mostrado abaixo. Sendo:

I-104 BOIA DO ALEMÃO : UMA CONTRIBUIÇÃO PARA AUTOMAÇÃO DE ESTAÇÕES COMPACTAS DE TRATAMENTO DE ÁGUA - ETA TIPO TORREZAN

Transcrição:

METODOLOGIA PARA DEFINIÇÃO DE LIMITE OPERACIONAL ALTO PARA OTIMIZAÇÃO DE RESERVAÇÃO DE ÁGUA RESUMO Desenvolveu-se um algoritmo capaz de determinar os Limites Operacionais com base em valores observados em um intervalo de um ano completo, que forma aplicadas nos reservatórios com a finalidade de verificar sua confiabilidade. Buscou-se, na fase de desenvolvimento do algoritmo, avaliar quais parâmetros e critérios mais relevantes para o cálculo de velocidades de subida do nível d água e alturas mínimas entre o Limite Operacional e a Boia e Segurança. PALAVRAS-CHAVE: Reservatório, Otimização e Limite Alto. OBJETIVOS O objetivo deste trabalho foi desenvolver uma metodologia e um aplicativo computacional capaz de definir os limites operacionais máximos de segurança dos reservatórios do Sistema Adutor Metropolitano de São Paulo, procurando melhorar o aproveitamento dos recursos hídricos armazenados nos reservatórios, contemplando também aspectos de segurança operacional deste sistema. INTRODUÇÃO. As informações obtidas por telemetria e comandos à distância do sistema de reservatórios da Região Metropolitana de São Paulo foram centralizadas a partir de 1980 com a implantação do Sistema de Controle Operacional da Adução (SCOA). Atualmente o sistema conta com cerca de 154 centros de reservação. A correta operação do conjunto de reservatórios, procurando otimizar a vazão a ser liberada para o atendimento da demanda, além de melhorar a utilização dos recursos armazenados, considerando sempre a segurança do Sistema Adutor Metropolitano, constitui-se num ponto particularmente importante dentro do controle operacional dos reservatórios. Os limites operacionais são essenciais à segurança do sistema adutor, pois seus objetivos são de evitar extravasamento, ou entrada de ar nas tubulações de saída, ou desabastecimento. As primeiras alterações e definição destes limites eram baseadas em experiências dos controladores do CCO (Centro de Controle da Operação). Em 1987, procurou-se definir novos Limites Operacionais Máximos de Reservatórios baseados em critérios estatísticos dos dados históricos do SCOA. Embora tenha sido dado um passo importante para melhorar a segurança do sistema, as atualizações destes limites não foram feitas de forma automática e sistemática. Foi elaborado pelo então Departamento de Desenvolvimento - APD, um estudo para diagnosticar e apresentar propostas para melhorar a utilização do SAM (Sistema Adutor Metropolitano de São Paulo), em que são discutidas as influências dos limites operacionais. Foram discutidos tanto aspectos de segurança operacional do sistema quanto a melhor utilização da reservação. A elevação do limite operacional máximo possibilitaria uma melhor utilização dos recursos hídricos armazenados. Neste sentido, a criação de uma metodologia capaz de atualizar os Limites Altos de forma automática a partir de uma conexão direta com o sistema SCOA, aumentando, com isso, o volume útil dos reservatórios, e ao mesmo tempo, considerando a segurança operacional do sistema adutor, foi o ponto central deste trabalho. JUSTIFICATIVA. A importância deste projeto se foca em dois pontos primordiais: aumentar a capacidade de reservação do sistema atual e preservar a segurança do sistema adutor de forma a evitar extravasamentos nos reservatórios. Aumentar a capacidade do sistema de reservatórios esbarra em alguns problemas relacionados ao custo de construção de novos reservatórios e espaço urbano. As construções de novas instalações pressupõem a disponibilidade de locais estratégicos na cidade, de preferência mais elevados da região metropolitana. Além disso, existe o custo de desapropriação destes terrenos. Desta forma, a redefinição dos limites operacionais pode levar a ganhos nos volumes úteis de reservação de grande valia, garantindo-se a segurança operacional. AESABESP - Associação dos Engenheiros da Sabesp 1

CONSIDERAÇÕES GERAIS. A operação de reservatórios se concretiza com a abertura ou fechamento de válvulas de controle na entrada dos reservatórios e partidas ou desligamentos de bombas, aumentando ou diminuindo as vazões aduzidas aos reservatórios sempre que se fizer necessário. Para tomadas das decisões, além das informações da vazão aduzida e a posição de abertura das válvulas de controle, o CCO toma por base as medidas de nível, pressão junto às válvulas de controle e dos consumos setoriais calculados a partir dos valores de vazão aduzida e variação de nível nos reservatórios em tempo real. Quando o nível d'água no reservatório ultrapassa uma cota de segurança, é acionado um alarme luminoso nos terminais de controle, denominado alarme de Limite Alto. O controlador, ciente deste alarme, age no sentido de reduzir o nível d'água. Se por algum motivo o nível continuar a se elevar, a boia de segurança atua provocando a paralisação da adução através do fechamento da válvula ou desligamento da elevatória. Portanto, este limite representa um controle de segurança dos reservatórios com o objetivo de se evitar o extravasamento. Os níveis operacionais de interesse para operação dos reservatórios podem ser observados na Figura 1. Os níveis d água são medidos a partir de medidores ultrassônicos instalados nas lajes de cobertura dos reservatórios. Os limites de segurança de extravasamento são: Figura 1 - Níveis operacionais dos reservatórios setoriais. Limite de Extravasamento (L.E): Limite máximo entre volume útil e o extravasor, a partir da superação dessa altura pela lâmina d'água, começa a haver perda d'água pelo sistema de extravasamento. Limite da Boia (L. Boia): Nível d'água a partir do qual é acionado o mecanismo de uma boia que atua localmente no fechamento da válvula de controle do reservatório ou desligamento da elevatória, independente da atuação do controlador do CCO. A boia é considerada um recurso de segurança extrema. Limite Alto (L.A): Limite operacional referido ao nível do reservatório, onde é emitido um alarme visual nos monitores dos controladores. Isto permite que o controlador possa atuar no fechamento da válvula de controle em tempo hábil para que não haja extravasamento ou atuação da boia de segurança. Folga ( h): Altura correspondente à diferença de cota entre o Limite da Boia e o Limite Alto. Emitido o alarme de Limite Alto, a subida do nível terá esta folga mínima para que o controlador atue no fechamento da válvula antes de atingir a boia de segurança. Limite Baixo (L.B): Nível mínimo de segurança operacional. A diferença entre o L.A e L.B define o volume útil do reservatório. AESABESP - Associação dos Engenheiros da Sabesp 2

CRITÉRIOS PARA DEFINIÇÃO DOS LIMITES OPERACIONAIS. A definição do limite alto operacional baseou-se em determinar a folga entre o limite operacional máximo e a boia de segurança. A folga é calculada como sendo o produto do tempo que o controlador leva para reconhecer o alarme e atuar na válvula, somado ao tempo de fechamento da válvula de controle pela velocidade de subida da lâmina d água. Admitiu-se que a boia de segurança, quando existente, atue na mesma posição conforme o relatório técnico Definição de Limites Operacionais Máximos de Reservatórios, DOC 242/1987, situado a 20 cm abaixo do nível do extravasor. Na ausência de boia de segurança, admitiu-se a existência de uma boia de segurança fictícia, situado a 10 cm abaixo do nível do extravasor, afim de considerar as possíveis diferenças construtivas do extravasor. Adotou-se um intervalo de tempo de 5 minutos para a percepção do alarme do limite alto e início de atuação da válvula de controle e admitiu-se uma lei de fechamento linear e um coeficiente de segurança de 1,2 para o tempo de fechamento das válvulas. No início do enchimento do reservatório a velocidade de subida é elevada, pois a válvula de controle está totalmente aberta e à medida que o nível d água sobe, a válvula é gradualmente fechada, o que leva à redução da velocidade de subida do nível d água. Desta forma, admitir toda a altura do reservatório para avaliar a subida pode ser considerado um critério extremamente conservador. Portanto, considerou-se para a análise, os dados de níveis e aberturas de válvulas situados acima de 70% da altura útil do reservatório. As velocidades de subida do nível d água são calculadas em função da variação do nível d água e o intervalo de tempo em que se deu esta variação. Considerou-se apenas variações crescentes dos níveis d água e eliminou-se variações bruscas, resultando em velocidades muito discrepantes não condizentes com a realidade. Avaliou-se então, conjuntamente, as posições da válvula de controle e/ou status de bomba e os valores registrados dentro da faixa de estudo do reservatório, descartando-se todos os dados que apresentaram alguma indicação de problemas de comunicação ou falta de energia. Efetuou-se, assim, o cálculo dos diversos limites alto em cada situação. Portanto, os critérios de expurgo para validação dos dados utilizados foram: Velocidades de subida menor ou igual a zero; Nível do reservatório abaixo de 70% de sua altura útil; Nível do reservatório menor que zero ou maior que o limite de extravasamento; Posição da válvula menor que zero ou maior que 100%; Status de bomba diferente de desligado e ligado (zero e um). Com os dados qualificados e selecionados, pode-se calcular os limites altos nos vários instantes através da equação: L Alto i L Boia t rec t f ϴ i 100 CS NA i NA i-1 (t si t si-1 equação (1) Onde: L Alto i Limite Alto da Câmara no instante i [m] L Boia Limite da Boia da Câmara [m] t rec Tempo de Reconhecimento do Operador [min] t f Tempo de Fechamento Total da Válvula de Controle [min] ϴ i Posição da Válvula no instante i [%] CS Coeficiente de segurança [20%] NA i Nível da Câmara no instante i [m] NA i-1 Nível da Câmara no instante anterior a i [m] t si Tempo relativo ao instante NA i t si-1 Tempo relativo ao instante NA i-1 AESABESP - Associação dos Engenheiros da Sabesp 3

CRITÉRIOS PARA DEFINIÇÃO DO TEMPO DE DESLIGAMENTO DA ESTAÇÃO ELEVATÓRIA DE ÁGUA (EEA). Nos casos de reservatórios operados integralmente por Estação Elevatória de Água (EEA), adotou-se 100% para os valores de ϴi e, em substituição ao Tempo de Fechamento Total da Válvula de Controle (tf), calculouse o tempo de desligamento total da EEA através da equação: t d (t c q 2 L a 10 60 (q 1 equação (2) Onde: t d Tempo de Desligamento Total da EEA [min] t c Tempo de Desligamento do Conjunto Moto-Bomba [min] q Quantidade de Conjuntos Moto-Bomba Ligados a Desligar L Comprimento da Adutora [m] a Celeridade [m/s] O tempo de desligamento do conjunto e a celeridade adotada nesses casos, exceto quando outrora especificado, é de 2 minutos e 900 m/s, respectivamente. A quantidade de conjuntos moto-bomba ligados a desligar deverá ser determinada em função do risco que se pretende assumir. Particularmente, quando o desligamento da EEA que abastece o reservatório ocorre de forma automática / programada, sem atuação direta do operador, desconsidera-se o tempo de reconhecimento do operador. Assim, arredondou-se o resultado final dessa equação para o próximo valor inteiro. A definição dos Limites Operacionais de Segurança baseou-se em determinar a folga entre o limite operacional máximo (Limite Alto) e a boia de segurança. Sabendo-se o intervalo de tempo que o controlador do sistema leva para reconhecer o alarme de Limite Alto e tomar alguma providência, o tempo de fechamento da válvula de controle ou desligamento da EEA e a velocidade de subida da lâmina d'água, é possível determinar a altura (folga) mínima necessária para que sejam feitas manobras nas válvulas de controle, de forma a manter o sistema em equilíbrio sem acionamento da boia de segurança. O intervalo de tempo para percepção do alarme de Limite Alto foi adotado em função dos registros históricos do SCOA onde estão armazenados os horários que o controlador percebeu o alarme de Limite Alto e quando foi dado um comando para o acionamento da válvula de controle. A diferença entre os dois tempos fornece o tempo de reconhecimento do alarme. As velocidades de subida do nível d'água, baseadas em valores observados nos meses anteriores de operação, são calculadas em função da variação do nível d'água e o intervalo de tempo que se deu esta variação, conforme exemplo do esquema da Figura 2. Figura 2 Cálculo da Velocidade de subida do nível d água. AESABESP - Associação dos Engenheiros da Sabesp 4

CONSIDERAÇÕES SOBRE OS DADOS UTILIZADOS Os dados operacionais obtidos do PI Data Link compreendiam um período de 12 meses. Isto possibilitou a verificação de possíveis mudanças nas regras operacionais. Foram verificadas as alturas em um período de um ano, dessas informações foram retirados os dados relativos as velocidades de subida do reservatório. O tempo de reconhecimento do alarme de Limite Alto foi adotado com base em registros históricos do SCOA. Em média, este intervalo situa-se por volta de 5 minutos. Para o tempo de fechamento das válvulas admitiu-se uma lei de fechamento linear. RESULTADOS OBTIDOS A tabela 1 apresenta o resumo dos resultados obtidos dos reservatórios analisados. Os Limites Altos atuais foram obtidas a partir dos dados cadastrais dos reservatórios que são: Cota do Limite de Extravasamento Cota do Limite da Boia de Segurança Cota do Limite Atual Cota do Limite Baixo Reservatórios Tabela 1 - Comparação das Analises de Limite Alto calculadas. Limite Alto antigo Limite Alto atual Variação do volume útil (m) (m) (m³) (%) Jardim São Luiz 4,9 5,64 3778 21,08% Mooca 4,76 / 5,13 5,47 / 5,82 8438 23,20% Osasco - Vila Iracema 8,2 8,08-273 -1,62% Perus 7,75 8,21 262 6,60% Alto Pinheiros 4,64 4,62-80 -1,02% Poá 5 5,68 721 15,45% Ferraz de Vasconcelos 4,95 5,04 76 3,05% Arujá 4,6 / 5,13 4,64 / 5,15 38 1,29% Vila Mariana 7,57 8,1 2022 21,06% Alto Jardim Ângela 5,7 5,75 82 0,98% Vila Formosa 4,1 4,35 1382 10,00% Chácara Flora 6,78 7,62 439 15,00% Americanopolis 5,23 5,41 464 5,57% Jaraguá 7,4 7,74 786 5,20% CONCLUSÕES Observa-se que dos 14 reservatórios estudados, 12 deles foram otimizados, e proporcionaram um ganho de até 18.488.000 litros em reservação, sem comprometer a segurança do reservatório, alem disso percebe-se que 2 reservatórios estavam operando com possível risco de extravazão. AESABESP - Associação dos Engenheiros da Sabesp 5

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E DADOS UTILIZADOS. O desenvolvimento de uma metodologia e o projeto básico do aplicativo para o cálculo dos limites operacionais foi baseado nas seguintes informações: 1. Relatório DOC.242/87 -"Definição de Limites Operacionais Máximos de Reservatórios. 2. Planilha com análise preliminar, contendo sugestão de critérios e aplicadas a casos piloto. 3. Dados operacionais das válvulas de controle (tempos de fechamento). 4. Banco de Dados do SCOA. 5. RT MAGG 001-2014 - Analise Limite Alto Jardim São Luiz. 6. RT MAGG 167-2015 - Analise Limite Alto Mooca. 7. RT MAGG 042-2014 - Analise Limite Alto Osasco Vila Iracema. 8. RT MAGG 131-2013 - Analise Limite Alto Pinheiros R1. 9. CI 166-2015 - RT 191-2015 - Analise Limites Alto Poa-Ferraz-Aruja. 10. MAGG 055-2013 - Analise Limite Alto - Perus. 11. CI 183_2013 - RT MAGG 182-2013 - Analise Limite Alto Jaragua. 12. MAGG 188-2014 - Analise Limite Alto Americanopolis. 13. MAGG 119-2013 - Analise Limite Alto Chacara Flora. 14. CI 118-2015 - RT 136-2015 Analise Limite Alto Vila Mariana. 15. CI 036_2014 - RT MAGG 041-2014 - Analise Limite Alto Jardim Angela. 16. MAGG 030-2013 - Analise Limite Alto - Vila Formosa. 17. Metodologia e Aplicativo Computacional para Definição de Limites Operacionais de Segurança dos Reservatórios do Sistema Adutor Metropolitano de São Paulo, SP,2002. Estas informações foram obtidas junto a : CCO : Centro de Controle da Operação. MMOE : Divisão de Manutenção Elétrica e Instrumentação. AESABESP - Associação dos Engenheiros da Sabesp 6