Determinação do nível de proteção de tensão (U P)

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Transcrição:

FASCÍCULO NBR 5410 INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DE BAIXA TENSÃO FASCÍCULO 21: DISPOSITIVO DE PROTEÇÃO CONTRA SURTOS: INSTALAÇÃO E COORDENAÇÃO A NBR 5410 apresenta considerações sobre as especificações e tipos dos dispositivos de proteção contra surtos. Em 9.2.5.6 da NBR 5410 são feitas considerações sobre a instalação e coordenação de DPS, a saber. Determinação do nível de proteção de tensão (U P) Particularizando um trecho da tabela 31 da NBR 5410 (tabela 1) pode-se exemplificar como definir o valor U P para um DPS e ainda entender o conceito do estabelecimento dos níveis de proteção. Tabela 1 Caso particular da tabela 31 da NBR 5410 Ao considerar-se que cada segmento de em uma instalação elétrica deve ter sua característica de suportabilidade a impulso previamente definido, pode-se estabelecer que o nível de proteção esteja localizado no ponto de transição entre categorias. No caso da rede externa, quando para proteção dos efeitos diretos causados pelo raio, o primeiro nível de proteção está localizado exatamente no ponto onde os condutores adentram a edificação, o segundo nível de proteção estará localizado onde iniciar-se a distribuição dos circuitos, geralmente o quadro de distribuição principal (QDP), o terceiro nível junto a outros quadros de distribuição secundários (QDS) e assim sucessivamente.

Se a proteção visa mitigar efeitos indiretos causados pelos raios, o primeiro nível de proteção estará situado diretamente no QDP, o segundo nível no QDS, etc. Uma edificação terá tantos primeiros níveis de proteção quantos locais em que conjuntos de condutores metálicos adentrarem a mesma, bem como poderá ter mais de um determinado nível de proteção (2 o, 3 o, etc.) repetido, dependendo da localização dos circuitos, componentes e equipamentos a serem protegidos. Como o nível de proteção deve obedecer às tensões impulsivas normalizadas e a característica de U P em um DPS é determinada pela tensão que aparecerá a jusante do ponto onde este estiver instalado, deduz-se que o DPS deve ter U P igual à categoria de suportabilidade a impulso subsequente ao seu ponto de instalação (figura 1). Figura 1 Determinação de U P e coordenação a suportabilidade de tensão impulsiva Os conceitos de nível de proteção da instalação e classe do DPS não devem estar diretamente atrelados, por exemplo: O DPS classe I sempre deve ser instalado no 1º nível de proteção da instalação, quando o objetivo for o da proteção contra os efeitos diretos causados pelos raios; O DPS classe II também pode ser instalado no 1º nível de proteção da instalação, quando o objetivo for o da proteção contra os efeitos indiretos causados pelos raios ou no 2º e demais níveis de proteção da instalação, quando o objetivo for o da proteção contra os efeitos diretos causados pelos raios, e existir um DPS classe I já instalado no 1º nível de proteção; O DPS classe III funciona como atenuador local que regula e praticamente restabelece as condições normais de tensão. Comparado como um ajuste fino na proteção está sempre instalado nos últimos níveis de proteção, ou seja, exatamente antes do equipamento, algumas vezes embutido no mesmo.

Coordenação de DPS Para a coordenação por tempo considera-se que cada DPS tem um tempo de resposta (atuação) que é função dos componentes que foram utilizados em sua construção (Figura 2). Geralmente adota-se a seguinte correlação: DPS com maior capacidade de dissipação de energia levam mais tempo para sentir o surto. Essa característica exige que o projetista coordene adequadamente os dispositivos na instalação para que o DPS mais robusto sempre atue primeiro. Para que haja coordenação efetiva, os fabricantes adotam distâncias mínimas de condutores entre os níveis de proteção. Quando não existir esta distância mínima recomendada, há necessidade da inserção no circuito de um elemento que atrase o surto, geralmente indutores ou termistores, a fim de fazer com que o DPS instalado no 1º nível de proteção sinta o surto e atue antes do DPS instalado no 2º nível de proteção e assim sucessivamente. Figura 2 Coordenação entre DPS por tempo de atuação Posicionamento dos DPS no 1º nível de proteção da instalação Seguindo a classificação das influências externas e análise de riscos, a NBR 5410 divide em duas as possibilidades de instalação do conjunto de DPS no primeiro nível de proteção: Proteção contra os efeitos indiretos dos raios (surtos induzidos na linha externa de alimentação ou contra surtos causados por manobra): os DPS devem ser instalados junto ao ponto de entrada da linha na edificação ou no QDP, localizado o mais próximo possível do ponto de entrada. Simplificando: para a proteção contra os efeitos indiretos é correto instalar os DPS sempre no QDP (Figura 3);

Figura 3 Posicionamento do DPS classe II, primeiro nível para surtos induzidos ou no segundo nível com DPS classe I instalado a montante, na rede elétrica de energia É admitida apenas uma exceção a essa regra, quando há edificações de uso unifamiliar, atendidas pela rede pública de distribuição em baixa tensão, a barra PE utilizada na caixa da medição deve ser interligada ao BEP, além de essa caixa de medição não distar mais de 10 metros do ponto de entrada da instalação na edificação. Nessas condições os DPS podem ser instalados junto ao barramento na caixa de medição (Figura 4). Figura 4 DPS classe II próximo à medição Proteção contra sobretensões provocadas por descargas atmosféricas diretas sobre a edificação ou próximo a ela, surtos conduzidos: os DPS devem ser instalados especificamente no ponto de entrada da linha na edificação (Figuras 5 e 6). O ponto de entrada da instalação na edificação é definido pela NBR 5410 como o ponto em que o condutor penetra (adentra) a edificação.

Figura 5 Posicionamento do DPS classe I, primeiro nível, na rede elétrica de energia. QDP no ponto de entrada. Figura 6 Posicionamento do DPS classe I, primeiro nível, na rede elétrica de energia. QDP fora do ponto entrada.