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Transcrição:

É para mim uma honra, enquanto Deputada Municipal eleita Democraticamente pelo Partido Socialista, estar aqui hoje, perante vós e convosco, a comemorar o dia em que há 44 anos atrás, Portugal viveu um momento único! Vários foram os escritos sobre este momento e gostaria de partilhar convosco um extrato de um poema de >José Carlos Ari dos Santos, escrito em 1975, e que se chama, As Portas que Abril Abriu! Era uma vez um país, onde entre o mar e a guerra, vivia o mais feliz dos povos à beira-terra. Onde entre vinhas, sobredos, vales socalcos searas, Serras, atalhos veredas, lezírias e praias claras um povo se debruçava como um vime de tristeza, sobre um rio onde mirava a sua própria pobreza Ora passou-se porém, que dentro de um povo escravo, alguém que lhe queria bem um dia plantou um cravo Era a semente da esperança, feita de força e vontade era ainda uma criança mas já era a liberdade! Foi então que Abril, abriu as portas da claridade e a nossa gente invadiu a sua própria cidade Disse a primeira palavra na madrugada serena, um poeta que cantava: o povo é quem mais ordena!

Foi esta força sem tiros de antes quebrar que torcer esta ausência de suspiros, esta fúria de viver este mar de vozes livres, sempre a crescer a crescer que das espingardas fez livros para aprendermos a ler que dos canhões fez enxadas para lavrarmos a terra e das balas disparadas apenas o fim da guerra Foi esta força viril de antes quebrar que torcer que em vinte e cinco de Abril fez Portugal renascer! Na madrugada de 25 de Abril de 1974, após 48 anos de solidão, silêncio e repressão. O Estado Novo caía e terminavam longos anos de medo e desrerspeito, iniciando-se um novo ciclo, um ciclo de esperança de um futuro melhor. Como disse o poeta, Abril abriu as portas da Democracia. Uma Democracia que reconhecia o individuo, que lhe garantia Direitos e Liberdade! Direitos - consagrados num Estado Social solidário e justo, Liberdade - de expressão e pensamento! Muitos foram os que defenderam a justiça, a paz, a democracia, o respeito e sofreram por isso! Muitos foram os que com coragem enfrentaram a injustiça, a perseguição, a repressão e nos ensinaram o que significa Liberdade! Abril abriu a porta à determinação de um povo, à coragem, à capacidade de acção, à esperança. Essa porta que se abriu jamais se poderá fechar e os princípios ideológicos que consagrou jamais poderão ser esquecidos! Por isso estamos aqui hoje, não só para lembrar mas sobretudo para não esquecer! Para não esquecer que hoje todos temos voz! Hoje, nesta comemoração, todos os representantes políticos, o órgão máximo Municipal, a

população do concelho de Caminha, junta-se para relembrar e agradecer àqueles que tornaram possível a realidade que vivemos. A todos aqueles que não atravessaram esta época tão dura, que sempre usufruíram da sua Liberdade, que têm acesso á educação, á cultura, a um sistema de saúde igual para todos, a uma assistência social que é o garante da nossa vida enquanto cidadãos, das nossas crianças e dos nossos idosos, a todos esses digo: Relembrem sempre este dia que foi o ponto de viragem, relembrem sempre o legado que vos foi deixado e nunca esqueçam todas as conquistas que ele vos deixou! Abril abriu a porta ao Estado Social e uma das maiores conquistas do 25 de Abril foi o do poder autárquico plural e democrático. Não podemos esquecer que o investimento é levado a todos os sítios por força do poder autárquico democrático. Do ponto de vista da infraestruturação do território, a todos os níveis, o poder local foi determinante, diria mesmo decisivo. Se não fosse o poder local, Portugal seria certamente, um território muito mais assimétrico e menos desenvolvido pois foram as autarquias que melhor executaram os recursos, em prol das suas populações. Responsabilidades, Desafios, são diariamente colocados a quem dirige o nosso concelho. Apesar das dificuldades e dos pesados legados, o nosso concelho tem seguido um rumo bem claro, tem seguido uma estratégia bem definida para conseguir o melhor para o sítio onde vivemos.

Não se empunharam armas, não andaram tanques na rua, não foi necessário! O que sim foi preciso ter, foi vontade de resolver, vontade de englobar, vontade de melhorar, vontade de fazer mais e melhor. Abriram-se novos caminhos assistimos a um crescimento económico que levou à descida do desemprego, houve uma clara aposta na educação, na cultura, na acção social e na participação ativa dos cidadãos. Não foi fácil nem irá ser fácil daqui para a frente mas não podemos parar e é tempo agora de prosseguir o caminho traçado e de reivindicar mais! E essa reivindicação passa por definir como prioridade uma verdadeira transferência de competências do poder central para as autarquias. A descentralização de poderes nas autarquias deve ser uma realidade próxima, pois há muita coisa que pode ser feita de uma forma muito mais eficiente pelo poder local mas que ainda está sob a alçada do poder central. Só mesmo quem conhece os territórios e a sua população, pode decidir da melhor forma. Mas, para que assim seja o envelope financeiro adequado tem de acompanhar essa mesma descentralização. Ainda há muito a fazer mas isso não nos pode fazer esquecer o que já foi feito, e como foi feito. Tal como as conquistas de Abril, também o nosso concelho teve as suas conquistas, por isso devemos ter a determinação necessária para prosseguir e, se a 25 de Abril de 1974 o povo se uniu num grito, com cravos e com esperança, hoje unamo-nos também com esperança, a uma só voz porque como disse José Carlos Ari dos Santos: De tudo o que Abril abriu, ainda pouco se disse, e só nos faltava agora que Abril não se cumprisse! Na frente de todos nós, povo soberano e total e ao mesmo tempo a voz e o braço de Portugal!

Viva o 25 de Abril! Viva o Concelho de Caminha Viva Portugal!