SEMIÁRIDO RURAL DO BRASIL: Tecnologias de Convivência Geoespacializadas por Setor Censitário do IBGE (GEOtec_SBr)

Documentos relacionados
SEMINÁRIO: AVALIAÇÃO DA SECA DE NO SEMIÁRIDO. Segundo Dia ( )

Eixo Temático ET Gestão Ambiental

PERCEPÇÃO, MANEJO, E USO DA ÁGUA DE CHUVA EM COMUNIDADES RURAIS DO SEMIÁRIDO PARAIBANO

Mesa Redonda Desafios da captação de água de chuva no Semi-Árido brasileiro

A PROBLEMÁTICA DA SEMIARIDEZ NO SERTÃO PARAIBANO

DIAGNÓSTICO DA UTILIZAÇÃO DE CISTERNAS PARA ARMAZENAMENTO DE ÁGUAS PLUVIAIS NO SERTÃO PARAIBANO

POLÍTICAS PÚBLICAS APLICADAS NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO PARA PROMOVER A CONVIVÊNCIA COM AS SECAS

Análise situacional a partir da utilização de dados secundários. 12 de dezembro de 2016

POLÍTICA PUBLICA DE CONVIVÊNCIA COM O SEMIÁRIDO: CONSTRUÇÃO E VIABILIDADE DE CISTERNAS NA REGIÃO DE IRECÊ-BA

Desenvolvimento de Plantas de Imbuzeiro (Spondias tuberosa Arruda) na Região Semi-Árida do Nordeste

ESTUDO TÉCNICO N.º 10/2012

ANÁLISE DE GRUPOS POPULACIONAIS RURAIS VULNERÁVEIS ÀS DOENÇAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA: UM ESTUDO DE CASO NO SEMIÁRIDO PARAIBANO

Uso da terra na bacia hidrográfica do alto rio Paraguai no Brasil

Contabilizando para o Cidadão

ANÁLISE DA PRECIPITAÇÃO PLUVIAL NO MUNICÍPIO DE OURICURI PARA AUXILIAR NA CAPTAÇÃO DE ÁGUAS DAS CHUVAS

INFLUÊNCIA DA PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA NAS DAS ÁREAS DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA DE CHUVA NA BAHIA

Empoderando vidas. Fortalecendo nações.

ESTRATÉGIAS DE CONVIVÊNCIA COM O SEMIÁRIDO: UM CASO PARTICULAR

1º Seminário Franco Brasileiro de Saúde Ambiental

TRABALHO ASSALARIADO NA AGRICULTURA NORDESTINA NO PERÍODO

Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional

VARIAÇÃO ESPACIAL DA PRECIPITAÇÃO E TEMPERATURA DO AR NO SUBMÉDIO SÃO FRANCISCO

Monitoramento da Evolução do Quadro de Seca e Estiagem Mudança climática

Perfil Demográfico da População

Estatísticas sobre Analfabetismo no Brasil

O Programa Luz para Todos e a Universalização do Atendimento de Energia Elétrica no Nordeste

ESTUDO TÉCNICO N.º 18/2016

ESCASSEZ E DESPERDÍCIO DE ÁGUA DE CHUVA EM COMUNIDADES DO SEMI-ÁRIDO DO NORDESTE

AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DAS RESERVAS DE ÁGUA DE CHUVA NO MUNICIPIO DE AGUIAR NA PARAÍBA

Instituição financeira múltipla, sociedade de economia mista, de capital aberto, com 63 anos de atuação;

Lista de Siglas e Abreviaturas

A SECA NO SEMIÁRIDO POTIGUAR E O USO DAS CISTERNAS DE PLACAS

Comparação de Variáveis Meteorológicas Entre Duas Cidades Litorâneas

FONTE DE DADOS. Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde: Dados de todos os estabelecimentos de saúde do Brasil.

Pesquisa Pecuária Municipal 2017: Efeitvo dos rebanhos caprinos e ovinos

Geografia. Demografia do Brasil. Professor Thomás Teixeira.

Lucio Alberto Pereira 1 ; Roseli Freire de Melo 1 ; Luiza Teixeira de Lima Brito 1 ; Magna Soelma Beserra de Moura 1. Abstract

FECOEP: ESTRATÉGIA DE CAPACITAÇÃO EM TECNOLOGIAS SOCIAIS NO SEMIÁRIDO ALAGOANO

BAHIA. Previdenciária. ria PNAD BRASÍLIA, MAIO DE 2011

PERFIL DO SEMIÁRIDO RURAL BRASILEIRO: Avaliação microbiológica das águas de uso domiciliar.

PERFIL SOCIOECONÔMICO DOS BENEFICIÁRIOS DE CISTERNAS DE PLACAS DO SÍTIO ZABELÊ, NOVA OLINDA-CE

O USO DE BARRAGENS SUBTERRÂNEAS PARA GESTÃO HÍDICA NO SEMIÁRIDO

10o SIMPÓSIO BRASILEIRO DE CAPTAÇÃO E MANEJO DE ÁGUA DE CHUVA Belém - PA - Brasil CAPTAÇÃO DE ÁGUA DE CHUVA EM CISTERNAS RURAIS EM ANOS DE SECA

Aula Introdutória Análise do edital e dicas de estudo para o concurso do BNB Banco do Nordeste do Brasil. Edital publicado na sexta-feira, dia

ÍNDICE DE CONDIÇÕES HABITACIONAIS DA REGIÃO DO MATOPIBA

Captação e Manejo de Água de Chuva: Avanços e Desafios em um Ambiente de Mudanças. conclusões e recomendações

Campina Grande, 2015.

NARRATIVA DO MONITOR DE SECAS DO MÊS DE FEVEREIRO DE Condições Meteorológicas do Mês de Fevereiro de 2016

XXIII Encontro da Associação Nacional das Instituições de Planejamento, Pesquisa e Estatística

LABORATÓRIO DE ESTUDOS DA POBREZA - LEP A QUEM SE DESTINA O PLANO BRASIL. extremamente pobres no país. SEM MISÉRIA?: perfil dos

FATORES SOCIOECONÔMICOS COMO INDICADORES DE SUSCEPTIBILIDADE À DESERTIFICAÇÃO EM MICROREGIÕES DO SERTÃO DE PERNAMBUCO PE

PROGRAMA SOCIOAMBIENTAL DE PROTEÇÃO E RECUPERAÇÃO DE MANANCIAIS

Colégio Santa Dorotéia

III CONFERÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO CODE/IPEA

ESGOTAMENTO SANITÁRIO NAS ÁREAS DE MAIOR CONCENTRAÇÃO DA AGRICULTURA FAMILIAR: SITUAÇÃO DA REGIÃO NORDESTE

I Congresso Baiano de Engenharia Sanitária e Ambiental - I COBESA

FNPETI FÓRUM NACIONAL DE PREVENÇÃO E ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL. Cenário do Trabalho Infantil Dados PNAD 2014

3a CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE HABITAÇÃO Londrina 14 e 15/12/2012

ANUÁRIO DO TRABALHO. e 2 O O 7

CISTERNAS DE PLACAS NO ASSENTAMENTO JIBOIA SEMIÁRIDO BAIANO

IMPACTOS DO PROJETO DE TRANSPOSIÇÃO DO SÃO FRANCISCO PARA A AGRICULTURA IRRIGADA

AVALIAÇÃO SÓCIOECONÔMICA DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO ESTADO DE MINAS GERAIS POR MEIO DA ANÁLISE DE CORRESPONDÊNCIA

Estimativas e Análises do PIB Regiões, Estados e Municípios. Boletim Técnico Gonçalves & Associados Edição 02 Setembro/2012.

Econômico Contabilidade Nacional

Rio de Janeiro, 18/05/2017. Mercado de Trabalho Brasileiro 1º trimestre de 2017

PROFILE OF RURAL BRAZILIAN SEMI-ARID: socioeconomic and ecological vulnerability of agricultural establishments Index - IVA

O MAPA DA EXTREMA INDIGÊNCIA NO CEARÁ E O CUSTO FINANCEIRO DE SUA EXTINÇÃO

REGIME DE CHUVAS MENSAL E ANUAL DO MUNICIPIO DE BARRA DE SANTANA NOS ULTIMOS ANOS.

DIAGNÓSTICO DOS TIPOS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO DOMICILIAR NO ESTADO DA PARAÍBA

Capítulo III. Demografia. SBC Detroit Brasileira Pierino Massenzi 1996, óleo sobre tela 100 x 100 cm 69

NOTÍCIAS ETENE 04 DE MAIO DE 2011 RESULTADOS DO CENSO 2010

Boletim 02/17 Unidade de Gestão Estratégica - Sebrae/PE

DESMATAMENTO NAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA CAATINGA EM 2009

Região Nordestina. Cap. 9

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA DIRETORIA DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Investimentos em Saneamento Básico no Brasil

TERRITORIAL. Resultado segundo regiões naturais

Analfabetismo no Brasil: Tendências, Perfil e Efetividade dos Programas de Alfabetização de Adultos. Reynaldo Fernandes. Inep/MEC e FEA-RP/USP

Preços e comercialização de milho-verde na Ceasa Minas

S E T E M B R O D E N º

NOTA TÉCNICA No. 014/2012/CAPRE/CDP/INMET

PANORAMA DA EVOLUÇÃO DO ÍNDICE TOTAL DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO

A CONSTRUÇÃO DO MAPA DA POBREZA E DO MAPA DE OPORTUNIDADES E DE SERVIÇOS PÚBLICOS

F.18 Cobertura de esgotamento sanitário

AVANÇOS DO MPA NA CARCINICULTURA NO BRASIL ( ) E PERSPECTIVAS FUTURAS

CAATINGA: UM BIOMA EXCLUSIVAMENTE BRASILEIRO

Semiárido Brasileiro: Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

O APOIO DO BANCO DO NORDESTE AOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS APLs. S u p e r i n t e n d e n t e - E T E N E

Capacidade de captação da água de chuva em cisternas de comunidades da zona rural do município de Petrolina, Pernambuco. Resumo

Boletim do Centro de Inteligência e Mercado de Caprinos e Ovinos n. 1, Outubro 2017

ESTUDO SOBRE ACESSIBILIDADE E ARMAZENAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS NAS ZONAS URBANA E RURAL DA CIDADE DE ITAPETIM-PE

ESTIMATIVA DO POTENCIAL DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA DAS CHUVAS DOS TELHADOS DO IFCE CAMPUS QUIXADÁ

TERRITORIAL. Eleições e condições socioeconômicas nos municípios

ESPACIALIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA NO TERRITÓRIO DO SERIDÓ-PB

ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL DO USO DA ÁGUA: ESTUDO DE CASO DO PROJETO SERTÃO DE PERNAMBUCO

Exercícios Complementares de Ciências Humanas Geografia Ensino Fundamental. Regiões Brasileiras

Censo Demográfico de 2010 Primeiros resultados População e Domicílios recenseados

ANÁLISE DA VARIABILIDADE TEMPORAL DA PLUVIOSIDADE COM A DEMANDA HIDRICA DA PECUÁRIA NORDESTINA

Trabalho Infantil e Trabalho Infantil Doméstico no Brasil

O USO DE GEOTECNOLOGIA NA ANÁLISE DOS CHEFES DE FAMÍLIA COM RENDAS ABAIXO DA LINHA DE POBREZA E NA LINHA DE POBREZA NO MUNICÍPIO DE SANTO AMARO - BA

Transcrição:

III Simpósio Brasileiro de Recursos Naturais do Semiárido SBRNS Manejo de bacias hidrográficas em regiões semiáridas: potencialização da produção de água Fortaleza - Ceará, Brasil 20 a 22 de junho de 2017 doi: 10.18068/IIISBRNS2017.tcs717 ISSN: 2359-2028 SEMIÁRIDO RURAL DO BRASIL: Tecnologias de Convivência Geoespacializadas por Setor Censitário do IBGE (GEOtec_SBr) Aderaldo de Souza Silva 1, Iêdo Bezerra Sá 2, Angela Carolina de Medeiros 3 1 Dr. Eng. Agrônomo, pesquisador, Embrapa Semiárido, BR 428-km 152 Zona Rural C.P. 23, Fone: (87) 3866.3803, CEP 56302-970. Petrolina-PE, aderaldo.silva@embrapa.br 2 Dr. Eng. Florestal, pesquisador, Embrapa Semiárido, BR 428-km 152 Zona Rural C.P. 23, Fone: (87) 3866.3803, CEP 56302-970. Petrolina-PE, iedo.sa@embrapa.br 3 Dra. Bióloga, Salvaguardas Socioambientais, Projeto Cooperar-PB/BIRD - BR 230 - Km 14 - S/N - Cabedelo/PB - CEP 58.310-000 - Telefones: PABX (83) 3246-8644 - FAX (83) 3246-7858, angelacarolinademedeiros@gmail.com RESUMO: O estudo comprova a importância da elaboração de projetos socioambientais nas dimensões regional ou local, utilizando informações socioeconômicas e ecológicas, tendo como unidade cartográfica de referência o setor censitário do IBGE. A presente proposta metodológica cobriu a região semiárida rural brasileira, abrangendo 19.355 setores censitários intrínsecos aos seus 1.134 municípios. A metodologia foi desenvolvida e fundamentada em algoritmo estatístico multidimensional, por meio da construção do Índice de Vulnerabilidade Socioeconômica e Ecológica para famílias residentes em 2,300836 milhões de Domicílios Particulares e Coletivos, permitindo dessa forma a elaboração de projetos de políticas públicas socioambientais, em detrimento às elaboradas em base municipal. Também, possibilitou precisar a efetividade das potenciais demandas comunitárias locais, a exemplo das comunidades indígenas do setor censitário de Inajá-PE, detectada como as mais vulneráveis de todo o semiárido rural. PALAVRAS CHAVE: políticas públicas, aridez, geoestatística, vulnerabilidade. RURAL SEMIÁRIDO DO BRASIL: Geospatialised Living Technologies by IBGE's Censitary Sector (GEOtec_SBr) SUMMARY: The study proves the importance of the elaboration of socio-environmental projects in the regional or local dimensions, using socioeconomic and ecological information, having as reference unit the IBGE census tract. The present methodological proposal covered the Brazilian semi-arid region, comprising 19,355 census tracts intrinsic to its 1,134 municipalities. The methodology was developed and based on a multidimensional statistical algorithm, by means of the construction of the Socioeconomic and Ecological Vulnerability Index for families living in 2,300,836 million Private and Collective Households, thus allowing the elaboration of socio-environmental public policy projects, to the detriment To those elaborated in municipal basis. It also made it possible to determine the effectiveness of potential local community demands, such as the indigenous communities of the Censusdesignated area of Inajá-PE, detected as the most vulnerable in the rural semiarid region. KEYWORDS: Public policies, aridity, geostatistics, vulnerability

INTRODUÇÃO A Embrapa Semiárido disponibiliza a presente proposta metodológica para implementação de políticas públicas. Ela consiste de ações de natureza produtiva e de consumo, ou seja, utilização massiva de tecnologias integradas ao sistema produtivos, visando o favorecimento das comunidades do semiárido, tendo como base cartográfica de referência os setores censitários do IBGE intrínsecos ao limite municipal (Medeiros, 2016). Isso possibilita detalhar em, aproximadamente, vinte vezes a mesma informação, quando comparada a utilização da base municipal como referência. O mapeamento das oportunidades de negócio é, certamente, a revitalização da agricultura familiar e do agronegócio. Portanto, partindo-se do princípio que já existe um acervo considerável de tecnologias a serem integradas ao sistema produtivo, a utilização das dimensões socioeconômicas e ecológicas no delineamento das políticas públicas a serem utilizadas para este segmento produtivo, poderão ser os instrumentos de transformação desejadas. Entretanto, o fosso do empoderamento tecnológico pelo produtor continua, porém, é passível de inversão, se a presente metodologia for incorporada pelos projetistas e gestores públicos. Essa proposta objetiva a precisão da disseminação de informações tecnológicas à sociedade, por meio da geoespacialização das tecnologias socioambientais. Para isso foi construído o Índice de Vulnerabilidade Socioeconômica e Ecológica das Famílias em Domicílio Particular Permanente (ISEfam_SBr), para medir o grau de desenvolvimento socioeconômico e ecológico das famílias existentes no semiárido brasileiro, para compreender como elas estão vulneráveis ao contexto de vivencia no qual estão inseridas, hierarquizandoas em função da tipificação dos Domicílio Particular Permanente (DPP) por setor censitário. MATERIAL E MÉTODOS A área de estudo foi o Semiárido brasileiro com 969.589,3 km 2. Foram utilizadas informações provenientes do Zoneamento Agroecológico do Nordeste, pesquisas da Embrapa Semiárido e Censo demográfico 2010 do IBGE (Silva et al., 2007). Os dados abrangeram 19.355 setores censitários, contendo 2,300836 milhões de Domicílios Particulares e Coletivos (DPC) e 2,290373 milhões de Domicílios Particulares Permanentes (DPP), sendo que 2,276698 são do tipo casa e 5,186 mil DPP do tipo casa de vila ou em condomínio, desses 15.342 estão em setores censitários, exclusivamente rurais. Na Tabela 1 encontra-se a distribuição do número de setores censitários do Semiárido rural, por município e Estado e suas respectivas frequências.

Tabela 1. Distribuição do número de setores censitários do Semiárido Rural por Unidades da Federação e por município, segundo Censo do IBGE 2010. ND ESTADOS MUNICÍPIOS FREQUÊNCIA SETORES FREQUÊNCIA (N) ACUMULADA CENSITÁRIOS (N) ACUMULADA * 1 Alagoas 38 38 607 607 2 Bahia 266 304 6908 7515 3 Ceará 150 454 3535 11050 4 Minas Gerais 85 538 1054 12104 5 Paraíba 170 709 1375 13479 6 Pernambuco 122 831 2963 16442 7 Piauí 127 959 1323 17765 8 Rio Grande do Norte 147 1106 1131 18896 9 Sergipe 29 1.134 459 19355 Nota: (*) A informação geoespacializada analisada por setor censitário do IBGE retrata a situação socioeconômica e ecológica do setor e não do município. Por este motivo, é ao redor de vinte vezes mais efetiva, em termos comparativo, quando avaliada em base a totalização municipal. O setor censitário é a unidade territorial de controle cadastral da coleta, constituída por áreas contíguas, respeitando-se os limites da divisão político-administrativa, do quadro urbano e rural legal (IBGE, 2010). Segundo o Censo Demográfico do IBGE 2010, nos 19.355 setores censitários existentes no semiárido, existiam 797.162 DPP com abastecimento de água proveniente da rede geral, 252.363 com abastecimento de água de poço ou nascente na propriedade, 278.382 com abastecimento de água de chuva armazenada em cisterna e 956.315 DPP com outra forma de abastecimento de água (açudes, barragens, barreiros, cacimbões, cacimbas, rios, lagos e lagoas). Salienta-se que do total de moradores, 1,777804 milhões de pessoas com 10 anos ou mais de idade, tinham rendimento nominal mensal de mais de ½ a 1 salário mínimo e 1,563101 milhões detinham rendimentos de até ½ salário mínimo. Essas variáveis foram consideradas preponderantes para a construção do Índice de Vulnerabilidade Socioeconômica e Ecológica das Famílias em Domicílio Particular Permanente (ISEfam_SBr). RESULTADOS E DISCUSSÃO A partir do cruzamento de 29 variáveis significativas, utilizadas na análise fatorial método varimax rotacionado, por meio da variante discriminante Número de pessoas de 10 anos ou mais de idade com rendimento nominal mensal de mais de ½ a 1 salário mínimo (V002Rpess), foi possível definir a tipificação para o conjunto dos 19.355 setores avaliados (Medeiros, 2016). Como resultado foram obtidas quatro macro características conceituais, denominadas Perfis dos setores censitários: 1º) Comunidades de famílias urbanizadas de cidade ou vila; 2º) Comunidades Rurais; 3º) Comunidades tradicionais (assentamentos, indígenas e quilombolas); e 4º) Comunidades com agricultura familiar. Para esses perfis, os

valores das comunalidades finais superiores a 50,50% foram considerados altamente significativas (P<=0,001). As Tabelas 2 e 3 apresentam a síntese da análise multivariada, considerando os resultados da matriz de coeficiente para os Perfis 3, 4, 2 e 1, e suas respectivas Classes de tipificação 1, 2, 3 e 4, nesta ordem sequencial (Medeiros, 2016). A Tabela 2 apresenta o valor do SEfam_SBr para os setores censitários, incluindo as quatro Classes de vulnerabilidade. O Setor mais vulnerável está localizado no município de Inaja, PE (Classe 1) e o menos vulnerável localizado no município de Tobias Barreto-SE (Classe 4). Salienta-se que na referida Tabela estão citados apenas os cinco primeiros setores censitários de cada Classe, com exceção da última Classe composta dos cinco últimos. Enquanto, na Tabela 3, para efeito comparativo, segue-se procedimento similar apenas para Inajá-PE e Tobias Barreto-SE., onde cada município detém 21 e 43 setores censitários, respectivamente. Tabela 2. Índice de Vulnerabilidade Socioeconômica e Ecológica das Famílias em Domicílio Particular Permanente (ISEfam_SBr) por Setor Censitário do Semiárido do Brasil. ND Perfil Setor Censitário Município UF V C ISE fam_sbr 1 3 260700005000018 INAJÁ PE E 1 0.00009312058 2 230370905000103 CAUCAIA CE 0.00009311919 3 261110115000009 PETROLINA PE 0.00009311640 4 4 261110105000051 PETROLINA PE A 2 0.00009311361 5 230535705000012 ICAPUÍ CE 0.00009311083 6 240710405000087 MACAÍBA RN 0.00009310804 3396 230370905000108 CAUCAIA CE 0.00008365898 3397 291840715000002 JUAZEIRO BA 0.00008365480 3398 2 293050105000051 SERRINHA BA M 3 0.00008365062 3399 240800305000173 MOSSORÓ RN 0.00008364644 3400 230370915000003 CAUCAIA CE 0.00008364226 19351 280560405000028 PORTO DA FOLHA SE 0.00000002787 19352 280560405000029 PORTO DA FOLHA SE 0.00000002230 19353 1 280700605000006 SÃO M. DO ALEIXO SE B 4 0.00000001672 19354 280700605000009 SÃO M. DO ALEIXO SE 0.00000001115 19355 280740205000043 TOBIAS BARRETO SE 0.00000000557 NOTA: UF Unidade da Federação; V - Vulnerabilidade da Tipificação (E - Elevada, A - Alta, M - Média e B - Baixa); C - Classe do índice ISE fam_sbr; ISE fam_sbr - Índice de vulnerabilidade socioeconômica e ecológica; ND - Número de Ordem dos cinco primeiros setores censitários e dos cinco últimos. Classe 1 Vulnerabilidade Elevada (cor vermelha) está representada por um único setor censitário (0,01%), cujo ISEfam_SBr foi estabelecido em 0.00009312058. Esse setor encontra-se localizado no município de Inajá-PE e abrange uma comunidade indígena, cujos 426 moradores convivem com a extrema pobreza, associada a escassez permanente de água

para consumo humano. Do total dos DPP, 227 contém até 8 moradores. Dentro das 29 variáveis analisadas, comprovou-se que nessa Classe a existência de 394 pessoas de 10 anos ou mais de idade com mais de ½ a 1 salário mínimo de renda nominal mensal. Tabela 3. Análise comparativa, em termos de eficiência e eficácia da informação geoespacializada, quando disseminada considerando-se o número de setores censitários por município para o Semiárido Rural por Unidade da Federação do Brasil, segundo IBGE 2010. ND Perfil Setor Censitário Município V1 UF V C ISE fam_sbr 1 3 260700005000018 5648 260700005000015 126 0.00007424338 5746 2 260700005000023 INAJÁ 123 PE M 3 0.00007383364 394 E 1 0.00009312058 6673 260700005000008 91 0.00006995785 11087 1 260700005000030 74 B 4 0.00004609690 17089 21 TOTAL 1289 280740210000016 17768 280740210000003 17 0.00000885257 17900 1 280740205000032 TOBIAS BARRETO 16 SE B 4 0.00000811671 25 0.00001263776 18026 280740205000070 14 0.00000741430 19355 280740205000043 0 0.00000000557 43 TOTAL 3394 NOTA: V1V002RpessSM - Número de Pessoas de 10 anos ou mais de idade com mais de ½ a 1 SM - Salário Mínimo. Classe 2 Vulnerabilidade Alta (cor amarela) Representa 17,54% dos setores censitários avaliados, com ISEfam_SBr entre 0,00008366177 a 0,00009311919. Nesses predominam os beneficiários do Programa Hum milhão de Cisternas do Governo Federal, cujas atividades foram definidas pelo Perfil 4 (comunidade com agricultura familiar), isto é, evidenciou-se as características socioeconômicas e ecológicas dos moradores em DPP com abastecimento de água de chuva armazenada em cisterna. Classe 3 Vulnerabilidade Média (cor verde) Os setores censitários dessa Classe representam 19,70% do universo pesquisado, com amplitude para o ISEfam_SBr entre 0,00006772520 e 0,00008365898. As variáveis Domicílios Particulares Permanentes com 10 ou mais moradores e número de Moradores em DPP com outra forma de abastecimento de água foram as que mais contribuíram para a diferenciação tipológica definida pelo Perfil 2 (comunidades rurais). Classe 4 Vulnerabilidade Baixa (cor azul) 12.148 (62,76%) setores censitários estão representados nessa classe, com ISEfam_SBr variando entre 0,00000000557 a 0,00006772102, definidos pelo Perfil 1 (comunidade urbana de cidade ou vila). Apesar de sua baixa vulnerabilidade socioeconômica e ecológica, congrega milhões de pessoas com

rendimentos nominais mensais inferiores a um salário mínimo. Prevaleceu nessa classe a maioria das famílias de agricultores da região semiárida, localizadas na situação do setor censitário, nominado pelo IBGE Aglomerado rural de extensão urbana, apresentando os menores valores médios para a variável discriminante (V002Rpess), em conformidade com a matriz de tipificação. Na Tabela pode ser verificado que apenas considerando a variável pessoas de 10 ou mais anos de idade com mais de ½ a 1 salário mínimo (v002rpess), essa totaliza 1.289 e 3.394 pessoas, respectivamente, sendo Tobias Barreto com a maior pobreza. Porém, quando se analisa esta mesma variável em termos de setor censitário, verifica-se que o setor 260700005000018, pertencente a Inajá, detém 394 pessoas, enquanto o setor 280740205000043, pertencente a Tobias Barreto, não tem extrema pobreza. Esse fato inverte a priorização de políticas públicas para as famílias potencialmente beneficiárias. CONCLUSÕES A proposta tecno-metodológica permite a monitoração da aplicação dos recursos financeiros e seu desempenho junto à população. Isso é possível por meio da construção do ISEfam_SBr. Esta contribui para determinar as causas fundamental, primaria, secundária e terciária das comunidades do semiárido, alencando políticas públicas socioambientais. REFERÊNCIAS IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo 2010. Brasília/DF, 2010. SILVA, A. de S., BRITO, Luiza Teixeira de L, SILVA FILHO, P. P., VAISTMAN, J., PAES- SOUSA, R. Avaliação Ambiental da Performance do Programa Cisternas do MDS em Parceria com a ASA: Índice de Sustentabilidade Ambiental - ISA In: Metodologias e Instrumentos de Pesquisa e Avaliação de Programas do MDS.1 ed. Brasília-DF : Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2007, v.534, p. 405-421. Medeiros, A. C. de. Índices de desenvolvimento socioeconômico e ecológico: um estudo contributivo às comunidades quilombolas do Estado da Paraíba. 2016. 193 f. Tese (Doutorado em Recursos Naturais) Centro de Tecnologia e Recursos Naturais, Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande. 2016.