A coleta da argila plástica e da laterita foram feitas diretamente no galpão de estoque da empresa Cerâmica Vermelha de forma regular e sistemática.



Documentos relacionados
ENTECA 2003 IV ENCONTRO TECNOLÓGICO DA ENGENHARIA CIVIL E ARQUITETURA

Blocos de. Absorção de água. Está diretamente relacionada à impermeabilidade dos produtos, ao acréscimo imprevisto de peso à Tabela 1 Dimensões reais

CARACTERIZAÇÃO DA ARGILA PARA CONFECÇÃO DE BLOCOS PRENSADOS E QUEIMADOS

A INFLUÊNCIA DO SISTEMA DE VÁCUO NAS PROPRIEDADES FÍSICAS DOS PRODUTOS DE CERÂMICA VERMELHA.

Propriedades do Concreto

AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA EM CONCRETOS PRODUZIDOS COM AGREGADOS LEVES DE ARGILA CALCINADA. Bruno Carlos de Santis 1. João Adriano Rossignolo 2

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO

5. Limitações: A argamassa Matrix Assentamento Estrutural não deve ser utilizada para assentamento de blocos silicocalcário;

IMPORTÂNCIA DA CURA NO DESEMPENHO DAS ARGAMASSAS IMPORTÂNCIA DA CURA NO DESEMPENHO DAS ARGAMASSAS

TIJOLOS CRUS COM SOLO ESTABILIZADO

a) 0:1:3; b) 1:0:4; c) 1:0,5:5; d) 1:1,5:7; e) 1:2:9; f) 1:2,5:10

BLOCOS, ARGAMASSAS E IMPORTÂNCIA DOS BLOCOS CARACTERÍSTICAS DA PRODUÇÃO CARACTERÍSTICAS DA PRODUÇÃO. Prof. Dr. Luiz Sérgio Franco 1

IX Congresso Brasileiro de Análise Térmica e Calorimetria 09 a 12 de novembro de 2014 Serra Negra SP - Brasil

Blocos e Alicerces CONCEITO

PLASTICIDADE DOS SOLOS

BLOCOS DE VEDAÇÃO COM ENTULHO

ME-38 MÉTODOS DE ENSAIO ENSAIO DE COMPRESSÃO DE CORPOS-DE-PROVA CILÍNDRICOS DE CONCRETO

Influence of coarse aggregate shape factoc on concrete compressive strength

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO ANISOTRÓPICO DE PRISMAS DE ALVENARIA ESTRUTURAL CERÂMICA

USO DE LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA PARA PRODUÇÃO DE BLOCOS CERÂMICOS

ÁREA DE ENSAIOS ALVENARIA ESTRUTURAL RELATÓRIO DE ENSAIO N O 36555

A INCORPORAÇÃO DE PÓ DE EXAUSTÃO EM MASSA CERÂMICA ATOMIZADA TIPO SEMIGRÊS

Departamento de Engenharia Civil, Materiais de Construção I 3º Ano 1º Relatório INDÍCE

DETERMINAÇÃO DO TEOR DE UMIDADE E DENSIDADE BÁSICA PARA ESPÉCIES DE PINUS E EUCALIPTO

Fabricação de blocos cerâmicos. Classificação dos materiais pétreos. Fabricação de blocos cerâmicos. Classificação dos produtos cerâmicos

AVALIAÇÃO DA ABSORÇÃO DE ÁGUA DE TIJOLOS DE CONCRETO PRODUZIDOS PARCIALMENTE COM AGREGADOS RECICLADOS

O fluxograma da Figura 4 apresenta, de forma resumida, a metodologia adotada no desenvolvimento neste trabalho.

Utilização de Material Proveniente de Fresagem na Composição de Base e Sub-base de Pavimentos Flexíveis

Dosagem de Concreto INTRODUÇÃO OBJETIVO. Materiais Naturais e Artificiais

INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS METALÚRGICOS. Prof. Carlos Falcão Jr.

Ensacado - A Argila Expandida pode ser comprada em sacos de 50l, sendo transportada da mesma maneira. Cada 20 sacos equivalem a 1m 3.

TRANSPORTES E OBRAS DE TERRA

TIJOLOS DE SOLO-CIMENTO PRODUZIDOS COM RESÍDUOS DE CONCRETO

ESTUDO DE CARACTERÍSTICA FÍSICA E MECÂNICA DO CONCRETO PELO EFEITO DE VÁRIOS TIPOS DE CURA

VERIFICAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE UM CONCRETO DE CIMENTO PORTLAND DO TIPO CPII-Z-32 PREPARADO COM ADIÇÃO DE UM RESÍDUO CERÂMICO

Levantamento Inicial do Consumo de Energias Térmica e Elétrica na Indústria Brasileira de Revestimentos Cerâmicos

MANUAL PASSO A PASSO DE APLICAÇÃO: GS-SUPER

Estudo da Aplicação do Resíduo Grits na Fabricação de Elementos de Concreto

Palavras-chave: Capeamento; Concreto; Compressão Axial.


Doutorando do Departamento de Construção Civil PCC/USP, São Paulo, SP 2

ALVENARIA DE BLOCOS DE SOLO-CIMENTO FICHA CATALOGRÁFICA-27 DATA: JANEIRO/2014.

ME-4 MÉTODOS DE ENSAIO SOLO DETERMINAÇÃO DO LIMITE DE LIQUIDEZ

RECUPERAÇÃO TÉRMICA DE AREIA DESCARTADA DE FUNDIÇÃO (ADF)

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DOS MATERIAIS SETOR DE MATERIAIS

Escola de Engenharia de São Carlos - Universidade de São Paulo Departamento de Engenharia de Estruturas. Alvenaria Estrutural.

CARACTERIZAÇÕES FÍSICAS E POZOLÂNICAS DAS ARGILAS DE IVINHEMA/MS

Controle da qualidade em uma fábrica de sorvetes de pequeno porte

Ensaio de tração: cálculo da tensão

CONCRETO SUSTENTÁVEL: SUBSTITUIÇÃO DA AREIA NATURAL POR PÓ DE BRITA PARA CONFECÇÃO DE CONCRETO SIMPLES

FICHA TÉCNICA - MASSA LEVE -

UTILIZAÇÃO DE RECICLADOS DE CERÂMICA VERMELHA

CONSUMO DE CIMENTO EM CONCRETOS DE CIMENTO PORTLAND: A INFLUÊNCIA DA MASSA ESPECÍFICA DOS AGREGADOS

COMPARAÇÃO ENTRE PEÇAS CERÂMICAS VERMELHAS E COM ADIÇÃO DE LODO DE ETE

ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SECAGEM DE ARGILA

A IMPORTÂNCIA DO CONTROLE TECNOLÓGICO DO CONCRETO

ESTUDO DA RECICLAGEM DO RESÍDUO DA CONSTRUÇÃO CIVIL PARA USO EM ESTACA DE COMPACTAÇÃO

São assim denominados pois não utilizam o processo de queima cerâmica que levaria à derrubada de árvores para utilizar a madeira como combustível,

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

ME-25 MÉTODOS DE ENSAIO ENSAIO DE PENETRAÇÃO DE MATERIAIS BETUMINOSOS

Estudo da Viabilidade Técnica e Econômica do Calcário Britado na Substituição Parcial do Agregado Miúdo para Produção de Argamassas de Cimento

2 Materiais e Métodos

MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO II TECNOLOGIA DA ARGAMASSA E DO CONCRETO

O tornado de projeto é admitido, para fins quantitativos, com as seguintes características [15]:

DOSAGEM DE CONCRETO AUTO-ADENSÁVEL PELO MÉTODO DE TU- TIKIAN E DAL MOLIN

4 Segmentação Algoritmo proposto

Definição. laje. pilar. viga

COMPORTAMENTO DE BLOCOS DE CONCRETO PRODUZIDOS COM ESCÓRIA DE ACIARIA PARA ALVENARIAS

EQUAÇÕES DE INFILTRAÇÃO PELO MÉTODO DO INFILTRÔMETRO DE ANEL, DETERMINADAS POR REGRESSÃO LINEAR E REGRESSÃO POTENCIAL

CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA E MINERALÓGICA DE RESÍDUOS DE QUARTZITOS PARA UTILIZAÇÃO EM REVESTIMENTO CERÂMICO

Universidade do Estado de Mato Grosso Engenharia Civil Estradas II

INFLUÊNCIA DA GRANULOMETRIA E TEMPERATURA DE QUEIMA SOBRE O GRAU DE DENSIFICAÇÃO DE ARGILAS DA REGIÃO DE MARTINÓPÓLIS SP

BIANCO é uma resina sintética de alto desempenho que proporciona excelente aderência das argamassas aos mais diversos substratos.

Proposta de melhoria de processo em uma fábrica de blocos de concreto

Granulometria. Marcio Varela

9º ENTEC Encontro de Tecnologia: 23 a 28 de novembro de 2015

Procedimento de obra para recebimento de bloco cerâmico Estrutural

PROGRAMA DE GARANTIA DA QUALIDADE DE ARGAMASSAS COLANTES

Portaria n.º 558, de 19 de novembro de 2013.

RECICLAGEM DE RESÍDUOS E CIDADANIA: PRODUÇÃO DE TIJOLOS ECOLÓGICOS PARA CONSTRUÇÃO DE CASAS POPULARES EM REGIME DE MUTIRÃO - PARTE II

Parede de Garrafa Pet

PRODUTOS DE CERÂMICA VERMELHA MCC1001 AULA 5. Disciplina: Materiais de Construção I Professora: Dr. a. Carmeane Effting.

GEOROSCADO ENGRAVILHADO

FAQ - Frequently Asked Questions (Perguntas Frequentes)

Facear Concreto Estrutural I

Capítulo 4 ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS EM CONCRETO ARMADO

CURSO DE AQUITETURA E URBANISMO

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE ARGILAS DA REGIÃO NORTE DE SANTA CATARINA

CARACTERIZAÇÃO MINERALÓGICA DE MATERIAL ARGILOSO PROVENIENTE DO MUNICÍPIO DE SANTA BÁRBARA PA RESUMO

SOLIDIFICAÇÃO/ESTABILIZAÇÃO DE LODO GALVÂNICO EM BLOCOS DE CONCRETO PARA PAVIMENTAÇÃO (PAVERS)

TRABALHO DE GESTÃO DE REVESTIMENTOS

Resumo. 1. Introdução

Reciclagem do Lodo da Estação de Tratamento de Efluentes de uma Indústria de Revestimentos Cerâmicos. Parte 2: Ensaios Industriais

FS-06. Fossa séptica. Componentes. Código de listagem. Atenção. FS (L=3,00m) FS (L=3,80m) FS (L=5,40m) 01 27/12/10

Soluções Amanco. Linha Amanco Novafort

Medida da velocidade de embarcações com o Google Earth

Metalurgia & Materiais

Universidade Federal de Goiás (CMEC/EEC/UFG), 2 Professor Titular do CMEC/EEC/UFG, epazini@eec.ufg.br

Faculdade de Tecnologia e Ciências Curso de Engenharia Civil Materiais de Construção Civil II. Dosagem de concreto. Prof.ª: Rebeca Bastos Silva

EFEITO DA CONCENTRAÇÃO DO ÁCIDO CLORÍDRICO NA ATIVAÇÃO ÁCIDA DA ARGILA BENTONÍTICA BRASGEL

Transcrição:

CARACTERIZAÇÃO TECNOLÓGICA E MINERALÓGICA DA MATÉRIA-PRIMA UTILIZADA NA FABRICAÇÃO DE BLOCOS CERÂMICOS N. Q. Campos; N. S. Tapajós. Laboratório de Beneficiamento de Minérios (LABEM) Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará, IFPA Campus Belém Rua Bernal do Couto, 901, ap3001s, Umarizal, 66055-080, Belém-PA q.campos@hotmail.com RESUMO No estado do Pará, a indústria de cerâmica vermelha possui diversos segmentos altamente geradores de empregos e forte apelo social. Com isso inúmeras empresas direcionadas a este setor produtivo surgem, porém muitas sem qualquer gestão de qualidade. Logo, este trabalho teve como objetivo a caracterização tecnológica e mineralógica da matéria-prima utilizada na fabricação de blocos cerâmicos, pela Empresa Cerâmica Vermelha, localizada no município de Inhangapí PA. A matériaprima foi caracterizada através das técnicas de difração de raios-x (DRX) para determinação das fases cristalinas presentes através de um procedimento preciso e eficiente, onde foi possível a identificação de picos referentes à montmorilonita, ilita e caulinita para a amostra argila, e caulinita e quartzo para a amostra laterita. A laterita apresentou a fração areia em maior proporção e a argila com fração silte superior a 80% mostrou-se um material excessivamente plástico. os resultados obtidos da resistência à compressão estiveram abaixo do exigido pela norma, o que sugere métodos de ensaio mais precisos. PALAVRAS-CHAVE: Blocos cerâmicos, caracterização, Cerâmica Vermelha. 828

1. INTRODUÇÃO A cerâmica é, notoriamente, um produto muito reconhecido e comercializado no Brasil e também no mercado exterior. De acordo com informações do SEBRAE, o setor de não-metálicos é composto por cimento, cerâmica vermelha, cerâmica de revestimento, vidro e cal que, juntos, correspondem a mais de 90% da produção, do consumo, do faturamento e do emprego total do setor; menos de 10% está relacionado a louças sanitárias, louças de mesa, refratários, esmaltes fritas e gesso. Entre os produtos da cerâmica vermelha encontram-se incluídos todos os produtos que apresentam cor vermelha após a queima. E os principais produtos fabricados por este setor, destinados à construção civil, são tijolos maciços, blocos de vedação e estrutural, telhas, ladrilhos de piso, manilhas e elementos vazados. Sua participação no volume de uma obra pode ultrapassar 90% e seu custo atinge raramente 10% do valor da obra (10). Apesar de muitos anos de utilização dos produtos cerâmicos, seu processo produtivo sofreu pouca evolução tecnológica, acarretando baixa produtividade e desperdício no setor, causando problemas para a indústria da construção civil (9). Com isso, o objetivo deste trabalho é a caracterização tecnológica e mineralógica das matérias-primas utilizadas industrialmente para a produção de blocos cerâmicos, buscando informações mais precisas nos resultados, através da mais adequada preparação de amostras do material estudado. 2. MATERIAS E MÉTODOS As matérias-primas utilizadas no presente trabalho são: (A) Argila plástica que é extraída do município de Inhangapí- Pa, localizada na rodovia PA-136, Km 79, Agropecuária Verdes Mares. (B) Laterita extraída do município de Inhangapí- Pa, localizada na rodovia PA-136, Km 79, Fazenda Canindé. A coleta da argila plástica e da laterita foram feitas diretamente no galpão de estoque da empresa Cerâmica Vermelha de forma regular e sistemática. Devido a grande umidade das matérias-primas, um processo de secagem preliminar foi realizado. 829

A desagregação ocorreu apenas com a argila plástica, pois a mesma apresentava-se muito endurecida e aglomerada. O quarteamento foi feito primeiramente por pilha, posteriormente utilizou-se quartemanento Jones, dessa forma obteve-se amostras homogêneas e capazes de fornecer informações da massa ao conjunto. Corpos já conformados foram selecionados e retirados da esteira da extrusora da empresa para serem queimados em Laboratório, para serem utilizados nos ensaios de absorção de água, retração linear e resistência mecânica à compressão. Após cuidadosa secagem, 15 blocos cerâmicos foram queimados no Laboratório de Materiais da Faculdade de Engenharia Química da UFPA em mufla, marca LINN ELEKTRO THERM (modelo KK 260 SO 1060), por cerca de 3 horas a uma temperatura de 900ºC. A argila utilizada neste trabalho foi submetida aos ensaios de limite de plasticidade (LP) (regido pela norma NBR 7180/84) e liquidez (LL) (regido pela NBR 6459/03) que compõem o índice de plasticidade (IP). Foram realizados também os seguintes ensaios: - Ensaio de umidade, onde se pesou cerca de 270 g e colocou-se em estufa até peso constante (eliminação completa da água). - Granulometria. A aferição do tamanho dos grãos amostras foi realizada em um granulômetro a laser, marca FRITSCH. Cerca de 3 g de cada amostra foi utilizada para a execução da análise. Utilizou-se Pirosfofato de sódio nas amostras para não ocasionar aglutinação. - Absorção de água. Foi realizado segundo as recomendações da NBR 15270-3 (ABNT, 2005). Os corpos-de-prova foram secos a 110ºC até massa constante e pesados com precisão de 0,01 g. Em seguida, os mesmos foram imersos em água, onde a água sofreu um aquecimento gradativo até entrar em ebulição, então, deixou-se os corpos por 2 horas em água fervente. Após esse procedimento, o material é novamente pesado para se obter massa saturada. 830

Neste ensaio, fez-se uma comparação entre os blocos cerâmicos queimados na empresa, denominados de CV, com os blocos que foram queimados no Laboratório de materiais de Engenharia Química da UFPA, denominados de CP. - Retração linear total. Obteve-se a retração total dos blocos cerâmicos pela soma da retração na secagem mais a retração na queima. Dada pela equação: % = ( ) ( ) Onde: %Rt: Retração Linear total, ocorrida durante a secagem e queima do material; Ci: Comprimento do corpo de prova medido logo após a conformação; Cf: Comprimento final do corpo de prova medido após cozedura a temperatura T. Neste ensaio usou-se 9 corpos-de-prova para determinação da retração linear. - Ensaio resistência mecânica à compressão. O procedimento foi executado segundo as normas da NBR 15270-3 (ABNT, 2005). A carga foi aplicada na direção perpendicular as suas faces, ou seja, na direção do esforço que o bloco suporta durante o seu assentamento. Os corpos foram colocados na máquina universal AMSLER do Laboratório de Resistência dos Materiais da Faculdade de Engenharia Civil da UFPA, de modo que o centro de gravidade estivesse no eixo de carga dos pratos da prensa Alternativamente, as faces dos blocos foram regularizadas por meio de uma chapa de aço, dispensando-se assim o capeamento. O cálculo usado para obtenção da resistência à compressão, dada em Megapascal MPa, é feito através da divisão da carga máxima pela média das áreas brutas das duas faces de trabalho de cada bloco ( N/mm²). - Análise de difração de raios- x. As análises foram realizadas em Difratômetro de raios-x modelo X PERT PRO MPD (PW3040/60), da PANalytical, com Goniometro PW3050/60 (Theta/Theta) e com tubo de raios-x cerâmico de anodo de Cu (Kα1 = 1,5406 A), modelo PW3373/00. A aquisição de dados foi feita com o software X'Pert Data Collector. As lâminas, primeiramente, foram analisadas da forma orientada, posteriormente foi adicionado glicol e sob esta condição feita nova 831

difração, e em última etapa, levou-se para a mufla, marca Heraeus - MR 170E, para o aquecimento a 550ºC, resfriou-se e uma nova análise foi realizada. A identificação dos minerais foi feita através da comparação do difratograma obtido com padrões (fichas) do bando de dados do ICDD-PDF (International Center dor Diffraction Data Powder Diffraction File). 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Observam-se na tabela 1 os valores dos teores de umidade, onde o material argila encontra-se com umidade superior e a laterita semi-úmida. Mesmo havendo proteção das matérias-primas no galpão coberto da empresa, as mesmas apresentaram umidade relativamente alta, o que é justificado, como já mencionado anteriormente, aos fatores climáticos da região. Por isso é de grande importância um controle permanente da umidade das materiais primas antes do início da produção. Tabela 1: Ensaio de umidade MATERIAL TEOR DE UMIDADE % ARGILA 19,25 LATERITA 14 O índice de plasticidade encontrado para a argila plástica foi de 23,11% (tabela 2), o que representa, segundo os dados da literatura, uma elevada plasticidade. Vale ressaltar que não foi possível a realização do ensaio de plasticidade com a laterita, devido ser um material não-plástico. O que justifica seu emprego na composição da massa, ou seja, o emprego deste material na massa cerâmica confere uma melhor trabalhabilidade durante o processo de conformação. Tabela 2: Valores do limite de liquidez e plasticidade e do índice de plasticidade ÍNDICE DE PLASTICIDADE LL (%) 56 LP (%) 32,89 IP (%) 56-32,89 = 23,11 832

Na figura 1 abaixo se observa a curva granulométrica da laterita, onde é notório a maior presença de fração arenosa, cerca de 77,30%, o que era esperado. As frações argila e silte apresentaram 5,40% e 17,30%, respectivamente. Figura 1: Análise granulométrica laterita Nota-se que a argila, ilustrada na figura 2, mesmo apresentando uma alta plasticidade, possui sua maior porcentagem em relação à fração silte, 81,13%. E, 10,39% de fração argila e 8,48% de fração areia. Mesmo com índice de plasticidade elevada, a argila estudada apresentou uma grande porcentagem da fração silte. Sugere-se, então, que a plasticidade existente seja conseqüência da presença de argilominerais, podendo estes não necessariamente estarem dentro do intervalo da fração argila ( 0,002mm). Figura 2: Análise Granulométrica argila 833

Os resultados da absorção de água estão dispostos abaixo na tabela 3, onde se observa que quanto ao índice de absorção de água, as amostras CP estão de acordo com a NBR 15270-3 (ABNT, 2005b), ou seja, todas as amostras estavam dentro da variação de 8% a 25%, estabelecida por norma. No caso das amostras CV, apenas uma apresentou absorção menor que 8%. Considerando-se a média das duas amostras, observa-se que os corpos não possuem quantidade elevada de poros o que, provavelmente, se deve em decorrência de uma boa sinterização. Corpo Tabela 3: Resultados da absorção de água dos blocos CP e CV Massa seca (ms) Massa úmida (mu) Absorção de Água (AA) Corpos Massa seca (ms) Massa úmida (mu) Absorção de Água (AA) Nº (g) (%) Nº (g) (%) CP 01 1605,61 1839,36 14,55 CV01 1507,06 1625,65 7,86 CP02 1615,49 1832,75 13,44 CV02 1534,84 1761,71 14,78 CP03 1606,42 1833,58 14,14 CV03 1572,24 1800,58 14,52 CP04 1602,44 1825,99 13,95 CV04 1526,81 1742,01 14,09 CP05 1597,12 1825,99 14,33 CV05 1548,49 1791,21 15,67 CP06 1607,98 1843,48 14,64 CV 06 1602,98 1841,09 14,85 Média 1605,41 1831,53 14,17 Média 1537,88 1744,32 13,62 Os resultados da retração linear, mostrados na tabela 4 a seguir, mostraram-se abaixo de 10%, com exceção da amostra CP08. Este índice representa o bom controle da velocidade de secagem e da temperatura de queima executado durante o processo. Tabela 4: Resultado da Retração Linear das amostras CP Corpo Comprimento inicial (Ci) Comprimento Final (Cf) Retração Linear Total Nº (cm) (%) CP01 20 19 5,2 CP02 20 18,7 6,9 CP03 20 19 5,2 CP04 19 18,5 2,7 CP05 20 18,7 6,9 834

CP06 19,8 19 4,2 CP07 21 19,5 7,6 CP08 22 18,8 17 CP09 20 18,8 6,3 Média 20,2 18,8 6,8 Os resultados de resistências à compressão para cada bloco estão apresentados nas Tabelas 5. Quanto ao ensaio de resistência mecânica à compressão observaram-se resultados bem distintos, fora de uma faixa regular. Acredita-se que, para estes resultados abaixo do esperado, deve-se ao método empregado no ensaio. Com ausência do capeamento e uso de uma chapa de aço, os blocos, provavelmente não distribuiu de forma adequada a carga exercida. Segundo a literatura, as superfícies onde se aplicam as cargas devem ser mais planas, paralelas e lisas possíveis, de modo que o carregamento seja uniforme. Tabela 5: Resultados das resistências à compressão Corpo Resistência à compressão (Nº) (MPa) CP01 0,74 CP02 0,82 CP03 0,85 CP04 1,14 CP05 0,72 CP06 1,16 CP07 1,18 CP08 1,17 CP09 0,89 CP10 0,94 CP11 1,19 Média 0,98 De acordo com o difratograma da argila, apresentado na figura 3, pode-se notar picos referentes à montmorilonita a, ilita e caulinita. 835

A caulinita pode ser identificada após o aquecimento a 550ºC, pois a esta temperatura seus picos desaparecem, pois se torna amorfo. Podemos observar que o pico mais intenso desaparece quando a amostra é aquecida a 550ºC, o que confirma a sua presença. Comparando-se as lâminas foi possível identificar a presença de montmorilonita, visto que este argilomineral, pertencente ao grupo das esmectitas, tem a tendência de deslocar seu pico na presença do glicol, ou seja, quando saturadas com glicol à distância interplanar da montmorilonita expande-se, comprovando assim sua existência na amostra. O grupo da ilita caracteriza-se por picos que permanecem inalterados pela solvatação em glicol e aquecimento a 550ºC, o que é apresentado no difratograma abaixo, comprovando assim, sua presença. Figura 3: Difratograma da argila O difratograma da laterita, figura 4, apresenta picos referentes à caulinita e ao quartzo, o que era esperado para esta amostra. Percebe-se o desaparecimento da caulinita com o aquecimento a 550ºC. Provavelmente devido ao início da transformação da caulinita em metacaulinita, pois segundo dados da literatura pesquisada, esta é obtida a partir da calcinação da caulinita acima de 550 º C. O quartzo é característico deste tipo de solo e mostra-se inalterado tanto na glicolagem, pois se caracteriza por ser uma material não expansível, quanto no aquecimento, em decorrência de sua alta temperatura de transformação. 836

Figura 4: Difratograma da laterita 4. CONCLUSÕES As caracterizações tecnológicas e mineralógicas realizadas mostraram dados importantes e eficazes na busca de qualidade tanto das matérias-primas quanto do seu produto final. Quanto às caracterizações tecnológicas executadas, pode-se concluir que as matérias-primas possuem umidade relativamente alta (19,25 % para argila e 14 % para laterita), porém, isto varia de acordo com o período climático. O que demonstra a importância do sazonamento e de um controle de umidade no processo de produção. A argila apresentou elevada plasticidade, 23,11%, sendo classificada como uma argila expansiva através dos difratogramas analisados. O que nos mostra a real necessidade e coerência da mistura desta argila com a laterita, um solo que caracteriza-se como não-plástico e não expansivo, características estas, confirmadas pela difração de raios-x. Foi possível concluir que apesar da alta plasticidade, a argila estudada apresentou a maior parte de sua composição granulométrica de silte, superior a 80%, porém como já mencionado anteriormente, este fato não anula a propriedade plástica e expansiva da mesma, pois foi comprovada a presença de argilominerais que conferem plasticidade. Com a média do índice de absorção de água dos corpos calcinados em laboratório, 14,17%, confirma-se a boa calcinação que foi adquirida com o controle de temperatura. Os corpos ensaiados da empresa também apresentaram bons resultados médios de absorção de água quando comparados com os blocos calcinados em laboratório (13,62%). 837

A retração linear total, com valor médio de 6,8%, mostrou a importância de uma secagem e queima gradual e controlada para a obtenção de corpos livres de defeitos e, consequentemente, redução de perdas. Quanto aos valores de resistência à compressão, média de 0,98 MPa, atribuise a técnica adotada em laboratório e geração das discrepâncias entre os valores obtidos nos ensaios e recomendados pela norma da ABNT sendo recomendado novos ensaios com a aplicação de pasta de cimento (ou argamassa) no recobrimento dos corpos a serem ensaiados, de forma a regularizar ao máximo as superfícies das faces submetidas ao esforço. REFERÊNCIAS 1. A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7180: Solo Determinação de limite de plasticidade. Rio de Janeiro, 1984. 3p. 2.. NBR 6459: Solos Determinação do limite de liquidez: Metodo de ensaio. Rio de Janeiro, 1984. 6p. 3.. NBR 6457: Amostra de solos Preparação para ensaio de compactação e ensaio de caracterização: Método de ensaio. 1986. 9p. 4.. NBR 15270-1: Blocos cerâmicos para alvenaria de vedação Terminologia e requisitos. Rio de Janeiro, 2005. 11p. 5.. NBR 15270-3: Blocos cerâmicos para alvenaria estrutural e de vedação Métodos de ensaios. Rio de Janeiro, 2005. 27p. 6. ALBERS, A.P.F., Melchiades, F.G., Machado, R., Baldo, J.B., Boschi, A.O. Um método simples de caracterização de argilominerais por difração de Raios-X. In: Anais do 45º Congresso Brasileiro de Cerâmica, p. 2200201-2200211, Florianópolis-SC, 2001. 7. SANTOS, P. S. Ciências e Tecnologias de Argilas. São Paulo: Edgar Blücher, 1989. 8. SEBRAE - Estudos de mercado sebrae / ESPM. Ano: 2008. Disponível em < http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/bds.nsf/c5b4284e12896289832574c1004 E55DA/$File/NT00038DAA.pdf>. Acesso em: 21 ago. 2010. 838

9. SILVA, A.M.; COSTA, C.G. Alvenaria estrutural com Bloco Cerâmico. 2007, 69p. Monografia (Graduação em Engenharia Civil). Universidade do Sul de Santa Catarina UNISUL, Tubarão. 10. VILLAR, V.S. Perfil e Perspectiva da indústria de cerâmica vermelha do sul de Santa Catarina.1988. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. MINERALOGICAL AND TECHNOLOGY CHARACTERIZATION OF RAW MATERIALS OF CLAY USED FOR CERAMIC BLOCKS FABRICATION ABSTRACT In the state of Pará, the red ceramic industry has several segments highly generators of jobs and a strong social appeal. With so many companies focused on this productive sector emerge, but many without any adminstration quality. Therefore, this study focused the technological and mineralogical characterization of the raw material used in the manufacture of ceramic blocks, by Cerâmica Vermelha Company, located in the district of Inhangapí-PA. The raw material was obtained by the techniques of X-ray diffraction (XRD) to determine the present crystalline phases through an accurate and efficient procedure, where it was possible to identify the peaks relating to montmorillonite, illite and kaolinite clay in the sample, and kaolinite and quartz in the sample laterite. Another important result was the absorption of water, with average satisfactory according to the standards. According to a sieve analysis, the laterite the sand fraction showed a greater extent compared to the other, while the clay silt exceeding 80% was found to be too plastic material. The resistance to compression, the results were below the required by the standard, suggesting more accurate test methods. KEY-WORDS: Ceramic blocks, Characterization, Red Ceramic. 839