A formação continuada do bibliotecário: um prisma multidisciplinar

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Transcrição:

Powered by TCPDF (www.tcpdf.org) A formação continuada do bibliotecário: um prisma multidisciplinar Bruna Beltrão Belinato (Fiocruz) - belinatobruna@gmail.com Leandro da Conceição Borges (UFRJ/ Fiocruz) - leandrocb@bol.com.br Cícera Henrique da Silva (Fiocruz) - cicera.silva@globo.com maria cristina soares guimaraes (Fiocruz) - cristina.guimaraes@icict.fiocruz.br Resumo: A formação continuada é um dos princípios essenciais para o aprimoramento das carreiras profissionais, principalmente para se manter atualizado. O Bibliotecário possui diversas alternativas de qualificação, pelo fato da sua formação ter um caráter polissêmico, seja em seja em especializações, cursos de mestrado (acadêmico ou profissional) e doutorado uma vez que em qualquer nicho mercadológico a informação, principal objeto de trabalho do Bibliotecário, está inserida. Este trabalho tem como objetivo apresentar a inserção do Bibliotecário em um curso lato sensu multidisciplinar, no Rio de Janeiro, durante os anos de 2005 a 2016, e as temáticas utilizadas pelos mesmos para a elaboração dos seus trabalhos de conclusão de curso. A análise, de caráter documental, verificou a relação dos alunos matriculados e os trabalhos de conclusão de curso, realizando uma categorização que buscava sintetizar o principal objetivo presentes nos trabalhos. Foi possível constatar que dos 171 alunos matriculados, 63 são Bibliotecários, representando 36,8% do total, e as temáticas utilizadas estão de acordo com as que a área da Biblioteconomia utiliza, alinhadas com as mudanças informacionais presentes na sociedade. Palavras-chave: Educação continuada. Bibliotecário. Lato sensu. Multidisciplinaridade. Eixo temático: Eixo 7: Comunicação científica, formação do bibliotecário e o ensino de Biblioteconomia.

Introdução XXVII Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação Fortaleza, 16 a 20 de outubro de 2017 O ritmo da sociedade contemporânea contemplou mudanças, em todos os sentidos, cujos reflexos foram incorporados à forma de conviver. No que diz respeito ao mercado de trabalho ocorreram impactos significativos em diversas profissões. Russo (2010) pontua que com o crescimento científico e tecnológico, em diferentes áreas do conhecimento, muitas profissões desapareceram, outras foram adaptadas e novas surgiram possibilitando a procura por demandas de formação profissional. Com essas mudanças, no âmbito macro, Milanesi (2013) justifica que provavelmente foram os Bibliotecários os que mais sofreram, principalmente com o surgimento da computação e da internet. O foco da profissão do Bibliotecário foi moldado com tempo. A ideia que se tinha era de se guardar e não se perder o que estava guardado. O histórico da profissão perpassou desde a organização dos tabletes de argila até chegar a organização dos registros na internet. Segundo Milanesi (2013) com o tempo deuse o nome de Bibliotecário ao profissional responsável por facilitar o acesso às grandes coleções para os que buscavam algum registro nas bibliotecas. A profissão do Bibliotecário e a ideia de biblioteca durante a Antiguidade e o início do Renascimento foi ampliado com o dever de [...] organizar para atender a todas as demandas de informação de um determinado público (MILANESI, 2013, p. 8). A formação do Bibliotecário sempre esteve ligada aos aspectos técnicos da profissão e eruditos (FONSECA, 2007). Com a contemporaneidade a formação acadêmica é modificada. No Brasil, o Bibliotecário é profissional formado em Biblioteconomia que recebe o título de bacharel ao término do curso. A função atual do Bibliotecário no mercado de trabalho registra uma grande polissemia. Fonseca (2007, p. 91) apresenta o Bibliotecário como o profissional que tanto dirige ou trabalha em biblioteca, como o que é diplomado por um curso de Biblioteconomia. Sabemos que no mundo moderno o trabalho do Bibliotecário não é restrito às bibliotecas. É um trabalho que vai além. Silva e Sales (2012, p. 401) apresentam que o Bibliotecário pode atuar [...] em qualquer ambiente onde a informação é entendida como insumo essencial para o desenvolvimento das atividades. Ao pensar nesse caráter polissêmico a formação continuada também precisa ser levada em consideração. Guimarães, Silva e Santana (2012, p. 5) destacam que enquanto a graduação cumpre o papel de conservação, memorização, ritualização e construção da herança cultural, [...] a pós-graduação deve trazer o desafio de vencer [e estimular] a articulação entre o conhecimento.

Atualmente, no Brasil, além da graduação, o Bibliotecário pode ampliar os estudos de pós-graduação que estão concentrados nas esferas da qualificação, do lato sensu e do stricto sensu. Lato sensu incorporam os cursos de especialização em diferentes áreas do conhecimento, Master in Business (MBA); os de stricto sensu incorporam mestrado (acadêmico e profissional) e doutorado. Os cursos de Biblioteconomia e Ciência da Informação, nos âmbitos de mestrado e doutorado, são os que estão fortemente ligados à área de formação do Bibliotecário. Todavia, não é uma regra se especializar somente nessas áreas, já que o desafio e o universo de atuação em campos do conhecimento interdisciplinares por natureza e que guardam peculiaridades de produção e consumo de conhecimento que pede hibridização dos profissionais, é bastante amplo. Ao voltar esforços para cursos de especialização, a Fundação Oswaldo Cruz, mais precisamente o Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT), oferece desde 2005, um curso de caráter multidisciplinar, intitulado Especialização em Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICTS). O aluno formado pelo ICTS recebe o título de Especialista em Informação Científica e Tecnológica em Saúde e está apto para atuar nas demandas informacionais que surgirem na sua instituição de trabalho. O curso é oferecido no Rio de Janeiro pelo ICICT e em Porto Alegre, em convênio com o Grupo Hospitalar Conceição. Neste trabalho, nosso foco será a análise dos formados no Rio de Janeiro. Nesses 12 anos de existência, profissionais de diversas áreas do conhecimento cursaram o ICTS. De enfermeiros a advogados, de administradores a Bibliotecários, todos buscaram nesses anos desbravar um mundo novo e aprimorar alguma demanda de informação de suas instituições. Este trabalho tem como objetivo verificar o número de Bibliotecários no curso desde a sua existência e apresentar ao público da Biblioteconomia a existência do ICTS, tendo em vista o enfoque do curso na informação científica, a experiência multidisciplinar do curso que vai além do exercício da metadisciplinaridade da prática cotidiana, proporcionada através da diversidade da formação dos profissionais, o que conversa diretamente com o caráter interdisciplinar da Biblioteconomia com as outras áreas. Para isso, será apresentado em um recorte de 12 anos, o quantitativo dos alunos do curso por graduação e as temáticas dos trabalhos de conclusão de curso realizados pelos alunos Bibliotecários. Metodologia da pesquisa Como procedimento metodológico para realização do trabalho, foi utilizada a pesquisa documental, que, com base na análise das listas dos alunos do curso desde seu início e conferência e coleta de dados no Currículo Lattes, visa

investigar as formações dos alunos, identificar a formação mais frequente e a temática dos trabalhos de conclusão de curso dos graduados em Biblioteconomia. Inicialmente foram recuperados junto à secretaria acadêmica do curso, a relação dos alunos matriculados entre os anos de 2005 e 2016. Nessa relação foram identificados os nomes dos alunos e os respectivos títulos dos trabalhos de conclusão de curso. No Currículo Lattes, foi coletado o dado da formação no campo de Graduação de cada um dos alunos e preenchido na planilha anterior. Foram quantificados os dados referentes à formação da graduação de todos os alunos. Após esta verificação no Lattes, voltou-se para a planilha e então foi realizada análise qualitativa das temáticas dos trabalhos de conclusão de curso dos Bibliotecários. Resultados e Discussão No período do início do curso (2005) até o ano passado (2016), a especialização no Rio de Janeiro contou com um total de 171 alunos. Deste quantitativo, optou-se por não excluir os poucos casos de desistência (6) para contabilização dos dados, já que o enfoque do trabalho é verificar a formação do profissional, e ainda, quando o aluno possuía mais de uma graduação, optou-se por quantificar o aluno apenas uma vez, com preferência à área de informação, como apresentado no quadro a seguir:

Após esta verificação, foi possível observar que os alunos de Biblioteconomia correspondem a uma maioria significativa dos alunos do ICTS representando 36,8% do total de alunos, tendo em vista que o segundo maior bloco de alunos é formado pelos graduados em Comunicação Social e suas Habilitações com 7,6%, os graduados em Pedagogia 4,0%, seguidos dos demais 36 cursos que juntos somam aproximadamente 45,8% da formação dos alunos, e 5,8% que correspondem aos dados dos alunos que não foram encontrados e/ou dados que estavam incompletos, o que inviabilizou a identificação da graduação dos mesmos. Dos 63 Bibliotecários identificados, foram excluídos os alunos desistentes, para a análise das temáticas dos trabalhos de conclusão de curso. Após esse recorte, foram verificadas as temáticas, por meio de análise de conteúdo que, para Bardin (2009), enquanto método transforma-se em um conjunto de técnicas de análises comunicacionais que sistematiza os procedimentos para alcançar objetivos na descrição do conteúdo das mensagens e a sua categorização. As temáticas encontradas estão apontadas em ordem de maior para menor incidência: repositórios digitais e acesso livre, organização da informação e do conhecimento, biblioteconomia digital (bibliotecas virtuais, digitais e bases de dados), comunicação científica, gestão, estudo de usuários, memória, competência informacional, desenvolvimento de coleções, avaliação da ciência, estudos métricos, biblioterapia, educação continuada, educação em saúde, qualidade de vida profissional, monitoramento da informação e recuperação da informação. Foi possível observar que as temáticas abordadas nos trabalhos de conclusão retratam o que Latour (2004) chama de redes que a razão desconhece, onde a força do físico da biblioteca vai para além da virtualidade em um movimento de passagem e transição digital. Os Bibliotecários mostraram a capacidade de se adaptar as novas tendências, com as novas tecnologias, em encontro a multidisciplinaridade, o que comprova que a biblioteca se reinventa, já que surge para os Bibliotecários uma necessidade de desenvolver novas habilidades e competências como salientado por Silva e Sales (2012) e Russo (2010). Afinal, o [...] Bibliotecário não atua apenas, mas também, em bibliotecas (SILVA; SALES, 2012, p.405), como afirmados por diversos autores e comprovado nessa pesquisa com a amostra dos alunos do ICTS. Considerações Finais A pesquisa mostrou que a maioria dos alunos da Especialização em ICTS são Bibliotecários. Observou-se que as temáticas dos trabalhos de conclusão de curso desses alunos remetem às práticas biblioteconômicas e fazem analogia com

o papel das bibliotecas nos dias atuais, no qual o Bibliotecário e o usuário fazem a biblioteca e não apenas o seu acervo. A biblioteca é onde se escreve o mundo e não existe sustentabilidade sem biblioteca. Apresenta que é preciso ir além e que os Bibliotecários têm competência para tal e que o exercício desse papel deve ser constante. Neste sentido, vale ressaltar ainda que a temática que norteia a maioria dos trabalhos é a de acesso livre, que foi foco do curso nos anos de 2013 e 2014, como estratégia de formação para os profissionais se qualificarem para ambientes totalmente virtuais onde a gestão não é da posse e sim do acesso a conteúdos digitais. E o acesso livre é um caminho de sustentabilidade para a biblioteca. O curso de especialização em ICTS é apresentado como um pequeno exemplo de educação continuada do Bibliotecário para além da Biblioteconomia e Ciência da Informação neste contexto multidisciplinar. Como sugestão para novos estudos seria interessante dar continuidade à pesquisa para levantar outros cursos de pós-graduação lato sensu. Referências: BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011. FONSECA, Edson Nery da. Introdução à biblioteconomia. Brasília: Briquet de Lemos, 2007. GUIMARÃES, Maria Cristina Soares; SILVA, Cícera Henrique da; SANTANA, Rosane Abdala Lins de. Uma abordagem de educação para a saúde a partir da informação científica e tecnológica. R. Eletr. De Com. Inf. Inov. Saúde. Rio de Janeiro, v.6, n.2, jun., 2012 LATOUR, Bruno. Redes que a razão desconhece: laboratórios, bibliotecas, coleções. In: PARENTE, André (Org.). Tramas da rede: novas dimensões filosóficas, estéticas e políticas da comunicação. Porto Alegre: Sulina, 2004. p. 39-63. MILANESI, Luís. Biblioteca. 3. ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2013. RUSSO, Mariza. Fundamentos de biblioteconomia e ciência da informação. Rio de Janeiro: E-papers, 2010. (Biblioteconomia e gestão de unidades de informação, n. 1). SILVA, Lidiana Sagaz; SALES, Fernanda de. O bibliotecário: atuação profissional em empresas da grande Florianópolis. Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v.17 n.2, p. 400-421, jul./dez, 2012. Disponível em: <https://revista.acbsc.org.br/racb/article/viewfile/798/pdf>. Acesso em: 7 jun. 2017.