PROPOSTA DE LEI N.º /2018 DE DE

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PROPOSTA DE LEI N.º /2018 DE DE Considerando que a diversificação da economia nacional e o consequente crescimento e especialização da produção, ao nível do mercado interno e das exportações, requer volumes adequados de investimentos privados de nacionais e de estrangeiros, constituindo-se aqueles investimentos nos motores da actividade produtiva, cabendo ao Estado o papel de agente coordenador, regulador e promotor do desenvolvimento económico e social. Havendo necessidade de proceder a ajustamentos de melhoria ao quadro legal e institucional ora vigente para que se torne ainda mais célere e facilitado o processo de promoção, captação e tramitação de investimentos privados. A Assembleia Nacional aprova por mandato do povo, nos termos do n.º 2 do artigo 165.º e da alínea d) do n.º 2 do artigo 166.º, ambos da Constituição da República de Angola, a seguinte: LEI DO INVESTIMENTO PRIVADO CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS Artigo 1.º (Objecto) A presente Lei estabelece os princípios e as bases gerais, que visam facilitar, promover e acelerar a realização do investimento privado no País, bem como o regime de acesso aos benefícios e outras facilidades a conceder pelo Estado a este tipo de investimento. Artigo 2. (Âmbito) 1- A presente Lei aplica-se a investimentos privados de qualquer montante, quer sejam realizados por investidores internos ou externos.

2- O presente regime de investimento privado não é aplicável aos investimentos a realizar por sociedades comerciais de domínio público em que o Estado detém a totalidade ou a maioria do capital. 3- Os regimes de investimento privado, bem como os direitos, garantias e incentivos inerentes aos mesmos, nos domínios das actividades de exploração petrolífera, minerais, das instituições financeiras, do subsistema de ensino superior, do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação e de outros sectores que a lei determine, são estabelecidos em diplomas específicos. Para efeitos da presente Lei, considera-se: Artigo 3. (Definições) a) «Aumento do Investimento», operação de aporte de recursos adicionais em relação ao investimento inicialmente aprovado e realizado, com vista a aumentar a sua escala; b) «BNA», Banco Nacional de Angola, que exerce as funções de banco central e de autoridade cambial do País, nos termos da lei; c) «Benefícios», benefícios fiscais e aduaneiros que implicam uma redução ou isenção da taxa do tributo; d) «F.O.B.», Free On Board modalidade do frete marítimo, em que o comprador assume todos os riscos e custos com o transporte da mercadoria, assim que ela é colocada a bordo do navio; e) «Investimento privado», utilização no território nacional de capitais, tecnologias e conhecimento, bens de equipamento e outros em projectos económicos determinados ou a utilização de fundos que se destinam à criação de novas sociedades comerciais, agrupamentos de empresas ou outra forma de representação social de empresas privadas, nacionais ou estrangeiras, bem como a aquisição da totalidade ou parte de sociedades de direito angolanos já existentes, com vista à implementação ou continuidade de determinado exercício económico de acordo com o seu objecto social; f) «Investimento interno», realização de projecto de investimento por via da utilização de capitais titulados por residentes cambiais, podendo estes para além de meios monetários, adoptar igualmente a forma de tecnologias e 2

conhecimento, bens de equipamento ou serem oriundos de financiamentos, ainda que contratados no exterior; g) «Investimento externo», realização de projecto de investimento por via da utilização de capitais titulados por não residentes cambiais, podendo estes para além de meios monetários, adoptar igualmente a forma de tecnologias e conhecimento e bens de equipamento; h) «Investimento directo», todo o investimento, interno ou externo, realizado em todas as formas que não caibam na definição de investimento indirecto; i) «Investimento indirecto», todo o investimento interno ou externo que compreenda, isolada ou cumulativamente, as formas de empréstimo, suprimentos, prestações suplementares de capital, tecnologia patenteada, processos técnicos, segredos e modelos industriais, franquias, marcas registadas e outras formas de acesso à sua utilização, seja em regime de exclusividade ou de licenciamento restrito por zonas geográficas ou domínios de actividade industrial e/ou comercial; j) «Investimentos mistos», todo o investimento que combina operações de investimento interno e de investimento externo; k) «Investidor interno», qualquer pessoa, singular ou colectiva, residente cambial, que realize investimento, nos termos da alínea f) do presente artigo; l) «Investidor externo», qualquer pessoa, singular ou colectiva, que realize investimento nos termos da alínea g) do presente artigo; m) «Reinvestimento», aplicação em território nacional da totalidade ou de parte dos lucros gerados pelo investimento interno ou externo devendo o mesmo obedecer às regras a que está sujeito o investimento inicial; n) «Sociedade veículo», sociedade comercial por via da qual é implementado o projecto de investimento privado. CAPÍTULO II PRINCÍPIOS DO INVESTIMENTO PRIVADO Artigo 4. (Princípios gerais) 3

A política de investimento privado e a atribuição de benefícios e facilidades obedece aos seguintes princípios gerais: a) Respeito pela propriedade privada; b) Respeito pelas regras do mercado livre e da sã concorrência entre os agentes económicos; c) Respeito pela livre iniciativa, excepto para as áreas definidas pela Constituição como sendo de reserva do Estado; d) Garantias de segurança e protecção do investimento; e) Garantia da livre e cabal circulação dos bens e dos capitais, nos termos e limites legais. Artigo 5. (Princípio da conformação política e legal) A realização do investimento privado de acordo com o previsto na presente lei, independentemente da forma de que se revista, deve contribuir para o crescimento e desenvolvimento económico, bem como conformar-se com os princípios e objectivos da política económica nacional, com as disposições da presente lei, sua regulamentação e demais legislação aplicável. CAPÍTULO III MODALIDADES E OPERAÇÕES DE INVESTIMENTO Artigo 6. (Modalidades do investimento privado) O investimento privado pode assumir a forma de investimento interno, externo ou misto. Artigo 7. (Operações de investimento interno) Consideram-se operações de investimento interno, entre outras as seguintes: a) Utilização de meios de pagamento disponíveis em território nacional; b) Aquisição de tecnologia e conhecimento; 4

c) Aquisição de máquinas e equipamentos; d) Conversão de créditos decorrentes de qualquer tipo de contrato; e) Participações sociais sobre sociedades comerciais de direito angolano já existentes; f) Aplicação de recursos financeiros resultantes de empréstimos, incluindo os que tenham sido obtidos no exterior; g) Criação de novas sociedades comerciais; h) Celebração e alteração de contratos de consórcios, associação em participação, joint venture, associação de terceiros a partes ou a quotas de capital e qualquer outra forma de contrato de associação permitida, ainda que não prevista na legislação comercial em vigor; i) Tomada total ou parcial de estabelecimentos comerciais e industriais, por aquisição de activos ou através de contratos de cessão de exploração; j) Aquisição ou cessão de exploração de estabelecimentos comerciais ou industriais; k) Exploração de complexos imobiliários, turísticos ou não, independentemente da natureza jurídica que assumam; l) Celebração de contratos de arrendamento de terras para fins agrícolas e cedência dos direitos de terras; m) Cedência de tecnologias patenteadas e de marcas registadas, cuja remuneração se limite à distribuição de lucros resultantes das actividades em que tais tecnologias ou marcas tenham sido aplicadas; n) Realização de prestações suplementares de capital, adiantamento dos sócios e, em geral, os empréstimos ligados à participação nos lucros; o) Aquisição de bens imóveis situados em território nacional, quando essa aquisição se integre em projectos de investimento privado. 5

Artigo 8. (Formas de realização do investimento interno) Os actos de investimento privado interno podem ser realizados, isolada ou cumulativamente, através das seguintes formas: a) Alocação de fundos próprios; b) Aplicação de disponibilidades existentes em contas bancárias constituídas no país, tituladas por residentes cambiais, ainda que resultantes de financiamentos obtidos no exterior; c) Alocação de máquinas, equipamentos, acessórios e outros meios fixos corpóreos; d) Incorporação de créditos e outras disponibilidades do investidor privado, susceptíveis de serem aplicados como investimentos; e) Incorporação de tecnologias e conhecimento, desde que representem uma mais-valia ao investimento e sejam susceptíveis de avaliação pecuniária; f) Aplicação, em território nacional, de fundos no âmbito do reinvestimento. Artigo 9. (Operações de investimento externo) 1- Consideram-se operações de investimento externo às realizadas com fundos provenientes do exterior, nomeadamente: a) Introdução no território nacional de moeda livremente conversível; b) Introdução de tecnologia e know how, desde que representem uma mais-valia ao investimento e sejam susceptíveis de avaliação pecuniária; c) Introdução de máquinas, equipamentos e outros meios fixos corpóreos; d) Conversão de créditos decorrentes de qualquer tipo de contrato de fornecimentos de máquinas, equipamentos e mercadorias, desde que comprovado que são passíveis de pagamentos para o exterior; e) Participações sociais sobre sociedades de direito angolano já existentes; 6

f) Criação de novas sociedades comerciais; g) Celebração e alteração de contratos de consórcios, associações em participação, joint venture, associações de terceiros, as partes ou a quotas de capital e qualquer outra forma de contrato de associação permitida no comércio internacional, ainda que não prevista na legislação comercial em vigor; h) Aquisição de estabelecimentos comerciais ou industriais; i) Celebração de contratos de arrendamento ou exploração de terras para fins agrícolas; j) Exploração de complexos imobiliários, turísticos ou não, independentemente da natureza jurídica que assumam; k) Realização de prestações suplementares de capital, adiantamentos aos sócios e, em geral, empréstimos ligados à participação nos lucros; l) Aquisição de bens imóveis situados em território nacional, quando essa aquisição se integre em projectos de investimento privado; m) Criação de sucursais ou de outras formas de representação social de empresas estrangeiras; 2- Para projectos exclusivamente destinados para exportação, são admitidas como operações de investimento externo, recursos alheios captados por investidores externos, desde que o reembolso do serviço da dívida seja garantido pelas receitas de exportação. 3- Não são consideradas como operações de investimento externo, aquelas que consistam no frete temporário de automóveis, embarcações, aeronaves e outros meios susceptíveis de aluguer, leasing ou qualquer outra forma de uso temporário no território nacional contra pagamento. 4- Não obstante o disposto no número anterior, as operações nele referidas podem ser consideradas operações de investimento externo, desde que, pela sua grande relevância económica ou importância estratégica, o Executivo expressa e, casuisticamente, entenda conceder-lhes tal estatuto. 7

Artigo 10. (Formas de realização do investimento externo) 1- Os actos de investimento externo podem ser realizados, isolada ou cumulativamente, através das seguintes formas: a) Transferência de fundos próprios do exterior; b) Aplicação de disponibilidades em moeda nacional e externa, em contas bancárias constituídas em Angola por não residentes cambiais, susceptíveis de repatriamento, nos termos da legislação cambial aplicável; c) Aplicação, em território nacional, de fundos no âmbito de reinvestimento; d) Importação de máquinas, equipamentos, acessórios e outros meios fixos corpóreos; e) Incorporação de tecnologias e conhecimento. 2- As formas enunciadas nas alíneas d) e e) do n.º 1 do presente artigo devem ser sempre acompanhadas de transferência de fundos do exterior, designadamente, para custear despesas de constituição, instalação e realização do capital social. Artigo 11.º (Suprimentos para operações de investimento externo) Os suprimentos dos accionistas ou sócios realizados para fins de investimento externo, não podem ser de valor superior a 30% do valor do investimento realizado, sendo apenas reembolsáveis passados 3 (três) anos a contar da data de registo nas contas da sociedade. Artigo 12.º (Limite do investimento indirecto) Sempre que o investidor interno ou externo pretender realizar operações qualificadas como investimento indirecto, nos termos da presente Lei, estas não devem exceder o valor correspondente a 50% do valor total do investimento. 8

CAPÍTULO IV GARANTIAS, DIREITOS E DEVERES GERAIS DO INVESTIDOR PRIVADO Artigo 13. (Estatuto das sociedades comerciais) As sociedades comerciais constituídas ao abrigo da legislação angolana, ainda que com capitais provenientes do exterior, têm, para todos os efeitos legais, o estatuto de sociedades de direito angolano, sendo-lhes aplicável a legislação angolana vigente. Artigo 14. (Garantia de direitos) 1- O Estado angolano garante a todos os investidores privados o acesso aos tribunais angolanos para a defesa dos seus direitos, sendo-lhes garantido o devido processo legal, protecção e segurança. 2- No caso de os bens objecto do projecto de investimento privado serem expropriados ou requisitados em função de ponderosas e devidamente justificadas razões de interesse público, nos termos da lei, o Estado assegura o pagamento de uma indemnização justa, pronta e efectiva, cujo montante é determinado de acordo com as regras de direito aplicáveis. 3- O Estado garante ao investidor privado protecção e respeito pelo sigilo profissional, bancário e comercial, nos termos da lei. 4- Os direitos concedidos aos investimentos privados, nos termos da presente Lei, são assegurados, sem prejuízo de outros que resultem de acordos e convenções de que o Estado angolano seja parte integrante. 5- Ao investidor externo são garantidos os direitos decorrentes da propriedade sobre os meios que investir, nomeadamente o direito de dispor livremente deles, nos mesmos termos que o investidor interno. Artigo 15. (Outras garantias) 1- É garantido o direito de propriedade industrial e sobre toda a criação intelectual, nos termos da legislação em vigor. 9

2- São garantidos os direitos que venham a ser adquiridos sobre a posse, uso titulado da terra, bem como sobre outros recursos dominiais, nos termos da legislação em vigor. 3- É garantida a não interferência pública na gestão das empresas privadas, excepto nos casos expressamente previstos na lei. 4- O Estado garante o não cancelamento de licenças sem o respectivo processo administrativo ou judicial. 5- É garantido o direito de importação de bens do exterior e a exportação de bens produzidos pelos investidores privados, sem prejuízo das regras de protecção do mercado interno aplicáveis. Artigo 16. (Transferência de lucros e dividendos) Depois de implementado o projecto de investimento privado externo, mediante prova da sua execução e do pagamento dos tributos devidos é garantido ao investidor, o direito a transferir para o exterior: a) Os dividendos ou os lucros distribuídos; b) O produto da liquidação dos seus investimentos, incluindo as mais-valias; c) Produto de indemnizações; d) Royalties ou outros rendimentos de remuneração de investimentos indirectos, associados à cedência de tecnologia. Artigo 17. (Recurso ao crédito) 1- Os investidores privados podem recorrer ao crédito interno e externo, nos termos da legislação em vigor. 2- Os investidores externos e as sociedades comerciais detidas maioritariamente por estes só são elegíveis ao crédito interno após terem implementado na sua plenitude os respectivos projectos de investimento. 10

CAPÍTULO V BENEFÍCIOS E FACILIDADES AO INVESTIMENTO Artigo 18. (Princípio Geral) 1- Os investimentos abrangidos pela presente Lei estão sujeitos à legislação em vigor, podendo usufruir dos benefícios e facilidades nela definida e sujeitando-se às penalizações da mesma. 2- Os benefícios podem ter natureza tributária ou financeira. 3- Constituem benefícios de natureza tributária, as deduções à matéria colectável, as amortizações e reintegrações aceleradas, o crédito fiscal, a isenção e redução de taxas de impostos, contribuições e direitos de importação, o diferimento no tempo do pagamento de impostos e outras medidas de carácter excepcional que beneficiem o investidor. 4- Constituem benefícios de natureza financeira, o acesso dos projectos de investimento privado aos programas do Executivo de apoio ao crédito à economia, tais como o microcrédito, a bonificação de juros, a garantia pública e o capital de risco. 5- Constituem facilidades os actos de acesso simplificado e prioritário aos serviços da administração pública, nomeadamente na obtenção de autorizações e licenças, bem como no acesso expedito a bens públicos. 6- Os benefícios conferidos ao abrigo da presente Lei são exclusivamente aplicáveis às actividades aprovadas no regime de investimento privado. 7- As Sociedades-veículos do investimento privado, que gozam de benefícios nos termos da presente lei, devem apresentar declaração fiscal referente a tal investimento separada das demais actividades económicas que exerçam. 8- A concessão de benefícios é analisada objectivamente de acordo com os critérios previstos na presente Lei, sendo de concessão automática no regime de declaração prévia e negociados no regime contratual. 9- Os critérios previstos na presente Lei permitem conceder benefícios aos Impostos Industrial, de Sisa, Predial Urbano, Sobre Aplicação de Capitais, Selo e outros benefícios. 11

Artigo 19. (Critérios de Incidência) Os benefícios e facilidades são atribuídos atendendo os seguintes critérios: a) Sectores de actividade; b) Zonas de desenvolvimento. Artigo 20. (Sectores de actividade prioritários) Para efeitos de atribuição de benefícios previstos na presente Lei, são considerados prioritários os segmentos de mercado em que se identifique potencial de substituição de importações ou de fomento e diversificação da economia, incluindo exportações, inseridos nos seguintes sectores: a) Alimentação e agro-indústria; b) Recursos Florestais; c) Têxteis, Vestuário e Calçado; d) Hotelaria, Turismo e Lazer; e) Infra-estruturas da Construção e Obras Públicas e das Telecomunicações e Tecnologias de Informação; f) Energia e Águas; g) Educação, Formação e Investigação; h) Saúde. Artigo 21.º (Zonas de desenvolvimento) Para efeitos de atribuição de benefícios previstos na presente Lei, o País é organizado nas seguintes zonas de desenvolvimento: a) Zona A Província de Luanda, do Namibe, os municípios-sede das Províncias de Benguela, Huíla e o Município do Lobito; 12

b) Zona B Províncias de Cabinda, do Bié, Huambo, Bengo, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Malanje, Namibe, Uíge e restantes municípios das Províncias de Benguela e Huíla; c) Zona C Províncias da Lunda-Norte, Lunda-Sul, Moxico, Cunene, Zaire, Cuando-Cubango. Artigo 22. (Objectivos da atribuição de benefícios e facilidades) A concessão dos benefícios previstos na presente Lei é feita tendo em conta os seguintes objectivos económicos e sociais: a) Incentivar o crescimento da economia; b) Promover o bem-estar económico, social e cultural das populações, em especial da juventude, dos idosos, das mulheres e das crianças; c) Promover as regiões mais desfavorecidas, sobretudo no interior do País; d) Aumentar a capacidade produtiva nacional, com base na incorporação de matérias-primas locais e elevar o valor acrescentado dos bens produzidos no País; e) Proporcionar parcerias entre entidades nacionais e estrangeiras; f) Induzir a criação de novos postos de trabalho para trabalhadores nacionais e elevar a qualificação da mão-de-obra angolana; g) Obter a transferência de tecnologia e aumentar a eficiência produtiva; h) Aumentar as exportações e reduzir as importações; i) Aumentar as disponibilidades cambiais e o equilíbrio da balança de pagamentos; j) Propiciar o abastecimento eficaz do mercado interno; k) Promover o desenvolvimento tecnológico, a eficiência empresarial e a qualidade dos produtos; 13

l) Reabilitar, expandir ou modernizar as infra-estruturas destinadas à actividade económica. Artigo 23. (Carácter excepcional dos benefícios fiscais e aduaneiros) 1- Os benefícios fiscais e aduaneiros não constituem regra e são limitados no tempo. 2- Sem prejuízo do estabelecido no artigoº 33.º da presente Lei, a concessão e extinção dos benefícios aduaneiros obedecem ao regime de tributação previsto na Pauta Aduaneira dos Direitos de Importação e Exportação. 3- A concessão extraordinária de benefícios resulta de negociação no âmbito do regime contratual do investimento privado. 1- Os benefícios extinguem-se: Artigo 24. (Extinção dos benefícios) a) Pelo termo do prazo por que foram concedidos, sendo que o prazo não pode ser superior a 10 (dez) anos; b) Pelo usufruto de uma poupança em impostos não entregues ao Estado de montante igual ao investimento realizado; c) Pela verificação dos pressupostos da respectiva condição resolutiva; d) Por cancelamento da autorização do investimento. 2- A extinção dos benefícios tem por consequência a reposição automática do regime geral. Artigo 25.º (Benefícios ao reinvestimento) Podem ser atribuídos aos projectos de reinvestimento benefícios nos termos a regulamentar. 14

Artigo 26.º (Obrigação de voltar a pagar impostos) Esgotado o período do benefício devem pagar-se os impostos e direitos aduaneiros devidos no âmbito do projecto de investimento, ainda que a entidade investidora submeta um pedido de aumento do investimento. CAPÍTULO VI REGIMES PROCESSUAIS, BENEFÍCIOS E FACILIDADES Artigo 27. (Regimes processuais) 1- Os projectos de investimento privado estão sujeitos aos seguintes regimes processuais: a) Declaração prévia; b) Regime contratual. 2- O regime de declaração prévia caracteriza-se pela simples apresentação da proposta de investimento junto do órgão competente para efeitos de concessão de benefícios e registo. 3- No regime de declaração prévia as sociedades devem estar previamente constituídas, sendo dispensável a apresentação do certificado de registo de investimento privado no acto de constituição. 4- O regime contratual caracteriza-se por implicar uma negociação entre o candidato a investidor e as autoridades competentes, sobre os termos específicos do investimento e dos benefícios pretendidos, podendo ter lugar a negociação extraordinária de benefícios nos casos em que o Executivo julgar serem de grande interesse ao desenvolvimento económico do País. 5- A natureza e a estrutura da declaração prévia e dos contratos de investimento são tratados pelo regulamento da presente Lei. Artigo 28.º (Selecção do Regime de Investimento) 1- Os investidores privados podem optar de forma livre por qualquer um dos regimes processuais. 15

2- O regime contratual é aplicado apenas para as propostas de investimentos que estejam enquadradas nos sectores prioritários definidos na presente Lei. 3- O processo de negociação de benefícios ao abrigo do regime contratual é detalhado no regulamento da presente Lei. Artigo 29.º (Benefícios do regime de declaração prévia) O regime de declaração prévia goza dos seguintes benefícios fiscais: 1- No Imposto de Sisa, por um período de 1 (um) ano: - Redução para metade da taxa do imposto, pela aquisição dos imóveis destinados ao escritório e ao estabelecimento do investimento. 2- No Imposto Industrial, por um período de 3 (três) anos: a) Redução para metade da taxa do Imposto Industrial; b) Redução para metade da taxa de liquidação provisória incidente sobre as vendas do I Semestre. 3- No Imposto sobre a Aplicação de Capitais, por um período de 3 (três) anos: - Redução da taxa do Imposto para 25%, sobre a distribuição de lucros e dividendos. 4- No Imposto de Selo, por um período de 2 (dois) anos: - Redução para metade da taxa do Imposto, incluindo nas importações. Artigo 30.º (Especificidades dos benefícios do regime contratual) No âmbito do regime contratual, os benefícios fiscais são superiores aos previstos para o regime de declaração prévia, podendo as taxas de imposto e prazos de concessão serem graduados conforme o sector de actividade e a localização do investimento. 16

Artigo 31.º (Benefícios do regime contratual) O regime contratual goza dos seguintes benefícios fiscais: 1 - No Imposto de Sisa: A) Para a Zona A por um período até 2 (dois) anos: - Redução da taxa entre 50% e 65%, pela aquisição dos imóveis destinados ao escritório e ao estabelecimento do investimento. B) Para a Zona B por um período de 3 (três) anos: - Redução da taxa entre 65% e 75%, pela aquisição dos imóveis destinados ao escritório e ao estabelecimento do investimento. C) Para a Zona C por um período de 4 (quatro) anos: - Redução da taxa entre 75% e 85%, pela aquisição dos imóveis destinados ao escritório e ao estabelecimento do investimento. 2- No Imposto Predial Urbano: A) Para a Zona A por um período até 2 (dois) anos: - Redução da taxa até 25%, pela propriedade dos imóveis referidos no n.º 1 do presente artigo. B) Para a Zona B por um período entre 2 (dois) a 4 (quatro) anos: - Redução da taxa entre 25% a 50%, pela propriedade dos imóveis referidos no n.º 1 do presente artigo. C) Para a Zona C por um período entre 4 (quatro) a 6 (seis) anos: - Redução da taxa entre 50% a 75%, pela propriedade dos imóveis referidos no n.º 1 do presente artigo. 3- No Imposto Industrial: A) Para a Zona A por um período de 3 (três) anos: 17

- Redução da taxa entre 50% a 60% da taxa do Imposto Industrial; - Redução da taxa de liquidação provisória incidente sobre as vendas do I Semestre, entre 50% a 60%; - Aumento em até 50% das taxas de amortizações e reintegrações fixadas para os sectores de tributação do regime geral ou especial do Imposto Industrial. B) Para a Zona B por um período entre 3 (três) a 6 (seis) anos: - Redução da taxa de 60% a 70% da taxa do Imposto Industrial; - Redução da taxa de liquidação provisória incidente sobre as vendas do I Semestre, entre 60% a 70%; - Aumento das taxas de amortizações e reintegrações fixadas para os sectores de tributação do regime geral ou especial do Imposto Industrial, entre 50% a 60%. C) Para a Zona C por um período entre 6 (seis) a 8 (oito) anos: - Redução da taxa entre 70% a 80% da taxa do Imposto Industrial; - Redução da taxa de liquidação provisória incidente sobre as vendas do I Semestre, entre 70% a 80%; - Aumento das taxas de amortizações e reintegrações fixadas para os sectores de tributação do regime geral ou especial do Imposto Industrial, entre 50% a 60%. 4 - No Impostos sobre a Aplicação de Capitais: A) Para a Zona A por um período de 3 (três) anos: - Redução da taxa entre 25% a 50% da taxa do Imposto sobre a distribuição de lucros e dividendos. B) Para a Zona B por um período entre 3 (três) a 6 (seis) anos: - Redução da taxa entre 50% a 60% da taxa do Imposto sobre a distribuição de lucros e dividendos. C) Para a Zona C por um período entre 6 (seis) a 8 (oito) anos: 18

- Redução da taxa entre 60% a 70% da taxa do Imposto sobre a distribuição de lucros e dividendos. Artigo 32.º (Outros benefícios e facilidades) 1- A sociedade veículo do investimento privado, no regime contratual, está isenta do pagamento das taxas e emolumentos devidos por qualquer serviço solicitado, incluindo os aduaneiros, por um ente público não empresarial, durante um período não superior a 5 (cinco) anos. 2- Sem prejuízo do disposto no artigo 18º, constituem também facilidades à sociedade-veículo do investimento privado do regime contratual as seguintes: a) Facilidade na obtenção de informação de mercado sobre o sector em que realiza o seu investimento; b) Obtenção célere de vistos e autorizações de residência; c) Prioridade no repatriamento de capital, face ao regime de declaração prévia; d) Diferimento do pagamento do Imposto devido, por um período não superior a um ano; e) Inclusão dos projectos de investimento nos programas do Executivo de apoio ao crédito à economia, nomeadamente, a bonificação de juros, a garantia pública e o capital de risco para projectos de inovação. Artigo 33.º (Benefícios Extraordinários) A sociedade veículo do investimento privado pode requerer a contratação de benefícios superiores aos definidos na presente Lei, sendo o referido pedido negociado em regime de concessão extraordinária sempre que esse for o entendimento do Executivo, com base no interesse do desenvolvimento económico e nos objectivos do Plano de Desenvolvimento Nacional. 19

CAPÍTULO VII REGIME CAMBIAL E IMPLEMENTAÇÃO DOS PROJECTOS DE INVESTIMENTO SECÇÃO I REGIME CAMBIAL Artigo 34.º (Operações cambiais) 1- Às operações cambiais em que se traduzem os actos referidos nos artigos 7º, 9.º, 10.º e 16.º da presente Lei são aplicadas as normas estabelecidas em legislação que regule matérias de natureza cambial. 2- A realização das operações de importação de capitais obedece às regras definidas em regulamentação específica da autoridade monetária e cambial. Artigo 35. (Valor de registo do equipamento) O registo do investimento privado sob a forma de importação de máquinas, equipamentos e seus componentes, novos ou usados, faz-se pelo seu valor FOB em moeda estrangeira e o seu contravalor em moeda nacional, à taxa de câmbio de referência do BNA correspondente ao dia da apresentação da declaração aduaneira. Artigo 36. (Valor das máquinas e equipamentos) O valor das máquinas e equipamentos está sujeito a comprovação através de documento idóneo passado na origem por uma entidade de avaliação de activos, devidamente certificada. SECCÃO II IMPLEMENTAÇÃO DO PROJECTO DE INVESTIMENTO Artigo 37. (Execução dos projectos) 1- A execução do projecto de investimento deve ter início dentro do prazo fixado no Certificado de Registo de Investimento Privado. 20

2- Em casos devidamente fundamentados e mediante pedido do investidor privado, pode o prazo referido no número anterior ser prorrogado. 3- A execução e a gestão do projecto de investimento privado devem ser efectuadas em estrita conformidade com as condições da autorização e da legislação aplicável, não podendo as contribuições provenientes do exterior serem aplicadas para finalidades diversas daquelas para as quais foram autorizadas, nem desviar-se do objecto que tiver sido autorizado. Artigo 38. (Alterações societárias) 1- As alterações societárias que implicam o aumento de capital social, o alargamento do objecto social, a cessão de quotas ou transmissão de acções, estão dispensadas de autorização prévia da entidade que aprova o projecto, sem prejuízo da sua comunicação em termos a regulamentar. 2- No caso em que as alterações previstas no n.º 1 do presente artigo implicarem a importação de capitais ficam sujeitos a autorização da entidade que aprova o projecto. 3- A alteração ou alargamento do objecto do projecto depende da autorização prévia da entidade que o aprova. Artigo 39. (Força de trabalho) 1- O investidor privado é obrigado a empregar trabalhadores angolanos, garantindolhes a necessária formação profissional e prestando-lhes condições salariais e sociais compatíveis com a sua qualificação, sendo proibido qualquer tipo de discriminação. 2- O investidor privado pode, nos termos da legislação em vigor, admitir trabalhadores estrangeiros qualificados, devendo, contudo, cumprir um rigoroso plano de formação e/ou capacitação de técnicos nacionais, visando o preenchimento progressivo desses lugares por trabalhadores angolanos. 3- O plano de formação e de substituição gradual da força de trabalho estrangeira pela nacional deve fazer parte da documentação da proposta de investimento. 21

CAPÍTULO VIII TRANSGRESSÕES E PENALIDADES Artigo 40. (Tipos de transgressões) Constituem transgressões para efeitos da presente Lei: a) O uso de recursos provenientes do exterior para finalidades diversas daquelas pelas quais foram autorizadas; b) A prática de facturação que permita a saída ilícita de capitais ou iluda as obrigações a que a sociedade ou associação esteja sujeita, designadamente as de carácter fiscal; c) A falta de execução das acções de formação ou a não substituição de trabalhadores estrangeiros por nacionais nas condições e prazos previstos no contrato de investimento; d) A falta de execução injustificada do investimento nos prazos acordados; e) A falta de informação ao órgão com competência para fiscalizar, nos termos a regulamentar; f) A falsificação de mercadorias e prestação de falsas declarações; g) A sobrefacturação dos preços de máquinas e equipamentos importados nos termos da presente Lei; h) O exercício da actividade comercial fora do âmbito declarado. Artigo 41. (Multas e outras penalizações) 1- Sem prejuízo de outras penalidades especialmente previstas por lei, as transgressões referidas no artigo anterior são passíveis das seguintes consequências: a) Multa no valor de 1% sobre o valor do investimento, sendo o valor elevado ao triplo em caso de reincidência; b) Perda dos benefícios e outras facilidades concedidas ao abrigo da presente Lei; 22

c) Cancelamento do registo de investimento privado. 2- A não execução dos projectos dentro do prazo inicialmente fixado ou prorrogado é passível da penalidade prevista na alínea c) do número anterior, acompanhada do pagamento de uma multa no valor de um terço (1/3) do valor do investimento, salvo se for comprovada situação de força maior. 3- Nos casos previstos no número anterior, os activos pertencentes ao investidor transgressor domiciliados no País revertem a favor do Estado. 4- Sem prejuízo da penalidade prevista na presente Lei, a infracção da alínea f), do artigo 40.º é ainda punida nos termos da Lei Penal. CAPÍTULO IX DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS Artigo 42.º (Projectos de investimento anteriores) 1- A presente Lei e a sua regulamentação não se aplicam aos projectos de investimento aprovados antes da sua entrada em vigor, continuando estes, até ao respectivo termo da sua implementação, a serem regidos pelas disposições da legislação e dos termos ou contratos específicos, com base nos quais a autorização foi concedida. 2- O disposto no número anterior não se aplica aos investidores privados que requeiram expressamente a submissão dos seus projectos, já aprovados, ao regime estabelecido na presente Lei. 3- Os benefícios e outras facilidades já concedidas ao abrigo das leis anteriores mantêm-se em vigor pelos prazos que foram estabelecidos, não sendo permitida qualquer prorrogação dos mesmos. 4- Os projectos de investimento pendentes à data da entrada em vigor da presente lei são analisados e decididos nos termos dos regimes nela previstos aproveitando-se, com as necessárias adaptações, os trâmites já observados. 23

Artigo 43. (Revogação) É revogada toda a legislação que contrarie o disposto no presente diploma, nomeadamente a Lei n.º 14/15, de 11 de Agosto, do Investimento Privado. Artigo 44.º (Dúvidas e omissões) As dúvidas e omissões que resultarem da interpretação e aplicação da presente Lei são resolvidas pela Assembleia Nacional. Artigo 45. (Entrada em vigor) A presente Lei entra em vigor na data da sua publicação. Vista e aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda, aos de de 2018. O PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA NACIONAL FERNANDO DA PIEDADE DIAS DOS SANTOS Promulgada aos Publique-se. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA JOÃO MANUEL GONÇALVES LOURENÇO 24