REOXIGENAÇÃO E DESOXIGENAÇÃO NO RIO TURVO SUJO



Documentos relacionados
MODELAGEM DA DEMANDA BIOQUÍMICA DE OXIGÊNIO, EM UM TRECHO DO RIO TURVO SUJO-MG, SOB DIFERENTES NÍVEIS DE VAZÃO

E AMBIENTAL DA BACIA DO RIO TURVO SUJO, VIÇOSA, MG

XII SIMPÓSIO DE RECURSOS HIDRÍCOS DO NORDESTE

DEPURA: SISTEMA WEB DE MODELAGEM DE AUTODEPURAÇÃO DO RIO TURVO SUJO

EQUAÇÕES DE INFILTRAÇÃO PELO MÉTODO DO INFILTRÔMETRO DE ANEL, DETERMINADAS POR REGRESSÃO LINEAR E REGRESSÃO POTENCIAL

Rem: Revista Escola de Minas ISSN: Escola de Minas Brasil

AUTODEPURAÇÃO DE ESCOAMENTOS NATURAIS DE ÁGUA ESTUDO DE CASO: DE MODELAGEM MATEMÁTICA EM UM TRECHO DO RIBEIRÃO PRETO, RIBEIRÃO PRETO-SP.

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

Poluição Ambiental. Autodepuração dos corpos d água. Prof. Dr. Antonio Donizetti G. de Souza UNIFAL-MG Campus Poços de Caldas

CORRELAÇÃO ENTRE OS VALORES DE DBO E DQO NO AFLUENTE E EFLUENTE DE DUAS ETEs DA CIDADE DE ARARAQUARA

Mestrando em Engenharia do Meio Ambiente na EEC/UFG.

NORMA TÉCNICA CONTROLE DE CARGA ORGÂNICA NÃO INDUSTRIAL CPRH N 2.002

PROTEÇÃO AMBIENTAL. Professor André Pereira Rosa

II-109 PÓS-TRATAMENTO DE EFLUENTE DE EMBALAGENS METÁLICAS UTILIZANDO REATOR DE BATELADA SEQUENCIAL (RBS) PARA REMOÇÃO DA DEMANDA QUÍMICA DE OXIGÊNIO

ESTUDO DO TEMPO DE DETENÇÃO HIDRÁULICO (TDH) EM REATORES UASB E SUA RELAÇÃO COM A EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO DE DBO

PARÂMETROS QUALITATIVOS DA ÁGUA EM CORPO HÍDRICO LOCALIZADO NA ZONA URBANA DE SANTA MARIA RS 1

BALNEABILIDADE DAS LAGOAS URBANAS DE SALVADOR - BAHIA

Sumário. manua_pratic_05a_(1-8)_2014_cs4_01.indd 9 26/05/ :40:32

VAZÃO E MONITORAMENTO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS URBANAS DA REGIÃO METROPOLITANA DE SALVADOR

REMOÇÃO DE COR EM EFLUENTES INDUSTRIAIS

VI PERFIS DE OXIGÊNIO DISSOLVIDO NOS LAGOS BOLONHA E ÁGUA PRETA, UTINGA. BELÉM-PA

BALANÇO DE OXIGÊNIO NO RIO TURVO SUJO-MG EM DIFERENTES ÉPOCAS DO ANO RESUMO

Simone Cristina de Oliveira Núcleo Gestor de Araraquara DAAE CESCAR Coletivo Educador de São Carlos, Araraquara, Jaboticabal e Região HISTÓRICO

INFLUÊNCIA DO LANÇAMENTO DE ESGOTO ORGÂNICO NAS CARACTERÍSTICAS LIMNOLÓGICAS DE CÓRREGOS AFLUENTES DO RIO CAMANDOCAIA, AMPARO/SP ETAPA II

EFICIÊNCIA DO TRATAMENTO DE EFLUENTE DE FECULARIA POR MEIO DE LAGOAS

UTILIZAÇÃO DA PLANTA VETIVERIA ZIZANIOIDES NO TRATAMENTO DE ESGOTO SANITÁRIO

AD ÁGUA 2.0 SISTEMA PARA SIMULAÇÃO DA AUTODEPURAÇÃO DE CURSOS D ÁGUA MANUAL DO USUÁRIO

MODELAGEM DA AUTODEPURAÇÃO E QUALIDADE DA ÁGUA DO RIO TURVO SUJO

RECIRCULAÇÃO DE EFLUENTE AERÓBIO NITRIFICADO EM REATOR UASB VISANDO A REMOÇÃO DE MATÉRIA ORGÂNICA

TRATAMENTO DA ÁGUA. Professora: Raquel Malta Química 3ª série - Ensino Médio

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO TECNOLÓGICO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL MARCOS VINICIUS ALPOIN PIOL

Sistemas Compactos de Tratamento de Esgotos Sanitários para Pequenos Municípios

Ciências do Ambiente

Sistema de Produção e Escoamento de Gás e Condensado no Campo de Mexilhão, Bacia de Santos

Alegre-ES, CEP.: , Caixa Postal 16,

RESULTADOS PARCIAIS DO EMPREGO DE METODOLOGIA PARA INTEGRAR SISTEMAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES AGROINDUSTRIAIS NO IFTRIÂNGULO UBERABA MG

Sistema de Informações Geográficas Avaliação da Qualidade de Água por meio do IQA utilizando um Sistema de Informação Geográfica (SIG)

Modelagem matemática para avaliação dos efeitos de despejos orgânicos nas condições sanitárias de águas ambientais

Avaliação da Qualidade da Água do Rio Sergipe no Município de Laranjeiras, Sergipe- Brasil

II IMPACTOS GERADOS EM UMA LAGOA FACULTATIVA PELO DERRAMAMENTO CLANDESTINO DE ÓLEOS E GRAXAS (ESTUDO DE CASO)

V ESTUDO TEMPORAL DA QUALIDADE DA ÁGUA DO RIO GUAMÁ. BELÉM-PA.

Introdução ao Tratamento de Efluentes LíquidosL. Aspectos Legais. Usos da Água e Geração de Efluentes. Abastecimento Doméstico

LEOCÁDIO, C.R. 1 ; SOUZA, A.D. 2 ; BARRETO, A.C. 3 ; FREITAS, A.C. 4 ; GONÇALVES, C.A.A. 5

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE REATOR UASB NO TRATAMENTO DE EFLUENTES GERADOS POR HOSPITAL DA SERRA GAUCHA

Química das Águas - parte 3

SISTEMATIZAÇÃO DA SAZONALIDADE DAS VAZÕES CARACTERÍSTICAS PARA FLEXIBILIZAÇÃO DA OUTORGA DE DIREITO DE USO DOS RECURSOS HÍDRICOS

COMPORTAMENTO DOS ÍNDICES DO ESTADO TRÓFICO DE CARLSON (IET) E MODIFICADO (IET M ) NO RESERVATÓRIO DA UHE LUÍS EDUARDO MAGALHÃES, TOCANTINS BRASIL.

*MODULO 1 - IDENTIFICAÇÃO. *1. Requerente Pessoa Física. Distrito Caixa Postal UF CEP DDD Telefone Fax . *2. Requerente Pessoa jurídica

PUBLICAÇÕES CPRH / MMA - PNMA11

VALIDAÇÃO DO MODELO DE ELETROCOAGULAÇÃO FLOTAÇÃO NO TRATAMENTO DE EFLUENTE TÊXTIL VISANDO À REMOÇÃO DE DQO, UTILIZANDO REATOR EM BATELADA.

INFLUÊNCIA DO LANÇAMENTO DE ESGOTO ORGÂNICO NAS CARACTERÍSTICAS LIMNOLÓGICAS DE CÓRREGOS AFLUENTES DO RIO CAMANDOCAIA, AMPARO/SP ETAPA III

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE A PRECIPITAÇÃO REGISTRADA NOS PLUVIÔMETROS VILLE DE PARIS E MODELO DNAEE. Alice Silva de Castilho 1

ESTUDO DE ZONAS DE NÃO CONFORMIDADE EM CORPOS D ÁGUA USANDO UM MODELO BIDIMENSIONAL DE QUALIDADE DE ÁGUA.

IMPORTÂNCIA DA PURIFICAÇÃO DA ÁGUA NA COMUNIDADE INDIGENA XERENTE

CALIBRAÇÃO DO MODELO DE QUALIDADE DE ÁGUA QUAL-UFMG PARA O RIO TAQUARIZINHO EM PERÍODO DE ESTIAGEM

AVALIAÇÃO METODOLÓGICA NA DETERMINAÇÃO DE DBO5 POR RESPIROMETRIA E LUMINESCÊNCIA

REVENG Engenharia na agricultura, viçosa - mg, V.19 N.4, JULHO / AGOSTO p.

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE REATOR UASB EM INDÚSTRIA DE ALIMENTOS

USO DO SOFTWARE WINDOGRAPHER PARA ESTIMATIVAS DA VELOCIDADE DO VENTO EM ALTITUDE NUMA REGIÃO DO LITORAL CEARENSE

Exercício 1: Calcular a declividade média do curso d água principal da bacia abaixo, sendo fornecidos os dados da tabela 1:

Anexo IX. Ref. Pregão nº. 052/2011 DMED. ET Análises de Água e Efluentes

PROJETO CÓRREGO LIMPO AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DOS CÓRREGOS SITUADOS EM CAMPO GRANDE - MS

HIDROLOGIA AULA semestre - Engenharia Civil. Profª. Priscila Pini prof.priscila@feitep.edu.br

BACIA DO RIO DAS VELHAS

A HIDROSFERA. Colégio Senhora de Fátima. Disciplina: Geografia 6 ano Profª Jenifer Tortato

Horário solar aparente Horário solar aparente tempo solar aparente

Eixo Temático ET Gestão Ambiental em Saneamento PROPOSTA DE SANEAMENTO BÁSICO NO MUNICÍPIO DE POMBAL-PB: EM BUSCA DE UMA SAÚDE EQUILIBRADA

II DESEMPENHO DO REATOR UASB DA ETE LAGES APARECIDA DE GOIÂNIA EM SUA FASE INICIAL DE OPERAÇÃO

DESIGUALDADE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE SALINAS MG

EVOLUÇÃO DOS CAUDAIS EXTREMOS EM CURSOS DE ÁGUA DO INTERIOR CENTRO E NORTE DE PORTUGAL ADÉLIA NUNES

SOBRE OS SISTEMAS LACUSTRES LITORÂNEOS DO MUNICÍPIO DE FORTALEZA

RESOLUÇÃO COMENTADA DA PROVA DA UNESP DE 2014

ESTUDO DE VAZÕES E COTAS EM UMA BACIA HIDROGRÁFICA, CEARÁ, BRASIL

DESENVOLVIMENTO DE UM SOFTWARE PARA SELEÇÃO DE TIPOS DE TRATAMENTO DE ESGOTOS PARA PEQUENAS COMUNIDADES

CARACTERIZAÇÃO E TRATABILIDADE DO EFLUENTE DE LAVAGEM DE UMA RECICLADORA DE PLÁSTICOS

SISTEMA DE TRATAMENTO DE EFLUENTES DA INDÚSTRIA TEXTIL

Eixo Temático ET Recursos Hídricos

QUESTÕES DE CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE AMBIENTAL. O 2(g) O 2(aq)

COMPARAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA EM PONTOS DETERMINADOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CAMBORIÚ

APLICAÇÃO COMBINADA DE TECNICAS DE OTIMIZAÇÃO E DE MODELAGEM DE QUALIDADE DE ÁGUA NO PROCESSO DE SELEÇÃO DE SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ESGOTOS

VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA PARA IMPLANTAÇÃO DO SES AJURICABA-RS

MONITORAMENTO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS DO CÓRREGO QUARTA-FEIRA, CUIABÁ-MT

DETERMINAÇÃO DOS COEFICIENTES DO MODELO DE ANGSTRON- PRESCOTT PARA A REGIÃO DE CANAVIEIRAS, ESTADO DA BAHIA

Parâmetros de qualidade da água. Variáveis Físicas Variáveis Químicas Variáveis Microbiológicas Variáveis Hidrobiológicas Variáveis Ecotoxicológicas

ESTIMATIVA DA RADIAÇÃO SOLAR GLOBAL EM SERRA NEGRA DO NORTE/RN

AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DE AÇÃO ANTROPOGÊNICA SOBRE AS ÁGUAS DA CABECEIRA DO RIO SÃO FRANCISCO

PVIC/UEG, graduandos do Curso de Ciências Biológicas, UnU Iporá UEG. Orientador, docente do Curso de Ciências Biológicas, UnU Iporá UEG.

MODULO 1 - IDENTIFICAÇÃO Identificação do requerente Pessoa física. Caixa Postal Município UF CEP DDD Fone Fax

USO RACIONAL DA ÁGUA NA AGRICULTURA

RADIAÇÃO SOLAR E TERRESTRE. Capítulo 3 Meteorologia Básica e Aplicações (Vianello e Alves)

II-149 TRATAMENTO CONJUNTO DO LIQUIDO LIXIVIADO DE ATERRO SANITÁRIO E ESGOTO DOMESTICO NO PROCESSO DE LODOS ATIVADOS CONVENCIONAL

21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS LIVRES DA WEB, PARA O MONITORAMENTO DE ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE O RIO MEIA PONTE, GO: UM ESTUDO DE CASO.

AVALIAÇÃO DA RELEVÂNCIA DOS PARÂMETROS INTERVENIENTES NO CONSUMO DE ÁGUA NA CIDADE DE MARINGÁ. Rodrigo Fernandes Junqueira 1

Resultados e Discussões Fósforo Considerações Finais Referências... 16

Aplicação da hidrologia para prevenção de desastres naturais, com ênfase em mapeamento

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE REATOR UASB AO RECEBER LODO SÉPTICO

2 o CONGRESSO BRASILEIRO DE P&D EM PETRÓLEO & GÁS

ANEXO IV PROCEDIMENTOS PARA CONTAGEM DE COLÔNIAS

Licenciamento e Controle Ambiental em Abatedouros de Frangos

Transcrição:

REOXIGENAÇÃO E DESOXIGENAÇÃO NO RIO TURVO SUJO Flavia Mariani Barros 1, Mauro Aparecido Martinez 2, Antonio Teixeira de Matos 3, Felizardo Adenilson Rocha 4, Danilo Paulúcio da Silva 5 1. Professora Doutora da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, UESB, Itapetinga-BA (mariamariani@yahoo.com.br) 2.Professor Doutor da Universidade Federal de Viçosa, UFV, Viçosa-MG 3. Professor Doutor da Universidade Federal de Viçosa, UFV, Viçosa-MG 4. Professor Doutor do Instituto Federal da Baia, IFBA, Vitória da Conquista-BA 5. Doutorando em Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa, UFV, Viçosa-MG. Brasil. Data de recebimento: 02/05/2011 - Data de aprovação: 31/05/2011 RESUMO A dinâmica da desoxigenação e reaeração de corpos hídricos proporcionam o balanço da concentração de oxigênio dissolvido. Esta dinâmica é basicamente governada pelo coeficiente de desoxigenação, K 1, que varia de acordo com a composição e a concentração do material orgânico na água residuária e pelo coeficiente de reaeração, K 2, sendo este altamente dependente das características geométricas do rio e de sua vazão. Desta forma, o objetivo do presente trabalho foi quantificar os coeficientes de desoxigenação e reaeração em um trecho do rio Turvo Sujo localizado na cidade de Viçosa-MG. O K 1 foi obtido utilizando-se o mesmo procedimento para a demanda bioquímica de oxigênio, por períodos de 0, 1, 2, 3, 4, 5, 7, 9, 11, 13, 15, 17, 19 e 21 dias enquanto o coeficiente de reaeração foi obtido substituindo-se os dados de entrada na equação proposta por Streeter-Phelps. Tendo por base os resultados obtidos e considerando-se as condições em que o estudo foi realizado, conclui-se que os valores estimados de K 1 e K 2 estão dentro dos valores típicos apresentados pela literatura para rios com águas limpas ou efluentes secundários e grandes rios com velocidade normal respectivamente; o tempo crítico é positivo; a metodologia descrita por Streeter-phelps foi adequada para a estimação do K 2. PALAVRAS-CHAVE: Autodepuração, poluição aquática, balanço de oxigênio REOXYGENATION AND DEOXYGENATION OF THE TURVO SUJO RIVER ABSTRACT The deoxygenation and reaeration dynamics of water bodies provide the balance of the dissolved oxygen concentration. These dynamics are basically governed by the deoxygenation coefficient, K 1, which varies with the composition and concentration of organic material in wastewater and the reaeration coefficient, K 2, which is highly dependent of the geometrical characteristics and flow rate of the river. Thus, the objective of this study was to quantify the coefficients of deoxygenation and reaeration of the Turvo Sujo river located in Viçosa-MG. The K 1 was obtained using the same procedure for the biochemical oxygen demand, for 0, 1, 2, 3, 4, 5, 7, 9, 11, ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.12; 2011 Pág. 1

13, 15, 17, 19 and 21 days while the reaeration coefficient was obtained by substituting the input data in the equation proposed by Streeter-Phelps. Based on the results and considering the conditions under which the study was conducted, it is concluded that the estimated values of K 1 and K 2 are within the typical values reported in literature for rivers with clean water and secondary effluents and large rivers with normal speed respectively; the critical time is positive and the methodology described by Streeter-Phelps was adequate for the estimation of K 2. KEYWORDS: Auto-purification, water pollution, oxygen balance INTRODUÇÃO Os fenômenos de desoxigenação, e reaeração de corpos hídricos proporcionam o balanço da concentração de oxigênio dissolvido. Se este balaço for positivo, então, naquele trecho, diz-se que o rio é autodepurável (ALMEIDA, 2006). O consumo de oxigênio dissolvido devido à oxidação da matéria orgânica pode ser medido utilizando-se o teste da demanda bioquímica de oxigênio (DBO), sendo basicamente governado pelo coeficiente de desoxigenação, K 1, que varia de acordo com a composição e a concentração do material orgânico na água residuária (ALMEIDA, 2006). A estimativa do consumo de oxigênio pode ser obtida com a utilização de equações diferenciais que expressam uma reação cinética de primeira ordem (VON SPERLING, 1996). O coeficiente K 1 depende das características da matéria orgânica, além da temperatura e da presença de substâncias inibidoras. Efluentes tratados, por exemplo, possuem uma taxa de degradação mais lenta, pelo fato da maior parte da matéria orgânica mais facilmente assimilável já ter sido removida, restando apenas a parcela de estabilização mais vagarosa. Valores médios de K 1 encontram-se na Tabela 1. Segundo VON SPERLING (1996) a reaeração atmosférica corresponde à absorção de oxigênio atmosférico, cuja taxa de absorção é expressa pelo coeficiente de reaeração, K 2. O coeficiente de reaeração é altamente dependente das características geométricas do rio e de sua vazão, sendo frequentemente o principal fator responsável pela introdução de oxigênio no meio líquido (ALMEIDA, 2006; VON SPERLING, 1996). TABELA 1. Valores típicos de K 1 (base e, 20ºC). Origem K 1 (dia -1 ) Água residuária concentrada 0,35-0,45 Água residuária de baixa concentração 0,30 0,40 Efluente primário 0,30 0,40 Efluente secundário 0,12 0,24 Rio com águas limpas 0,09 0,21 Água para abastecimento público < 0,12 Fonte: adaptado de FAIR et al. (1973) e ARCEIVALA (1981) citados por VON SPERLING (1996) ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.12; 2011 Pág. 2

A seleção do coeficiente K 2 tem maior influência nos resultados do balaço de oxigênio dissolvido do que o coeficiente K 1, pelo fato das faixas de variação do último serem mais estreitas (Tabela 2). TABELA 2. Valores típicos de K 2 (base e, 20ºC). Corpo d água K 2 (dia -1 ) Profundo Raso Pequenas lagoas 0,12 0,23 Rios vagarosos, grandes lagos 0,23 0,37 Grandes rios com baixas 0,37 0,46 velocidades Grandes rios com velocidade 0,46 0,69 normal Rios rápidos 0,69 1,15 Corredeiras e quedas d água > 1,15 > 1,61 Fonte: adaptado de FAIR et al. (1973) e ARCEIVALA (1981) citados por VON SPERLING (1996). Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi quantificar os coeficientes de desoxigenação (K 1 ) e reaeração (K 2 ), a jusante do encontro do rio Turvo Sujo com o ribeirão São Bartolomeu ambos localizados na cidade de Viçosa-MG. METODOLOGIA A área do presente estudo é pertencente à bacia hidrográfica do Rio Turvo Limpo. Esta bacia possui área total de 400,04 km 2 e está compreendida entre as coordenadas geográficas 42º 40 e 43º 00 de longitude Oeste e 20 39 e 20º 55 de latitude Sul, abrangendo parte dos municípios de Viçosa, Cajuri, Coimbra, Teixeiras e Guaraciaba, no Estado de Minas Gerais (SANTOS, 2001). Apresenta altitude média de 775 metros, com cotas extremas de 600 e 945 metros (SANTOS, 2001). O estudo do processo de reoxigenação e desoxigenação do Rio turvo sujo foi conduzido em um trecho de aproximadamente cinco quilômetros. O K 1 foi obtido em laboratório, utilizando-se amostras de água coletadas no rio turvo sujo a jusante do encontro deste com o ribeirão São Bartolomeu em maio de 2007. As amostras foram submetidas à incubação, sob temperatura de 20ºC, utilizando-se o mesmo procedimento para a DBO (APHA, 1995) por períodos de 0, 1, 2, 3, 4, 5, 7, 9, 11, 13, 15, 17, 19 e 21 dias. Aos dados obtidos ajustou-se a equação de regressão não linear (Equação 1) pelo método quase-newton utilizando o programa Statistic versão 6.0 (STATSOFT, 1996) de forma a se obter os parâmetros K 1 e L 0. Y K1t = L ( 1 e ) Eq. 1 0 Em que, Y = DBO exercida em um tempo t (mg L -1 ); L 0 = DBO remanescente em t=0 (mg L -1 ); K 1 = coeficiente de desoxigenação (d -1 ); t = tempo (d). ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.12; 2011 Pág. 3

O coeficiente de reaeração (K 2 ) foi obtido substituindo-se os dados de entrada na equação proposta por STREETER-PHELPS (1925) (Equação 2). K 1L0 K t K 2t K 2t Ct = Cs ( e 1 e ) + ( Cs C e K K ) 0 2 1 Eq. 2 Em que, C t - concentração de oxigênio dissolvido em um dado instante t (mg L -1 ); C s - concentração de saturação de oxigênio (mg L -1 ); K 1 - coeficiente de desoxigenação (d -1 ); K 2 - coeficiente reaeração (d -1 ); L 0 Demanda Última de Oxigênio, logo após a mistura (mg L -1 ); t - tempo (dias); C 0 concentração inicial de oxigênio, logo após a mistura (mg L -1 ). O déficit inicial de oxigênio (D 0 ) foi calculado pela diferença entre a concentração de saturação de oxigênio pela concentração de oxigênio logo após a mistura. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores de K 1, L 0 e K 2 no trecho estudado do rio turvo sujo estão apresentados na Tabela 3. TABELA 3. Valor do coeficiente de desoxigenação (K 1 ), demanda bioquímica de oxigênio em tempo=0 (L 0 ) e do coeficiente de reaeração (K 2 ) no trecho estudado do rio turvo sujo. Parâmetros Valores L 0 40,09 mg L -1 K 1 0,19 d -1 K 2 0,47 d -1 Comparando-se o valor de K 1 obtido para o rio Turvo Sujo (Tabela 3) com os valores típicos deste coeficiente (Tabela 1) observa-se que este valor está dentro da faixa de valores de rios com águas limpas ou efluente secundário. Comparando-se o valor de K 2 obtido para o rio Turvo Sujo (Tabela 3) com os valores típicos deste coeficiente (Tabela 2) observa-se que este valor está dentro da faixa de valores de grandes rios com velocidades normais. Cursos d água mais rasos e velozes tendem a possuir maior coeficiente de reaeração, devido respectivamente à maior facilidade de mistura ao longo da profundidade e à criação de maiores turbulências na superfície (VON SPERLING, 1996). O déficit inicial de oxigênio no trecho estudado foi de 2,23 mg L -1. Segundo VON SPERLING (1996) caso a relação entre L 0 e D 0 seja maior que a relação entre K 1 e K 2, como é o caso neste estudo, o tempo crítico, isto é, tempo em que ocorre a ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.12; 2011 Pág. 4

menor concentração de oxigênio é positivo indicando assim que a partir do ponto de lançamento haverá uma queda de OD, originando um déficit crítico superior ao inicial. CONCLUSÕES Tendo por base os resultados obtidos e considerando-se as condições em que o estudo foi realizado, conclui-se que: - Os valores estimados de K 1 e K 2 estão dentro dos valores típicos apresentados pela literatura para rios com águas limpas ou efluentes secundários e grandes rios com velocidade normal respectivamente; - O tempo crítico é positivo; - A metodologia descrita por Streeter-phelps foi adequada para a estimação do K 2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, T. V. D. Índice de qualidade da água e coeficientes de autodepuração de trechos do rio pomba. 2006. 68f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2006. APHA - AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION. Standard methods for the examination of water and wastewater. 19. Ed. New York: APHA, WWA, WPCR, 1995. SANTOS, A. R. dos. Caracterização morfológica, hidrológica e ambiental da bacia hidrográfica do rio Turvo Sujo, micro região de Viçosa, MG. 2001. 125f. Tese (Doutorado em Engenharia Agrícola) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2001. STATSOFT. Statistica for windows V.6.0. Tulsa: Statsoft, 1996. STREETER, H.W.; PHELPS, E.B. A study of the pollution and natural purification of the Ohio river. U.S. Public Health Serv. Bull 146, Washington: Public Health Service, 1925. VON SPERLING, M. Introdução à qualidades das águas e ao tratamento de esgotos, Belo Horizonte: DESA, 1996. 243p. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.12; 2011 Pág. 5