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Transcrição:

XX Conferência Estadual Espírita Entrevista de Geraldo Campetti Sobrinho 1.Estamos com Geraldo Campetti Sobrinho, que é vice-presidente da Federação Espírita Brasileira, coordenador da FEB Editora, responsável pela Biblioteca de Obras Raras e Museu da Federação, apresentador do Programa Livros que Iluminam e Entre dois Mundos, Uma Visão Espírita da Realidade da FEBTV. Como é ter tantas atribuições em termos de voluntariado e conciliar tudo isso com a família e com a profissão? Esse é um desafio grande. Contamos com a paciência, muita tolerância dos familiares, daqueles que nos apoiam porque sempre é um trabalho coletivo. Nada fazemos sozinhos. A impressão que temos é que quanto mais se faz ainda é muito pouco diante do muito que temos recebido. É uma questão de tentar organizar o tempo, otimizar esse aproveitamento com esforço, com disciplina. Não que eu tenha essa disciplina e esse esforço. Preciso realmente me esforçar mais e ter mais disciplina, mas, com organização, com planejamento vamos realizando as atividades necessárias. Temos um dever e, ao mesmo tempo, uma dívida perante tudo que temos recebido, tanta bondade, tanta assistência, essa luz que o Espiritismo nos proporciona. Então, temos que procurar realmente fazer o que estiver ao nosso alcance. Confesso que me sinto ainda com uma certa cobrança com relação ao tempo, me sinto meio ou bastante endividado, provavelmente, com relação ao passado em que perdi muito tempo. Sinto essa cobrança, a necessidade de aproveitar bem o tempo, de fazer o melhor ao meu alcance. Acho que ainda estou fazendo pouco, porque no fundo não somos nós quem fazemos, são os Espíritos amigos, são aqueles que estão nos ajudando. Somos só instrumentos. 2.Você nasceu em lar espírita ou aderiu à Doutrina Espírita, em algum momento? Participou de movimento jovem espírita? Penso que Espírito endividado como eu tem oportunidade de nascer num lar espírita. Acho tão bonita a experiência de quem não conhecia o Espiritismo e pelas dificuldades, pelos problemas, se converte. Foi o que aconteceu com meu pai. Pela dor, na família, um médium curou a irmã dele, nesse processo da mediunidade com Jesus e ele acabou se convertendo. Casou-se com a minha mãe, católica, que também se converteu. Então, desde o meu irmão mais velho, Carlos Campetti, todos fomos criados num lar espírita.

Desde a infância, participamos, no interior de São Paulo, do movimento Espírita. Recordo que recebíamos o material do Conheça o Espiritismo - Comece pelo começo, um programa muito bom. Tínhamos a oportunidade de ler as informações espíritas diretamente na fonte, nas obras de Kardec. Estudávamos diretamente nas obras. Essa foi uma oportunidade que tivemos para ter um embasamento doutrinário. Participávamos do movimento Espírita. Havia o movimento da Mocidade. Lembro da COMENESP - a Confraternização das Mocidades Espíritas do Nordeste e Noroeste do Estado de São Paulo. Era muito interessante porque nos deslocávamos de uma cidade para a outra, ficávamos hospedados na casa de companheiros, assistíamos às palestras. Participamos, no interior de São Paulo, numa cidade chamada Urânia, de um Centro. Nossa família se reuniu a esse Centro que já existia. Mas, o senhor trabalhava ao modo dele, era mais ou menos o dono do Centro. Fomos conciliando com a parte do estudo, da juventude e da mocidade, da evangelização, do trabalho mediúnico segundo Kardec nos orienta em O Livro dos médiuns. E fomos participando assim, até chegarmos em Brasília. Continuamos o trabalho na Federação Espírita Brasileira. 3.E hoje você está vinculado a algum Centro Espírita? Trabalha em alguma determinada área? Na FEB, estamos vice-presidente, o que não é sinal de nenhuma evolução, pelo contrário, de muita imperfeição, muita dívida. Atuamos, desde que chegamos, na parte da infância, da evangelização infantil, depois juvenil, coordenamos a juventude. Ficamos um tempo fazendo uma verdadeira escola, uma preparação muito boa com Cecília Rocha, uma pioneira, Francisco Thiesen. Tivemos essa oportunidade. Depois fomos trabalhar exatamente na área de pesquisa, que é a nossa área, com biblioteca, com arquivo, com museu, um trabalho de preparação de livros de referência para poder facilitar o acesso à informação, como é o caso, por exemplo, de catálogos, glossários, dicionários, índices. Atuamos também numa Casa Espírita cuja frequência semanal não ultrapassa vinte pessoas. Ajudamos no passe e, de vez em quando, fazemos uma palestra. É um momento muito agradável. Trabalhar na Casa que é maior, de maior movimento é muito importante. Trabalhamos, por exemplo, na Comunhão Espírita. Todo segundo domingo do mês fazemos uma palestra, o público é de mil pessoas, seis horas da tarde.

Essa outra Casa tem basicamente vinte pessoas. Às vezes, temos oito ou seis pessoas. Sentimos, praticamente, os Espíritos ali materializados. É uma beleza trabalhar assim. Há um trabalho de Assistência Social também que nos toca muito: visitar pessoas, conversar com as pessoas. É algo que hoje, por exemplo, sinto muita necessidade, porque o nosso trabalho faz com que fiquemos muito numa atividade intelectual. Colocar isso em prática, essas luzes que o Espiritismo nos enseja, é extremamente necessário, não pensando no benefício do outro mas, para o nosso benefício, para nossa melhoria. 4.Como coordenador da FEB Editora, neste momento em que as mídias digitais estão em alta, como a editora está se estruturando para atender esse público? Que ações está empreendendo? É uma pergunta bem interessante, bem atual. Todo livro que preparamos editorialmente, que é um processo bem cuidadoso, bem zeloso, bem exigente, com critérios bem definidos, com rigor de avaliação, passa pelo processo todo. Depois de aprovado o processo editorial, com uma revisão também bem atenta e preparado, ele tem dois caminhos: é convertido para ebook ou vai para impressão. Todos os livros preparados pela FEB são convertidos para ebook, ou seja, o livro eletrônico e ficam disponíveis em plataformas, como a Apple, a Amazon, para quem tiver interesse em adquiri-lo. Algumas obras são disponibilizadas em PDF, no próprio site da FEB, gratuitamente, como as Obras Básicas, a Revista Espírita, algum material de estudo. Temos, portando, pensado nisso. Também em fazer parceria com a própria FEBTV prepararmos divulgações pela mídia, pelas redes sociais, incorporando, por exemplo, comentários a respeito de livros que iluminam, para levarmos essa mensagem de uma maneira mais efetiva. Hoje não temos somente o produto impresso. Temo-lo muito mais dinâmico em termos do próprio áudio, da imagem. É um material que fica disponível para o público, ganhando uma dimensão que, às vezes, nem fazemos ideia. Então, estamos trabalhando nesse sentido, inclusive com ideia de alguns audiobooks e de aproveitarmos o conteúdo riquíssimo da literatura espírita, notadamente publicado pela FEB, para fazer determinadas pílulas, os spots, para divulgar, levar uma mensagem, uma história, um poema, um conto, enfim, tudo muito rico para disponibilizar ao público.

5.E a FEB recebe muitos manuscritos para publicação, eles apresentam qualidade doutrinaria? Quantos deles são aprovados efetivamente pelo Conselho Editorial? Recebemos, constantemente, originais, os candidatos a livros. Temos alguns critérios de seleção, de avaliação desses originais. Qualquer pessoa pode encaminhar um livro para a FEB, assim como pode mandar um artigo para ser publicado em Reformador. Não avaliamos a questão do nome, se a pessoa é ou não um autor conhecido. Isso não é importante. O importante é o conteúdo. Então, o livro passa rigorosamente por uma avaliação de conteúdo. De cerca de dez títulos que recebemos, acabamos aprovando um. E isso não significa, necessariamente, que vai ser publicado porque há uma série de outros fatores. Ele passa pela equipe de pareceristas que trabalha com o esquema metodológico científico do duplo-cego, quer dizer, um não sabe o que o outro está fazendo, por uma questão de caráter científico mesmo, analisando critérios como conteúdo, linguagem, atualidade, contribuição que aquele título vai prestar. Se o livro é aprovado, o Conselho Editorial decide se efetivamente a obra será lançada e quando, dentro de um planejamento editorial que é feito para cada ano, dois anos. Temos recebido muitas ofertas. Isso é muito bom, mas, realmente boa parte delas ainda deixa a desejar em termos de conteúdo e de linguagem. 6.Você também é responsável pela Biblioteca de Obras Raras da FEB. Fale um pouco a respeito. Qual o livro mais antigo existente nesse acervo? E existem manuscritos de algum expoente da Doutrina Espírita? Falando como Bibliotecário e sou bibliófilo, adoro livro raro. Ao mesmo tempo, amo livro novo, porque trabalhamos nas duas pontas. A Biblioteca de Obras Raras tem um acervo maravilhoso. Convidamos a todos que tiverem interesse e oportunidade de conhecê-la, em Brasília, na Sede da FEB. Fica aberta ao público para visitas, diariamente. Podemos fazer visitas organizadas, dar assistência a grupos, orientar. É um ambiente muito bom. Temos originais manuscritos de Bezerra de Menezes. A folha, à época, era uma espécie de papel sulfite, o ofício era partido ao meio, e ele escrevia com caneta tinteiro. Várias obras que temos publicadas estão em manuscritos e outras que são inéditas. Estamos trabalhando, inclusive, numa série desde algum tempo, nas obras de Bezerra de Menezes enquanto encarnado. Obras maravilhosas, que vamos publicando gradativamente.

Temos as primeiras edições de Kardec no original, todas as obras do Pentateuco. Temos uma obra impressionante que data de 1792, uma edição portuguesa, um livro de bolso mas bem volumoso. Já é uma segunda edição corrigida, de Lisboa, Portugal e o título é O diálogo entre um morto e um vivo. Bem interessante porque está retratando exatamente a questão da mediunidade, do trabalho da comunicação entre os dois mundos. Sendo de 1792, são doze anos antes da encarnação de Hippolyte Léon Denizard Rivail, que foi em 3 de outubro de 1804. 7.Como as pessoas podem ter acesso a essas obras? Existem duas maneiras. O nosso catálogo em termos referenciais está disponível no próprio portal da FEB, no site. Em Biblioteca de Obras Raras, podem ser feitas consultas, pesquisas. Digitalizamos a capa do livro e a folha de rosto para facilitar a identificação. Futuramente pretendemos transformar isso numa Biblioteca Digital. O Paraná tem boa parte do acervo digitalizado, graças ao trabalho da equipe competente que tem. Nós estamos aos poucos fazendo isso. Tem esse acesso pelo catálogo, tem a própria visita local. Como são Obras Raras, não fazemos empréstimo. Mas, no ambiente mesmo a pessoa pode consultar, o pesquisador tem acesso sem nenhum problema, com o devido cuidado. O acervo está disponível e a finalidade é essa. Como é uma Biblioteca, tem a parte dos periódicos, dos documentos raros. A Biblioteca é um processo, como disse o bibliotecário indiano Ranganathan, numa dessas leis que ele define, é um organismo em crescimento. A Biblioteca parece sempre estar em organização, nunca está pronta. Temos muita coisa sendo organizada ainda mas, muita coisa está disponível para o público. 8.Nos últimos anos, os livros da Editora FEB tiveram seus projetos gráficos atualizados. O que levou a editora a tomar essa atitude? A necessidade de fazermos com que o produto, o livro que já tem uma qualidade de conteúdo boa, assegurada, pudesse, compatível à essa qualidade de conteúdo ter uma qualidade de apresentação. Ter uma forma, uma identidade visual, uma diagramação, um projeto gráfico que torne a obra agradável, atraente.

Como exemplo, citamos a disponibilização do livro pela capa, pelo título, pelas informações que contém na própria quarta capa. Também o tamanho de letra, o tipo de letra, tudo isso com vistas à legibilidade documental. Temos uma preocupação grande nesse sentido, estamos aperfeiçoando cada vez mais com o trabalho que é profissional, necessariamente profissional. Nesse campo editorial não há espaço para amadorismo, é importante dizermos isso. Trabalhamos, todos somos voluntários, mas, há os profissionais que são especializados e os voluntários procuramos nos aperfeiçoar, nos especializarmos para ter um trabalho que seja de qualidade para atender dignamente esse valor doutrinário que é fundamental. Estamos fazendo isso gradativamente, os livros estão cada vez mais bonitos. Atraentes, atrativos. E o que é mais importante, fáceis de ler, agradáveis, que a pessoa se sinta bem. O leitor conversa com o texto, o texto conversa com o leitor. 9. Qual sua avaliação sobre o mercado livreiro espírita? E como ele pode contribuir para a expansão e a divulgação da Doutrina Espírita? O intuito do mercado livreiro é exatamente contribuir para essa expansão. Quanto maior a divulgação no Brasil ou fora do Brasil é extremamente importante. Hoje temos um catálogo de títulos enorme. São inúmeros, milhares de títulos espíritas ou ditos espíritas. O cuidado que devemos ter é que se misturam muitos títulos que são espiritualistas, esoteristas, alguns até contrários a alguns princípios fundamentais ou que não têm nada a ver com Espiritismo. Por vezes, é uma literatura apenas para o deleite. Existem livros que lemos um capítulo, oito, dez, quinze páginas, uma descrição de uma cena que vai para uma sensualidade literária. Onde está o Espiritismo? E, por que isso estar ali? Lembramos que Yvonne do Amaral Pereira foi orientada pelo seu mentor Charles: A obra tem que ser doutrinária porque é uma obra espírita. O mesmo aconteceu, ainda com Yvonne do Amaral Pereira e o Espírito Camilo Cândido Botelho ao ditar Memórias de um suicida. O livro era apenas uma biografia desse escritor português que se suicidou ainda muito jovem, antes dos trinta anos, pelas dificuldades. A obra ficou engavetada durante algumas décadas. Posteriormente, Léon Denis faz a revisão espiritual da obra e entrou o conteúdo doutrinário. Hoje temos Memórias de um suicida, um calhamaço de quase seiscentas páginas. E é um dos livros mais lidos, inclusive por jovens que têm interesse nessa temática.

É muito importante pensar na expansão, na divulgação. Temos ainda muitas dificuldades porque devemos trabalhar colaborativamente, trabalhar unidos e não competitivamente, o que ocorre no mercado não espírita. Alguns dizem que o próprio mercado espírita ainda é muito competitivo e, às vezes, as regras ali são até mais difíceis do que no mercado livreiro não espírita. Temos que pensar em atualizar o conjunto, trabalharmos no movimento Espírita, que tenha uma rede que propicie isso. O próprio movimento Federativo é uma rede. Temos a Federação Nacional Brasileira, temos as Federativas Estaduais, algumas delas são editoras, fazem um trabalho de divulgação também por meio do livro. O livro é o principal instrumento de divulgação do Espiritismo, continua e continuará sendo porque do próprio livro temos vários recursos que podemos utilizar para a divulgação do Espiritismo. Temos que tomar cuidado, muita coisa vai expandir e cabe um alerta: é preferível ter menos, com mais qualidade do que ter uma maior quantidade em detrimento da qualidade. Não precisamos ter lançamentos todo dia ou toda semana. É importante o lançamento? É, mas tem que ser uma obra doutrinária, tem que ser uma obra escrita numa linguagem que vai chegar a um público que ainda não conseguiu ler, por exemplo, uma obra de Kardec, uma obra que chame, que convide e que atraia. Quem é editor, quem está trabalhando nesse sentido tem que ter essa preocupação e, evidentemente as livrarias, distribuidoras, também conhecer os produtos para fazer o melhor trabalho de divulgação. 10.Fale um pouco das novidades que a Editora FEB está lançando na Conferência Estadual Espírita e para os próximos meses. Estamos lançando aqui uma obra de Chico Xavier e de Emmanuel. Um projeto organizado, coordenado por Saulo [César Ribeiro da Silva] que fez um trabalho com uma equipe de seis, sete pessoas e criou o projeto O Evangelho por Emmanuel. São sete volumes, desde os comentários que Emmanuel fez nos versículos dos Evangelhos, do Novo Testamento, nas Cartas de Paulo, no Apocalipse. Temos Mateus, Marcos, Lucas, João, Atos dos Apóstolos e agora está sendo lançado na Conferência o sexto volume, As Cartas de Paulo, um livro com oitocentas, quase novecentas páginas. É impressionante a leitura e o interesse que o público tem nessa obra, embora tão volumosa. Fizemos uma impressão da primeira edição, já está esgotando. Estamos providenciando uma segunda impressão porque teve uma aceitação muito boa,

estava sendo aguardado. Semestre que vem faremos o lançamento na Bienal, em São Paulo, em agosto, do sétimo e último volume dessa coleção, As Cartas Universais e o Apocalipse. São os comentários de Emmanuel em torno disso. Fruto desse projeto temos o Sementes do Evangelho, livros de bolso com seleção de frases importantes sobre determinados assuntos, feita pela própria equipe. Fizemos a classificação desses assuntos e geramos cinco livros. São sobre o amor, a fé, o trabalho, a esperança. Dois estão editados, impressos, os cinco estão em ebook. Na Bienal, lançaremos os demais. Estamos lançando do médico espírita pernambucano, Leonardo Machado, o livro Vida saudável e feliz, uma obra que trata do Evangelho e da saúde mental, numa linguagem bem coloquial, fácil para o nosso entendimento. Estamos trazendo reedições da Suely Schubert. Estamos preparando, além do Dimensões espirituais do Centro Espírita, o Obsessão e desobsessão, Testemunhos de Chico Xavier. Outra obra clássica que já está em ebook e estamos preparando para lançar impresso é As mesas girantes e o Espiritismo, de Zêus Wantuil. Teremos um título inédito de Richard Simonetti, A bênção da gratidão, na Bienal e vamos relançar os três títulos de Simonetti que temos. Uma das reedições vai ser com novo título: Conheça o Espiritismo, que pretendemos seja um livro de entrada exatamente para aquele que ainda não teve a oportunidade de conhecer o Espiritismo. A quantidade é muito grande, temos um catálogo de mais de quinhentos e cinquenta títulos. Desses, trezentos estão trabalhados, com a nova formatação e temos mais de duzentos para trabalhar. Temos trabalho para alguns anos, além dos lançamentos que vão sendo feitos gradativamente, das reedições e das reimpressões. O trabalho editorial é um trabalho dinâmico, constante e crescente. 11.E quanto aos projetos de cinematografia? Soubemos que a FEB cedeu direitos autorais de grandes obras como Paulo e Estêvão, do Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, que haveria uma espécie de continuidade do filme Nosso Lar. Existe previsão de lançamentos em breve? Paulo e Estêvão ainda não foi teve cessão de direitos autorais. Tivemos várias demandas de interessados, mas ainda não o fizemos. Por quê? Porque essa é uma obra que exige realmente um trabalho eminentemente profissional e com uma produção hollywoodiana. Deveremos ter, como tivemos com Nosso Lar, um trabalho muito interessante, de muito investimento.

Teremos a continuação de Nosso Lar, o Nosso Lar 2, pelo mesmo diretor, Wagner de Assis. Será baseado em Os Mensageiros e algumas informações do Obreiros da Vida Eterna. Wagner disse que aquela casa que flutua não pode ficar fora do cinema, a casa transitória, uma verdadeira nave espacial. Romances de Emmanuel como Há dois mil anos, Cinquenta anos depois, Ave Cristo, deverão se tornar uma espécie de séries para a televisão. Provavelmente, primeiro nos Estados Unidos, depois virão para o Brasil. Tivemos uma reunião recente com a presidente da Fox, aqui no Brasil, que a Disney está incorporando. Ela viu os livros infantis e ficou encantada. Temos que pensar grande porque o Espiritismo merece porque é uma informação preciosa. Chegar nas telonas é algo fantástico. Já conseguimos fazer isso e vamos continuar fazendo, de uma maneira cada vez interessante, agradável, com todos os recursos da tecnologia que possamos utilizar. 12.Você está vindo, pela primeira vez, a uma das nossas Conferências Estaduais Espíritas. Qual sua impressão? Como está vendo essa grande movimentação que iniciou pelo Interior e Capital no dia 11 [de março], passou por várias cidades, culminando com essa atividade de três dias aqui em Pinhais? É um trabalho admirável. Vemos a organização, o empenho de uma equipe que ao longo do ano, e dos anos, vai se preparando para chegar nessa culminância. E o movimento do Interior é muito bonito.alguns dizem que o nosso futuro está no Interior, eu venho do Interior e sinto muito isso. O Interior vai fazendo essa preparação toda e, evidentemente, as capitais como essa belíssima cidade, tem esse trabalho lindo que é feito, dessa dimensão. Como a própria Sandra colocou na abordagem dela, talvez que seja de maior expansão em termos de atingimento do público, não só pela quantidade daqueles que vêm fisicamente, que é uma quantidade muito grande, realmente admirável, como também, pelos veículos midiáticos, pelas redes sociais. Impressão muito boa, a primeira vez que venho, estou agradecido pela oportunidade e pelo convite. Estou achando muito bom rever companheiros, amigos, velhos conhecidos, podermos nos abraçar e fortalecer esses laços. Esses laços que permanecem na formação de uma verdadeira família espiritual. 13.Como um líder do movimento Espírita federativo, você poderia deixar uma mensagem para os trabalhadores espíritas, principalmente neste momento de transição que a Terra se encontra? O líder começa pelo aprendizado. Todo líder é necessariamente um aprendiz, não está na posição daquele que ensina mas daquele que compartilha, porque todos aprendemos juntos.

A mensagem que posso deixar é uma mensagem de esperança, porque estamos vivendo momentos extremamente difíceis, delicados, tempestuosos até. Diríamos que os tempos efetivamente chegaram e precisamos ter dignidade moral para poder enfrentar tudo isso e permanecermos com perseverança, sem perdermos a esperança, entendendo que esses processos, por ora, são naturais ou comuns, diante das necessidades que temos. Mas jamais perdermos a parte do amor, da solidariedade, da confraternização que deve existir entre as pessoas, as Instituições, entre os povos. Uma necessidade imprescindível que temos, atualmente, é de discernimento, de bom senso, de equilíbrio. Utilizemos, de fato, a mensagem de Jesus para a nossa transformação, para a nossa renovação íntima e colaboremos com o nosso esforço para promover a regeneração social da Humanidade, a começar por nós mesmos. Muito obrigado. Entrevista concedida ao setor de Comunicação Social Espírita da Federação Espírita do Paraná, na XX Conferência Estadual Espírita, no Expotrade, em Pinhais, em 17.3.2018. Em 3.7.2018.