Construída em 1932, a casa de Stephan Weishaupt (veja matéria na pág. 94) é uma legítima representante do art déco local Foto: Max Zambelli ESPECIAL MIAMI
94 CASAVOGUE.COM.BR A PAIXÃO PELO BOM DESENHO (EM ESPECIAL O BRASILEIRO) LEVA UM EXECUTIVO ALEMÃO A TROCAR OS CARROS PELOS MÓVEIS, A EUROPA PELA AMÉRICA. É SOB O SOL DA FLÓRIDA QUE ELE A VIVE COM MAIS INTENSIDADE TEXTO CYNTHIA GARCIA DESIGNFOTOS MAX ZAMBELLI DÉCO A sala de jantar traz pendente de David Weeks, mesa de Christophe Delcourt, cadeiras de Ricardo Fasanello e bufê de Jorge Zalszupin, reeditado pela Etel. Na pág. anterior, as curvas arredondadas da piscina e da varanda da suíte máster e a geometria dos caixilhos atestam a pureza do estilo art déco da casa, de 1932
Ao lado, o lounge tem aparador de Isay Weinfeld, cadeira Pindá, de Carlos Motta, mesa de centro de Nada Debs, sofá de Vladimir Kagan, par de arandelas de Michael Anastassiades e tapete de Kelly Wearstler para a The Rug Company; e, abaixo, no living, mesas de centro de Sebastian Herkner, da ClassiCon, sofá de Christophe Delcourt e obras na parede de Regine Schumann Para perseguir sua paixão pelo design, o ex-executivo da BMW Stephan Weishaupt jogou para o alto o mundo automobilístico e deu uma guinada radical que o levou ao universo do mobiliário autoral. Apesar de manter vínculos afetivos com a gigante alemã dirijo um Mini Paceman, da família BMW, o jargão automotivo foi trocado por expressões do objeto bem desenhado. Em um prédio tombado de Toronto, Canadá, o elegante alemão de Munique fundou, em 2007, a loja Avenue Road que, passados três anos, já estava fincando showroom em Nova York. Convivo com arquitetura, design e arte desde pequeno. Na verdade, há paralelos entre a Avenue Road e a BMW, ambas são produtos emocionais de design high-end, resume Weishaupt o seu percurso profissional. Em pouco tempo, a perna americana do empreendimento ganhou destaque no competitivo mercado de Manhattan graças à requintada curadoria que reúne criativos de toda parte, a começar pela dupla canadense Yabu Pushelberg, seguida do francês Christophe Delcourt, do alemão Sebastian Herkner, do cipriota Michael Anastassiades, dos belgas da Tribù e de um punhado de brasileiros estelares: Etel Carmona, Carlos Motta, Isay Weinfeld, Claudia Moreira Salles, Simone Coste, mais pioneiros como Jorge Zalszupin, Abraham Palatnik, Gregori Warchavchik, Oscar Niemeyer, Sergio Rodrigues, Ricardo Fasanello e Paulo Werneck. Me encantei com o design brasileiro há dez anos numa exposição do Zalszupin em Colônia, na Alemanha. Desde então não parei mais de colecionar e incluir em nossos projetos internacionais, revela o empresário, que fez no mês passado um pit stop em São Paulo, louco para uma paradinha no Rio e em Trancoso que, infelizmente, não rolou: I love it there! 96 CASAVOGUE.COM.BR
Abaixo, o quarto de hóspedes exibe pendente, sofá e mesa lateral (à dir.) de Christophe Delcourt, cama de Julia Fellner, da Zeitraum, poltrona garimpada no Brasil, mesa de apoio de Simone Coste e aparador de Ronan e Erwan Bouroullec, da Glas Italia. Na pág. seguinte, à esq. Stephan Weishaupt posa no lounge; e, à dir., sobre o piso original de granilite da sala de café da manhã ficam bancos e mesa de Christophe Delcourt, esta última com tampo de Christiane Perrochon Não demorou, as viagens na ponte aérea Nova York-Toronto se transformaram numa triangular, com fins de semana na ensolarada Miami, mais precisamente no bairro de Mid-Beach. Em 2014, ele se deixou guiar outra vez pela paixão e se tornou o feliz proprietário desta casa no mais puro art déco. Reformei, mas tive o máximo respeito pela preservação do conjunto arquitetônico, diz, sobre o esmero que envolveu a remodelação do projeto de 1932 do arquiteto Martin L. Hampton (1890-1950), um dos responsáveis pelo estilo que faz o charme da cidade. Hampton é autor do prédio da prefeitura de Miami Beach e de mais 20 obras listadas no patrimônio histórico do balneário que renasceu da visão de Barbara Capitman, fundadora em 1976 da Miami Design Preservation League prova de que políticas inteligentes de conservação atraem dividendos e influenciam positivamente a qualidade de vida. Adoro art déco, é a cara de Miami Beach. Mas como a arquitetura da construção é autêntica, toda no estilo, na decoração optei por um conjunto mais amplo de influências. Assim, o empresário de bom faro para o desenho conceitua o look dos 420 m² divididos em dois pavimentos, pontuados pela coleção de sua loja quer celeiro melhor que esse? Ainda arrisco uma pergunta: no momento, do acervo que você tem em casa, qual sua peça preferida? É a cadeira Pindá, do Carlos Motta, com o verso do encosto pontilhado com pinos inspirados nos espinhos da vegetação da Mata Atlântica. Adoro essas surpresas sofisticadas do design brasileiro! l CASAVOGUE.COM.BR 99
Acima, o banco (anos 1950) garimpado na Varuzza decora o hall de granilite; e, acima, à dir., o banheiro da suíte máster todo de mármore rocky mist leva banheira da Agape e luminária de Michael Anastassiades. Na pág. seguinte, cadeiras de Carlos Motta e mesa de centro da Tora Brasil VEJA MAIS AMBIENTES DESTA CASA NO TABLET 100 CASAVOGUE.COM.BR