29ª CONFERÊNCIA SANITÁRIA PAN-AMERICANA

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Transcrição:

29ª CONFERÊNCIA SANITÁRIA PAN-AMERICANA 69ª SESSÃO DO COMITÊ REGIONAL DA OMS PARA AS AMÉRICAS Washington, D.C., EUA, 25 a 29 de setembro 2017 Original: inglês PALAVRAS DE BOAS-VINDAS DA DRA. CARISSA F. ETIENNE DIRETORA DA REPARTIÇÃO SANITÁRIA PAN-AMERICANA E DIRETORA REGIONAL DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE PARA AS AMÉRICAS

PALAVRAS DE BOAS-VINDAS DA DRA. CARISSA F. ETIENNE DIRETORA DA REPARTIÇÃO SANITÁRIA PAN-AMERICANA E DIRETORA REGIONAL DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE PARA AS AMÉRICAS 25 de setembro de 2017 Washington, D.C. 29 a Conferência Sanitária Pan-Americana 69 a Sessão do Comitê Regional da OMS para as Américas Exmo. Sr. Presidente da 28 a Conferência Sanitária Pan-Americana, Dr. Nikolas Steele, Ministro da Saúde, Previdência Social e Negócios Internacionais de Granada, Exmo. Sr. Secretário de Saúde e Serviços Sociais dos Estados Unidos da América, Dr. Thomas Price, Exmos. Srs. Ministros e Secretários de Saúde dos Estados Membros da OPAS-OMS, Exmo. Sr. Diretor-Geral da Organização Mundial da Saúde, Dr. Tedros Adhamon Ghebreyesus, Ilustres delegados dos Estados Membros, Ilustres membros do corpo diplomático, Representantes das organizações não governamentais que mantêm relações formais com a Organização Pan-Americana da Saúde, Representantes das Nações Unidas e outros organismos especializados, Colegas da OPAS e da OMS, Convidados de honra, Estimados senhores e senhoras: Muito bom dia a todos. É com imenso prazer que estou aqui hoje para dar a todos vocês calorosas boasvindas à casa da saúde nas Américas, quando nos reunimos nesta nossa Vigésima Nona Conferência Sanitária Pan-Americana e Sexagésima Nona Sessão do Comitê Regional da OMS para as Américas. Em nome da Repartição Sanitária Pan-Americana e de nossos Estados Membros, estou especialmente contente em receber nosso novo Diretor-Geral da Organização Mundial da Saúde, Dr. Tedros Adhanom, eleito para esse prestigiado cargo em maio de 2017. Tenho também a grande satisfação de saudar os novos Secretários e Ministros da Saúde, que assumiram a pasta da saúde de seus países desde nossa última reunião em setembro de 2016.

Senhoras e senhores, em uma nota mais sombria, gostaria de aproveitar esta oportunidade para estender publicamente aos Governos e povos de Anguilla, Antígua e Barbuda, Bahamas, Cuba, Ilhas Virgens Britânicas, Ilhas Virgens dos Estados Unidos, Ilhas Turcas e Caicos, Haiti, República Dominicana, Sint Maarten francesa e holandesa, Porto Rico, São Cristóvão e Nevis, Estados Unidos da América e meu próprio país, Dominica, nossas mais sinceras e profundas condolências face aos mortos e feridos, à enorme devastação e destruição, aos extensos transtornos e ao trauma psicológico decorrentes da passagem dos furacões Harvey, Irma, José e Maria. Ao Governo e povo do México, expressamos nosso mais profundo pesar pela imensa perda de vidas e pelos extensos danos decorrentes de dois fortes terremotos que atingiram o país nos dias 8 e 19 de setembro de 2017, respectivamente, assim como pelos impactos adicionais causados pelo furacão Katia. Compartilhamos de sua dor e estendemos nossa solidariedade, comprometendo-nos a trabalhar com todos vocês para assegurar o rápido restabelecimento e funcionamento efetivo dos sistemas de saúde em seus países. As perdas econômicas decorrentes desses desastres, inclusive dos impactos físicos diretos, serão astronômicas. A reconstrução será longa e difícil para todos os afetados, mas sobretudo para os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, para os pobres e para pessoas em situação de vulnerabilidade. Embora seja impossível quantificar e avaliar monetariamente os custos indiretos e intangíveis desses desastres como o impacto sobre o meio ambiente e sobre a saúde e o bem-estar humanos, principalmente a saúde mental e psicológica dos habitantes das áreas afetadas, não podemos supor que esses terríveis acontecimentos sucessivos, em um período muito curto, não deixarão cicatrizes indeléveis tanto em nossas paisagens quanto em nossa psique. Todavia, devemos esperar e pedir que todos os nossos povos, uma vez mais, se mostrem resilientes e encontrem dentro de si a energia incessante para a recuperação e reconstrução. Senhoras e senhores, o Relatório de Riscos Globais de 2017 elaborado pelo Fórum Econômico Mundial indica que o mundo está enfrentando vários desafios importantes atualmente, dois deles na esfera econômica, a saber, as crescentes disparidades de renda e riqueza. Em escala mundial, embora as desigualdades econômicas entre países tenham diminuído em ritmo acelerado nos últimos trinta anos, os dados internos de muitos países contam uma história diferente. A América Latina e o Caribe alcançaram considerável sucesso na redução da pobreza extrema na última década e, embora a desigualdade de renda tenha diminuído nos últimos anos, ainda é a região de maior 2

desigualdade no mundo. Em 2014, os 10% mais ricos da população na América Latina detinham 71% da riqueza da região. Quando dirigimos nossa atenção à Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e elaboramos planos de ação multissetoriais, precisamos reconhecer conjuntamente a necessidade de uma maior ênfase no bem-estar humano e na garantia de que o crescimento econômico represente progresso para todos. Nossas escolhas políticas devem ser orientadas por uma avaliação dos impactos nas populações em situação de vulnerabilidade e nas diferentes dimensões do bem-estar, assim como das consequências distributivas. Os futuros modelos de crescimento econômico já não podem ser determinados exclusivamente pelo produto interno bruto per capita, mas devem antes enfatizar políticas para melhorar a vida da população, e a renda é um elemento crucial, entre outros importantes para as pessoas, inclusive saúde, meio ambiente, emprego e trabalho, educação e satisfação pessoal. Outro grande desafio é proteger e fortalecer nossos sistemas de cooperação global, pois os sinais de enfraquecimento dos compromissos estão se tornando mais notórios. Todos nós estamos plenamente cientes de que a segurança sanitária mundial é possibilitada pela celebração de acordos jurídicos como o Regulamento Sanitário Internacional de 2005 (RSI-2005). A finalidade e o escopo do Regulamento Sanitário Internacional (2005), que inclui 196 países de todo o mundo, são prevenir, proteger, controlar e dar uma resposta de saúde pública contra a propagação internacional de doenças, de maneiras proporcionais e restritas aos riscos para a saúde pública, e que evitem interferências desnecessárias com o tráfego e o comércio internacionais. O RSI serve para proteger conjuntamente nossas populações dos impactos adversos de doenças infecciosas agudas emergentes ou reemergentes, além de proteger o comércio e as viagens internacionais, sob vigilância e orientação da Organização Mundial da Saúde. A recente epidemia de Ebola na África Ocidental e a emergência da epidemia causada pelo vírus Zika nas Américas em 2016-2017 demonstraram e destacaram claramente a necessidade de cooperação global nas ações de preparação, resposta, pesquisa e compartilhamento de conhecimentos para combate a doenças, bem como de fortalecimento de nossos sistemas nacionais de saúde. De modo semelhante, sem a solidariedade e o compromisso político permanente de nossos Estados Membros na Região das Américas, não teríamos obtido êxito na erradicação da varíola e na eliminação da poliomielite, da rubéola, da síndrome da rubéola congênita e do sarampo neste continente. Sob a orientação técnica da Repartição Sanitária Pan-Americana, os Estados Membros mantiveram e apoiaram fortes sistemas nacionais de vigilância que estão sempre atentos à importação dessas doenças, junto com equipes efetivas de resposta rápida para suprimir a possível propagação de qualquer importação. 3

Os compromissos e investimentos regionais coletivos e de cada país individualmente em relação à eliminação de doenças evitáveis por vacinação são um testemunho da solidariedade pan-americana. Hoje, quando todos nós voltamos o olhar para a fase final da erradicação global da poliomielite, somos desafiados por uma escassez mundial de vacina inativada contra poliomielite (VPI), a formulação de antígenos recomendada pela estratégia para essa fase final. Realmente esperamos que esse desafio atual não coloque em risco nosso objetivo de alcançar a erradicação mundial da poliomielite. Entretanto, dada a complexa dinâmica dos atuais mercados globais de vacina, perguntamo-nos se algum dia poderemos não dispor de uma vacina capaz de salvar vidas, essencial para proteger nossas populações, porque um fabricante decidiu que sua produção não atende mais a seus interesses econômicos. De modo semelhante, em nossa busca para reduzir a prevalência e os impactos adversos da resistência aos antimicrobianos, devemos cooperar em escala mundial, regional e nacional, em todas as esferas da medicina humana e veterinária, agricultura, criação de animais e pesca. A resistência aos antimicrobianos não só aumenta o custo da atenção à saúde, por causa de internações hospitalares mais longas e cuidados mais intensivos dos pacientes com infecções farmacorresistentes, mas também põe em risco os ganhos dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e ameaça a consecução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Com o conceito de Uma Saúde (One Health), a Organização Mundial da Saúde e a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês) devem defender em conjunto a cooperação global para reduzir o uso de antimicrobianos, seja terapêutico, seja para promoção de crescimento, em animais criados comercialmente para alimentação. Nós, da área da saúde, precisamos continuar a colaborar com a OMS na luta para prevenir e controlar a produção e distribuição de antimicrobianos de baixa qualidade, adulterados, indevidamente rotulados, falsificados ou de contrafação. Juntos, também devemos ser fortes partidários e defensores da pesquisa ativa e do desenvolvimento de novos antibióticos. Sem novos fármacos para combater o número cada vez maior de patógenos farmacorresistentes, a sociedade logo não terá opções para o tratamento eficaz das infecções. 4

Um último grande desafio que devo mencionar é o conjunto de riscos ambientais, que incluem fenômenos climáticos extremos, o insucesso na mitigação e adaptação à mudança do clima, assim como as crises hídricas. Não deliberarei mais sobre esse ponto, pois temos diante de nós indicações indiscutíveis de mudanças dos padrões e das condições climáticas, evidenciadas pela ocorrência de mais tempestades tropicais, com maior intensidade e frequência. Devemos todos cooperar para reduzir esses fatores que contribuem para a mudança climática, assim como para mitigar seus efeitos na saúde, trabalhando conjuntamente para alcançar os Objetivos 13, 14 e 15 da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e a proteção máxima de nosso planeta. Dadas as crescentes e apaixonadas discussões atuais em torno dos terríveis desastres ocorridos nas três últimas semanas, está muito claro que, da perspectiva da mudança climática, é preciso dar atenção urgente à implementação e efetivação de políticas de adaptação, como uso apropriado da terra, revisão dos códigos de construção civil, quando apropriado, modernização dos edifícios para melhorar os padrões de risco inclusive com a construção de habitações resistentes a furacões, mecanismos de proteção costeira e litorânea, gerenciamento da água e novas abordagens para o desenvolvimento sustentável. Além disso, como já se discutiu repetidas vezes, desde o Texas e a Flórida até Dominica e em toda parte, precisamos considerar o que deve ser feito de modo diferente e antes dessas tempestades para melhor administrar ou superar os impactos negativos da interrupção das comunicações, da eletricidade e da disponibilidade de água potável. Por fim, gostaria de chamar a atenção para o fato de que o aquecimento do planeta poderia acarretar a expansão da distribuição geográfica de alguns vetores, com a propagação concomitante de determinadas doenças para áreas em que não existiam anteriormente. Senhoras e senhores, a Repartição Sanitária Pan-Americana, junto com os seus Estados Membros, fez progressos significativos na melhoria da saúde e do bem-estar dos povos das Américas, dos quais podemos todos nos orgulhar merecidamente. Vocês receberão mais informações sobre esses notáveis desenvolvimentos no meu relatório quinquenal. Apesar de nossos muitos avanços conjuntos, restam alguns pontos inconclusos na agenda, como alcançar a meta de mortalidade materna estipulada pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, mesmo enquanto nos preparamos para enfrentar os novos desafios que surgirão diariamente. 5

Esta 29 a Conferência Sanitária Pan-Americana tem pela frente uma agenda ambiciosa, pois trataremos de uma grande variedade de temas procedimentais, constitucionais, de política programática, informativos, administrativos e financeiros no curso desta semana. Aproveitaremos a oportunidade proporcionada por esta CSPA para promover uma comemoração antecipada de nosso 115 o aniversário, que será celebrado em dezembro de 2017. Além disso, revelaremos e lançaremos nossa principal publicação de 2017, intitulada Saúde nas Américas+ (Health in the Americas Plus), junto com sua atual e inovadora plataforma de informação. Além disso, vocês terão a oportunidade de participar de vários eventos paralelos, durante os quais alguns temas cruciais, como Equidade e desigualdades em saúde nas Américas, Mudança climática, Saúde de migrantes e Políticas reguladoras e alimentação saudável, serão abordados pelos Estados Membros. Espero sinceramente que tenhamos uma semana muito bem-sucedida e produtiva sob sua orientação especializada e liderança visionária, enquanto juntos procuramos traçar um caminho unificado para avançar rumo às metas da Agenda 2030 para a Saúde Sustentável. Sabemos que navegaremos em águas agitadas, mas continuaremos a explorar incessantemente o horizonte, examinando uma ampla variedade de informações para identificar possíveis ameaças, riscos, questões emergentes e oportunidades e, por conseguinte, permitir o maior preparo e a incorporação de ações de mitigação em nossos processos de formulação de políticas. Eu tenho absoluta confiança de que juntos chegaremos com segurança e êxito ao porto de escala indicado sem deixar ninguém para trás, navegando sob a bandeira da solidariedade pan-americana, sustentados por nossos valores fundamentais de equidade, excelência, respeito e integridade. Muito obrigada. Mais uma vez, sejam todos muito bem-vindos. - - - 6