QUALIDADE DE VIDA EM FASE PÓS TRANSPLANTE RENAL. Quality of life on stage after kidney transplantation RESUMO



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Transcrição:

QUALIDADE DE VIDA EM FASE PÓS TRANSPLANTE RENAL Quality of life on stage after kidney transplantation Ana Cristina Ramos da Silva * Thais Andrade de Paula ** RESUMO O Ministério da Saúde tem um dos maiores programas público de transplante de órgãos e tecidos do mundo, o que tem surtido efeito, pois o número de doação tem crescido a cada ano. No estado da Bahia em 2012, teve aumento de 71% no número de transplantes realizados no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), comparado com o ano anterior. O transplante renal é reconhecido como a melhor alternativa para o tratamento da doença renal crônica O Objetivo deste estudo foi descrever os fatores que dificultam e facilitam a promoção da qualidade de vida em pacientes submetidos a cirurgia de transplante renal. Fez uma revisão de literatura, onde foram usados artigos da SCIELO, (The Scientific Eletronic Library Online), manuais na ABTO (Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos) e pesquisa no site da UNESP. Os artigos tinham resumo em português e abordaram a Qualidade de vida dos pacientes transplantados renais. A presente pesquisa conclui que a qualidade de vida do paciente depende de um conjunto de fatores, entre eles o acompanhamento com uma equipe multidisciplinar, o apoio da família e principalmente do comprometimento do transplantado em aceitar e se adequar às disciplinas necessárias para manter o novo órgão. Palavras-chaves: Qualidade de vida, transplante renal, doença renal crônica. ABSTRACT The Ministry of Health has one of the largest public transplantation of organs and tissues of the world, which has proven effective because number of donations has grown each year. In the state of Bahia in 2012, had 71% increase in the number of transplants performed within the Unified Health System (SUS), compared with the previous year. Renal transplantation is recognized as the best alternative for the treatment of chronic kidney disease The aim of this study was to describe the factors that hinder and facilitate the promotion of quality of life in patients undergoing renal transplantation. Did a literature review, which were used items SCIELO (The Scientific Electronic Library Online), manual in ABTO (Brazilian Association of Organ Transplants) and site search UNESP. The articles were abstract in Portuguese and discussed the quality of life of kidney transplant patients. This research concludes that the quality of life of the patient depends on a number of factors, including monitoring by a multidisciplinary team, family support and especially the commitment to accept the transplanted suit and disciplines needed to maintain the new body. Keywords: Quality of life, kidney transplant, chronic kidney disease. * Bacharel em Enfermagem. E-mail: cristina_sha@yahoo.com.br ** Bacharel em Enfermagem. E-mail: thaispaula2003@ig.com.br Artigo apresentado a Atualiza Cursos, como requisito parcial para a obtenção do título de especialista em Enfermagem em Nefrologia, sob a orientação das professoras Maria de Lourdes Freitas Gomes e Carolina Pedrosa. Salvador 2013.

2 1. INTRODUÇÃO Insuficiência renal crônica é uma das manifestações da doença renal crônica. Consiste, principalmente, na redução da capacidade dos rins em filtrar substâncias toxicas, acarretando alterações metabólicas e hormonais. (Ministério da Saúde, 2002). Segundo o Manual do Transplante Renal, o Transplante é um procedimento cirúrgico que consiste na transferência de um órgão (coração, pulmão rim, pâncreas, fígado) ou tecido (medula óssea, ossos, córnea) de um indivíduo para outro afim de compensar ou substituir uma função perdida. Sendo assim, no transplante de rim, implanta-se um rim sadio em um indivíduo portador de insuficiência renal terminal. Esse novo rim passará a desempenhar as funções que os rins doentes não conseguem mais manter O transplante renal (TxR) é reconhecido como a melhor alternativa para o tratamento da doença renal crônica (DRC) em estágio 5, desvinculando o paciente da necessidade de diálise. Com o TxR, o paciente poderá ter uma melhora na qualidade de vida e na sobrevida, assim proporcionando um melhor estado de saúde. Qualidade de vida (QDV) é definida pela Organização Mundial de Saúde (1998) como a percepção do indivíduo acerca de sua posição na vida, no contexto cultural e sistema de valores do local onde vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. Abrange domínios de funcionamento, como condições físicas e capacidade funcional, condições psicológicas e bem estar, interações sociais, condições ou fatores econômicos e/ou vocacionais e condições religiosas e/ou espirituais. A avaliação da qualidade de vida é realizada com base na percepção que o indivíduo tem em relação a cada uma destas áreas e a terminologia utilizada pode diferir entre os investigadores (Spilker, 1996). Em pacientes renais crônicos, a qualidade de vida é influenciada pela própria doença e pelo tipo de terapia de substituição da função renal. Além disso, fatores como idade do paciente, presença de anemia, comorbidade e depressão podem ser importantes influenciadores da qualidade de vida. Alguns destes problemas, quando identificados no início do tratamento, são passíveis de intervenção, que pode influenciar favoravelmente a evolução da doença.

3 Alguns estudos identificaram três fatores que podem predizer melhora da qualidade de vida de pacientes submetidos a transplante renal: redução de estressores, como a interrupção do tratamento dialítico e a interferência deste na vida diária, facilitação da vida profissional (possibilidade mais ampla de empregos) e melhora do apoio social (Siegal & Greensteins, 1999). Entretanto, mesmo com um transplante bem sucedido, após a alta e com o enxerto funcionante, o paciente continua a viver com uma doença crônica. O presente estudo teve como objetivo descrever os fatores dificultadores e facilitadores para a promoção da Qualidade de Vida dos transplantados renais. 2. METODOLOGIA Este estudo trata-se de uma revisão da literatura, que reuniu e agrupou o conhecimento já produzido sobre o tema investigado; permite buscar, avaliar e descrever as evidências disponíveis para a sua incorporação na prática. Para a busca dos artigos foram utilizadas as bases de dados SCIELO (The Scientific Eletronic Library Online), manuais na ABTO (Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos) e no site da UNESP. Os critérios de inclusão foram: artigos com resumos, em Português, no período de 1996 até 2012, que abordem a qualidade de vida dos pacientes transplantados renais e que o artigo na íntegra estivesse disponível gratuitamente na Internet ou no acervo da biblioteca da instituição onde este estudo foi desenvolvido. 3. DESENVOLVIMENTO A doença renal reduz acentuadamente o funcionamento físico e profissional, e a percepção da própria saúde tem um impacto negativo sobre os níveis de energia e vitalidade, o que pode reduzir ou limitar as interações sociais e causar problemas relacionados à saúde mental. De acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, em 2012 foi realizado no Brasil 47.701 transplantes, sendo que 5.385 foram transplantes renais. O primeiro transplante renal no Brasil foi realizado no dia 21 de janeiro de 1965 em São Paulo. Um longo caminho foi percorrido e atualmente o transplante renal é

4 considerado a modalidade mais completa para a reabilitação da doença renal crônica em estagio 5, tanto em termo de sobrevida, como em qualidade de vida. O transplante renal é uma forma de tratamento para a Insuficiência Renal Crônica que gera expectativas aos pacientes em lista de espera, almejando não mais necessitar de hemodiálise e ter uma melhor qualidade para sua vida, com maior liberdade. Esta forma de tratamento permite ao paciente levar uma vida mais próxima da normalidade, mantendo o acompanhamento imunossupressor continuo. Além disso, a qualidade de vida, que o transplante proporciona também é superior à hemodiálise. (GONÇALVES et al. 1999). Identificar parâmetros que determinam a qualidade de vida em pós transplante renal resulta na efetiva aplicabilidade das orientações da equipe de saúde. Segundo Coons (1992) citado por Duarte (2003, p. 02) Neste contexto, as avaliações de qualidade de vida passaram a incluir dados sobre condição e funcionamento físico, psicológico e social, além do impacto dos sintomas da doença e do tratamento. Qualidade de vida é mais do que uma boa saúde física ou mental. É estar de bem com você mesmo, com a vida, ter hábitos saudáveis, cuidados com o corpo e mente, conviver bem com os familiares, ser amigo, sentir-se pleno e desfrutar ao máximo da existência, enfim, estar em equilíbrio. Após o transplante, apesar das recomendações e exigências médicas, o transplantado pode levar uma vida normal. A cada mês que passa, diminuem as restrições e os cuidados são menores, possibilitando um convívio social pleno e saudável. (MANUAL DO TRANSPLANTE RENAL, Período Pós Transplante, 2011) Nos XX artigos pesquisados, foram selecionados alguns agentes que mensura a qualidade de vida: rejeição do enxerto, uso de medicações, estado nutricional, atividade física, acompanhamento psicológico, relações sociais e cuidados gerais. Rejeição do Enxerto O principal cuidado que o transplantado precisa ter é com relação ao risco de rejeição do novo rim. O Ministério da Saúde, atento a essa questão, em Portaria 666, de 17 de julho de 2012, aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas - Imunossupressão no Transplante Renal:

5 Considerando a necessidade de se estabelecerem parâmetros sobre a imunossupressão no transplante renal no Brasil e diretrizes nacionais para diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos indivíduos sob imunossupressão E por ser necessário o uso de medicações imunossupressoras por toda vida, a mesma portaria esclarece no Artigo 1º, 3º: É obrigatória a cientificação do paciente, ou de seu responsável legal, dos potenciais riscos e efeitos colaterais relacionados ao uso de medicamento preconizado para o tratamento da rejeição ao rim transplantado, o que deverá ser formalizado por meio da assinatura do respectivo Termo de Esclarecimento e Responsabilidade, conforme o modelo integrante do Protocolo. Uso de Medicamentos Para garantir o sucesso do enxerto funcionante, o transplantado devera fazer o uso correto das medicações e algumas regras precisam ser seguidas, tais como: tomar as medicações rigorosamente como foram prescritas (quantidade e horários); levar sempre consigo a sua última receita; manter sempre as medicações em suas embalagens originais; saber o nome dos medicamentos e para que eles servem; ter sempre uma caixa de reserva de cada medicamento. Estado Nutricional Segundo o Manual de Transplante Renal, a dieta para pacientes transplantados é menos rigorosa do que aquela que se indica para pacientes em diálise. A dieta será definida conforme medicamentos e resultados do acompanhamento médico. Quando a cirurgia de transplante renal acontece sem complicações, o objetivo principal da terapia nutricional é promover uma hidratação, com correção de potássio e monitoramento ácido-básico e de balanço de fluidos. As principais complicações no período pós transplante tardio são: obesidade, dislipidemia, hipertensão, desnutrição, desordem do metabolismo cálcio e doença óssea renal. (MOREIRA, 2010, p, 40)

6 Sendo assim, a conduta nutricional tem por objetivo de alcançar e manter um bom estado nutricional; eliminar ou minimizar a obesidade, dislipidemias e hipertensão; promover controle glicêmico; prevenir e administrar doenças ósseas. Atividade Física O Manual de Orientações ao Paciente Transplantado Renal diz: caminhadas, andar de bicicleta e nadar em piscinas limpas são excelentes exercícios, após este período de repouso. Também é permitido dirigir e nadar no mar. É importante suspender qualquer atividade física se houver cansaço ou falta de ar. A atividade física estimula a conservação da saúde do corpo e da mente e ajuda o organismo do transplantado a aceitar melhor o novo rim. Os exercícios físicos são importantes para recuperar a força física. Porém, é importante a orientação médica ou do fisioterapeuta sobre o programa de exercícios mais recomendados para cada paciente. A cicatrização total da ferida cirúrgica ocorre em seis a oito semanas. Portanto, durante este período deve-se evitar: levantar objetos pesados; empurrar ou puxar objetos grandes ou de muito peso; realizar atividades que produzam ou aumentem a dor no local da cirurgia. Depois deste período, os exercícios físicos podem ser intensificados, mas as seguintes restrições devem ser observadas: esportes violentos e/ou traumáticos, que possam provocar choque na região abdominal (futebol, handebol, jiu-jitsu, karatê). (SERVIÇO DE TRANSPLANTE RENAL UNESP, 2013) Acompanhamento Psicológico Segundo Almeida e Meleiro (2000), a qualidade de vida parece ser fortemente influenciada pelos sintomas depressivos. Sabe-se que todo paciente com doença crônica sente-se amedrontado ao pensar no futuro e de acordo com o Manual de Transplante Renal, são sentimentos normais que fazem parte do processo de aceitação da doença e do tratamento. Várias técnicas de relaxamento passam a fazer parte do seu cotidiano, que aliado à prática de exercícios físicos, auxiliam o

7 paciente a ocupar a mente e passar a ter atitudes mais positivas diante do tratamento. Ainda de acordo com o Manual, o primeiro passo para vencer estes momentos é a atitude positiva. Conversar com familiares, amigos e trocar experiências com outros pacientes pode ser muito benéfico. Mas é imprescindível o auxilio da equipe multidisciplinar neste período. Algumas estratégias utilizadas para enfrentar a doença, irão depender dos recursos culturais, materiais, valores, crenças, habilidades sociais e principalmente, o apoio social e familiar de cada individuo. Relações Sociais Segundo Santos,Santos e Costa(2011), as relações sociais referem-se à percepção do individuo sobre os relacionamentos e os papeis adotados na vida. São dimensões de bem estar do individuo que considera a maneira como eles interagem com as pessoas do seu meio social, de como essas pessoas reagem a ele e ainda, quais os tipos de relação que ele estabeleceu com as instituições sociais. Engloba as facetas: relações pessoais; suporte(apoio) social; e atividade sexual. POTTER (2002) diz que a sexualidade em suas dimensões pode ser afetada pela condição crônica da doença, não permitindo a satisfação das necessidades sexuais do individuo, porém em uma pesquisa feita por Calman(1984) a maioria dos pacientes declaram estar satisfeitos quanto a atividade sexual. Todos os transplantados podem voltar a trabalhar, e sua integração será de forma gradativa. Caso haja descriminação por ser portador de doença crônica, deve-se procurar promotoria na área de saúde, caso não exista, procurar a Procuradoria da região em que reside. Cuidados Gerais Alguns cuidados pós transplante são necessários, entre eles: ter sempre a mão o cartão de identificação fornecido pelo hospital com os nomes e telefones dos membros da equipe para ser contactados em casos de emergência ou urgência; estar com as vacinas em dia ( de acordo com orientação médica); o retorno a vida

8 sexual só é permitida após 6 a 8 semanas após TX; o uso de antiinflamatórios devem ser evitados; evitar sol forte, pois com o uso de imunossupressores há maior risco de desenvolver câncer de pele; evitar locais fechados e com aglomerações de pessoas, em especial, nas épocas de surtos de gripe, pneumonia etc; evitar o uso de álcool, fumo e demais drogas. 4. CONCLUSÃO O propósito deste estudo foi conhecer e descrever os fatores dificultadores e facilitadores para a promoção da qualidade de vida dos transplantados renais. A promoção da qualidade de vida é um trabalho multidisciplinar, onde as equipes de saúde envolvidas com o transplante criem estratégias relacionadas à educação e orientação dos pacientes quanto ao novo estilo de vida. Mas é de fundamental importância a interação do paciente e da família com a equipe. Dentre muitos fatores que podem influenciar na qualidade de vida, o de maior relevância para os pacientes é a interrupção das seções de diálise. Os pacientes veem esta atual fase de sua vida, como um novo desafio, onde muitos recuperam, em parte, o controle do próprio corpo. É preciso refletir com amadurecimento esse progresso, e entender que o tratamento continua. O apoio da equipe multidisciplinar reforça esse autocuidado, mas orienta aos pacientes que manutenção de uma saúde equilibrada, depende principalmente deles. Dentre os fatores citados como medidor da qualidade de vida, não foi possível fazer uma separação entre os facilitadores e os dificultadores, pois foi percebido que isso depende muito mais adesão do paciente ao novo estilo de vida. O Ministério da Saúde tem incentivado a doação de órgãos e hoje tem um dos maiores programas públicos de transplante de órgãos e tecidos do mundo, o que tem surtido efeito, pois o número de doação tem crescido a cada ano. Somente no estado da Bahia em 2012, teve aumento de 71% no número de transplantes realizados no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), comparado com o ano anterior. A doença renal crônica é um problema de saúde pública. Sabe-se das dificuldades que o paciente tem em lidar com as mudanças na vida pela perda progressiva da função renal. O paciente adoece e a família e sociedade adoecem juntos.

9 A enfermagem inserida na filosofia do cuidar busca ativamente o resgate de uma melhoria na qualidade de vida do paciente renal crônico. 5. REFERÊNCIAS 1. ALMEIDA, Alexander M. MELEIRO, Alexandrina Mas. Depressão e insuficiência renal crônica: uma revisão. 2. Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Disponível em <http://www.abto.org.brr>. Acesso em: 02 de março de 2013 3. BITTENCOURT, Zélia Zilda Lourenço de Camargo et al. Qualidade de Vida em Transplantados Renais: Importância do Enxerto Funcionante. Disponível em <http://www.scielo.br>. Acesso em: 02 de maio de 2013 4. COELHO, Vera Schattan P. Interesse e Instituições na Política de Saúde Disponível em <http://www.scielo.br>. Acesso em: 01 de abril de 2013. 5. DUARTE, Priscila Silveira et al. Tradução e adaptação Cultural do Instrumento de Avaliação de Qualidade de Vida para Pacientes Renais Crônicos. Disponível em <http://www.scielo.br>. Acesso em: 30 de abril de 2013. 6. ERBS, Gislene Carla et. al. A insuficiência renal crônica: A qualidade de vida e as questões de gênero. Disponível em <http://www.scielo.br>. Acesso em: 20 de abril de 2013. 7. Manual de Transplante Renal. Disponível em: <http:www.abto.org.br>. Acesso em: 03 de fevereiro de 2013. 8. Manual de Orientação ao Paciente Transplantado Renal. Disponível: <http:www.transplanterenal.com.br> ; Acesso em: 03 de fevereiro de 2013. 9. Manual de Orientação ao Paciente Transplantado Renal. Seção técnica de enfermagem setor urologia e transplante renal. Disponível em <http://www.unesp.br>. Acesso em: 08 de fevereiro de 2013. 10. MOREIRA, Thais Rodrigues. Alterações nutricionais em transplantados renais: Prevalência, fatores de riscos e complicações. Disponível em <http://www.scielo.br>. Acesso em: 20 de abril de 2013. 11. PEREIRA, Luciana Cristina et al. Qualidade de Vida Relacionada à Saúde em Pacientes Transplantado Renal. Disponível em <http://www.scielo.br>. Acesso em: 20 de abril de 2013.

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