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Transcrição:

DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO Elementos de Conexão Parte I Professora Raquel Perrota

- Nacionalidade é o vínculo jurídico-político de direito público interno que faz da pessoa um dos elementos componentes da dimensão do Estado.

1.1 Nacionalidade primária - Resulta de fato natural (nascimento) ou porque se determina qual a ligação de sangue à massa dos nacionais e um Estado, ou a ligação à ocorrência do nascimento em território de um Estado, ou a relação tida por suficiente pelo Estado de que e trata para que o nascimento firme o laço de nacionalidade.

1.2 Nacionalidade secundária - É a que se adquire por fato voluntário, depois do nascimento, ou porque, ao nascer, a pessoa tenha outra, ou outras nacionalidades, e não ainda a de que se trata, ou porque ante a aquisição da nacionalidade secundária e a data do nascimento medeie lapso de tempo em que o indivíduo não teve nacionalidade.

Origem sanguínea(jus sanguinis) reputam-se nacionais os descendentes dos nacionais. Origem territorial (jus solis) atribui-se a nacionalidade a quem nasce no território do Estado de que se trata

- Para o Direito Internacional Privado, o regime jurídico da nacionalidade possui relevante interesse, uma vez que ela reflete os elementos de conexão e a questão prévia.

- Inicialmente, as Convenções de Haia adotaram a nacionalidade como elemento de conexão básico. - Na América Latina, o Código de Bustamante permitiu às partes contratantes utilizar a nacionalidade como principal elemento de conexão no que toca ao estatuto pessoal da pessoa física.

- Entretanto, a dinâmica corrente da população mundial, onde muitos indivíduos vem a possuir mais de uma nacionalidade, faz com que esse elemento venha gradualmente perdendo a relevância.

- A tendência moderna do Direito Internacional Privado prefere os elementos de conexão do domicílio e da residência habitual àquele da nacionalidade.

- No Brasil, a evolução legislativa caminhou nesse sentido. - Enquanto a antiga Lei de Introdução ao Código Civil de 1916 proclamava o princípio na nacionalidade, a LICC de 1942, replicada em grande medida pela Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, consagrou o princípio do domicílio.

LICC/1916 Art. 8º. A lei nacional da pessoa determina a capacidade civil, os direitos de família, as relações pessoais dos cônjuges e o regime dos bens no casamento sendo lícita quanto a este a opção pela lei brasileira.

LICC/1942 Art. 7º. A lei do país em que for domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.

LINDB/2010 Art. 7º. A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.

O elemento de conexão, no conflito de leis no espaço, estipulado no ordenamento pátrio, é o domicílio da pessoa. Ainda que a concepção, o nascimento e o registro da investigante tenham ocorrido no exterior, estando ela domiciliada no Brasil, deve ser aplicado o ordenamento nacional (REsp 512.401/SP, Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA, QUARTA TURMA, julgado em 14/10/2003, DJ 15/12/2003, p. 317)

- Embora venha perdendo a importância, o elemento de conexão nacionalidade ainda possui importância para o Direito Internacional Privado. - Em alguns países, a nacionalidade não foi integralmente substituída pelo elemento de conexão do domicílio ou da residência habitual.

- Na Suíça, por exemplo, há a predominância do domicílio e da residência habitual, restando à nacionalidade função subordinada.

- A regra fundamental é de que a nacionalidade de uma pessoa é determinada sempre de acordo com a lei cuja nacionalidade está em questão. - Dessa forma, cada país determina, por meio de sua legislação, quem são os seus nacionais.

- No Brasil, as normas elementares com relação à aquisição e à perda da nacionalidade já se situam na própria Constituição Federal.

CF, Art. 12. São brasileiros: I - natos: a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;

c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;

II - naturalizados: a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. (...)

- Quando se está diante de um único indivíduo com mais de uma nacionalidade (polipátrida), cabe ao legislador nacional definir qual a sua nacionalidade relevante, a fim que seja possível a determinação do direito aplicável.

- Em regra, decisiva é a nacionalidade efetiva de uma pessoa física (aquela com a qual possui laço íntimo). - Os requisitos para que ela seja determinada diferem conforme as legislações dos diversos países.

- Quando o indivíduo for apátrida, ou possuir a condição jurídica de refugiado, é aplicável a lei do seu domicílio ou, na falta deste, a lei de sua residência.

Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas, art. 12, alínea 1 O estatuto pessoal de todo o apátrida será regido pela lei do país do seu domicílio, ou na falta de domicílio, pela lei do país da sua residência.

2. Pessoas Jurídicas de Direito Privado