PROCESSO: 015/2017 PARECER JURÍDICO nº 027 /2017 PMBJS EMENTA: INEXECUÇÃO DO CONTRATO. RESCISÃO UNILATERAL PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. POSSIBILIDADE. ARTS. 77, 78, I e II e 793, I, DA LEI 8.666/93. I DOS FUNDAMENTOS FÁTICOS: 1 - O Ilmo. Secretário Municipal de Transporte de Bom Jesus da Serra- Bahia- BA, em Oficio no bojo do processo administrativo nº 015/2007, solicita ao Prefeito de Bom Jesus da Serra- Bahia- BA a acerca da possibilidade de rescisão unilateral do Contrato Administrativo nº 016-04/2017, celebrado em 04 de abril de 2017, com a empresa MUNDIAL PNEUS ITABERA EIRELI-EPP, em razão do descumprimento das cláusulas pactuadas na avença, conforme Relatório anexado ao referido processo administrativo. 2 - Ocorre que a ora notificada não cumpriu com as clausulas estipuladas no contrato de prestação de serviços de nº 016-04/2017, onde a consta no Lote 02 que a marca do Pneu licitado foi PIRELLI e o modelo Formula, e a marca entregue pela notificada foi GOODYEAR STELL MARK ou seja marca e modelo diferente do constante no contrato firmado com a notificada, assim, infringindo-se a condições estabelecidas nas cláusulas (Sétima,oitava), em total afronta ao INTERESSE PÚBLICO 3 - Vale citar que o Município de Bom Jesus da Serra- Bahia- BA, através do processo administrativo nº 015/2007, notificou regularmente a empresa MUNDIAL PNEUS ITABERA EIRELI-EPP para que a mesma fornecesse adequadamente o objeto ora contratados, o que não foi feito até a presente data, sendo que a referida empresa, em sua resposta, apenas solicitou substituição do da referida marca objeto do contrato, apresentando como justificativa para a inexecução do contrato atraso do seu fornecedor.
2 4- O Excelentíssimo Prefeito de Bom Jesus da Serra- Bahia- BA solicita a esta Procuradoria Geral exame e parecer a respeito das providências que devem ser adotadas pela Administração Pública Municipal referente aos fatos supra narrados 5 - Diante da determinação do Excelentíssimo Prefeito de Bom Jesus da Serra- BA passo a análise da questão e elaboração de parecer jurídico, sob o prisma estritamente jurídico. Este é, em síntese, o relatório. II DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS: O contrato administrativo é todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da Administração Pública e particulares em que haja um acordo de vontades para a formação de vínculo e a estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada, nos termos do artigo 2º, Parágrafo único da Lei no 8.666/93. É, portanto, dever da Administração acompanhar e fiscalizar a execução do contrato, para verificar a observância das disposições técnicas e administrativas acordadas. O não cumprimento dessas disposições, total ou parcial, pode levar à rescisão do avençado, de acordo com o que reza o artigo 66 da Lei de Licitações e Contratos, que assim dispõe, in verbis: Art. 66. O contrato deverá ser executado fielmente pelas partes, de acordo com as cláusulas avençadas e as normas desta Lei, respondendo cada uma pelas consequências de sua inexecução total ou parcial. Cabe à Lei Federal n.º 8.666/93 disciplinar as normas gerais sobre licitações e contratações públicas, definindo e regulando, inclusive, as hipóteses em que é permitido à Administração Pública rescindir o contrato firmado com o particular. Nesse sentido, perceba-se o que disciplina o art. 79, do referido diploma normativo. Art. 79. A rescisão do contrato poderá ser: I - determinada por ato unilateral e escrito da Administração, nos casos enumerados nos incisos I a XII e XVII do artigo anterior; Por oportuno, transcreve-se o quanto disciplina o art. 78, I e II, da Lei 8.666/93. Vejase: Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato:
3 I - o não cumprimento de cláusulas contratuais, especificações, projetos ou prazos; II - o cumprimento irregular de cláusulas contratuais, especificações, projetos e prazos; No caso em tela, a Contratada vem reiterada e injustificadamente descumprindo com as cláusulas contratuais acordadas, fato este que legitima a Prefeitura Municipal de Bom Jesus da Serra- Bahia a proceder à rescisão contratual unilateral, tal como estabelece a legislação de regência, e, ainda, o quanto disposto na clausula 8 ( oitava) do contrato administrativo em análise. Veja-se: 8.0 A inexecução total ou parcial das cláusulas e condições ora pactuadas, independentemente da aplicação das penalidades a que se refere à Cláusula sétima, ensejará a rescisão antecipada deste Contrato, na forma da legislação específica vigente, sem que implique em indenizações ou notificações prévias por parte do MUNICÍPIO-CONTRATANTE, conforme norma de direito administrativo atinente ao caso. Sobre o tema, vem vaticinando as mais altas Cortes pátrias: CONTRATO ADMINISTRATIVO - INEXECUÇÃO PARCIAL DE OBRA PÚBLICA - RESCISÃO UNILATERAL - PREVISÃO LEGAL CORRESPONDENTE -CONSTATAÇÃO - PAGAMENTO -EFEITOS JURÍDICOS. MANTENÇA. O contrato administrativo pode ser sujeito a rescisão unilateral, por parte da administração pública, através de ato devidamente motivado, o qual encontra respaldo na Lei federal n. 8666/93, em seus arts. 77 a 79, inclusive com menção aos tópicos não realizados. (TJSP APL 994093735980 Rel. Danilo Panizza- Órgão Julgador: 1ª Câmara de Direito Público Publicação: 29/11/2010) Sendo assim, com fundamento nos arts. 78, I e II, e 79, I, da Lei 8.666/93, se mostra absolutamente legítima a rescisão unilateral do contrato Administrativo n.º Nº 016-04/2017, firmado com MUNDIAL PNEUS ITABERA EIRELI-EPP, haja vista o descumprimento de cláusulas contratuais que ensejaram a inexecução do objeto contratado. Além disso, pode a Administração além de rescindir o contrato em razão de descumprimento de uma de suas cláusulas, imputar penalidade à contratada descumpridora. Assim, prevê a cláusula contratual Sétima em consonância com o artigo 87 da Lei 8.666/93, que pela inexecução total ou parcial do contrato a Administração poderá, garantida a prévia defesa, aplicar ao contratado as seguintes sanções:
4 I - advertência; II - multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou no contrato; III - suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar com a Administração, por prazo não superior a 2 (dois) anos; IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração Pública enquanto perdurarem os motivos determinantes da punição ou até que seja promovida a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a penalidade, que será concedida sempre que o contratado ressarcir a Administração pelos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da sanção aplicada com base no inciso anterior. CONCLUSÃO Diante de todo o exposto, ante as considerações acima, uma vez caracterizada a inexecução total do Contrato Administrativo n.º Nº 016-04/2017, firmado com MUNDIAL PNEUS ITABERA EIRELI-EPP, ora Contratada, entendo, s.m.j., que o Município de Bom Jesus da Serra- Bahia- BA, deve: a) promover a rescisão unilateral do Contrato Administrativo nº 016-04/2017, nos termos do previsto no art. 79, inciso I da Lei Federal n.º 8.666/93; b) aplicar as sanções administrativas cabíveis, estabelecidas na Cláusula Sétima do Contrato Administrativo nº 016-04/2017 e no artigo 87 da Lei Federal n. 8.666/93, especificamente, pena de multa no percentual de 10% (dez por cento) sobre o valor global do contrato, e penalidade de suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar com a Administração Pública, na forma da lei;
5 c) todas as medidas acima indicadas devem ser formalizadas, motivadamente, nos autos do processo administrativo de licitação, assegurando a empresa MUNDIAL PNEUS ITABERA EIRELI-EPP o amplo direito ao contraditório e ampla defesa; pelo que, nos termos do art. 78, único e art. 109, inciso I, letra e, da Lei Federal n.º 8.666/93, deve-se intimar a referida empresa Contratada para apresentar recurso, no prazo de 5 (cinco) dias úteis a contar da data da intimação do ato. E, somente após a decisão do RECURSO ou na hipótese de não interposição no prazo legal, é que a Administração Pública Municipal poderá, efetivamente, rescindir o Contrato Administrativo nº 016-04/2017 e aplicar as sanções administrativas cabíveis; d) Quanto à aquisição dos serviços objeto do Pregão Presencial n. 004/2017, o Município de Bom Jesus da Serra- Bahia- BA poderá optar pela instauração de novo processo de licitação, ou, com fundamento no art. 24, inciso XI, da Lei Federal n.º 8.666/93, aproveitar a licitação anterior Processo Administrativo n. 015/2017, Pregão Presencial n. 004/2017, seguindo rigorosamente a ordem de classificação dos licitantes remanescentes, mas, nessa hipótese, estará obrigada a considerar o valor e as condições da proposta do licitante vencedor, e não o valor da proposta do próprio licitante remanescente. S.M.J., este é o meu parecer, elaborado sobre o prisma estritamente jurídico. À douta consideração superior, Bom Jesus da Serra (BA), 15 de setembro de 2017. LEILA LIBARINO MACHADO PROCURADORA JURIDICA OAB/BA 37.408