PROJETO DE LEI N.º 1087/XIII/4ª

Documentos relacionados
Projeto de Resolução Nº 721/XIII/2ª. Classificação das scooters de mobilidade para permitir o seu acesso aos transportes de passageiros

PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 2267/XIII/4ª PROMOÇÃO E GARANTIA DA ACESSIBILIDADE ÀS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA AO TRANSPORTE FERROVIÁRIO

PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 1927/XIII/4ª. ALARGAMENTO DO ÂMBITO DE APLICAÇÃO DA COBERTURA DO SEGURO ESCOLAR ÀS DESLOCAÇÕES EM BICICLETA

PROJETO DE LEI N.º 319/XIII/2.ª

PROJETO DE LEI Nº 867/XIII/3ª. Estabelece as 35 horas como limite máximo do horário semanal de trabalho para todos os trabalhadores.

PROJETO DE LEI Nº 852/XIII/3ª. Revoga a Lei nº 31/2012 de 14 de agosto (Revisão do Regime Jurídico do Arrendamento Urbano)

PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 1281/XIII/3.ª

PROJECTO DE LEI Nº 580/XIII/2ª

Projecto de lei n.º 943/XIII/3.ª. Exposição de motivos

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DA REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES Subcomissão de Assuntos Parlamentares, Ambiente e Trabalho. Capítulo I INTRODUÇÃO

PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS Grupo Parlamentar. Projeto de Resolução n.º 1570/XIII/3.ª

PROJETO DE LEI N.º 651/XIII/3.ª

Grupo Parlamentar PROJETO DE LEI N.º 470/XIII-2.ª

PROJETO DE LEI Nº 953/XIII/3ª UNIVERSALIZAÇÃO DOS CUIDADOS DE SAÚDE ORAL NO SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE

PROJETO DE LEI N.º 461/XIII/2.ª ALARGA A PROTEÇÃO NA PARENTALIDADE AOS PROGENITORES COM FILHOS COM DEFICIÊNCIA OU DOENÇA RARA

PT Unida na diversidade PT. Alteração. Keith Taylor, Igor Šoltes em nome do Grupo Verts/ALE

PROJECTO DE LEI N.º 378/IX ALTERAÇÃO DA IMAGEM FEMININA NOS MANUAIS ESCOLARES

PROJETO DE LEI N.º 861/XIII/3.ª ESTABELECE A OBRIGATORIEDADE DE CONTRATAÇÃO DE 2% DE TRABALHADORES/AS COM DIVERSIDADE FUNCIONAL

Partido Popular. CDS-PP Grupo Parlamentar PROJECTO DE LEI Nº 906/X

PROJETO DE LEI N.º 840/XII

PROJECTO DE LEI N.º 128/VIII ESTABELECE A IGUALDADE DE CONDIÇÕES DE FINANCIAMENTO A TODAS AS FREGUESIAS ABRANGIDAS PELO REGIME DE PERMANÊNCIA

PROJETO DE LEI Nº 909/XIII/3ª CONSAGRA O DIREITO A 25 DIAS DE FÉRIAS ANUAIS. Exposição de motivos

PROJETO DE LEI N.º 911/XIII/3.ª ELIMINA O FATOR DE SUSTENTABILIDADE E PROCEDE À REPOSIÇÃO DA IDADE LEGAL DE REFORMA AOS 65 ANOS. Exposição de motivos

Grupo Parlamentar. Projeto de Lei n.º 521/XIII/2.ª

PROJETO DE LEI N.º 1150/XIII/4.ª

Projecto de Lei n.º 738/XIII/3.ª. Exposição de motivos

Projecto de Lei n.º 1064/XIII/4.ª

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS. Proposta de Lei n.º 45/XIII. Exposição de Motivos

PROJECTO DE LEI N.º 279/XI REFORÇA OS APOIOS CONCEDIDOS AOS CENTROS DE EMPREGO PROTEGIDO E ÀS ENTIDADES QUE PROMOVEM PROGRAMAS DE EMPREGO APOIADO

PROJETO DE LEI Nº 917/XIII/3ª

Projeto de Lei Nº 21/XIII/1ª. Consagra a Terça-feira de Carnaval como feriado nacional obrigatório

PROJETO DE LEI N.º 740/XIII. Proteção da parentalidade nas situações de adoção e de recurso à procriação

Modelo de Apoio à Vida Independente para Portugal - Assistência Pessoal -

Projeto de Lei Nº.1086/XIII/4ª. Consagra a Terça-feira de Carnaval como feriado nacional obrigatório

PROJETO DE LEI Nº 342/XII/2ª REDUÇÃO DE RESÍDUOS DE EMBALAGENS

PROJECTO DE LEI N.º 487/XI/2.ª

PROJETO DE LEI Nº 12/XIII/1ª REDUÇÃO DE RESÍDUOS DE EMBALAGENS

Projecto de Lei n.º 60/XI-1.ª

Projeto de Resolução Nº 1831/XIII/4ª AUMENTO DO SALÁRIO MÍNIMO NACIONAL PARA OS 650 EUROS

Projeto de Lei n.º 367/XII/2.ª

PROJETO DE LEI N.º 366/XII/2.ª GARANTE O DIREITO DE ACESSO AOS BENS DE PRIMEIRA NECESSIDADE ÁGUA E ENERGIA

PROJECTO DE LEI N.º 343/IX ESTABELECE REGRAS DE SEGURANÇA NO TRANSPORTE COLECTIVO DE CRIANÇAS. Exposição de motivos

PROJETO DE LEI N.º 652/XIII/3.ª

atingir os euros só com propinas, taxas e emolumentos, sendo que os valores podem variar consoante a região do país e o curso.

PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 1973/XIII/4ª. PREVENÇÃO DA CONTAMINAÇÃO E REMEDIAÇÃO DOS SOLOS COM VISTA A SALVAGUARDAR O AMBIENTE E A SAÚDE PÚBLICA

PROJETO DE LEI N.º 659/XII/4.ª

ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 1594/XIII/3ª LIMITAÇÃO E ADAPTAÇÃO DO TRANSPORTE DE ANIMAIS VIVOS

PROJETO DE LEI Nº 623/XIII/3ª

PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 1985/XIII/4ª. CRIAÇÃO E REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO DE OPERADOR DE CALL CENTER

PROJETO DE LEI N.º 848/XIII/3.ª

PROJETO DE LEI N.º 871/XII

PROJETO DE LEI N.º 862/XIII/3.ª

PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS Grupo Parlamentar. Projeto de Lei n.º 637/XIII/3.ª

PROJECTO DE LEI N.º 154/XI ELIMINA AS RESTRIÇÕES DE ACESSO AO PROVEDOR DE JUSTIÇA POR PARTE DOS ELEMENTOS DAS FORÇAS ARMADAS

CAPÍTULO II NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS. Maristela Rossato

7566/17 flc/ll/jv 1 DGG 3B

Decreto-Lei n. o 58/

PROJETO DE LEI N.º /XIII/3.ª

ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS Grupo Parlamentar. Projeto de Lei n.º 1199/XIII/4.ª

PROJETO DE LEI Nº 858/XIII/3ª DESMATERIALIZAÇÃO DE DISSERTAÇÕES, TESES E OUTROS TRABALHOS PARA CONCESSÃO DE GRAUS ACADÉMICOS

38e4d40c1fcc4a63bbf88e543ae15034

PROJECTO DE LEI N.º 340/IX REDUÇÃO DE EMBALAGENS E DE RESÍDUOS DE EMBALAGENS. Exposição de motivos

PROJETO DE LEI Nº 1197/XIII/4ª

Projecto de Lei n.º 195/XI

PROJETO DE LEI N.º 289/XIII/1.ª

PROJETO DE LEI Nº 214/XIII/1ª

Projeto de Lei n.º 854/XIII

Legislação Portuguesa sobre Acessibilidade

PROJECTO DE LEI N.º 416/VIII

PROJETO DE LEI N.º 392/XII/2.ª ELIMINAÇÃO DA IMPOSSIBILIDADE LEGAL DE ADOÇÃO POR CASAIS DO MESMO SEXO

Proposta de DECISÃO DO CONSELHO

APRECIAÇÃO PARLAMENTAR Nº 66/X

PROJETO DE LEI N.º 871/XIII/3.ª CONSAGRA UM REGIME DE ACESSO E TROCA AUTOMÁTICA DE INFORMAÇÕES FINANCEIRAS NO DOMÍNIO DA FISCALIDADE

PROJETO DE LEI N.º 519/XIII/2ª ESTABELECE O REGIME DE REPARAÇÃO DE DANOS DECORRENTES DE ACIDENTES DE TRABALHO DOS BAILARINOS PROFISSIONAIS

Questões em debate 8º CONGRESSO NACIONAL DE BIOÉTICA Congresso Nacional da Associação Portuguesa de Bioética Porto Portugal 19 e 20 de Outubro de 2007

PROJETO DE LEI N.º 167/XIII/1.ª ALTERA A LEI N.º 17/2003, DE 4 DE JUNHO, QUE REGULA A INICIATIVA LEGISLATIVA DE CIDADÃOS

PROJETO DE RESOLUÇÃO n.º 126/XIII/1ª

PROJECTO DE REGULAMENTO

PROJETO DE LEI N.º 656/XII/4.ª

Grupo Parlamentar. Projeto de Lei n.º 455/XIII/2.ª

Projeto de Resolução Nº 1619/XIII/3ª

Direitos da Pessoa com Deficiência

PROJETO DE LEI N.º 390/XIII/2.ª ALTERA A LEI DA NACIONALIDADE, E O REGULAMENTO EMOLUMENTAR DOS REGISTOS E NOTARIADO,

Decreto-Lei n. o 36-A/

PROJECTO DE LEI N.º 476/XI

PROJETO DE LEI Nº 682/XII

PROJETO DE LEI N.º 169/XII/1.ª

Proposta de DECISÃO DO CONSELHO

PROJETO DE LEI N.º 866/XII ALTERA A LEI GERAL DO TRABALHO EM FUNÇÕES PÚBLICAS, CONSAGRANDO UMA NOVA MODALIDADE DE HORÁRIO DE TRABALHO A MEIA JORNADA

PROJECTO DE RESOLUÇÃO N.º /XI/2ª

Projeto de Lei n.º 606/XIII/2.ª Altera o regime jurídico aplicável à transmissão de empresa ou estabelecimento. Exposição de motivos

PROJETO DE LEI Nº 19/XIII/1ª.

Comissão do Emprego e dos Assuntos Sociais PROJETO DE PARECER. da Comissão do Emprego e dos Assuntos Sociais

DQA e DQEM - Sobreposição ou complementaridade?

Transcrição:

PROJETO DE LEI N.º 1087/XIII/4ª GARANTE A ACESSIBILIDADE DE PESSOAS COM MOBILIDADE REDUZIDA A VEÍCULOS PESADOS DE PASSAGEIROS (ALTERAÇÃO AO DECRETO-LEI N.º 58/2004, DE 19 DE MARÇO) EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS A acessibilidade é atualmente entendida como uma matéria de direitos humanos reconhecidos na legislação de vários países, onde se inclui o direito à igualdade de oportunidades, à não discriminação, à inclusão e à participação em todos os aspetos da vida em sociedade. A promoção da acessibilidade constitui, assim, uma condição essencial para o pleno exercício de direitos de cidadania consagrados na Constituição da República Portuguesa que, no artigo 71.º, determina que «Os cidadãos portadores de deficiência física ou mental gozam plenamente dos direitos e estão sujeitos aos deveres consignados na Constituição, com ressalva do exercício ou do cumprimento daqueles para os quais se encontrem incapacitados». Consagra ainda que «O Estado obriga-se a realizar uma política nacional de prevenção e de tratamento, reabilitação e integração dos cidadãos portadores de deficiência e de apoio às suas famílias, a desenvolver uma pedagogia que sensibilize a sociedade quanto aos deveres de respeito e solidariedade para com eles e a assumir o encargo da efetiva realização dos seus direitos, sem prejuízo dos direitos e deveres dos pais ou tutores.» É também de salientar que a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, ratificada por Portugal em 2009, representou um

marco histórico na garantia e na promoção dos Direitos Humanos de todos os cidadãos e, em particular, dos cidadãos com deficiência. Esta Convenção, cujo objeto é «promover, proteger e garantir o pleno e igual gozo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas com deficiência e promover o respeito pela sua dignidade inerente», determina, no seu artigo 9.º, que os Estados devem tomar «as medidas apropriadas para assegurar às pessoas com deficiência o acesso, em condições de igualdade com os demais, ao ambiente físico, ao transporte,...», o que passa pela identificação e eliminação de obstáculos e barreiras à acessibilidade, incluindo em transportes. A adoção desta Convenção foi resultado do consenso generalizado da comunidade internacional sobre a importância e a necessidade de assegurar o respeito pela dignidade, pela integridade e liberdade individual das pessoas com deficiência, eliminando a discriminação destes cidadãos através de legislação e de outras medidas que tenham em conta as suas características e dificuldades e promovendo a sua participação na sociedade. Por seu lado, o Plano Nacional de Promoção da Acessibilidade (PNPA), aprovado pela Resolução do Conselho de Ministros nº 9/2007, de 17 de janeiro, não obstante algumas lacunas, procedeu à ordenação e sistematização de um conjunto de medidas em matéria de acessibilidade, visando possibilitar a todos os cidadãos a utilização plena de espaços públicos e edificados, mas também dos transportes, prevendo a substituição progressiva da frota de autocarros, proporcionando um aumento da qualidade de vida e a prevenção e eliminação de diversas formas de discriminação ou exclusão. Finalmente, também a Estratégia Nacional para a Deficiência 2011-2013, aprovada pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 97/2010, de 14 de dezembro, e que decorreu do Plano de Ação para a Integração das Pessoas com Deficiência ou Incapacidade 2006-2009, incluía uma série de ações para

promover a acessibilidade para todos, sem esquecer os transportes públicos (Eixo nº 4 - Acessibilidade e Design para todos). Estes são apenas alguns exemplos que enquadram a acessibilidade e a mobilidade, por parte de todos os cidadãos sem exceção, como um direito que deve ser garantido. Deve-se, assim, garantir os direitos das pessoas com necessidades especiais onde se incluem as pessoas com mobilidade reduzida ou condicionada (pessoas em cadeira de rodas, incapazes de andar ou que não consigam percorrer grandes distâncias, com dificuldades sensoriais e ainda pessoas que, em virtude do seu percurso de vida, se apresentem transitoriamente condicionadas). Desta forma, a existência de obstáculos ou barreiras representa um grave atentado à qualidade de vida dos cidadãos com mobilidade reduzida, pelo que a sua eliminação contribuirá decisivamentre para proporcionar condições iguais a todos os cidadãos. Não obstante toda a legislação e compromissos existentes no que diz respeito à igualdade e à acessibilidade para cidadãos com mobilidade reduzida, e a evolução a que se tem vindo a assistir ao longo dos últimos anos, a verdade é que é frequente, ainda nos dias de hoje, um cidadão com mobilidade reduzida confrontar-se com dificuldades, ou mesmo impossibilidade, de aceder a transportes coletivos, o que configura um impedimento de usufruir de uma vida mais plena, uma vez que há uma limitação no acesso a locais fundamentais do dia-a-dia. E, de facto, tendo em conta esta matéria, a Diretiva n.º 2001/85/CE, relativa a disposições especiais aplicáveis aos veículos destinados ao transporte de passageiros com mais de oito lugares sentados além do lugar do condutor, determina os requisitos técnicos que os veículos a motor devem satisfazer nos termos das legislações nacionais.

Apesar de o objetivo principal desta Directiva ser garantir a segurança dos passageiros, prevê também prescrições técnicas que facilitem o acesso das pessoas com mobilidade reduzida aos veículos abrangidos, devendo ser feitos todos os esforços para melhorar a acessibilidade. Para esse efeito, pode conseguir-se a acessibilidade das pessoas com mobilidade reduzida através de soluções técnicas aplicadas ao veículo e pela sua conjugação com infra-estruturas locais adequadas que garantam o acesso aos utilizadores de cadeiras de rodas. A referida Diretiva apresenta a seguinte distinção entre os veículos de lotação superior a 22 passageiros além do condutor: «Classe I: Veículos construídos com zonas para passageiros de pé, que permitem a movimentação frequente destes» «Classe II: Veículos construídos principalmente para o transporte de passageiros sentados, concebidos de modo a poderem transportar passageiros de pé no corredor e/ou numa zona cuja área não exceda o espaço correspondente a dois bancos duplos» «Classe III: Veículos construídos exclusivamente para o transporte de passageiros sentados» Acrescenta ainda que, para veículos de lotação não superior a 22 passageiros, são distinguidas duas classes: «Classe A: Veículos concebidos para o transporte de passageiros de pé. Os veículos desta classe estão equipados com bancos e devem estar preparados para transportar passageiros de pé» «Classe B: Veículos não concebidos para o transporte de passageiros de pé. Os veículos desta classe não estão preparados para transportar passageiros de pé.» Sucede que, segundo o artigo 3º, a referida diretiva estabelece que:

«1. Os veículos da classe I devem ser acessíveis às pessoas com mobilidade reduzida, incluindo os utilizadores de cadeiras de rodas, de acordo com as prescrições técnicas constantes do anexo VII. 2. Os Estados-Membros têm a faculdade de escolher a solução que considerarem mais apropriada para melhorar a acessibilidade dos veículos que não pertençam à classe I. Todavia, se os veículos que não pertençam à classe I estiverem equipados com dispositivos para pessoas com mobilidade reduzida e/ou utilizadores de cadeiras de rodas, devem preencher os requisitos aplicáveis constantes do anexo VII.» Contudo, esta Diretiva foi transporta para a ordem jurídica nacional através do Decreto-lei n.º 58/2004, aprovando o Regulamento sobre Disposições Especiais Aplicáveis aos Automóveis Pesados de Passageiros, do qual se transcrevem os seguintes artigos relativos a utilizadores com mobilidade reduzida e ou utilizadores de cadeiras de rodas: «Artigo 2.º - Veículos da classe I - Os veículos da classe I devem ser acessíveis às pessoas com mobilidade reduzida, incluindo os utilizadores de cadeiras de rodas, de acordo com as prescrições técnicas constantes do capítulo III do Regulamento ora aprovado. Artigo 3.º - Veículos de outras classes - Se os veículos que não pertençam à classe I estiverem equipados com dispositivos para pessoas com mobilidade reduzida e ou utilizadores de cadeiras de rodas, devem preencher os requisitos constantes do capítulo III do Regulamento ora aprovado.» Ora, perante esta redação poder-se-á depreender que somente os veículos que integram a Classe I se veem obrigados a cumprir os requisitos do referido regulamento, garantindo a acessibilidade a pessoas com mobilidade reduzida, podendo os demais veículos não estar obrigados a tal. Em termos práticos, este Decreto-lei acaba por permitir estabelecer uma diferença entre veículos da Classe I e os restantes, o que poderá levar a que os

operadores de transporte possam não ter em conta os requisitos de adaptação dos veículos, além do mais falamos de operações que acarretam custos, o que acabaria por contrariar a orientação que tem vindo a ser seguida ao longo dos últimos anos e que se pretende ver aprofundada e efetivamente aplicada, com vista à promoção da igualdade e da não discriminação. É, assim, fundamental que se corrija esta situação o mais rapidamente possível, garantindo o pleno exercício de direitos de todos os cidadãos, através de uma alteração ao Decreto-Lei n.º 58/2004, de 19 de março, com vista a garantir a acessibilidade de pessoas com mobilidade reduzida a veículos pesados de passageiros. Neste contexto, importa não esquecer que um dos maiores entraves identificados por pessoas com deficiência e/ou com mobilidade reduzida prendese precisamente com as acessibilidades, apresentando o sector dos transportes muitas dificuldades, o que, por sua vez, acaba por impedir o acesso a um conjunto de outras atividades, como por exemplo aceder ao mercado de trabalho, circunstância que acaba por agravar as situações de exclusão, de discriminação e também de carência económica. A verdade é que persistem muitos exemplos de situações inaceitáveis que evidenciam uma clara discriminação e, face aos obstáculos com que as pessoas com necessidades especiais de mobilidade se confrontam recorrentemente, urge remover estas dificuldades e criar as devidas condições para uma igualdade plena entre os cidadãos, independentemente da sua condição. Face ao exposto, esta iniciativa legislativa insere-se num objetivo contínuo de ação política do Partido Ecologista Os Verdes com vista à promoção da igualdade e, nesse sentido, Os Verdes apresentam o seguinte Projeto de Lei para que seja efetivamente assegurada a acessibilidade a cidadãos com mobilidade reduzida a veículos pesados de passageiros, eliminando quaisquer

indefinições e dúvidas que pudessem subsistir na sequência da atual redação do Decreto-lei n.º 58/2004, de 19 de março, que agora se propõe alterar. Assim, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, o Grupo Parlamentar do Partido Ecologista Os Verdes apresenta o seguinte Projeto de Lei: Artigo 1º Objeto A presente Lei procede à alteração do Decreto-Lei nº. 58/2004, de 19 de março, por forma a garantir a acessibilidade de pessoas com mobilidade reduzida, incluindo os utilizadores de cadeira de rodas, aos veículos pesados de transporte de passageiros. Artigo 2º Alteração ao Decreto-lei nº 58/2004, de 19 de março Os artigos 2.º e 3º. do Decreto-Lei n.º 58/2004, de 19 de março, passam a ter a seguinte redação: «Artigo 2.º Acessibilidade a pessoas com mobilidade reduzida, incluindo os utilizadores de cadeiras de rodas Todos os veículos pesados de passageiros, independentemente da Classe a que pertençam, devem ser acessíveis às pessoas com mobilidade reduzida, incluindo os utilizadores de cadeiras de rodas, de acordo com as prescrições técnicas constantes do Capítulo III do Regulamento ora aprovado. Artigo 3.º Período de adaptação 1 - Com vista ao cumprimento do disposto no artigo anterior, os veículos que não pertençam à Classe I, e que se enquadrem na obrigatoriedade do cumprimento das prescrições técnicas constantes do Capítulo III do

Regulamento, que integrem as frotas das empresas de transporte rodoviário de passageiros devem, até ao dia 1 de maio de 2021, ser adaptados nos moldes que forem tecnicamente possíveis, permitindo o transporte de pessoas com mobilidade reduzida, incluindo os utilizadores de cadeiras de rodas. 2 - Os veículos a que se refere o número um do presente artigo e que tenham sido adquiridos até 1 de maio de 2019 pelas empresas de transporte rodoviário de passageiros de natureza pública ou privada, devem cumprir as prescrições técnicas constantes do Capítulo III do Regulamento, permitindo o transporte de pessoas com mobilidade reduzida, incluindo os utilizadores de cadeiras de rodas, devendo para o efeito ser adaptadas até ao dia 1 de maio de 2021. Artigo 3.º Entrada em vigor A presente lei entra em vigor no dia 1 de maio de 2019. Assembleia da República, Palácio de S. Bento, 25 de janeiro de 2019 Os Deputados, José Luís Ferreira Heloísa Apolónia