nota informa va Portugal Balança Comercial de bens 14 de novembro de 2018 O ano tem sido caraterizado pela ampliação gradual do défice da balança comercial de bens Em setembro de 2018, o valor acumulado das exportações de bens nos úl mos 12 meses foi de 57.752 milhões de euros, valor nunca antes alcançado, demostrando que o dinamismo exportador do país se mantém embora existam sinais de perda de ritmo. O maior contributo para esta evolução vem da indústria automóvel, onde a venda dos seus produtos nos primeiros 9 meses do ano cresceu 36.0% em termos homólogos. No entanto, as importações têm vindo a aumentar a um ritmo superior, refle ndo a dinâmica do inves mento e do consumo nacional. Em resultado, o défice global da balança comercial de bens foi de 15.764 milhões de euros, mais 14.3% em relação ao valor acumulado de 12 meses até setembro de 2017. A ampliação gradual do défice tem levado à formação de uma tendência de perda igualmente gradual da taxa de cobertura das importações pelas exportações. Na balança energé ca, as importações são o dobro das exportações, correspondendo o défice a cerca de 31% do défice total da balança de bens. 1. As exportações de bens prosseguem a bom ritmo, permi ndo o registo de valores recorde de vendas ao exterior. Nos úl mos 12 meses até setembro, compara vamente ao período homólogo, as exportações de bens cresceram 7.0%, mas há um ano atrás cresciam a uma taxa de 9.1%, mostrando uma ligeira perda de ritmo, tendo-se mesmo registado taxas ainda mais elevadas no final de 2017 (no acumulado até novembro de 2017, o ritmo das exportações face ao período homólogo foi de 10.9%). 2. O registo de valores recorde das exportações nacionais teve o importante contributo da venda de automóveis 1, que no período de janeiro a setembro de 2018 cresceu 36.0% em relação ao período homólogo. Mas existem outras classes de produtos que têm mostrado uma performance igualmente posi va, embora com menor impacto: os combus veis, os têxteis, os plás cos e o azeite. 3. A importância dos principais clientes dos produtos nacionais mantém-se inalterada. No comércio intra-ue (que tem um peso de 76% do total), a Espanha mantém uma quota em torno dos 25%, seguindo-se a França com perto de 13%, a Alemanha com 12% e o Reino Unido com pouco mais de 6%. No comércio extra-ue, destacam-se os EUA com um peso ligeiramente acima dos 5%, Angola com perto de 3%, Brasil com 1.4% e Marrocos com 1.2%. Enquanto que as exportações para a UE aumentaram 9.4% (valor acumulado de janeiro a setembro), para terceiros diminuíram 1.2%, destacando-se a quebra de 15% das vendas para Angola. 4. Com os dados da quota de mercado nos principais países de des no das exportações portuguesas de bens 2 confirma-se que existe uma progressão nega va das compras angolanas, ou por decréscimo das importações totais, ou por subs tuição, ou por ambos (os bens nacionais representavam 21.87% do total das importações angolanas em 2013 e evoluíram para 12.42% em 2017, ainda assim de 2016 para 2017 houve uma melhoria). Espanha registou uma pioria de 2016 para 2017, de 4.83% para 4.66%, mas França, EUA e Brasil melhoraram ligeiramente as quotas dos produtos nacionais. 1 Capítulo 87 da nomenclatura combinada: automóveis, tratores e outros veículos terrestres, suas partes e acessórios. 2 De acordo com Em Análise do BMEP nº10/2018.
5. Nas importações, o valor acumulado dos úl mos 12 meses até setembro foi de 73.516 milhões de euros, correspondendo a um aumento homólogo de 8.5% (12.3% há um ano atrás, mostrando igualmente uma quebra de dinamismo). Como é sabido, a evolução económica nacional tem resultado de um grande dinamismo do consumo e do inves mento, pesando no total das importações, os bens industriais (29%), os bens de capital e material de transporte (ambos em torno dos 16%), seguindo-se os bens de consumo (14%) e a alimentação e bebidas (13%). 6. Mesmo perante valores recorde das exportações de bens nacionais, as importações mostram um dinamismo superior, levando à ampliação gradual do défice da balança, que se agravou 14.3% em termos homólogos, para 15.764 milhões de euros, no período de 12 meses até setembro. Em resultado, a taxa de cobertura das importações pelas exportações tem formado uma tendência de queda gradual desde o valor máximo alcançado em 2013. Se nesse ano a taxa de cobertura alcançou 83% (perto de 93% sem a balança energé ca), de janeiro a setembro de 2018 já se encontra perto dos 79% (83% sem a balança energé ca). 7. Na análise do valor acumulado de 12 meses, o défice da balança energé ca (combus veis) tem vindo igualmente a ampliar-se (correspondendo a cerca de 31% do défice total da balança de bens), mantendo-se um ritmo alto de agravamento ao longo dos úl mos meses. Com efeito, as exportações crescem menos que as importações, correspondendo em valor a metade das importações. O agravamento do preço do petróleo em euros (aumento do preço do petróleo conjuntamente com a situação de fraqueza do euro em relação ao dólar) tem contribuído para esta evolução. Perante 2016 e 2017, é notória a degradação do saldo acumulado da balança de bens (s/ energia). Facto posi vo é que a diferença para 2017 não se tem agravado. A taxa de cobertura das importações pelas exportações tem vindo a desenhar uma tendência de redução gradual, depois da expressiva recuperação registada entre 2010 e 2013. www.bancobpi.pt ni51_ala_ 14.11.2018-2
As variações homólogas dos valores acumulados de 12 meses mostram uma perda de dinamismo tanto das exportações como das importações. A evolução mais acentuada ocorre mesmo nas importações, o que sugere uma estabilização futura do défice comercial de bens. De acordo com o valor acumulado de 12 meses, as exportações de veículos automóveis e suas partes encontram-se nos níveis máximos, confirmando uma taxa de evolução homóloga muito elevada. Exportações por categoria de bens milhões de euros jan-set 17 jan-set 18 Peso t.v.h. contrib.» Azeite e óleos 487 584 1,3% 20,1% 0,2%» Vinhos e bebidas 762 783 1,8% 2,8% 0,1%» Combustíveis 3.008 3.263 7,5% 8,5% 0,6%» Plásticos 2.201 2.286 5,2% 3,9% 0,2%» Cortiça 748 808 1,9% 7,9% 0,1%» Têxteis e vestuário 3.908 3.992 9,2% 2,1% 0,2%» Calçado 1.584 1.546 3,5% -2,4% -0,1%» Móveis 1.445 1.456 3,3% 0,8% 0,0%» Automóveis 4.370 5.945 13,6% 36,0% 3,9% Exportações totais 40.895 43.617-6,7% - Fonte: BPI Research, a partir de dados do INE Os automóveis são a classe de bens com maior peso e maior contributo para as exportações totais nacionais, registando uma variação homóloga igualmente surpreendente. Produtos mais tradicionais como os têxteis, os plás cos ou o azeite e óleos veram igualmente um comportamento posi vo. Quota de mercado nos principais países de destino das exportações portuguesas de bens (%) 2013 2014 2015 2016 2017 Angola 21,87 14,93 10,93 7,28 12,42 Espanha 4,57 4,38 4,59 4,83 4,66 Marrocos 2,26 1,77 2,11 1,98 1,92 França 1,12 1,16 1,22 1,28 1,31 Brasil 0,43 0,39 0,39 0,45 0,74 R.Unido 0,55 0,59 0,62 0,65 0,67 Alemanha 0,65 0,65 0,65 0,64 0,64 EUA 0,12 0,12 0,13 0,13 0,14 Fonte: Research BPI a partir de dados do INE, Eurostat e ITC Em 2017 verificaram-se algumas melhorias de quota das mercadorias nacionais no contexto total dos nossos principais importadores: França, R.Unido, Angola, Brasil e EUA. Entretanto, Espanha, nosso principal cliente, viu esse valor reduzir-se. www.bancobpi.pt ni51_ala_ 14.11.2018-3
Importação de bens 10 6 euros jan-set 17 Peso jan-set 18 Peso tvh contributo Bens industriais 14.866 28,9% 16.100 29,0% 8,3% 2,4% Bens de consumo 7.596 14,8% 7.859 14,2% 3,5% 0,5% Material de transporte 8.094 15,7% 8.888 16,0% 9,8% 1,5% Bens de capital 8.159 15,9% 8.747 15,8% 7,2% 1,1% Combustíveis 5.839 11,4% 6.804 12,3% 16,5% 1,9% Alimentação e bebidas 6.848 13,3% 7.034 12,7% 2,7% 0,4% Outros 12 0,0% 9 0,0% -26,6% 0,0% Total 51.413 55.441 7,8% Excluindo combustíveis 45.574 89% 48.636 88% 6,7% 6,0% Fonte: Research BPI com dados do INE Na importação de bens, não contando com os combus veis, destacam-se os bens industriais, os de capital e o material de transporte, indicando dinamismo do inves mento. Os bens de consumo e a alimentação e bebidas registaram igualmente uma variação posi va, mas têm um peso e contributo inferior. www.bancobpi.pt ni51_ala_ 14.11.2018-4
Publicação do Banco BPI preparada pela sua Área de Estudos Económicos e Financeiros que contém informações e opiniões provenientes de fontes consideradas confiáveis, mas o Banco BPI não garante a precisão do mesmo e não é responsável por erros ou omissões neles contidos. Este documento tem um objetivo puramente informativo, razão pela qual o Banco BPI não é responsável, em qualquer caso, pelo uso que dele se faz. Opiniões e estimativas são propriedade da área e podem estar sujeitas a alterações sem aviso prévio. Banco BPI, SA - 2018 Rua Tenente Valadim, 284 4100-476 Porto Telef.: (351) 22 207 50 00 Telefax: (351) 22 207 58 88 Largo Jean Monnet, 1-9º 1269-067 Lisboa Telef.: (351) 21 310 11 86 Telefax: (351) 21 315 39 27 www.bancobpi.pt www.bancobpi.pt ni51_ala_ 14.11.2018-5