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ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº , da Comarca de São Paulo, em que é apelante UNITED

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Transcrição:

Segunda Câmara Cível Autos nº 0621099-64.2015.8.04.0001. Classe: Apelação. Relator: Desembargador Wellington José de Araújo. Apelante: American Airlines S/A. Advogado: Alfedo Zucca Neto (OAB 154694/SP). Apelado: Letícia Maia Navarro Corrêa. Advogado: Jean Carlo Navarro Corrêa, Keyna Correa do Nascimento, Luís Alberto Correa (OAB 5114/AM8201/AM5117/AM). EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOS MORAIS. VOO INTERNACIONAL CANCELADO. INCIDÊNCIA DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. CASO FORTUITO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. FALTA DE ASSISTÊNCIA. DANO CONFIGURADO. PRECEDENTES. SENTENÇA MANTIDA. - As consequências das medidas de segurança necessárias devem ser observada pela companhia responsável pela prestação do serviço, de modo que os impactos sejam minimamente sentidos pelos consumidores. A Apelante não prestou a devida assistência e não comprovou a alegada causa excludente da responsabilidade, impõe-se, portanto, a obrigação de indenizar a Requerida. - O valor fixado a título de compensação por danos morais está em perfeita sintonia com a proporcionalidade e razoabilidade, de modo que não se vislumbra razão a ensejar a sua alteração. - Conforme entendimento jurisprudencial emanado do Colendo STJ, a responsabilidade civil das companhias aéreas em decorrência da má prestação de serviços subordina-se ao Código de Defesa do Consumidor. - Apelação conhecida e desprovida. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 0621099-64.2015.8.04.0001, ACORDAM os Excelentíssimos Senhores Desembargadores que integram a Segunda Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do, à unanimidade de votos, conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe provimento, nos termos do voto do Relator, que integra este julgado. Sala das Sessões, em Data de julgamento com mês por extenso Não informado, em Manaus/AM. Presidente Desembargador Wellington José de Araújo Relator Procurador (a) de Justiça - Página 1 de 5 -

Voto n.º 276/2017 1. Relatório. 1.1. Trata-se de Recurso de Apelação interposto por American Airlines INC, em razão dos termos da r. Sentença de fls. 127/134, na qual o juízo a quo julgou procedente a pretensão deduzida na peça inaugural pela Requerente, ora Apelada, nos autos de ação de indenização de danos morais, condenando o Apelante ao pagamento de R$ 15.000,00 (quinze mil reais). 1.2. Em breve síntese dos fatos, alega a parte autora que comprou bilhetes de passagem aérea junto a Requerida para o trecho Manaus-Miami, ida e volta, entretanto, no dia da viagem de volta o voo foi cancelado e remarcado para o dia seguinte, sem a requerida ter oferecido qualquer comodidade para a autora, orientando que esta esperasse o próximo voo em um saguão do aeroporto. 1.3. Nas razões recursais (fls. 138/161), os Apelantes buscam excluir a responsabilidade alegando que surgiram problemas mecânicos inesperados, o que causou o cancelamento. 1.4. Ressaltam, ainda, que a Convenção de Montreal deve incidir in casu pela matéria. Sustentam a redução do valor fixado pelo magistrado de piso, colacionando aos autos precedentes que fundamentam sua tese. 1.5. Por tais razões, requerem a reforma do decisum, a fim de afastar a condenação fixada em primeira instância ou, alternativamente, a redução do valor, com base na proporcionalidade e razoabilidade. 1.6. Contrarrazões apresentadas às fls. 166/196. 1.7. Após, vieram os autos conclusos para julgamento. 1.8. É o breve relato. 2. Voto. 2.1. Conheço do recurso, ante a presença dos requisitos de lei para tanto. 2.2. Ao proceder uma análise precisa dos autos, entendo que a decisão recorrida não merece reforma. Posto que umas das maiores prioridades, quiçá a maior, de uma companhia aérea é zelar pela segurança no transporte aéreo e, para tanto, deve submeter os aviões a um rigoroso procedimento, com o intuito de evitar qualquer ameaça à integridade física dos passageiros e da tripulação. Todavia, as consequências das medidas de segurança necessárias devem ser observada pela companhia responsável pela prestação do serviço, de modo que os seus impactos sejam minimamente sentidos pelos consumidores. 2.3. No caso em análise, a Requerente narrou e juntou aos autos documentos (fls. 14/42) que comprovam que o Apelante não prestarou a assistência devida, como a hospedagem em Hotel para o aguardo do outro voo. E, não consta nos autos provas de que o serviço deixou de ser prestado devidamente em razão do surgimento inesperado de problemas mecânicos, restringindo-se o Apelante a alegação de caso fortuito. Diante disto, a jurisprudência pátria é pacífica no sentido de que a não comprovação do evento fortuito não afasta a responsabilidade pelo dano suportado pelo - Página 2 de 5 -

consumidor, conforme os arestos assim sumariados: EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - EMPRESA DE TRANSPORTE AÉREO - CONVENÇÃO DE MONTREAL - INAFASTABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS E DO CDC - EMPRESA PRIVADA PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO - RESPONSABILIDADE OBJETIVA - ATRASO EXCESSIVO EM VÔO E INFORTÚNIOS DE GRANDE MONTA - EXCLUDENTE - INOCORRÊNCIA - DANO MATERIAL - DANO MORAL - NEXO DE CAUSALIDADE - 'QUANTUM' INDENIZATÓRIO. - Ainda que o tratado internacional integre o conjunto de leis do País, não pode desrespeitar a prevalência da Constituição Federal. Assim, impõe concluir que Convenção de Montreal, que substituiu a Convenção de Varsóvia a respeito de indenizações para danos sofridos em transporte aéreo internacional, não afasta a aplicação do Código de Defesa do Consumidor, que é lei especial, de caráter geral, abrangendo a garantia constitucional do bem estar social (art. 5º, XXXII e 170, V, CF), matéria de ordem pública e caráter imperativo. - A culpa da empresa privada prestadora de serviço público é objetiva e presumida, que somente pode ser afastada com a comprovação de caso fortuito, força maior, ou culpa exclusiva da vítima, nos termos do artigo 37, 6º, da Constituição Federal e art. 14, CDC, também não sendo elidida por culpa de terceiro, sendo neste caso necessário apenas se provar a ocorrência do dano e o nexo causal entre e a conduta e o dano. - Não restando comprovada causa excludente da responsabilidade objetiva, impõe-se a obrigação de indenizar o passageiro por danos materiais, devidamente comprovados nos autos, bem como o dano moral decorrente de atraso excessivo em voo, eis que constatada a falha na prestação dos serviços por partes da companhia aérea, que submeteu os passageiros a infortúnios desmedidos durante o traslado. - O 'quantum' indenizatório por dano moral não deve ser a causa de enriquecimento ilícito nem ser tão diminuto em seu valor que perca o sentido de punição. (TJMG - Apelação Cível 1.0024.11.200633-3/001, Relator(a): Des.(a) Valdez Leite Machado, 14ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 29/05/2014, publicação da súmula em 17/06/2014) DIREITO CIVIL E CONSUMIDOR. TRANSPORTE AÉREO. CANCELAMENTO DE VOO. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOS MORAIS. 1 - Na forma do art. 46 da Lei 9.099/1995, a ementa serve de acórdão. Recurso próprio, regular e tempestivo. 2 - Transporte aéreo de passageiro. No contrato de transporte aéreo de passageiros, o transportador está sujeito aos horários e itinerários previstos, sob pena de responder por perdas e danos, salvo motivo de força maior (art. 737 do Código Civil). 3 - Excludente de responsabilidade. A mera alegação de condições meteorológicas adversas, sem a devida comprovação, não constitui motivo suficiente para afastar o dever de indenizar o consumidor pelos prejuízos decorrentes de cancelamento de voo. 4 - Dano moral. A demora de cerca de 24 horas na acomodação do passageiro em outro voo, bem como o extravio temporário de bagagem atingem a integridade psíquica, a tranquilidade e a honra subjetiva do consumidor, que integram os direitos da personalidade, ultrapassando, pois, o mero dissabor. É, pois, passível de indenização por danos morais. Precedentes na Turma (ACJ20060111290522ACJ, Relator JESUINO RISSATO). 5 - Valor da indenização. O valor fixado na sentença para a indenização (R$ 4.000,00) cumpre com adequação as funções preventivas e compensatórias da condenação. Sentença que se confirma pelos seus próprios fundamentos. 6 - Recurso conhecido e não provido. Custas processuais pelo recorrente vencido. Sem honorários advocatícios ante a ausência de contrarrazões. (TJ-DF - RI: 07214943520158070016, Relator: AISTON HENRIQUE DE SOUSA, Data de Julgamento: 08/03/2016, SEGUNDA TURMA RECURSAL, Data de Publicação: Publicado no DJE : 30/03/2016. Pág.: Sem Página Cadastrada.). 2.4. Ainda que o Apelante comprovasse os problemas mecânicos alegados, deveria ter dado toda a assistência necessária a Apelada. - Página 3 de 5 -

2.5. É necessário ressaltar que a valoração do dano moral suportado pelo consumidor deve ser feita mediante o prudente descortino do magistrado, não podendo o quantum indenizatório ser causa de enriquecimento ilícito nem ser tão diminuto em seu valor que perca o sentido de punição. Nesse ínterim, entendo que a fixação do quantum pelo juízo a quo em R$ 15.000,00 (quinze mil reais) está coerente com a proporcionalidade e razoabilidade. O entendimento firmado na jurisprudência não caminha de força diferente: EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - PACOTE DE TURISMO INTERNACIONAL - VOO DE RETORNO CANCELADO - RESPONSABILIDADE DA AGÊNCIA DE VIAGEM - ACOMODAÇÃO EM OUTRO VOO - DEMORA - AUSÊNCIA DE ASSISTÊNCIA DEVIDA NO EXTERIOR - DANO MORAL CARACTERIZADO - QUANTUM INDENIZATÓRIO - PROPORCIONALIDADE. A agência de viagens responde pela correta prestação de todos os serviços incluídos no pacote de turismo que comercializa. Gera dano moral o cancelando de voo sem prévio aviso, com remarcação somente para o dia seguinte e os próprios passageiros providenciado estada em hotel no exterior para aguardar o novo voo. O valor da indenização por dano moral deve levar em conta a gravidade dos fatos e a capacidade financeira do causador do dano, a fim de que seja capaz de gerar uma satisfação ao ofendido e coagir o ofensor a evitar novos fatos semelhantes. (TJMG - Apelação Cível 1.0338.14.010224-9/001, Relator(a): Des.(a) José Augusto Lourenço dos Santos, 12ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 29/03/2017, publicação da súmula em 05/04/2017) EMENTA: APELAÇÃO - INDENIZAÇÃO - TRANSPORTE AÉREO DE PASSAGEIROS - CANCELAMENTO DE VÔO - FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO - LEGISLAÇÃO APLICÁVEL - CDC - DANOS MORAIS - CONFIGURADOS - DEVER DE INDENIZAR - QUANTUM - RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. 1. O transporte aéreo de passageiros, nacional ou internacional, encerra relação de consumo, aplicando-se o Código de Defesa do Consumidor. 2. O cancelamento de vôo e conseqüente atraso da viagem e todos os constrangimentos daí advindos, são suficientes para gerar dor moral, passível de ressarcimento. 3. Compete ao julgador, estipular eqüitativamente o quantum da indenização por dano moral, segundo o seu prudente arbítrio, analisando as circunstâncias do caso concreto e obedecendo aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. (TJMG - Apelação Cível 1.0194.14.003214-6/001, Relator(a): Des.(a) Alberto Diniz Junior, 11ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 30/11/0016, publicação da súmula em 07/12/2016) DANOS MORAIS E MATERIAIS transporte aéreo - pretensão do autor ao recebimento de indenização pelo constrangimento decorrente dos atrasos nos voos das requeridas, tanto na ida quanto na volta, bem como restituição dos valores despendidos em decorrência dos referidos atrasos reconhecida a legitimidade "ad causam" da corré VRG Linhas Aéreas, tendo em vista que faz parte da cadeia de prestadores do serviço impugnado pelo autor - atraso incontroverso alegação não comprovada pela corré Passaredo de que o atraso decorreu de condições meteorológicas adversas autor que esperou quase 10 horas no aeroporto - dano moral caracterizado indenização arbitrada em valor suficiente para compensar pelo constrangimento sofrido (R$10.000,00, em julho/2014) juros moratórios sobre a indenização por danos morais devidos desde o arbitramento danos materiais comprovados - demanda procedente recurso parcialmente provido. (TJ-SP - APL: 40004301620138260037 SP 4000430-16.2013.8.26.0037, Relator: Jovino de Sylos, Data de Julgamento: 28/04/2015, 16ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 14/05/2015). 2.6. No tocante a incidência da Convenção de Montreal é preciso ressaltar a prevalência da Constituição Federal, pois ainda que os tratados internacionais integrem o conjunto de leis do País - Convenção de Montreal, que substituiu a Convenção de Varsóvia a respeito de indenizações para danos sofridos em transporte aéreo internacional - não afastam a aplicação do Código de Defesa do Consumidor, que é lei especial, de caráter geral, abrangendo a garantia constitucional do bem estar social (art. 5º, XXXII e 170, V, CF), matéria de ordem pública e caráter imperativo. - Página 4 de 5 -

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO NO RECURSO ESPECIAL. TRANSPORTE AÉREO. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. OVERBOOKING. EXTRAVIO DE BAGAGENS. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. APLICAÇÃO. SUCUMBÊNCIA. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. DANO MORAL. EXISTÊNCIA. QUANTUM INDENIZATÓRIO. REDUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. SUMULA N. 7/STJ. 1. Inexiste violação do art. 535 do CPC quando o acórdão impugnado examina e decide, de forma motivada e suficiente, as questões relevantes para o desate da lide. 2. A responsabilidade civil das companhias aéreas em decorrência da má prestação de serviços, após a entrada em vigor da Lei n. 8.078/90, não é mais regulada pela Convenção de Varsóvia e suas posteriores modificações (Convenção de Haia e Convenção de Montreal) ou pelo Código Brasileiro de Aeronáutica, subordinando-se, portanto, ao Código de Defesa do Consumidor. 3. A revisão de indenização por danos morais só é viável em recurso especial quando o valor fixado nas instâncias locais for exorbitante ou ínfimo. Salvo essas hipóteses, incide a Súmula n. 7 do STJ. 4. Agravo regimental desprovido. (AgRg no AREsp 409.045/RJ, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado em 26/05/2015, DJe 29/05/2015) 2.7. Pelo exposto, voto pelo conhecimento e desprovimento do recurso de apelação interposto por American Airlines S/A, mantendo-se in totum a sentença ora combatida. 2.8. É como voto. Manaus, Data de julgamento com mês por extenso Não informado. Desembargador Wellington José de Araújo Relator - Página 5 de 5 -