Seletividade de inseticidas ao percevejo predador de Tuta absoluta

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Transcrição:

Seletividade de inseticidas ao percevejo predador de Tuta absoluta Suzana de S Moreira 1 ; Marcelo C Picanço 1 ; Ariel Z Zanella 1 ; Maíra M Carvalho 1 ; Mateus Chediak 1 ; Derly José H da Silva 2 1 UFV- DBA- Entomologia- Viçosa/ MG; 2 UFV- DFT- Viçosa/ MG. suzana.ufv@gmail.com, picanco@ufv.com, ariel.zanella@ufv.br, mmarizc@gmail.com, mateuschediak@gmail.com, derly@ufv.br RESUMO: A conservação de inimigos naturais é um componente importante no manejo integrado de pragas. Devido a isso, estes insetos benéficos não devem ser prejudicados pelo uso de inseticidas. Dessa forma, nosso objetivo foi analisar a seletividade de quatro inseticidas utilizados no controle de Tuta absoluta (Lepidoptera: Gelechiidae) ao predador Xylocoris sp.. O experimento foi conduzido no laboratório de manejo integrado de pragas do Departamento de Biologia animal, UFV. Foram utilizadas as CL80 dos inseticidas espinosade (0.0012 mg/ml), rynaxapir (0.0006717mg/ml), clorfenapir (0.1676mg/ml) e cartape (0.1008mg/ml), além de um tratamento controle contendo apenas água (SILVA, G.A. 2009). Folhas de tomate foram tratadas com as caldas e postas a secar na sombra. Nossa unidade experimental foi composta por uma placa de Petri contendo uma folha e dez adultos de Xylocoris sp. O experimento foi conduzido sob o delineamento inteiramente casualizado contendo seis repetições. A mortalidade dos predadores foi realizada após 48 horas da montagem e os dados submetidos a uma análise de variância e ao teste Tukey a 5% de probabilidade. Para os inseticidas espinosade e rynaxapir verificaram-se baixa mortalidade (<14%) do predador Xylocoris sp. Já para os inseticidas cartape e clorfenapir verificaram-se alta mortalidade (>88%), maiores do que às mortalidades que estes inseticidas causaram a sua presa T. absoluta (80%). PALAVRAS-CHAVE: Lycopersicon esculentum, controle biológico, manejo integrado de pragas ABSTRACT: The conservation of natural enemies is an important component in integrated pest management. Because of this, these beneficial insects should not be disadvantaged by the use of insecticides. Thus, our objective was to S849

analyze the selectivity of four insecticides used to control of Tuta absoluta (Lepidoptera: Gelechiidae) to predator Xylocoris sp. The experiment was conducted in the laboratory of integrated pest management of the Department of Animal Biology, UFV. We used the CL80 of the insecticides spinosad (0.0012 mg/ml), rynaxapir (0.0006717mg/ml), chlorphenapyr (0.1676mg/ml) e cartap (0.1008mg/ml), and a control containing only water (SILVA, G.A. 2009). Tomato leaves were treated with grout and left to dry in the shade. Our experimental unit consisted of a Petri dish containing one leaf and ten adults and Xylocoris sp. The experiment was conducted under a completely randomized design with six replicates. The mortality of predators was performed 48 hours after the mounting and the data subjected to analysis of variance and Tukey test at 5% probability. To the insecticides spinosad and rynaxapir there were low mortality (<14%) of the predator Xylocoris sp.. However, for pesticides cartap and chlorphenapyr and there were high mortality (> 88%), higher than the mortality that these insecticides caused in prey T. absoluta (80%). KEYWORDS: Lycopersicon esculentum, biological control, integrated pest management INTRODUÇÃO A traça-do-tomateiro, Tuta absoluta (Lepidoptera: Gelechiidae) é considerada pragachave por atacar diversos componentes de produção do tomateiro como as folhas (reduzindo a área foliar ao alimentar-se do mesófilo foliar), ponteiro (comprometendo o crescimento vertical ao broqueá-lo), botões florais, flores e sobretudo frutos (afetando diretamente a produção também ao broqueá-los) (Souza & Reis, 2000; Picanço et al.,1995) ocasionando danos que podem chegar a 100% (Souza & Reis, 2000). O controle da traça-do-tomateiro é realizado principalmente através de controle químico, como os inseticidas espinosade, rynaxapir, clorfenapir e cartape. O uso intensivo de inseticidas pode acarretar, além da poluição ambiental, uma série de problemas, como a redução das populações de inimigos naturais, ocasionando a ressurgência de pragas em níveis mais elevados. Uma possível solução para esse S850

problema é o uso de inseticidas seletivos que preservem as populações de inimigos naturais (Pedigo, 1989) O percevejo Xylocoris sp (Hemiptera: Anthocoridae) constitui eficiente agente de controle biológico natural da praga T. absoluta, predando ovos e lagartas de ínstares iniciais. Este trabalho teve como objetivo o estudo da seletividade dos inseticidas espinosade, rynaxapir, clorfenapir e cartape ao percevejo Xylocoris sp., predador da praga T. absoluta. MATERIAL E MÉTODOS Para dar início a criação, em laboratório, de T. absoluta, as lagartas foram coletadas em lavoura comercial, no município de Viçosa, MG. Estas foram levadas para o Laboratório de Manejo Integrado de Pragas da Universidade Federal de Viçosa. Foram colocadas em gaiola de 45x45x45cm de dimensão. Para a população crescer, foram necessárias quatro gaiolas, nas quais ficavam separadamente cada fase da traça-dotomateiro. Na gaiola dos adultos colocou-se, diariamente, uma folha de tomate para que as mariposas ovipositassem nela. Após um dia de oviposição, transferiu-se a folha para a gaiola de ovos. Usou-se também as gaiolas de lagartas e de pupas. Da última, emergiram os adultos, que foram transferidos para a gaiola de adultos, para ovipositarem e continuarem o ciclo. Já para a criação do percevejo predador, Xylocoris sp, usaram-se potes de polipropileno com 750 ml de volume. Cada pote continha 20 adultos, papel recortado (local de oviposição dos percevejos) e algodão umedecido. Para que os percevejos não fugissem tampavam-se os potes com organza. A criação era mantida em sala com temperatura de 26 ± 2 C, umidade relativa de 75 ± 5% e fotofase de 14 horas. Três vezes na semana alimentavam-se os predadores com ovos de Anagasta kuehniella e os adultos eram colocados em novos potes para oviposição. A unidade experimental foi composta por placa de Petri, folíolo de tomate imerso no inseticida, algodão umedecido com água destilada e ovos de Anagasta kuehniella. Os inseticidas utilizados foram espinosade, rynaxapir, clorfenapir e cartape. Desses, utilizou as CL 80 dos inseticidas, que é a concentração letal determinada através de curvas de concentração-mortalidade com a T. absoluta. As CL 80 foram de 0.0012, 0.0006717, 0.1676, 0.1008mg/ml, respectivamente para espinosade, rynaxapir, S851

clorfenapir e cartape. Foram colocados, em cada placa, 10 adultos do percevejo predador. As placas de Petri foram mantidas à temperatura de 26 ± 2 C, umidade relativa de 75 ± 5% e fotofase de 14 horas. Foram avaliadas as mortalidades dos percevejos, após 48 horas da montagem. Os dados foram submetidos à ANOVA e as médias comparadas pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os inseticidas cartape e clorfenapir causaram, ao percevejo predador, Xylocoris sp, mortalidade maior que 88%, maior até que a mortalidade causada na praga T. absoluta (80%). Já os inseticidas espinosade e rynaxapir causaram mortalidade menor que 14% ao predador. Portanto, os inseticidas seletivos foram o espinosade e rynaxapir, devido terem apresentado baixa mortalidade ao predador Xylocoris sp (Figura 1). A alta toxicidade observada do inseticida clorfenapir ao predador pode, provavelmente, estar associado ao seu modo de ação, uma vez que, tal inseticida inibe o transporte de elétrons nas mitocôndrias. Por conseqüência, ter-se-á uma alteração no metabolismo energético mitocondrial, seja por inibição do sistema de transporte de elétrons, seja pelo desacoplamento do sistema de transporte da síntese de ATP. Já a alta toxidade do inseticida cartape poderá estar relacionada ao baixo peso molecular dessa substância (237.3), uma vez que substâncias com menor peso molecular possuem uma maior penetração na cutícula do inseto. No caso do inseticida espinosade, sua baixa toxicidade para o percevejo Xylocoris sp. pode estar relacionada ao volume corporal do inseto. Segundo observações feitas por Picanço et. al. (1997) com o percevejo predador Podisus nigrispinus e por Bacci et. al. (2002) com o predador Doru luteipes, quanto maior o volume corporal, menor é a área específica e, conseqüentemente, há uma menor exposição aos inseticidas A alta seletividade do inseticida rynaxapir para o predador pode estar associada à maior taxa de metabolização do composto pelo inimigo natural do que pela praga, ou as alterações no alvo de ação dos inseticidas em relação ao inimigo natural AGRADECIMENTOS Agradeço a CAPES, FAPEMIG e CNPq pelas bolsas e recursos concedidos. REFERÊNCIAS BACCI L, PEREIRA EJG, FERNANDES FL, PICANÇO MC, CRESPO ALB, CAMPOS MR. 2006. Seletividade fisiológica de inseticidas a vespas predadoras S852

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SOUZA CJ, REIS PR, 2000.Traça do tomateiro: histórico, reconhecimento, biologia, prejuízos e controle. Belo Horizonte: EPAMIG, 32p. (Boletim Técnico, 57). FIGURAS: 100 a a 80 Mortalidade (%) 60 40 20 0 Clorfenapir Cartape b Espinosade * b Rynaxapir * c Controle Inseticidas Figura 1: Mortalidade do predador Xylocoris sp em função dos inseticidas espinosade, cartape, rynaxapir e clorfenapir. (*) indica os inseticidas seletivos. As barras com letras iguais não diferiram estatisticamente. Figure 1: Mortality of predator Xylocoris sp as a function of the insecticide spinosad, cartap, rynaxapir and chlorfenapyr. (*) indicates selective insecticides. The bars with same letters are not statistically different. S854