EFEITO DA COMBINAÇÃO DE ESPAÇAMENTO X POPULAÇÃO DE PLANTA X NÍVEL DE ADUBAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO E RENDIMENTO DO ALGODOEIRO Marcos Rogério Nunes¹, Hélio Ferreira da Cunha 2, Gil Santos 3. (1) Estação Experimental de Senador Canedo, Rod. GO 536, Km 3.7, Fazenda Vargem Bonita, Zona Rural, CEP 75250-000, Senador Canedo, GO. E mail: pesquisa@agenciarural.go.gov.br, (2) Estação Experimental de Senador Canedo, Rod. GO 536, Km 3.7, Fazenda Vargem Bonita, Zona Rural, CEP 75250-000, Senador Canedo, GO. E mail: pesquisa@agenciarural.go.gov.br, (3) Estação Experimental de Senador Canedo, Rod. GO 536, Km 3.7, Fazenda Vargem Bonita, Zona Rural, CEP 75250-000, Senador Canedo, GO. E mail: pesquisa@agenciarural.go.gov.br, RESUMO Com o objetivo de verificar como diferentes espaçamentos e populações de plantas associadas à adubação podem influenciar no desenvolvimento e produtividade do algodoeiro, foram conduzidos no ano agrícola de 2001/2002, experimentos nos municípios de Santa Helena e Senador Canedo, em solos representativos do cerrado do Estado de Goiás. Os dezoito tratamentos resultantes da combinação de dois níveis de adubação (adubação normal e o dobro desta), três espaçamentos (75,90 e 105 cm) e três populações, correspondentes a 66.666, 99.999 e 133.333 plantas/há, foram distribuídos em blocos ao acaso com 4 repetições. Fazendo uma análise da relação despesa x receita, verificou-se que em Senador Canedo, o tratamento que combinou adubação normal, espaçamento de 1,05 m e população de 99.999 plantas, e em Santa Helena, aquele que combinou adubação normal, espaçamento de 1,05 m e população de 133.333 plantas, foram as melhores combinações do ponto de vista agroeconômico. INTRODUÇÃO A região Centro-Oeste, especialmente a dos Cerrados de Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais apresentam excelentes condições edafoclimáticas para o desenvolvimento do algodoeiro, facilitado ainda pela topografia plana com mecanização total da lavoura. Embora tais condições sejam favoráveis ao cultivo do algodoeiro, o custo de produção/há vem aumentando gradativamente,estando relacionado diretamente com o uso abusivo e indiscriminado de insumos,devido ao manejo inadequado do solo e das plantas. Isto diminui o potencial produtivo da cultura, além de predispor o solo a degradação, culminando com o desequilibro dos sistemas de produção, e conseqüentemente, do meio ambiente. Visando pesquisar parte dos fatores que afetam a cotonicultura no Estado de Goiás, realizou-se estes experimentos a fim de gerar informações que venham contribuir no melhoramento do arranjo espacial da cultura, tendo em vista que a resposta do algodoeiro em relação à população quando se envolvem aspectos edafoclimáticas e fisiológicos, ainda é bastante complexa. MATERIAIS E MÉTODOS Os experimentos foram conduzidos na área experimental da Fundação-GO, em Santa Helena e na Estação Experimental de Senador Canedo, em solos representativos do cerrado de Goiás. Os tratamentos foram distribuídos em parcelas obedecendo ao delineamento de blocos ao acaso com 4 repetições. As parcelas maiores foram ocupadas pelos dois níveis de adubação, sendo que no nível 1 empregou-se a quantidade recomendada pela análise de solo, e no nível 2, o dobro da quantidade do nível 1. Cada uma das duas parcelas anteriores foram divididas em outras três subparcelas, ocupando cada uma delas três diferentes espaçamentos, que foram de 75, 90 e 105 cm
entre as linhas de plantio do algodão. Por sua vez, cada uma das subparcelas foi dividida em três subsubparcelas, colocando-se em cada uma delas três diferentes populações, equivalentes a 66.666, 99.999 e 133.333 plantas/há. Portanto a combinação de 2 níveis de adubação x 3 espaçamentos x 3 populações, resultou num total de 18 tratamentos que foram repetidos quatro vezes. Como adubação normal de plantio (nível 1), empregou-se 400 kg/ha de 5-25-15 e 450 kg/ha de 10-25-20, ambos acrescidos de 40 kg/ha de FTE Br-12, nos experimentos conduzidos em Senador Canedo e Santa Helena, respectivamente. No nível 2, colocou-se o dobro das quantidades acima mencionadas. A adubação de cobertura, em ambos os locais, constou de 400 kg/ha de 20-00-20 (nível 1) e o dobro desta (nível 2), parcelada em duas aplicações. Como planta teste utilizou-se a cultivar Aroeira, procedendo-se as seguintes avaliações na cultura: stand final, altura de planta, número de capulhos/planta e rendimento. RESULTADOS E DISCUSSÃO Em Senador Canedo, GO, a análise de variância levando em conta a variável produção de algodão, revelou que apenas a interação adubação x espaçamento apresentou significância estatística ao nível de 5% de probabilidade. Resultado semelhante também ocorreu com a variável altura de planta, só que a interação adubação x espaçamento foi altamente significativa. Com relação a variável numero de capulhos/planta a análise revelou significância altamente estatística para população, verificando-se que na menor população estudada (66.666 plantas/ha) o numero de capulhos/planta (12,5) foi estatisticamente superior às populações de 99.999 plantas/há (10,25) e de 133.333 plantas/há (8,875). Já em Santa Helena, GO, a variável produção de algodão apresentou significância altamente estatística somente para população de plantas.o mesmo ocorreu com a variável numero de capulhos/planta. Analisando a relação entre produção obtida em função das populações, verificou-se que as produções cresceram à medida que se aumentou a população de plantas, passando dos 3576 Kg/há ( 66.666 plantas/há ) para 3971 Kg/há (133.333 plantas/ha), o que redundou num acréscimo de 405 kg/ha. Com relação ao numero de capulhos/planta, ocorreu uma relação inversa daquela verificada acima, ou seja, o numero de capulhos/planta decresceu significativamente à medida que se aumentou a população de plantas. Estes resultados estão de acordo com os obtidos por Lamas et al (1989 ) e Lamas & Staut (1998), que também verificaram que o aumento da população de plantas além de reduzir o numero de capulhos/planta tem também influência no aumento da queda de botões florais, flores e frutos novos, diminuindo conseqüentemente a produção por planta. Entretanto, verificaram-se produções crescentes com o aumento da população de plantas, que segundo Lamas et al (1989), também pode contribuir para o equilíbrio da produtividade entre as populações, em função do aumento de capulhos por unidade de área. Nos quadros 1 e 2 são comparadas as médias das produções de algodão em caroço obtidas nos 18 tratamentos empregados. Em Senador Canedo (quadro 1), verifica-se que as médias de produção não se diferiram estatisticamente, enquanto em Santa Helena (quadro 2) os tratamentos mostraram-se diferentes. Fazendo uma análise da relação despesa x receita, verifica-se nos quadros 1 e 2, que em Senador Canedo, o tratamento que combinou adubação normal, espaçamento de 105 cm e população de 99.999 plantas/há, e em Santa Helena, aquele resultante da combinação adubação normal, espaçamento de 105 cm e população de 133.333 plantas/há, foram os que propiciaram as maiores receitas líquidas.
CONCLUSÃO Os resultados deste primeiro ano agrícola (2001/02) de condução dos experimentos, mostraram que em ambos os locais, o maior espaçamento (105 cm) combinado as duas maiores populações de plantas/ha (99.999 e 133.333) com o uso de adubação normal, ou seja, a recomendada pela análise do solo, foram as melhores do ponto de vista agroeconômico. Tabela 1. Médias de produção de algodão em caroço obtidas de quatro repetições e cálculo de receita líquida dos tratamentos empregados. Senador Canedo-GO, 2001/2002. Tratamento Média de Produção (kg/ha) Receita Bruta Custo/ha Receita Liquida Adubação Esp. (m) Pop. (pl/ha) Alg. Caroço Alg. Pluma R$/ha 2 x normal 1,05 133.333 4.255 a 1.574 4.407,20 2.482,65 1.924,55 2 x normal 0,75 99.999 4.240 a 1.569 4.392,64 2.461,03 1.931,61 2 x normal 0,75 66.666 4.200 a 1.554 4.351,20 2.439,41 1.911,79 Normal 1,05 99.999 4.143 a 1.533 4.292,15 2.032,63 2.259,52 2 x normal 0,90 99.999 3.953 a 1.463 4.095,31 2.461,03 1.634,28 2 x normal 1,05 99.999 3.941 a 1.458 4.082,87 2.461,03 1.621,84 2 x normal 0,75 133.333 3.930 a 1.454 4.071,48 2.482,65 1.588,83 2 x normal 1,05 66.666 3.905 a 1.445 4.045,58 2.439,41 1.606,17 Normal 0,75 99.999 3.867 a 1.431 4.006,21 2.032,63 1.973,58 Normal 0,75 66.666 3.834 a 1.419 3.972,02 2.011,01 1.961,01 Normal 0,75 133.333 3.823 a 1.414 3.960,63 2.054,25 1.906,38 Normal 1,05 133.333 3.805 a 1.408 3.941,98 2.054,25 1.887,73 Normal 1,05 66.666 3.650 a 1.350 3.781,40 2.011,01 1.770,39 2 x normal 0,90 66.666 3.614 a 1.337 3.744,10 2.439,41 1.304,69 2 x normal 0,90 133.333 3.489 a 1.291 3.614,60 2.482,65 1.131,95 Normal 0,90 133.333 3.478 a 1.287 3.603,21 2.054,25 1.584,96 Normal 0,90 66.666 3.425 a 1.267 3.548,30 2.011,01 1.537,29 Normal 0,90 99.999 3.420 a 1.265 3.543,12 2.032,63 1.510,49 Médias seguidas da mesma letra não diferem pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade (d.m.s=1441,50). Algodão em pluma = 37% da produção do algodão em caroço.
Quadro 2. Médias de produção de algodão em caroço obtidas de quatro repetições e cálculo de receita líquida dos tratamentos empregados. Santa Helena, GO. 2001/2002. Tratamento Média de Produção - kg/ha Receita Bruta Custo/ha Receita Liq. Adubação Esp. (m) Pop. (pl/ha) Alg. Caroço Alg. Pluma R$/ha 2 x normal 0,75 99.999 4.219 a 1.561 4.370,80 2.504,23 1.866,57 Normal 1,05 133.333 4.146 a 1.534 4.295,20 2.075,85 2.219,35 2 x normal 0,75 133.333 4.118 a 1.524 4.267,20 2.525,85 1.741,35 Normal 0,75 133.333 4.042 ab 1.496 4.188,80 2.075,85 2.112,95 Normal 0,90 133.333 3.938 ab 1.457 4.079,60 2.075,85 2.003,75 Normal 0,75 66.666 3.853 ab 1.426 3.992,80 2.032,61 1.960,19 2 x normal 0,90 133.333 3.826 ab 1.416 3.964,80 2.525,85 1.438,95 2 x normal 0,75 66.666 3.773 ab 1.396 3.908,80 2.482,61 1.426,19 Normal 0,90 66.666 3.768 ab 1.394 3.903,20 2.032,61 1.870,59 2 x normal 1,05 133.333 3.755 ab 1.389 3.889,20 2.525,85 1.363,35 2 x normal 1,05 99.999 3.750 ab 1.387 3.883,60 2.504,23 1.379,37 2 x normal 0,90 99.999 3.714 ab 1.374 3.847,20 2.504,23 1.342,97 Normal 0,75 99.999 3.694 ab 1.367 3.827,60 2.054,23 1.773,37 Normal 1,05 99.999 3.689 ab 1.365 3.822,00 2.054,23 1.767,77 2 x normal 0,90 66.666 3.515 ab 1.301 3.642,80 2.482,61 1.160,19 Normal 0,90 99.999 3.496 ab 1.294 3.623,20 2.054,23 1.568,97 2 x normal 1,05 66.666 3.469 ab 1.283 3.592,40 2.482,61 1.109,79 Normal 1,05 66.666 3.076 b 1.138 3.186,40 2.032,61 1.153,79
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LAMAS, F.M. ; VIEIRA, J.M. ; BEGAZO, J. C. E. O.; SEDIYAMA, C. S. Estudo da interação de Espaçamento entre fileiras e épocas de plantio na cultura do algodoeiro herbáceo (Gossypium hirsutum L.). Revista Ceres, v. 36. p. 247 263, 1989. LAMAS, F.M. ; STAUT, L. A. Espaçamento e densidade. IN: EMBRAPA. Centro de Pesquisa Agropecuária do Oeste. Algodão: Informações técnicas. Dourados: EMBRAPA-CPAO, 1998. p. 103 106.