TÍTULO: AVALIAÇÃO POSTURAL DE CRIANÇAS DO 4º E 5º ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL

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TÍTULO: AVALIAÇÃO POSTURAL DE CRIANÇAS DO 4º E 5º ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: Enfermagem INSTITUIÇÃO(ÕES): CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO - UNASP AUTOR(ES): REGIANE SILVA CARVALHO, KAMILA MARCELLO DE CARVALHO ORIENTADOR(ES): OSWALCIR ALMEIDA DE AZEVEDO, POLIANI DE OLIVEIRA LIMA COLABORADOR(ES): BRUNO MOREIRA DE CARVALHO, JOSÉ SAVIO RIBEIRO, SATILA DA ROCHA ALVES, THAINÁ ANTHONY RAMOS PEREIRA, WANDERSON CASSIO DE OLIVEIRA

1 RESUMO INTRODUÇÃO: Alterações posturais e dores nas costas são consideradas problemas de saúde pública que afetam crianças e adolescentes devido às mudanças no sistema musculo esquelético associadas ao crescimento. Essas manifestações frequentemente decorrem de maus hábitos, relacionados a situações vivenciadas em casa e na escola OBJETIVO: Rastrear presença de desvios posturais, identificar fatores de risco associados à postura inadequada entre escolares do 4ª e 5ª anos do ensino fundamental de uma escola particular da zona sul de São Paulo e comparar a presença dessas alterações posturais encontradas entre os alunos do estudo atual, com os resultados obtidos em estudo realizado no ano 2000, na mesma instituição. MÉTODO: Pesquisa quantitativa, descritiva de caráter transversal, na qual participaram 157 crianças matriculadas no 4º e 5º anos do Ensino Fundamental I, nos turnos matutino e vespertino, de uma escola particular de São Paulo SP (47,5% do total), as quais foram avaliadas quanto à ocorrência de alterações posturais. A coleta de dados compreendeu a avaliação postural das crianças, utilizando o recurso da fotogrametria com auxílio do programa computacional Grid. A abordagem ocorreu durante as aulas de Educação Física em uma sala reservada. RESULTADOS: Das 157 crianças avaliadas, 70,7% apresentaram alguma alteração; em relação aos fatores de risco, 66% apresentaram peso acima ou abaixo dos valores adequados; 81,2% das crianças portavam mochilas para transporte do material escolar com peso acima de 10% do peso corporal chegando até a 30 % deste peso. Quanto ao modelo de mochila: 51,5% eram transportadas apoiadas nas costas e 48,8% sobre rodinhas. CONCLUSÃO: Constatou-se que 70,7 % das crianças apresentavam alguma alteração postural; dentre estas, 51,3% eram do sexo masculino e 48,6% do feminino. Os fatores de risco encontrados foram peso inadequado (com base no IMC), tipo de transporte e peso da mochila. Ao comparar os resultados deste estudo com o estudo anterior, sem considerar o ano de estudo, a prevalência de alterações se manteve. Palavras-chaves: Coluna Vertebral; Curvaturas da Coluna Vertebral; Criança; Ensino Fundamental; Postura.

2 1 INTRODUÇÃO O sedentarismo e a adoção de má postura, durante a fase de crescimento e desenvolvimento, são fatores que podem levar a alterações patológicas na coluna humana. A maioria dos distúrbios de coluna do adulto decorrem de maus hábitos adquiridos na infância ou na adolescência e causam grande parte das incapacitações para o trabalho (PEREIRA, 2006). A coluna vertebral é composta por 33 ou 34 vértebras e discos vertebrais (NETTER, 2011). Esta estrutura apresenta quatro curvaturas fisiológicas conhecidas como: lordose cervical, cifose torácica, lordose lombar e cifose sacro/coccígea que respondem pela distribuição do peso corporal de maneira equivalente evitando a sobrecarga e alterações posturais (OLIVEIRA, 2011). Detsch e Tarrago (2001) definem postura como a posição que o corpo assume no espaço em função do equilíbrio dos quatro constituintes anatômicos da coluna: vértebras, discos, articulações e músculos. A maioria dos problemas posturais, são originados na infância. Estas alterações, observadas durante o período escolar são associadas ao tempo gasto em sedestação e ao transporte inadequado associado ao peso da mochila. A condição piora se a mobília não for ajustável de acordo com o desenvolvimento do aluno e se o aumento de peso das mochilas for desproporcional em relação ao peso corporal. Estes fatores promovem ação muscular compensatória, resultando em exagero de curvaturas espinhais e deslocamentos laterais da coluna vertebral, originando processos degenerativos e desalinhamento de outras estruturas do corpo (RODRIGUES e YAMADA, 2014). Para a criança, mochilas pesando mais de 10% do peso corporal resultam em alterações posturais, tanto imediatas quanto depois de caminhar por seis minutos transportando este peso (KISTNER, et al, 2013). Kunzler et al. (2014), relatam que grande parte dos escolares apresentam posturas inadequadas ao sentar para escrever, desenvolvendo problemas decorrentes da má postura, a longo prazo. Sedrez (2015); Rodrigues e Yamada (2014) enfatizam que alterações posturais e dores nas costas são consideradas problemas de saúde pública que afetam crianças e adolescentes devido às mudanças no sistema musculo esquelético associada à fase de crescimento.

3 Programas de acompanhamento postural de crianças devem ser iniciados já na fase pré-escolar, para monitorar o crescimento e a evolução dos sinais precoces de alterações posturais e desenvolver hábitos posturais saudáveis (VIEIRA et al, 2015). Para uma boa postura é importante manter uma quantidade mínima de esforço relacionado ao peso que leva à eficiência máxima do corpo, pois as alterações posturais surgem a partir do momento que o indivíduo se posiciona fora dos padrões normais da linha de gravidade por um longo período (SEDREZ, 2015). Costa, et al (2012) ressaltam que os problemas encontrados em relação a comportamento inapropriado como: má postura e inatividade física, tem uma grande possibilidade de serem reduzidos ou até mesmo corrigidos nas aulas de educação física proporcionando e orientando quanto aos hábitos saudáveis para manter e melhorar um bom estilo de vida. 2 OBJETIVOS Rastrear alterações posturais apresentados por crianças, no ambiente escolar mediante avaliação postural individual. Identificar fatores de risco associados à postura inadequada entre escolares do 4ª e 5ª anos do ensino fundamental de uma escola particular da zona sul de São Paulo. Comparar a presença de alterações posturais encontradas entre os alunos deste estudo, com os resultados obtidos em estudo realizado no ano 2000, na mesma instituição. 3 MATERIAIS E MÉTODO Estudo de natureza quantitativa, descritiva e transversal foi conduzido em uma instituição educacional privada localizada na zona sul de São Paulo que contava com 1319 alunos matriculados no Ensino Fundamental I no momento da coleta de dados. O projeto foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da instituição (CEP) e aprovado sob o Parecer N 0 2.432.005. Foi solicitada aos pais permissão para a participação das crianças mediante assinatura do Termo de Consentimento Esclarecido. Cada criança foi consultada

4 quanto ao desejo de participar e solicitadas a assinar o Termo de Assentimento antes de se submeterem aos procedimentos do estudo. Todos os 330 alunos matriculado nos quartos e quintos anos do Fundamental I em março de 2018 foram convidados, mas participaram do estudo 157 alunos. Foram excluídos: alunos que tinham impedimento para transportar a própria mochila; portadores de necessidades especiais, os que não foram autorizados pelos pais a participar ou que não assinaram o Termo de Assentimento. As variáveis consideradas foram: idade (anos completos), sexo, ano escolar, peso da mochila (em quilogramas), peso corporal (em quilogramas) e estatura (cm). Para a pesagem das crianças foi utilizada balança antropométrica da marca Filizola, com divisão de 50g; as mochilas foram pesadas utilizando uma Balança pediátrica Filizola, com divisão de 10g. A detecção das alterações posturais foi realizada utilizando o simetrógrafo virtual Grid, programa computacional desenvolvido para este fim, instalado em dispositivo celular Samsung J5. A coleta de dados foi realizada durante as aulas de educação física com consentimento do professor da disciplina. Em cada avaliação foram tomadas quatro fotografias sendo uma da região anterior, uma de cada perfil e outra posterior. Para ilustrar o estudo, foram trajados os rostos das crianças, impedindo sua identificação. Para as fotografias os alunos foram solicitados a retirar a parte de cima do uniforme a fim de permitir melhor visualização do alinhamento corporal, sendo que as meninas deveriam trajar maiô ou blusa justa e foram fotografadas separadas dos meninos. O exame foi efetuado em local reservado mantendo a privacidade das crianças, na presença de duas avaliadoras e um monitor designado pela escola. As balanças utilizadas foram taradas diariamente antes do início da tomada de dados repetindo-se este procedimento a cada dez pesagens. Os registros fotográficos foram realizados na posição ortostática a três metros do dispositivo fotográfico. As mochilas foram pesadas com o material escolar de cada criança, em sala de aula, utilizando-se a balança pediátrica. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Dentre os 157 participantes, 57 eram do sexo masculino (36,2%) e 100 do sexo feminino (63,3%). A idade variou entre oito e onze anos completos.

5 Estavam matriculados no 4º ano 39,4 % dos participantes e destes 56,4% eram do sexo feminino e 43,6% do sexo masculino. Nas turmas do 5 o ano, entre os participantes, 68,3 % eram do sexo feminino e 31,7 % do sexo masculino. Houve 173 que não participaram por recusa, falta de autorização dos pais ou roupa inadequada para a realização da avaliação. 4.1 Percentual de alterações posturais presentes Na análise da presença de desvios de postura, observou-se que 70,7% apresentavam alguma alteração; em 19,7% não foi possível confirmar a presença de anormalidades, pois os participantes estavam com roupa inadequada (Tabela 2); apenas 9,5% dos alunos avaliados não mostraram alteração postural. Tabela 2- Porcentagem de alterações posturais. São Paulo - SP, mar/2018. Alterações n (%) Presentes 111 70,7 Ausentes 15 9,5 Não confirmados 31 19,7 Total 157 100,0 Fonte: Dados brutos. Xavier et al. (2011) afirmam que 80% dos adultos apresentam algum tipo de alteração postural, a maioria das quais tem início na infância e se complicam na adolescência, em decorrência dos maus hábitos adquiridos na fase de crescimento e desenvolvimento, principalmente os maus hábitos desenvolvidos no período escolar. Os resultados apresentados na Tabela 3 descrevem a quantidade de alunos com presença ou não de alterações posturais, segundo a idade. No estudo realizado por Bueno e Rech (2013) com crianças na faixa etária entre oito a quinze anos em uma cidade do sul Brasil a prevalência dos desvios posturais foi de 97,7%, superior aos resultados deste estudo (70,7%); acreditamos que o fato de não ter sido possível avaliar todos os alunos, tenha contribuído para esta diferença. Entretanto, os autores encontraram 51% das alterações no sexo masculino, o que se aproxima dos resultados ora obtidos.

6 Tabela 3 Idade dos alunos de acordo com a presença de alteração postural. São Paulo SP mar/2018. Idade Com Alteração postural Sem alteração postural Total n % n % 8 09 90,0 01 10,0 10 9 52 82,5 11 17,5 63 10 48 58,5 34 41,5 82 11 02 100,0 00 0,0 02 Total 111-46 - 157 Fonte: Dados brutos. Ao considerar o sexo e idade (Tabela 4) foi possível constatar a predominância de alterações em crianças com a idade de nove anos com um percentual de 46,6% sendo 24,4% do sexo masculino. Tabela 4- Presença de alterações posturais de acordo com o sexo e a idade dos alunos de uma escola particular da zona sul. São Paulo - SP, mar/2018. Sexo Idade Fem Masc Total n % n % n % 8 05 4,5 04 3,6 09 8,1 9 25 22,5 27 24,4 52 46,9 10 23 20,7 25 22,5 48 43,2 11 1 0,9 1 0,9 02 1,8 Total 54 48,6 57 51,4 111 100,0 Fonte: Dados bruto. 4.2 Fatores de risco para as alterações posturais As condições relacionadas ao peso da mochila (Tabela 5) e ao modelo da mochila utilizada para o transporte de material escolar entre os alunos do estudo (Tabela 6), mostram que apenas 20,3% das mochilas dos estudantes estava com peso considerado adequado ao peso corporal; 17,8% transportavam peso acima de um quinto do peso corporal, o que implica em sobrecarga, com risco para sua postura.

7 Tabela 5- Percentual do peso da mochila em relação ao peso corporal do aluno. São Paulo - SP, mar/2018. Percentual do peso da mochila % n 10% 20,3 32 10 l 15% 39,1 60 15 l 20% 24,3 38 20 l 25% 12,1 19 25 l 30% 5,7 09 Total 100 157 Fonte: Dados brutos. Na (Tabela 6) é possível observar que alguns utilizavam mochilas com rodas, o que diminui o esforço para transporte, a maioria (51,5%) utilizava mochilas com apoio dorsal (nas costas) condição que acarreta maior esforço e pressão exercida sobre a coluna vertebral. Tabela 6 - Modelos das mochilas. São Paulo, mar/2018. Modelos (%) n Transporte costal 51,5 81 com alças Transporte com 48,4 76 rodinhas Total 100 157 Fonte: Dados brutos. De acordo com Quixadá et al. (2011) o peso da mochila contendo um percentual acima de 10% do peso da criança pode causar alterações posturais na mesma. Os autores ressaltam que o peso e o tipo de mochila são parâmetros a considerar para a orientação em escolares. Outro fator associado a risco para desenvolvimento de alterações na postura é o peso corporal. Podemos observar no Gráfico 1 a distribuição dos participantes de acordo com a classificação do Índice de Massa Corporal (IMC) infantil preconizada pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2017) sendo que 38% dos avaliados foram classificados como obesos.

Percentual 8 Gráfico 1 - Classificação dos participantes segundo o Índice de Massa Corporal (IMC). São Paulo - SP, mar/2018. 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% 34% 28% 22% 16% normal Baixo peso Sobrepeso Obeso Tabela 7- Classificação do peso corporal em relação a presença de alterações posturais dos avaliados. São Paulo -SP, mar/2018. Classificação do Total peso corporal n % Normal 43 38,7 Baixo peso 29 26,1 Acima do peso 39 35,1 Total 111 100,0 Fonte: Dados brutos. Camargo (2013) enfatiza que a atenção precoce com a postura, obesidade e sobrepeso infantil, é importante para evitar possíveis complicações futuras e diminuir as chances de desenvolver algumas alterações na coluna. 4.3 Análise comparativa Ao comparar os resultados deste estudo com o anterior no ano de 2000 realizado na mesma instituição, foi observada a predominância de alterações posturais entre os alunos da mesma faixa etária (3ª série de então e 4º ano atual) com um percentual de 62,1% neste e 55% no estudo anterior (Gráfico 2).

Percentual 9 Gráfico 2- Análise comparativa do estudo atual sobre alteração postural com o estudo realizado no ano de 2000 nas turmas do 4º e 5º ano no periodo vespertino. São Paulo - SP, mar/2018. 70,0% 60,0% 50,0% 40,0% 30,0% 20,0% 10,0% 0,0% 62,1% 55,0% 45,0% 37,8% 2000 2018 4 ano 5 ano 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Dentre as 157 crianças avaliadas, 70,7% apresentaram alterações posturais. Alguns fatores de risco associados a alterações posturais foram verificados destacando-se a obesidade (38%). Ao mesmo tempo encontramos 28% dos alunos com baixo peso, de acordo com os padrões da OMS. Outro fator em destaque foi o peso das mochilas associado ou não ao modelo da mesma: a maioria (51,5%) das crianças transportava a mochila nas costas; além disto, 81,2% das crianças portavam mochilas com um peso acima de 10% da massa corporal chegando até a 30 % o que é prejudicial ao seu desenvolvimento. A comparação com estudo anterior realizado na mesma instituição permitiu constatar um aumento na ocorrência de alterações posturais nas turmas do 4º ano (de 55% para 61,1%). As causas deste aumento não foram identificadas pelo estudo. Dentre as limitações ao desenvolvimento desta pesquisa podemos destacar: muitas crianças foram autorizadas pelos pais, mas não compareceram nos dias da coleta, outras não estavam com veste adequada para a avaliação; algumas se recusaram a participar. Não foi identificado o tipo de alteração apresentado pelos avaliados. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à saúde. Departamento de ações programáticas estratégicas. Caderneta de saúde da criança, 11ed. Brasília DF, 2017.

10 BUENO, R. C. S.; RECH., R. R. Desvios posturais em escolares de uma cidade do sul do Brasil. Rev. Paul Pediatr; Caxias do Sul RS, v.31 n.2, pg.237-42, 2013. CAMARGO, M. Z. Postura e obesidade infantil: análise do alinhamento no plano sagital em pré-escolares. Dissertação (Mestrado em Ciências da Reabilitação), Londrina/PR, 2013. COSTA, T. B.; GIANTORNO, J. B.; SUZUKI, F. S.; OLIVEIRA, D. L. Análise Postural em Escolares do Ensino Fundamental. Rev. Brasileira de Ciências da Saúde. São Paulo/S, v.16, n. 2, p. 219-222, 2012. DETSCH, C.; TARRAGO, C. A incidência de desvios posturais em meninas de 6 a 17 anos da cidade de Novo Hamburgo. Rev. Movimento. Rio Grande do Sul v. 8, n. 15, p.43-56. 2001. KISTNER, F.; FIEBERT, I.; ROACH, K.; MOORE, J. Postural compensations and subjective complaints due to backpack loads and wear time in schoolchildren. Pediatr Phys Ther. Florida/EUA, v. 25, n. 1, p. 15-24, 2013. KUNZLER, M.; NOLL, M.; ANTONIOLLA, A.; CANDOTTI, C. T. Associação entre postura sentada e alterações posturais da coluna vertebral no plano sagital de escolares de lajeado, RS., Rev. Baiana de Saúde Pública. v.38, n.1, p.197-212 jan/mar. 2014. NETTER, F. H. Atlas de Anatomia Humana. 5ª ed. São Paulo: Elsevier, 2011. OLVEIRA, A. Deformidades da Coluna no Adolescente. Nascer e Crescer, v. 20, n. 3, p. 197-200, 2011. PEREIRA, V. C. G.; FORNAZARI, L. P.; SEIBERT, S. N. O rastreamento de alterações posturais nas escolas como ferramenta ergonômica na prevenção de afecções da coluna vertebra., rev. Abergo, Curitiba/PR, out/nov.2006. QUIXADÁ, A. P.; et al. Alterações Posturais Associadas ao Uso de Mochilas em Escolares, rev. Pesqui. Fisioter, v. 1, n. 1,p. 91-99, Salvador/BA jan. 2011. RODRIGUES, P. L.; YAMADA, E. F. Prevalence of postural alterations in students o Basic Education in the city of Vila Velha, Espírito Santo state, Brazi. Rev. Fisioter. Mov, Curitiba/PR, v. 3, n. 27, p. 437-445, jul/set. 2014 SEDREZ, J. A.; ROSA, M. I. Z.; NOLL, M.; MEDEIROS, F. S.; CANDOTT, I C. T. Fatores de risco associados a alterações posturais estruturais da coluna vertebral em crianças e adolescentes. Rev.Paul Pediatr, v.1, n. 33, p. 72-81, 2015. VIEIRA, D. B. A. L. P.; BERESOSKI, C. M.; et al. Early signs of scoliosis in preschool children. Fisioter. Pesqui, São Paulo/SP, v. 22, n. 1, jan/mar. 2015. XAVIER, C. A.; et al. Uma avaliação acerca da incidência de desvios posturais em escolares. Meta avaliação, Rio de Janeino/RJ, v.3, n.7, p.81-94, 2011.