BACIA DE JACAREPAGUÁ - MACRODRENAGEM "UM GRANDE PROJETO"



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Transcrição:

BACIA DE JACAREPAGUÁ - MACRODRENAGEM "UM GRANDE PROJETO" Carlos Pereira Dias (1) Engenheiro Civil graduado pela Faculdade Santa Úrsula- Rio de Janeiro- Presidente da Fundação Instituto das Águas do Município do Rio de Janeiro. Ingressou na Prefeitura do Rio de Janeiro em 1982, como projetista de obra de drenagem. Durval Alves Mello Neto Engenheiro Civil graduado pela Escola de Engenharia Veiga de Almeida - Rio de Janeiro - Mestre em Recursos Hídricos pela COPPE / Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ingressou na Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro em 1992 e atualmente ocupa o cargo de Assessor da Presidência da Fundação Rio-Águas. Endereço (1) : Rua Fonseca Teles, 121-13 o andar - São Cristóvão - Rio de Janeiro - RJ - CEP: 294-2 - Brasil - Tel.: (21) 589-481 / 58-71 - ramal: 12 - Fax: (21) 589-29 - e-mail: carlosdias@pcrj.rj.gov.br RESUMO O Projeto de Macrodrenagem é o principal componente do Programa de Recuperação Ambiental da Bacia de Jacarepaguá. As obras propostas compreendem, fundamentalmente, a execução de dragagem e canalização dos rios de maior porte da Bacia, num total de 124 quilômetros de extensão. A dragagem das Lagoas da Tijuca, Camorim e Jacarepaguá, a construção e recuperação de pontes, a criação de avenidas - canais, o reflorestamento das encostas e o reassentamento de famílias residentes em áreas ribeirinhas, também são itens do programa. Ao todo são 5 conglomerados instalados às margens dos rios, com uma população estimada de 3 mil pessoas. Para a concretização deste projeto, a Prefeitura vem negociando, desde 1995, um empréstimo com o banco japonês Overseas Economic Cooperation Found (OECF). Todo o plano de macrodrenagem, que vai beneficiar, diretamente, cerca de 6 mil habitantes, está orçado em R$ 33 milhões, dos quais 6% serão beneficiados pelo OECF, e o restante pela Prefeitura. No entanto, a Prefeitura não está de braços cruzados aguardando financiamento. A Baixada de Jacarepaguá vem sendo preparada, com recursos próprios, para enfrentar melhor as chuvas de verão. No momento, a Prefeitura está executando obras nos rios Arroio Fundo, Grande, Anil e das Pedras, no valor de R$ 24 milhões, sendo parte por empréstimo da Caixa Econômica Federal. Outras obras vêm sendo realizadas pela Prefeitura nesta Bacia, nos últimos cinco anos, destacando-se as executadas, em caráter de emergência, após as fortes chuvas de fevereiro de 96, onde foram investidos R$ 3 milhões com recursos próprios. PALAVRAS-CHAVE: Macrodrenagem, Drenagem Urbana, Jacarepaguá. 2 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 428

INTRODUÇÃO A Área do Projeto no Contexto Municipal A área objeto do presente estudo, denominada AP-4, apresenta uma extensão territorial de 3 Km 2, o que representa cerca de 25% do Município do Rio de Janeiro. Sua população hoje de 65 mil habitantes, é crescente. De todas as licenças formais de obras expedidas pela Secretaria de Urbanismo do município, 4% são para esta área. Esta população não é maior não apenas por se tratar de uma área de ocupação recente, mas também por apresentar áreas montanhosas, impróprias para ocupação: cerca de 8km 2 estão acima da cota 1, e cobertos por florestas. A área é de grande importância sob o ponto de vista demográfico pelas altas taxas de crescimento que vem apresentando. Na última década, a área apresentou um crescimento de cerca de 45%, o que representou quase 16. novos moradores. Tamanho crescimento se torna mais relevante ao se considerar que ele eqüivale a quase a metade de todo o crescimento da cidade, naquele período. Este crescimento, infelizmente, não foi acompanhado de proporcional aumento da renda da população. Pode-se observar um crescimento de população favelada, na cidade do Rio de Janeiro como um todo, mas sobre tudo na AP-4. Enquanto a Cidade do Rio de Janeiro teve esta população aumentada em 34%, na AP-4 constatou-se um crescimento de 178%, o que faz com que quase 15% de toda a população desta área encontre-se morando em favelas. Estes números indicam que, embora o setor sul de expansão da cidade tenha introduzido um contingente de moradores que dispõem de alta renda, e que ocuparam a faixa litorânea e planejada da região, a AP-4 já apresenta um perfil sócio-econômico equivalente ao restante da cidade, pelo qual cerca de 17% de seus chefes de família não alcançaram um salário mínimo mensal, e mais 6% não recebem mais de 5 salários mínimos. Uso do Solo Atual A Baixada de Jacarepaguá apresenta três situações bastante distintas no que se refere ao uso do solo: uma área ainda extensa, que permanece sem ocupação urbana, localizada nos extremos Oeste e Noroeste; uma área urbana, objeto de planejamento ocupando a faixa costeira e, a mais populosa, que se formou a partir de sucessivos loteamentos, que tinham por antigos caminhos rurais. Estas áreas referem-se, respectivamente, aos bairros de Vargem Grande e Pequena; ao bairro da Barra da Tijuca, oriundo do chamado Plano Lúcio Costa e ao conjunto de bairros, genericamente chamados de Jacarepaguá. 2 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 429

Caracterização da Bacia Um relevo acidentado frente a uma topografia de planícies sedimentares recentes, originadas de restingas pré-existentes e da sedimentação de antigos manguezais e áreas alagadas torna a bacia hidrográfica a unidade física básica do planejamento ambiental e do sistema de drenagem e de esgotamento sanitário no município. Neste contexto, a AP-4 situa-se na Bacia de Jacarepaguá, que contempla as vertentes voltadas para o Oceano Atlântico, limitando-se a nordeste pelo Maciço da Tijuca (Pedra da Gávea) e a noroeste pelo Maciço da Pedra Branca. A rede hidrográfica tem como característica marcante a elevada declividade nos cursos superiores seguida de baixa declividade nos cursos inferiores, sem um curso médio de transição. Desse modo, a velocidade de escoamento das águas é baixa, fato ainda agravado pelas condições de assoreamento dos corpos hídricos receptores. A Bacia de Jacarepaguá compõe-se basicamente de cursos d água contribuintes a um rico sistema lagunar e, de canais construídos pelo homem. Um dos subsistemas é formado pelas lagoas de Jacarepaguá, Camorim e Tijuca - interligadas naturalmente - com saída para o oceano através do canal da Barra da Tijuca. O outro é constituído pelas lagoas de Marapendi e Lagoinha. Este complexo lagunar ocupa 12,5 Km 2 representando um importante patrimônio ambiental da cidade do Rio de janeiro, que deve ser preservado como local de procriação de diversas espécies da fauna e da flora. Atualmente, todas estas lagoas encontram-se em elevado estado de degradação ambiental devido, principalmente, ao lançamento de esgotos sanitários, e de lixo que contaminaram suas águas e assorearam seus leitos. A região é cortada por importantes ligações rodoviárias como a Avenida das Américas, Linha Amarela, dentre outras. O Projeto de Macrodrenagem O Projeto de Macrodrenagem é o principal componente do Projeto de Recuperação Ambiental da Bacia de Jacarepaguá e está inserido no Programa de Infra-estrutura Sanitária, em conjunto com o Programa de Tratamento de Esgotos Sanitários. As obras de macrodrenagem propostas compreendem, basicamente, a execução de dragagem e canalização dos rios de maior porte da bacia que totalizam uma extensão de cerca de 124 km., e a dragagem das lagoas da Tijuca, Camorim e Jacarepaguá. Estão também previstas a construção de novas pontes, recuperação de outras, e a criação de avenidas canal, que serão interligadas ao sistema viário existente, o que propicia o controle da ocupação das margens e facilita a manutenção futura dos canais, bem como a coleta de lixo 2 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 43

que hoje tem destino nos canais, seja por lançamento direto ou levado das ruas pelas enchentes. Dada a magnitude do programa, que trata a Bacia Hidrográfica de forma global, pode-se afirmar que ao final da etapa de estudos e projetos, ter-se-ão fundamentos, parâmetros e condicionantes ao processo de desenvolvimento e urbanização da região, constituindo-se em peça fundamental à revisão do Plano Diretor da Cidade. Das 16 comunidades de baixa renda existentes na Baixada de Jacarepaguá, cerca de 6% ocupam margens de rios, canais ou lagoas. Estas áreas além de sofrerem impactos relativos ao extermínio de sua biota marginal, passam a absorver grande carga de esgotos e lixo sólido, o que incrementa fortemente o processo de assoreamento, dando grande oportunidade à ocorrência de enchentes. São comuns as enchentes na região, trazendo prejuízos à população que habita próximo aos rios, mas também à cidade como um todo, face à interrupção do fluxo viário, dentre outros inconvenientes. É comum a proliferação de doenças, como a leptospirose, própria de áreas inundadas. O reassentamento da população ribeirinha e a implantação de avenidas canal viabilizará a implementação de um programa eficiente de coleta de lixo consolidando-se com programas educacionais junto a comunidades, demais serviços, destacarando-se a rede de esgotamento sanitário. Dentre as inúmeras vantagens da implantação das obras, além da imediata minimização das conseqüências das enchentes, destaca-se o controle das velocidades de escoamento, com a conseqüente diminuição de aporte de sedimentos para as lagoas, provenientes de erosão das margens. As chuvas ocorridas em fevereiro/96 na cidade do Rio de janeiro, em geral, e na baixada de Jacarepaguá, em particular, foram muito significativas e ocasionaram prejuízos de grande porte, incluindo bens materiais e perda de 1 vidas. A importância do programa se deve em grande parte pela possibilidade de se atacar o problema de enchentes na totalidade da bacia, permitindo a melhor utilização dos recursos e a otimização das soluções propostas. Os beneficiários diretos incluem toda a população da AP-4, cerca de 65. habitantes, que deixarão de sofrer as conseqüências naturais das enchentes, bem como do funcionamento inadequado do sistema de esgotamento sanitário. Em especial, serão beneficiados os cerca de 6 aglomerados favelados que se localizam em margens de rios, com aproximadamente 3. habitantes. Indiretamente, toda a população do Município será beneficiada com a reversão dos problemas de interrupção do trânsito e do fornecimento de energia, das perdas de estoques e da paralisação de atividades comerciais e industriais, do absenteísmo no trabalho e escola, entre outras, o que viabiliza o processo natural de expansão da cidade na direção da AP-4. 2 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 431

Os projetos executivos encontram-se em fase de conclusão, com grande parte deles já terminados. Trechos do Rio Anil, que foi o rio mais atingido pelas chuvas de 1996, foram objeto de intervenções naquele mesmo ano e algumas obras como a canalização dos Arroio Fundo, parte do Rio Grande, a conclusão do Rio Anil e Rio das Pedras foram iniciadas neste ano. O custo total estimado das obras de canalização somam cerca de R$ 22 milhões, sendo que as obras já iniciadas contam com recursos provenientes de financiamento da Caixa Econômica Federal dentro do Programa Pró-Saneamento e somam R$ 24 milhões. Embasado em um estudo de viabilidade técnica econômica e ambiental do projeto, a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, tem trabalhado na captação dos recursos necessários para a implantação da totalidade das obras, junto a bancos internacionais. Este trabalho acompanha outro, entitulado Bacia de Sepetiba - Uma Realidade. A comparação entre as duas intervenções é interessante tendo em vista os ganhos econômicos e de ordenação do uso do solo que este último teve pela época de sua implantação. Caso não tivessem sido iniciadas as obras de macrodrenagem naquela ocasião, hoje as mesmas teriam valores expressivamente mais altos, tendo em vista as soluções de canalização que seriam necessárias para se compatibilizar com a ocupação atual. Dos parâmetros de qualidade da água bruta, a turbidez, a cor aparente, o ph, a alcalinidade, a temperatura e os índices de coliformes totais e fecais são periodicamente registrados na maioria das estações de tratamento de água. De posse do valor da vazão atual e da pretendida e, em função do tipo e dimensões das unidades de coagulação, floculação, decantação e filtração, é possível programar ensaios de laboratório em aparelhos tipo jar-test com o propósito de se pesquisarem os gradientes de velocidade, tempos de agitação e velocidade de sedimentação mais convenientes. A ETA-Morrinhos é do tipo ciclo completo, possuindo: casa de química, com tanques de preparação de sulfato de alumínio e dosadores de cal por gravidade; vertedor Parshall, que funciona como medidor de vazão e misturador rápido; dois floculadores em paralelo, um mecanizado e outro hidráulico; duas unidades de decantação do tipo convencional; e cinco filtros rápidos por gravidade. A água que abastece a ETA-Morrinhos possui, como característica particular, valores de ph e alcalinidade elevados. As duas etapas de trabalho serão descritas a seguir: 2 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 432

PRIMEIRA ETAPA: ESTUDOS EM LABORATÓRIO Depois de se verificar o arranjo das unidades e suas dimensões, de posse dos valores das vazões atual e pretendida e após fazer uma análise dos relatórios operacionais, que continham os parâmetros de qualidade da água nos últimos quatro anos, realizaram-se ensaios de coagulação-floculação-decantação em aparelhos de jar-test, com dois tipos de água bruta coletadas a jusante da calha Parshall, em épocas de seca (água tipo A) e em épocas de chuva (água tipo B), representando as situações que ocorrem normalmente em cada estação do ano. Na ETA-Morrinhos utilizava-se o sulfato de alumínio como coagulante primário porém a água que abastece a estação caracteriza-se por apresentar valores altos de ph e alcalinidade, indicando que o coagulante mais apropriado, em faixas de ph mais elevadas, seria ou cloreto férrico ou o sulfato de alumínio combinado com um ácido, porém a capacidade de tamponamento dessa água inviabilizou a última hipótese, uma vez que seria necessário adicionar grandes quantidades de ácido para baixar o ph da água bruta. A programação dos ensaios foi realizada da seguinte forma: inicialmente, foram realizados ensaios com aproximadamente 1 litros de água bruta, (água tipo A) coletados em época de seca, antes da calha Parshall e armazenados em piscina plástica, coberta com lona para evitar o desenvolvimento de algas, que poderiam alterar as características da água em estudo. Posteriormente foram realizados ensaios com 1 litros de água, coletada em época de chuva e armazenada da mesma forma, a essa água denominou-se água tipo B. Medidas de turbidez, cor aparente, cor verdadeira, ph, alcalinidade total, dureza total, condutância específica, temperatura, foram feitas para caracterizar as águas em estudo. A Tabela 1 contém as principais características das águas bruta estudadas. A água tipo A, coletada em época de seca e tipo B, em época de chuva. Tabela 1: Características das águas estudadas na ETA-Morrinhos. Tipo Turbidez ut Cor Aparente uh Cor Verdadeira uh Dureza total mg/l Ca CO 3 Alcalinidade Total mg/l Ca CO 3 Condutância Específica µmho/cm A 4 12,5 1 189 187 26 7,6 24 B 15 375 6 195 187 26 8,2 23 Em função das características das unidades que compõem a estação, alguns parâmetros para execução dos ensaios foram fixados, procurando-se simular de forma aproximada o que ocorre na mesma. Os ensaios realizados, nessa etapa, foram agrupados em três séries, de modo a facilitar a apresentação. A primeira série teve como objetivo a elaboração dos diagramas de coagulação, apresentando a turbidez remanescente, em função da dosagem de coagulante e do ph de coagulação. No diagrama foram selecionados pares de dosagem de coagulante e ph de coagulação mais adequados para o estudo de polímeros. ph T C 2 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 433

Os parâmetros de coagulação, floculação e velocidade de sedimentação foram definidos em laboratório conforme as dimensões de cada unidade de coagulação, floculação e decantação. Na segunda série, o objetivo foi o estudo de polímeros naturais (amidos de batata, mandioca e araruta), como auxiliares de floculação, a partir dos diagramas de coagulação do sulfato de alumínio e cloreto férrico. para três velocidades de sedimentação, na região de melhor remoção de cada diagrama. Os parâmetros medidos foram ph de coagulação, turbidez remanescente e cor aparente remanescente da água decantada, para diferentes velocidades de sedimentação. Os ensaios da terceira série consistiram em estudar os melhores tempos e gradientes de velocidade na floculação, nas dosagens mais adequadas de sulfato de alumínio ou cloreto férrico. para verificar a possibilidade de se tratar maior vazão. Os parâmetros medidos foram ph de coagulação, turbidez remanescente e cor aparente remanescente da água decantada, para diferentes tempos e gradientes de floculação. RESULTADOS DA PRIMEIRA ETAPA Devido à grande capacidade de tamponamento das águas que abastecem a estação, os diagramas de coagulação do sulfato de alumínio e de cloreto férrico ficaram restritos a uma faixa de ph de coagulação, praticamente inalterado, na região da varredura, pois a adição de coagulante, com ou sem acidulante, não promoveu diminuição do ph da água bruta. Em vista disso, não se julgou necessário a apresentação dos diagramas. Na tabela 2 estão contidos as melhores dosagens, o ph apropriado para coagulação e a melhor remoção de turbidez para cada coagulante primário em cada tipo de água. Tabela 2: Melhor dosagem, melhor remoção de turbidez, ph apropriado, para cada tipo de água e cada coagulante investigado. Água tipo Coagulante Dosagem mg/l ph Turbidez remanescente (ut) A Sulfato de Alumínio 14 7,6 4,2 A Cloreto Férrico 1 7,8 1,4 B Sulfato de Alumínio 22 7,9 28 B Cloreto Férrico 22 7,7 2,8 As figuras 1 e 2 contêm resultados comparativos, obtidos em ensaios, da eficiência do cloreto férrico em relação ao sulfato de alumínio (produto normalmente utilizado na ETA). 2 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 434

Figura 1: Turbidez remanescente ou cor aparente remanescente em função da dosagem de coagulante-água tipo A, ETA-Morrinhos. 25 Turbidez (ut) ou Cor aparente(uh) remanescente 2 15 1 5 Turb/Cloreto Tur/sulfato Cor apar/cloreto Cor apar/sulfato Vs = 3,5 cm/min 3 4 5 6 7 8 1 12 14 16 18 2 Dosagem de coagulante (mg/l) 22 24 26 28 3 Figura 2: Turbidez ou cor aparente remanescente em função da dosagem de coagulante-água tipo B, ETA-Morrinhos. 1 Turbidez(uT) ou Cor aparente(uh) remanescente 9 8 7 6 5 4 3 2 1 Turb/cloreto Turb/sulfato Cor apar/cloreto Cor apar/sulfato Vs =3,5 cm/min 15 16 17 18 19 2 21 22 23 24 25 28 3 31 34 35 37 4 Dosagem de coagulante (mg/l) Através das figura 1 e 2 fica claro que a eficiência de remoção com a utilização do cloreto férrico é maior do que a de sulfato de alumínio para ambas as águas. Em relação aos ensaios da serie 2, constatou-se que os resultados obtidos, com qualquer um dos amidos, em conjunto com cada coagulante nas velocidades de sedimentação investigadas, eram bem parecidos entre si, apresentando assim a mesma eficiência. Verificou-se também que a dosagem mais econômica dos amidos ficou em torno de 1 mg/l. A associação do coagulante mais eficiente (cloreto férrico) a qualquer amido como auxiliar aumentou a eficiência de remoção para velocidades de sedimentação maiores. Nos ensaios de laboratório ficou constatado que a utilização conjunta de amido e cloreto férrico pode permitir um aumento na taxa de escoamento superficial dos decantadores. Porém a utilização do amido na ETA-Morrinhos não pareceu prioritária devido aos bons resultados conseguidos apenas com o cloreto férrico. 2 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 435

A utilização dos amidos, em conjunto com o sulfato de alumínio, não apresentou a mesma eficiência de remoção, obtida com a utilização dos mesmos com o cloreto férrico. Nos ensaios da série 3 foi constatado que o tempo de floculação poderia ser reduzido em até 15 minutos. Os gradientes de velocidade foram mantidos fixos uma vez que um dos floculadores existente era do tipo hidráulico. SEGUNDA ETAPA: APLICAÇÃO NA ESTAÇÃO Os resultados obtidos, em laboratório, permitiram concluir que coagulantes e polímeros, adequadamente aplicados, poderiam levar a resultados melhores na qualidade de água tratada, se comparados ao uso apenas de sulfato de alumínio, produto normalmente aplicado na estação. Dessa forma, testou-se os melhores resultados, obtidos em laboratório procurando assim aplicar, dentro do possível, as condições favoráveis estudadas em laboratório. Através dos resultados obtidos com o cloreto férrico com ou sem polímeros na primeira etapa concluiu-se que esses produziram efeitos melhores de qualidade de água tratada se comparados ao uso apenas de sulfato de alumínio. Testou-se, então, o cloreto férrico e o amido na estação, tentando simular, dentro do possível, as condições favoráveis estudadas em laboratório. Durante o período de teste, o controle diário de laboratório informou que a qualidade da água bruta assemelhava-se ao da água típica de períodos mais secos (turbidez de 6 ut, cor aparente de 12,5 uh, ph = 8, e alcalinidade total de 184 mg/l de Ca CO 3 ). Otimizou-se em jar test a dosagem de cloreto férrico levando-se em conta os estudos realizados anteriormente em laboratório. Preparou-se o polímero natural (amido de mandioca) a frio utilizando-se soda cáustica na concentração de,3 %, aproximadamente. Utilizou-se um tanque improvisado para preparar e reservar a solução de cloreto férrico. A vazão da estação durante os testes era de aproximadamente 258 l/s. Os testes na estação tiveram a duração de aproximadamente 12 horas e, nesse período, foram medidos de hora em hora, a turbidez, a cor aparente e o ph da água bruta decantada e filtrada. Durante um período de quatro horas aplicou-se também o amido de mandioca em conjunto com o cloreto férrico. RESULTADOS DA SEGUNDA ETAPA Na tabela 3 estão contidas informações sobre os testes na estação. A aplicação dos coagulantes, amido de mandioca como auxiliar de floculação. Nessa tabela notar-se que com o cloreto férrico pode-se obter maior eficiência em dosagem mais econômica que a do sulfato de alumínio. 2 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 436

Tabela 3: Resultados obtidos na ETA-Morrinhos, em Montes Claros. REGISTROS DE QUALIDADE DA ÁGUA EM 2 DE JULHO DE 1993 Água bruta Água decantada Água filtrada Hora vazão coag.primário (L/s) turb. cor ph turb cor ph turb. cor ap (mg/l) 8 (a) 9 258 258 5, 5, 12,5 12,5 7,9 7,9 4,1 3,9 12,5 12,5 7,9 7,9 1,5 1,6 1, 1, Al 2 SO 4 =14 Al 2 SO 4 =14 1 258 5, 12,5 7,9 3,6 12,5 7,9 1,5 1, Al 2 SO 4 =14 11 (b) 258 5, 12,5 8, 4, 12,5 7,9 1,4 1, Fe Cl 3 =1 12 258 6, 12,5 8, 3,7 12,5 7,9 1,3 1, Fe Cl 3 =1 13 258 6, 12,5 8, 2,9 12,5 7,9,9 5, Fe Cl 3 =1 14 258 6, 12,5 8, 2,5 12,5 8,,45 5, Fe Cl 3 =1 15 26 6, 12,5 8, 1,8 12,5 8,,35 2,5 Fe Cl 3 =1 16 (c) 26 6, 12,5 8, 1,3 1, 8,,35 2,5 Fe Cl 3 =1 17 26 6, 12,5 7,9 1,1 1, 8,,35 2,5 Fe Cl 3 =1 18 26 7, 12,5 7,9 1, 1, 8,,35 2,5 Fe Cl 3 =1 19 (d) 26 7, 12,5 7,9,9 1, 8,,35 2,5 Fe Cl 3 =1 2 (e) 26 7, 12,5 7,9,8 1, 8,,4 2,5 Fe Cl 3 =1 21 26 6, 12,5 7,9,7 1, 7,9,4 2,5 Fe Cl 3 =1 22 26 6, 12,5 7,9,8 1, 7,9,35 2,5 Fe Cl 3 =1 23 26 6, 12,5 7,9,7 1, 7,9,35 2,5 Fe Cl 3 =1 REGISTROS DE QUALIDADE DA ÁGUA EM 21 DE JULHO DE 1993 1 26 26 6, 6, 12,5 12,5 8, 8,,8 1, 1, 1, 7,9 7,9,35,45 2,5 2,5 Fe Cl 3 =1 Fe Cl 3 =1 2 26 6, 12,5 8, 1, 1, 8,,4 2,5 Fe Cl 3 =1 3 (f) 26 6, 12,5 8,,9 1, 8,,4 2,5 Fe Cl 3 =1 4 26 6, 12,5 8, 1, 1, 8,,54 2,5 Fe Cl 3 =1 5 26 6, 12,5 8, 1,2 1, 8,,45 2,5 Fe Cl 3 =1 6 258 6, 12,5 8, 1,5 12,5 8,,6 5, Al 2 SO 4 =14 7 258 6, 12,5 7,9 2,5 12,5 8,,8 7,5 Al 2 SO 4 =14 8 258 6, 12,5 7,9 3,6 12,5 8, 1,2 1, Al 2 SO 4 =14 Observações: Início do teste, aplicação de sulfato de alumínio Início da aplicação do cloreto férrico Aplicação conjunta do cloreto férrico e amido. Interrupção da aplicação de amido. Aplicação apenas do cloreto férrico. Retorno da aplicação de sulfato de alumínio 2 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 437

As figuras 3 e 4 auxiliam o entendimento da tabela 3. Figura 3: Turbidez em função do tempo durante teste na ETA-Morrinhos. 7 6 Turbidez (ut) 5 4 3 2 água bruta água decantada água tratada 1 8 1 12 14 16 18 2 22 2 4 6 8 Tempo (h) Figura 4: Cor aparente em função do tempo ETA-Morrinhos. 14 12 Cor aparente (uh) 1 8 6 4 água bruta água decantada água filtrada 2 8 1 12 14 16 18 2 22 2 4 6 8 Tempo (h) 2 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 438

CONCLUSÕES Com base no trabalho realizado, concluiu-se que: Na ETA Morrinhos, o cloreto férrico pode ser mais eficiente do que o sulfato de alumínio devido aos elevados valores de alcalinidade e ph; A dosagem mais apropriada de cloreto férrico é 1,4 vezes menor do que a de sulfato de alumínio, quando a água possui turbidez baixa (água tipo A), o que é mais comum na maior parte do ano, na estação; É possível melhorar a qualidade de água tratada tanto para a vazão de 258 L/s utilizando o cloreto férrico como coagulante primário, fazendo-se pequenas adequações na ETA; Em relação ao amido, concluiu-se que são bons os resultados de laboratório e de teste na ETA, no que diz respeito à qualidade da água decantada, porém no caso específico dessa estação sua utilização não foi considerada prioritária, uma vez que os resultados obtidos com o cloreto férrico atingiu os objetivos desejados. Os custos das adaptações feitas para que a ETA trabalhe com o cloreto férrico foram pequenos se comparados ao preço da construção de novas unidades de decantação e floculação. Na época em que foram realizados os estudos a prioridade básica era a melhoria da qualidade da água e não o aumento da capacidade da estação. Atualmente, a estação encontra-se trabalhando com o cloreto férrico tratando, surpreendentemente, a vazão de 28 L/s, ou seja, 22 L/s a mais do que trabalhava antes, mantendo a qualidade da água conforme os padrões exigidos pela Portaria 36/GM, de 199. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. COSTA, E. R. H. Estudo de Polímeros Naturais como Auxiliares de Floculação com Base no Diagrama de Coagulação do Sulfato de Alumínio. São Carlos. 1992. Dissertação de Mestrado. Escola de Engenharia de São Carlos-Universidade de São Paulo 1992. 2. COSTA, E. R. H. Metodologia para o uso combinado de polímeros naturais como auxiliares de coagulação. XVII CONGRESSO DE ENGENHARIA SANITÁRIA. 1993. Anais. Natal RN,1993. 3. COSTA, E. R. H. Aumento da capacidade de estações de tratamento de água através da seleção de coagulantes e auxiliares de floculação especiais, XVIII CONGRESSO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL 1995. Anais. Salvador BA, 1995. 4. DI BERNARDO, L. Métodos e Técnicas de tratamento de Água - V. I e II. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental. Rio de Janeiro, Brasil, 1993. 5. DI BERNARDO, L. Comparação da Eficiência da Coagulação com Sulfato de Alumínio e com Cloreto Férrico - Estudo de Caso - VI SIMPÓSIO LUSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL. 1994. Anais. Florianópolis, 1994. 6. DI BERNARDO, L, Comunicação pessoal sobre Técnicas de Tratabilidade, 1993/1995. 2 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 439