RELATÓRIO PARA AUXÍLIO DE PARTICIPAÇÃO EM EVENTO Projeto Agrisus N o : 1946/16 Nome do Evento: XX Reunião Brasileira de Manejo e Conservação do Solo e da Água. Interessado: Glassys Louise de Souza Cortez Freitas Instituição: Universidade Estadual de Londrina UEL Local do Evento: Hotel Golden Park Internacional Foz do Iguaçu - PR Valor financiado pela Fundação Agrisus: R$ 1210,00 (hum mil e duzentos e dez reais) Vigência: 05/10/16 a 24/11/16 RESUMO DA PARTICIPAÇÃO: A XX Reunião Brasileira de Manejo e Conservação de Solo e de Água (RBMCSA) realizado no Golden Park Internacional de Foz do Iguaçu PR no período de 20 a 24 de novembro de 2016. O tema central da RBMCSA foi: "O solo sob ameaça: conexões necessárias ao manejo e conservação do solo e da água!". E teve como premissa a mobilização da sociedade para com a importância das práticas conservacionistas voltadas a evitar a degradação dos solos, bem como sua exploração de forma sustentável. Isto tem sido realizado desde o ano passado em que comemorou o ano Internacional dos Solos. Uma vez que o solo é o componente básico da produção, neste sentido, a XX RBMCSA proporcionou discussão dos problemas, bem como apontou caminhos para mitigar e solucionar tecnicamente os problemas e ainda apresentou inovações na área de solos. Neste contexto, foram apresentadas diversas palestras e mesas redondas voltadas às experiências das práticas conservacionistas de manejo de solo e água. Agradeço a Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz FEALQ juntamente com a AGRISUS pela oportunidade de agregar e renovar o conhecimento durante a participação do evento, bem como pela possibilidade de apresentar o resumo que faz parte dos trabalhos desenvolvidos na pós-graduação da Universidade Estadual de Londrina UEL. RELATÓRIO 1. INTRODUÇÃO A conservação do solo e da água necessita de uma rede de conexões entre atores e componentes específicos, bem como a interação entre fatores para assegurar que a sustentabilidade seja alcançada. Desta forma, precisa-se de investimentos no ensino, extensão e pesquisa para difundir o conhecimento e as tecnologias inovadoras descobertas na pesquisa. Práticas conservacionistas de solo devem ser estimuladas para assegurar a sustentabilidade da produção agrícola. A Reunião Brasileira de Manejo e Conservação do Solo e da Água - RBMCSA é um evento técnico científico e de inovação tecnológica, promovido pela SBCS em parceria com os núcleos regionais e instituições parceiras. O obje-
tivo da reunião foi promover sistemas sustentáveis de uso dos recursos solo e água para todos os biomas brasileiros. O evento foi voltado aos pesquisadores, professores, graduandos e pós- graduandos, bem como profissionais e representantes de empresas e da administração pública. Portanto, este será um evento de grande impacto científico e de inovação, oferecendo oportunidade para o público brasileiro, bem como de outros países da América Latina, de participar em um evento de alto nível com os maiores especialistas nos temas abordados. Neste contexto, foi de suma importância à realização do evento a fim de incentivar os produtores rurais inovadores, pesquisadores, técnicos de campo e acadêmicos da graduação e pós-graduação em reforçar os conceitos e técnicas, e ainda apresentar e discutir novas informações técnicas que possibilitem a consolidação do SPD como tecnologia de extrema importância para a sustentabilidade agropecuária. 2. PROGRAMA DO EVENTO A programação do evento foi diretamente relacionada aos objetivos da Fundação Agrisus, uma vez que foram abordados temas referentes às práticas de manejo e conservação de solo e de água. Foram 4 dias de intensos debates com a realização de quatro palestras em sessão plenária única e quatorze painéis de discussão técnica com duas ou três contribuições técnicas em cada, possibilitando assim a discussão e a apropriação de extenso conteúdo técnico. Destaca-se a forma como os temas foram abordados na divisão em painéis específicos para cada grande área voltada ao manejo e conservação do solo e da água. Além das palestras e painéis, houve a apresentação de trabalhos científicos na forma oral ou de pôsteres ligadas ao manejo e conservação do solo. Cabe destacar a realização de minicursos e excursões técnicas a campo, possibilitando assim a visualização da prática em si. O evento reunião mais de 800 participantes entre professores, pesquisadores e extensionistas, profissionais da iniciativa privada, estudantes de graduação, pósgraduação e agricultores e apresentação de mais de 300 trabalhos científicos. Novas experiências foram apresentadas durante as sessões, bem como inovações e legislações que promovam a preservação do solo e da água, contudo, é de suma importância a agricultura cada vez mais competitiva no mercado internacional, e principalmente 2
com vistas a aumentar a produtividade, mas com o cuidado intrínseco nas práticas conservacionistas do solo e da água. Destaca-se que o evento não se voltou somente ao Estado do Paraná, mas também aos biomas do cerrado, da caatinga, da floresta amazônica e do sul do País, levando-se em conta as diferenças locais de solo, bacias, climas e culturas. Um dos pontos chaves da RBMCSA foi a integração dos órgãos públicos de fiscalização, secretarias de agricultura e Ministério da Agricultura, uma vez que sem a participação efetiva de todos os fatores envolvidos será impossível alcançar a sustentabilidade da produção agrícola, bem como a conservação do solo e da água. 3. RESUMO DO TRABALHO APRESENTADO Segue abaixo o resumo enviado ao evento apresentado no formato de banner. Cabe ressaltar que a importância do resumo enviado é diretamente relacionada a valorizar a importância de práticas conservacionistas e do manejo da fertilidade e do solo de maneira sustentável. Espera-se que ocorra maior preocupação com a física do solo, uma vez que o manejo químico realizado de maneira inadequada interfere diretamente nas propriedades do solo com resultados negativos na produtividade das culturas, bem como em danos ambientais, pois a dispersão de argila auxilia os processos erosivos e ocasionam perdas de solo e de nutrientes. DISPERSÃO DE ARGILA DE LATOSSOLO EM DIFERENTES SISTEMAS DE MANEJO DE SOLO E DE CULTURAS Glassys Louise de Souza Cortez 1, Alex Figueiredo 2, Jean Carlo Santos de Oliveira 2, Maria de Fátima Guimarães 3, José Francirlei de Oliveira 4 1 Bolsista da CAPES, doutoranda em Agronomia pela Universidade Estadual de Londrina. 2 Pós-graduandos em Agronomia pela Universidade Estadual de Londrina. 3 Docente da Universidade Estadual de Londrina. 4 Pesquisador do Instituto Agrônomico do Paraná - IAPAR PR. E-mai: glassyscortez@yahoo.com.br, alexkdn@hotmail.com, jeancarlo_agro@hotmail.com, jfoliveira79@iapar.br. INTRODUÇÃO Modificações antrópicas do solo podem melhorar seus atributos ou acelerar sua degradação, dependendo de fatores como o tipo do solo, espécie vegetal, sistema de manejo utilizado e do tempo de exploração agrícola tornando necessário o conhecimento das alterações oriundas de seu uso. O sistema de plantio direto é considerado uma das principais alternativas para o manejo sustentável do solo. Em que os benefícios podem 3
ser potencializados com o uso de rotação de cultura. Em contrapartida, o revolvimento intensivo do solo tende a reduzir a cobertura do solo, teor de carbono orgânico das camadas superficiais e o diâmetro dos agregados. No entanto, considerando a complexidade envolvida no processo de dispersão que as alterações dos atributos eletroquímicos em associação com o carbono orgânico ocorrem principalmente nas camadas superficiais e que a inversão do potencial elétrico do solo pode ocorrer com facilidade quando o teor de carbono é reduzido pelo manejo, a dispersão de argila em diferentes sistemas de manejo do solo e de culturas deve ser constantemente monitorada e os processos envolvidos devem ser melhor entendidos. O objetivo do trabalho foi avaliar, após 24 anos, o grau de dispersão de argila de um Latossolo em diferentes sistemas de manejo do solo e de culturas. O experimento foi instalado na safra 1988/1989, na estação experimental da Embrapa soja, localizada no município de Londrina- PR. O experimento foi instalado em um Latossolo Vermelho distroférrico com 76% de argila, 17 % de silte e 7% de areia. O estudo comparou os efeitos de quatro sistemas de manejo de solo: Plantio Direto Continuo (PDC), onde a semeadura é realizada sobre os resíduos da cultura anterior; Plantio Direto Escarificado (PDE) com escarificação a cada 3 anos no inverno; Arado de disco (AD) com profundidade média de 0,20 m e Grade pesada (GP) atuando a uma profundidade média de 0,15 m seguida de uma gradagem leve a 0,08 m de profundidade. As amostras de solo foram coletadas, no ano agrícola de 2012/2013 depois da colheita da soja, após 24 anos de início do experimento. Foram coletadas na camada 0,00-010, secas ao ar e peneiradas (2 mm) para a realização das análises químicas e físicas de acordo com as metodologias descritas por Pavan et al. (1992) e Claessen (1997), respectivamente. Foram determinados: acidez potencial (H+Al 3+ ) por SMP; Ca 2+ e Mg 2+ extraídos por KCl (1N) e titulados por EDTA; K + por extração Melhich-1 e leitura em fotômetro de chama; carbono orgânico foi determinado por Walkley-Black; ph-h 2 O e o ph-kcl (1N) para o cálculo do ph = (phh 2 O phkcl (1N)), também sendo realizado o cálculo da capacidade de troca de cátions (CTC). A granulometria e o grau de dispersão (GD) foram determinados pelo método da pipeta. Depois de determinar homogeneidade de variância e normalidade dos resíduos, os dados foram submetidos a uma análise fatorial (4 sistemas de manejo x 2 sistemas de culturas) e teste LSD (least significant difference) foi aplicado com 5% de significância, para observar as diferenças entre as médias dos tratamentos em relação ao GD e atributos químicos. Foi realizada análise de regressão múltipla entre os atributos químicos (H+Al 3+, Ca 2+ e K +, CO e CTC), utilizando-se o método de Stepwise, com o objetivo de 4
identificar aqueles que efetivamente influenciaram o GD do solo. Na análise fatorial dos sistemas de culturas (rotação e sucessão), manejo do solo (GP, AD, PDE e PDC) e na interação de ambos, para a profundidade 0,00-0,10 m, o GD foi influenciado apenas pelos diferentes manejos do solo e não foi observada diferença estatística em função do manejo de culturas e na interação sistema de cultura x manejo. Dentre os sistemas de manejo, o PDC apresentou o maior GD, em relação aos sistemas com algum tipo de revolvimento do solo (PDE, AD e GP), que foram semelhantes entre si. Após 24 anos de manejo, houve aumento significativo (p<0,05) dos atributos químicos na seguinte ordem: teores de CO e Ca 2+, PDC>PDE=GP=AD; CTC, PDC PDE=GP=AD; e redução significativa (p<0,05) dos teores de H+Al 3+ na seguinte ordem GP=PDE AD PDC. No PDC os teores de CO e Ca 2+ foram de 16,6 g kg -1 e 5,36 cmol c dm -3 enquanto que nos outros sistemas, os teores desses atributos não foram superiores a 12 g kg -1 e 4,15 cmol c dm -3. A CTC diminuiu com o aumento do revolvimento do solo, cujos valores foram de 13,09 e 12,28 cmol c dm -3 para o PDC e PDE e inferiores a 11,52 cmol c dm -3 nos sistemas com maior intensidade de revolvimento do solo (GP e AD). Em contrapartida, o PDE e GP apresentaram os maiores teores de H+Al 3+, com valores de 5,58 e 5,46 cmol c dm -3 respectivamente, e o AD e PDC os menores, com 4,87 e 4,22 cmol c dm -3. O aumento do GD no PDC pode ter sido influenciado pelo aumento dos teores de CO, Ca 2+ e CTC e redução dos teores de H+Al 3+ nesse sistema. Na busca de identificar os atributos químicos (CO, Ca 2+, CTC, K + e H+Al 3+ ) que alteraram efetivamente o GD em relação aos diferentes manejos de solo, observou-se que a redução do teor de H+Al 3+ aumenta o GD do solo, conforme a equação: GD=120,259-7,703 (H+Al 3+ ), com R 2 = 0,55 (p<0.01) A influência dos teores de H+Al 3+ reduzindo GD, se deve ao fato desses cátions serem considerados íons com alto poder floculante, pois o Al 3+ e o H + apresentam raio iônico pequeno, com baixa densidade de carga em relação aos outros cátions presentes no solo e uma carga líquida menor, proporcionando a aproximação da dupla camada difusa e resultando em maior atração das partículas (Meurer, 2006). Esses resultados sugerem que o aumento dos teores de cálcio e da capacidade de troca de cátions do solo e o aporte de carbono orgânico no PDC tiveram um efeito indireto no GD do solo, por meio da neutralização do alumínio (com redução da acidez potencial) e redução do seu potencial de floculação. Quanto ao aporte de carbono no PDC, Nguyen et al. (2013) observaram que ânions orgânicos adicionados em argila, diminuíram o potencial zeta dessas argilas e facilitaram 5
assim sua dispersão e, considerando o caráter anfótero da matéria orgânica, Benites e Mendonça (1998) observaram que a adição de material orgânico no solo, pode ter respostas diferentes em relação a dispersão de argila, no qual o aumento de doses de esterco de bovino fresco mudou o potencial elétrico superficial da partícula, favorecendo a dispersão da argila. Após 24 anos, o grau de dispersão de argila foi influenciado principalmente pelos diferentes manejos do solo, com pouco efeito do uso de rotação de culturas. Nesse sentido, o aumento do teor de carbono e de cátions promovido pelo não revolvimento e cobertura do solo no sistema de plantio direto aumentou o teor de argila dispersa na camada 0,00-0,10 m após 24 anos de manejo, em relação aos sistemas com maior revolvimento do solo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Benites VM, Mendonça ES. Propriedades eletroquímicas de um solo eletropositivo influenciadas pela adição de diferentes fontes de matéria orgânica. Rev Bras Cienc Solo. 1998: 22:215-221. Claessen MEC. (Org.) Serviço nacional de levantamento e conservação de solos. Manual de métodos de análise de solos. 2ed. Rio de Janeiro; 1997. Meurer, E. J. Fundamentos de química do solo. Evangraf. 3.ed, Porto Alegre, p. 285, 2006. Nguyen MN, Dultz S, Tran TTT, Bui ATK. Effect of anions on dispersion of a kaolinitic soil clay: a combined study of dynamic light scattering and test tube experiments.geoderma.2013;209:209-213. Pavan MA, Bloch MDM, Zemoulski HC, Miyazawa M, Zocoler DC. Manual de análises químicas de solo e controle de qualidade. (IAPAR, Circular Técnica, 76),40p. Londrina, IAPAR, 1992. Órgão Financiador: CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Apoio Financeiro: Fundação AGRISUS Agricultura Sustentável 6
Figura 1. Banner apresentado e imagens das palestras na XX RBMCSA Foz do Iguaçu/PR Novembro/2016. 4. CONCLUSÕES A XX RBMCSA superou as expectativas em função dos temas abordados e principalmente pela apresentação de novas experiências voltadas ao manejo e conservação do solo e da água. Cabe destacar a importância de difundir novas tecnologias e sistemas de produção para superar os desafios existentes atualmente como a degradação dos solos. Para isso deve-se conhecer de maneira holística as 7
causas de degradação dos solos e buscar formas alternativas para conservar o solo. Uma vez que o solo é um sistema complexo que alterações nas propriedades físicas, químicas e biológicas oriundas do manejo inadequado do solo promovem prejuízos econômicos e ambientais. A participação no evento possibilitou agregar e atualizar os conhecimentos, bem como realizar a troca de saberes com diferentes profissionais e ainda de divulgar o um dos trabalhos desenvolvidos na Universidade Estadual de Londrina voltado ao manejo e conservação do solo e da água. 5. DEMOSTRAÇÃO FINANCEIRA DOS RECURSOS DA FUNDAÇÃO AGRISUS Descrição das despesas Valor (R$) Inscrição evento 360,00 Transporte de Londrina Foz do Iguaçu - (valor referente a 1/3 da nota) 130,30 Confecção banner resumo 50,00 Despesas com alimentação 427,05 Hospedagem - (valor referente a 1/3 da nota) 297,67 Total 1264,02 6. DATA E NOME DO PARTICIPANTE. Londrina/PR, 30 de novembro de 2016. Glassys Louise de Souza Cortez Freitas Coordenadora do projeto 8