Chanucá O milagre da Luz Um grande milagre aconteceu lá
Chanucá Diferentemente da maioria dos chaguím, Chanucá não é mencionada na Torá ou no Tanach. A celebração da vitória milagrosa dos poucos macabeus contra os inúmeros selêucidas helenistas, e da retomada do Templo de Jerusalém estão descritas nos registros conhecidos como Macabeus I e II, livros mais tarde conhecidos como Apócrifos. Esses dois livros em específico não entraram no cânone judaico e, por isso, não estão no Tanach, por terem sido escritos originalmente em grego, não em hebraico. O chag, que dura oito dias, e durante os quais acendemos as velas da chanukiá, é muito conhecido por ser alegre, leve, com comidas gostosas, feitas no óleo para representar o milagre do azeite, como os sufganiót (sonhos), pelo sevivón (pião com as inicias (Nun), (Guímel), (Hei), (Shin), que juntas formam o acrônimo para (Nês Gadól Haiá Shám um grande milagre aconteceu lá ) e músicas divertidas para ensinar as crianças, e assim entretê-las por uma hora, período em que se deve cumprir o chag, sem fazer trabalhos. Uma festa de contradições, a busca pelo equilíbrio Baruch sheassá nissím laavotênu baiamím hahém bazmán hazé, Abençoado seja Deus que fez milagres aos nossos antepassados naqueles dias, nesta época. A brachá do acendimento das velas de Chanucá traz uma contradição. Afinal de contas: é naqueles dias ou nesta época? A festa de Chanucá parece nos colocar, sistematicamente, diante de opostos para que nós busquemos o equilíbrio. A própria luz traz uma interessante contradição. Quando não existe claridade alguma, ficamos perdidos. Ao mesmo tempo, quando somos expostos à luz excessiva, também ficamos cegos. O termo aramaico para cego é saguê nahór, ou demasiadamente iluminado. A luz excessiva traz tantos danos quanto a ausência absoluta de luz. Nosso desafio é buscar uma iluminação que seja forte, por um lado, mas que não ofusque nossa visão por outro. O principal desafio de Chanucá é buscar equilíbrio em um mundo complexo. Conciliar passado e presente, individualismo e universalismo, escuridão e luz em excesso, identidade e isolamento.
O milagre de Chanucá A vitória dos macabeus sobre os helenistas e o milagre do azeite que durou mais sete dias são os principais motivos para a celebração de Chanucá, mas, embora o livro dos Macabeus fale com detalhes sobre as batalhas, ele não faz qualquer menção à história do frasco de azeite que inesperadamente durou oito dias. Então qual o milagre de Chanucá? Acredita-se que o milagre foi a fé dos macabeus em lutar por sua identidade e seu judaísmo, mesmo parecendo não haver mais recursos para vencer. A crença em Deus é importante. Devemos ter esperança mesmo quando as condições físicas e materiais são extremamente adversas. O judaísmo nos convida a ter fé sempre. Ao mesmo tempo, o milagre do azeite nunca teria ocorrido se não fosse a coragem de Matitiáhu e seus filhos. Caso não tivesse Iehudá hamacabí liderado uma revolta a favor da nossa liberdade religiosa, não teria acontecido milagre algum. O milagre é uma parceria entre Deus e o homem. O milagre, na perspectiva judaica, é a responsabilidade que delegamos a Deus depois de realizarmos absolutamente tudo que se encontra ao nosso alcance. É por esse motivo que comemoramos Chanucá por oito dias, mesmo sabendo que o azeite durou milagrosamente por outros sete: o oitavo dia representa a participação do homem no milagre de Deus. Pirsumê Nissá Divulgação do Milagre A mitsvá de Chanucá consiste em acender a chanukiá para divulgar o milagre. Divulgar o milagre é tão importante que discussões talmúdicas afirmam que se a família não possui renda suficiente para comprar as velas de Chanucá e o Kidush do Shabat, a preferência deve ser para as velas. Tamanha importância é justificada como uma forma de reafirmar nossa recusa em aceitar a assimilação e um protesto contra a intolerância. Temos a obrigação de propagar a luz para além dos nossos lares. Devemos fortalecer nossa especificidade judaica para sermos melhores cidadãos no mundo. Mais uma vez vemos a busca do equilíbrio entre aquilo que nos é privado e nossa responsabilidade universal. Podemos cumprir a mitsvá colocando-a na janela de casa. Em Israel costumam colocar cúpulas acrílicas para que o vento não apague as velas. Em SP e NY são expostas chanukiót em locais públicos. Hoje em dia é possível expandir ainda mais a mitsvá e divulgar para pessoas que nem mesmo imaginamos, ao colocarmos as chanukiot também nas redes sociais.
Chanucá a festa das luzes Quantas velas deve ter uma chanukiá? Ao total são 9. O Shamash, responsável por acender todas as 8 velas, que representam o milagre do azeite. O fogo de chanucá não deve ser usado para nenhuma outra atividade, nem mesmo acender outra vela da chanukiá, por isso existe o Shamash. Qual a ordem certa para acendar as velas? Sempre colocamos a vela da direita para a esquerda, porém a primeira vela a ser acesa é a da esquerda. 1 1 2 3 4 5 Qual o motivo dessa ordem? De acordo com o Talmud, houve uma discussão sobre o assunto entre Hilêl e Shamai. Segundo Shamai, deveria se acender 8 velas no primeiro dia, 7 no segundo, 6 no terceiro, e assim consecutivamente, até se acabarem as velas, isso porque, segundo ele, o azeite diminuia a cada dia. Para Hilêl deveria se acender uma vela a mais a cada dia, assim no primeiro dia 1 vela, no segundo 2, no terceiro 3, e assim por diante. Para ele a fé do povo aumentava a cada dia. Já sabemos quem ganhou. É verdade que o chag se fortaleceu a partir do sionismo? Com a ascensão do sionismo, Chanucá ganhou nova força e significado, porque os chalutzim (pioneiros) em Israel viram-se como uma minoria lutando contra exércitos organizados, da mesma forma que os Macabeus, milhares de anos antes, exatamente no mesmo lugar. A mensagem de liberdade do chag se conectou com a realidade dos primeiros sionistas, vindos de uma Europa opressiva, que não aceitava sua identidade, religião e forma de expressão, dialogando, assim, com a história judaica. Por que comemos alimentos fritos? O óleo é um dos símbolos desta festa. Ao colocarmos azeite em um copo com água eles não se misturam. Apenas uma fina camada do azeite entra em contato com a água, assim como o desafio da sobrevivência judaica. Se nos misturarmos totalmente perdemos nossa identidade própria. Ao mesmo tempo, se ignoramos o mundo que nos cerca, perdemos a oportunidade de nos enriquecer com aquilo que é diferente e deixamos de cumprir nossa missão de tornar o mundo mais humano. Para celebrar Chanucá na sua casa é simples: 1º acenda o Shamash e faça a seguinte brachá: Baruch Atá Adonai, Elohênu Mélech haolám, ashér kideshánu bemitsvotáv vetsivánu lehadlíc ner shel chanucá. Bendito é o Eterno, nosso Deus, Rei do Universo, que nos santificou com Suas mitsvót, e nos ordenou a acender as velas de chanucá. Baruch Atá Adonai, Elohênu Mélech haolám, sheassá nissím laavotênu baiamím hahém, bazmán hazé. Bendito é o Eterno, nosso Deus, Rei do Universo, que fez milagres para nossos antepassados, naqueles dias, nesta época do ano. Baruch Atá Adonai, Elohênu Mélech haolám, shehecheiánu, vekiemánu, vehiguiánu lazemán hazé. Bendito é o Eterno, nosso Deus, Rei do Universo, que nos deu vida e nos manteve vivos, fazendo com que chegássemos até este momento. Hanerót halálu ánu madlikím al hanissím veál haniflaót veál hateshuót veál hamilchamót sheassíta laavotênu baiamím hahém bazemán hazé, al iedê cohanêcha hakedoshím. Vechól shemonát iemê chanucá hanerót halálu códesh hem, veêin lánu reshút lehishtamêsh bahém, ela lirotám bilevád, kedê lehodót ulehalêl leshimchá hagadól al nissêcha veál nifleotêcha veál ieshuatêcha. Nós acendemos estas velas pelos milagres e pelas maravilhas que o Eterno fez, pelas salvações que Ele nos proporcionou e pelas batalhas que Ele enfrentou por nossos antepassados, por intermédio de Seus cohaním. E em cada um dos oito dias de chanucá estas velas são sagradas, e delas não devemos tirar proveito algum, devendo apenas contemplá-las e admirá-las, a fim de agradecer e louvar o Grande Nome do Eterno, por Seus milagres, maravilhas e por Sua salvação. No final não deixe de divulgar sua chanukiá.
Pelos milagres de ontem e de hoje Chanucá nos traz reflexões interessantes relacionadas à identidade, incluindo aquela sobre por quais disputas estamos dispostos a lutar. As batalhas contra os helenistas selêucidas não foram travadas por territórios ou recursos, mas por liberdade, pelo direito de praticar a sua religião. Será possível desenvolver uma sociedade onde particularismo e universalismo convivam mutuamente, sem oferecer a ninguém a sensação de estar ameaçado por seu individualismo ser mal aceito pelos demais? Será que hoje agimos como os helenistas da época, intolerantes ao diferente? Sendo um povo com a nossa história, conhecemos a difi culdade de ser uma minoria diferente, e sabemos que lutar sozinho pode ser difícil e pode acarretar grandes perdas. Por isso devemos apoiar outras minorias que sofrem constantemente. A CIP atua de forma signifi cativa na luta pelos direitos humanos através da promoção de campanhas de tsedacá e do apoio a ações sociais e a instituições que as promovem, como a Bnai-Brith. Criada há 170 anos e presente em mais de 50 países, a Bnai- Brith promove ações a favor da cultura de paz e do diálogo interreligioso, e desenvolve programas educacionais, valorizando a liberdade e a democracia. Para conhecer mais a instituição e apoiá-la na construção de um mundo melhor, acesse www.bnai-brith.org.br.