LAVAGEM DE DINHEIRO: LEGISLAÇÃO BRASILEIRA



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Transcrição:

LAVAGEM DE DINHEIRO: LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

Capa: Edna Heringer Mendonça - SERPRO Revisão de Texto: COAF e FEBRABAN. Brasil. [Lavagem de dinheiro] Lavagem de dinheiro: legislação brasileira / [organizado por] Conselho de Controle de Atividades Financeiras, Federação Brasileira de Bancos. 2ª ed. rev. - Brasília: COAF; São Paulo: FEBRABAN, 2005. Patrocínio: CNF(Confederação Nacional das Instituições Financeiras) e FEBRABAN (Federação Brasileira de Bancos). 1. Lavagem de dinheiro I. Conselho de Controle de Atividades Financeiras II. Federação Brasileira de Bancos III. Confederação Brasileira das Instituições Financeiras IV.Título CDD - 345.0268 Todos os direitos reservados. Este livro não pode ser reproduzido no seu todo ou emparte e de qualquer forma sem expressa permissão do editor. Exemplares adicionais poderão ser adquiridos pelo telefone (11) 3244.9920 ou pelo site www.febraban.org.br.

APRESENTAÇÃO A lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores constitui uma ameaça aos Estados pelos eventuais efeitos macroeconômicos que pode causar, com a súbita migração de capitais, e também por nutrir o submundo que, pelo crime, corrói e desmoraliza as instituições democráticas. O combate a esses crimes, que tem provocado um enorme esforço internacional de cooperação, ganhou relevância nos últimos anos como ferramenta importante na luta não só contra a corrupção e o crime organizado, que tanto atormentam ao País, mas também contra o terrorismo, cujas violentas ações ainda estão vivas na memória de todos. A Lei 9.613, de 3 de março de 1998, definiu o arcabouço legal para esse combate e os mecanismos de proteção da economia brasileira, em especial do sistema financeiro, e criou o Coaf - Conselho de Controle de Atividades Financeiras. Com sete anos vigência, a Lei 9.613/98 incorpora institutos jurídicos modernos, como a delação premiada e a inversão do ônus da prova.a responsabilidade social das empresas está refletida na importante participação do setor privado na sua implementação. Certamente a Lei ainda será objeto de diversas alterações, especialmente para incorporar as experiências brasileira e internacional no combates àqueles crimes, mas sua estrutura básica, concebida com competência e inspiração, permanece atual e reflete a capacidade dos que a elaboraram e aprovaram. Esses sete anos também testemunharam a consolidação do Coaf, unidade de inteligência financeira brasileira. O Coaf hoje está estruturado e tornou-se unidade de gestão com nível de secretaria. Seu desempenho aperfeiçoa-se a cada dia, fruto do apoio demonstrado pelo Ministro da Fazenda, pelo Secretário-Executivo do Ministério da Fazenda,das sementes plantadas pelos seus dirigentes anteriores,do interesse de seus Conselheiros e por último, mas não menos importante, do seu excelente e dedicado quadro de servidores. Isso permitiu ao Coaf cooperar mais ativamente com as autoridades encarregadas de investigar os crimes, estabelecendo mecanismos de comunicação mais ágil e buscando uma integração operacional mais eficiente. As relações com a Procuradoria Geral da República, com a Controladoria Geral da União e com a Polícia Federal têm atingido novos e mais elevados patamares, traduzidos em maiores volumes de informação.

O sistema de inteligência financeira que alimenta o Coaf conta ainda com a valiosa colaboração do Banco Central do Brasil - Bacen, da Comissão de Valores Mobiliários - CVM, da Superintendência de Seguros Privados - Susep e da Secretaria de Previdência Complementar SPC, do Ministério da Previdência, que atuam na regulamentação e supervisão dos setores obrigados. Todos esses esforços ao longo dos últimos anos, em conjunto com as recentes ações do Ministério da Justiça, como a criação do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional DRCI e a coordenação da Estratégia Nacional de Combate à Lavagem de Dinheiro Encla, e da Justiça Federal, como o estabelecimento das varas especializadas e do moderno sistema de informações para acompanhamento dos processos, refletem a prioridade atribuída pelo Brasil ao combate a esses crimes e contribuíram para a avaliação extremamente positiva que o País recebeu, em julho deste ano, do Grupo de Ação Financeira Gafi, organismo que define as políticas internacionais de combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento ao terrorismo. Como o objetivo de facilitar o trabalho das pessoas envolvidas no combate a esses crimes, esta publicação consolida toda a legislação brasileira relativa ao tema, expandindo o escopo das edições anteriores para incluir os diplomas legais relacionados aos crimes antecedentes, em especial os contra a administração pública, bem como os tratados internacionais firmados pelo Brasil. Vale destacar que, na data desta publicação, a Convenção das Nações Unidas sobre Financiamento ao Terrorismo ainda estava pendente de ratificação pelo Congresso Nacional, o que, dada sua relevância internacional, estamos certos ocorrerá em breve. Merece ainda destaque a colaboração em geral do sistema financeiro nacional na implementação da Lei 9.613/98 e no trabalho do Coaf, permitindo, inclusive, esta publicação, que contou com o apoio da Federação Brasileira dos Bancos - Febraban e da Confederação Nacional das Instituições Financeiras - CNF. Esperamos que os demais setores obrigados pela Lei 9.613/98 se conscientizem da importância de colaborar nesse esforço e tenham uma participação mais ativa no fornecimento de informações ao Coaf. Brasília, 11 de agosto de 2005. Antonio Gustavo Rodrigues Presidente do Coaf

DOS PATROCINADORES A. Federação Brasileira de Bancos - Febraban Perfil Fundada em 1967, a Febraban é a principal entidade representativa do setor bancário brasileiro. Seus 118 associados - de um universo de 164 (em Dez/2004) instituições bancárias - detêm 98% do total de ativos do sistema e 96% do patrimônio, o que reforça de forma expressiva o papel da entidade como portavoz dos bancos brasileiros. A entidade publicou seu primeiro Balanço Social em 1993, quando as iniciativas desta natureza ainda não eram freqüentes. A cada publicação, renovase a perspectiva de compartilhar seu compromisso social integrando o desempenho da atividade bancária com o desenvolvimento econômico e, ao mesmo tempo, demonstrando a sua participação na atividade nacional e seu envolvimento com questões sociais. Consciente de sua capacidade de representação e diálogo com os diversos segmentos da sociedade e do governo, a Febraban atua no País e no âmbito internacional, como afiliada da Federação Latino-Americana de Bancos (Felaban). Atividades da Febraban Promover o constante aperfeiçoamento e a modernização do sistema bancário brasileiro. Para tanto, a Federação conta com 21 comissões técnicas permanentes. Essas comissões desenvolvem estudos e trabalhos que norteiam a atividade da entidade e dos seus associados em relação a diversas áreas. A Comissão de Auditoria Interna e Compliance, dentre outros assuntos, dedica-se a prospectar, desenvolver e disseminar as melhores práticas e procedimentos de prevenção à Lavagem de Dinheiro. Nessas comissões, os especialistas dos bancos associados trabalham voluntariamente, sendo destacados para analisar questões funcionais e situações específicas, propondo mudanças que mantenham a atividade bancária em linha com a evolução da sociedade e da economia. Visão Um sistema financeiro saudável, ético e eficiente é condição essencial para o desenvolvimento econômico e social do País. Essa é a visão da FEBRABAN - Federação Brasileira de Bancos, entidade de natureza civil, que opera em âmbito nacional.

Missão Representar os seus Associados, objetivando a melhoria contínua da eficiência do sistema financeiro e das suas relações com a sociedade, contribuindo assim para o desenvolvimento econômico e social do País. Valores Valorizar as pessoas Promover valores éticos, morais e legais Incentivar práticas de cidadania e responsabilidade social Defender o livre mercado e a livre concorrência Atuar com profissionalismo e transparência Valorizar a diversidade B. CNF - Confederação Nacional das Instituições Financeiras Desde a sua criação em fins de 1985, as entidades integradas pelas empresas que operam nos diferentes segmentos do mercado financeiro atuam unificadas no campo político-institucional. Na qualidade de entidade máxima do sistema financeiro, a CNF representa o setor perante a sociedade e as autoridades constituídas e participa do debate das grandes questões nacionais. É também no âmbito da CNF que os diversos agentes que compõem o setor financeiro harmonizam seus interesses e definem estratégias para a defesa de posições consensuais. A entidade atua como um fórum de debates dos assuntos internos do setor, permitindo a identificação de princípios e interesses comuns. Essa prática contribui para solidificar, junto à opinião pública, a imagem de um setor maduro e consciente de seus objetivos maiores, capaz de contribuir para o desenvolvimento econômico e social do País. São associadas da CNF todas as entidades representativas das instituições financeiras de abrangência nacional. Seu estatuto preserva e assegura a individualidade de cada uma delas, tendo como órgão superior de deliberação o Conselho de Administração, integrado pelos presidentes das diversas entidades. C. Do Compromisso do Sistema Financeiro com a Prevenção ao Crime de Lavagem de Dinheiro O sistema financeiro brasileiro tem se empenhado fortemente na prevenção ao crime de lavagem de dinheiro, sendo que, anteriormente à promulgação da Lei n 9.613, que introduziu no arcabouço jurídico brasileiro o crime de lavagem de dinheiro, as instituições financeiras brasileiras, por intermédio da Febraban, já

haviam aderido, em junho de 1996, à Declaração de Princípios da Federação Latino-Americana de Bancos - Felaban, pela qual os Bancos Associados assumiam o compromisso de implantar políticas e procedimentos de prevenção do uso indevido do sistema financeiro na lavagem de ativos de origem ilícita. Ainda, no início de 1999, o Banco Central do Brasil, principal órgão regulador das instituições financeiras, emitiu regulamentação específica sobre o assunto. As instituições financeiras estão sujeitas também a um arcabouço internacional de Prevenção à lavagem de dinheiro, cabendo menção expressa à Convenção de Viena e às 40+9 Recomendações do FATF/GAFI. A lavagem de dinheiro caracteriza-se pela conversão de recursos derivados de atividades criminosas em capitais aparentemente lícitos e o papel das instituições financeiras é coibir esta simulação de licitude mediante a adoção de controles internos, políticas e procedimentos visando à não utilização de seus produtos e serviços para a prática deste crime. Ainda tendo em vista o ambiente de Governança Corporativa trazido pelas Resoluções 2554 e 3198 (CMN), as instituições financeiras constituíram áreas especializadas - Auditoria, Compliance, Controles Internos, Gestão de Riscos, dentre outras - as quais, interagem para manter em bases sólidas o Programa de Prevenção à Lavagem de Dinheiro, no âmbito da qual as instituições financeiras devem (i) aplicar o princípio Conheça Seu Cliente, (ii) manter registro de todas as operações visando viabilizar o rastreamento das movimentações financeiras; (iii) nomear diretor responsável junto ao órgão regulador, (iv) monitorar sistemicamente todas as operações viabilizando a verificação de movimentações financeiras atípicas, (v) comunicar as operações atípicas ao órgão regulador, (vi) adotar políticas e procedimentos de prevenção à lavagem de dinheiro e (vii) prover treinamento periódico a todos os funcionários do conglomerado e (viii) submeter o programa à auditoria interna e externa. Ainda, a partir dos eventos de 11 de Setembro de 2001 e, posteriormente, com a promulgação da Lei 10.701 de Julho de 2003, as instituições financeiras agregaram ao Programa de Prevenção à Lavagem de Dinheiro controles internos de Combate ao Financiamento do Terrorismo e, com a emissão da Carta-Circular 3098 (BC), em junho de 2003, as instituições financeiras passaram a reportar também todas as operações em espécie cursadas no sistema financeiro, nos valores prescritos na norma. As Instituições Financeiras têm alocado investimentos consideráveis em tecnologia da informação visando ao constante aprimoramento dos seus sistemas de monitoramento, com o propósito de cumprimento do arcabouço jurídico aplicável, a gestão do risco reputacional e o desempenho da sua função social de prevenção a crimes.

O sistema financeiro tem demonstrado sólido comprometimento junto aos órgãos reguladores e à sociedade na prevenção à lavagem de dinheiro e combate ao financiamento do terrorismo, atuando num ambiente fundamentado em diretrizes de conduta ética, transparência e lisura, no âmbito da governança corporativa. Márcio Artur Laurelli Cypriano Presidente da Febraban Gabriel Jorge Ferreira Presidente da CNF

ÍNDICE 15 15 24 32 50 52 58 58 61 63 75 75 75 76 Combate à Lavagem de Dinheiro e ao Financiamento ao Terrorismo Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998. Dispõe sobre os crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; a prevenção da utilização do sistema financeiro para os ilícitos previstos nesta Lei; cria o Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF, e dá outras providências. Decreto nº 2.799, de 8 de outubro de 1998. Aprova o Estatuto do Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF. Portaria nº 330, de 18 de dezembro de 1998. Aprova o Regimento Interno do Conselho de Controle de Atividades Financeiras COAF. Portaria nº 350, de 16 de outubro de 2002. Lei Complementar nº 105, de 10 de janeiro de 2001. Dispõe sobre o sigilo das operações de instituições financeiras e dá outras providências. Crimes Antecedentes à Lavagem de Dinheiro Lei nº 6.368, de 21 de outubro de 1976. Dispõe sobre medidas de prevenção e repressão ao tráfico ilícito e uso indevido de substâncias entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica, e dá outras providências. Lei nº 7.560, de 19 de dezembro de 1986. Cria o Fundo de Prevenção, Recuperação e de Combate às Drogas de Abuso, dispõe sobre os bens apreendidos e adquiridos com produtos de tráfico ilícito de drogas ou atividades correlatas, e dá outras providências. Lei nº 10.409, de 11 de janeiro de 2002. Dispõe sobre a prevenção, o tratamento, a fiscalização, o controle e a repressão à produção, ao uso e ao tráfico ilícitos de produtos, substâncias ou drogas ilícitas que causem dependência física ou psíquica, assim elencados pelo Ministério da Saúde, e dá outras providências. De Terrorismo e seu Financiamento Lei nº 7.170, de 14 de dezembro de 1983. Define os crimes contra a segurança nacional, a ordem política e social, estabelece seu processo e julgamento e dá outras providências. Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990. Dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art. 5º, inciso XLIII, da Constituição Federal, e determina outras providências. Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003. Dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas - Sinarm, define crimes e dá outras providências.

77 85 86 88 91 91 93 93 96 96 101 103 105 105 109 109 Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal. Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992 Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta ou fundacional e dá outras providências. Lei n 8.666, de 21 de junho de 1993 Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências. Decreto nº 4.923 de 18 de dezembro de 2003. Dispõe sobre o Conselho de Transparência Pública e Combate à Corrupção, e dá outras providências. Processo Administrativo Disciplinar Lei 8.112, de 11 de dezembro de 1990 Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais. Controladoria-Geral da União Lei 10.683, de 28 de maio de 2003 Dispõe sobre a organização da Presidência da República e dos Ministérios, e dá outras providências. (Criação da CGU) Contra o Sistema Financeiro Nacional Lei nº 7.492, de 16 de junho de 1986 Define os crimes contra o sistema financeiro nacional, e dá outras providências. Da Aplicação e do Procedimento Criminal Lei nº 9.034, de 3 de maio de 1995. Dispõe sobre a utilização de meios operacionais para a prevenção e repressão de ações praticadas por organizações criminosas. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal. Dos Crimes contra a Administração Pública Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF Resolução n 001, de 13 de abril de 1999 Dispõe sobre os procedimentos a serem observados pelas pessoas jurídicas que exerçam atividades de promoção imobiliária ou compra e venda de imóveis Resolução n 002, de 13 de abril de 1999 Revogada Resolução n 003, de 2 de junho de 1999 Dispõe sobre os procedimentos a serem observados pelas entidades que efetuem, direta ou indiretamente, distribuição de dinheiro ou quaisquer bens móveis ou imóveis, mediante sorteio ou método assemelhado

111 116 120 123 127 131 133 137 142 142 145 148 152 155 Resolução n 004, de 2 de junho de 1999 Dispõe sobre os procedimentos a serem observados pelas pessoas físicas ou jurídicas que comercializem jóias, pedras e metais preciosos Resolução n 005, de 2 de julho de 1999 Dispõe sobre os procedimentos a serem observados pelas pessoas jurídicas que explorem jogos de bingo e/ou assemelhados Resolução n 006, de 2 julho de 1999 Dispõe sobre os procedimentos a serem observados pelas administradoras de cartões de credenciamento ou de cartões de crédito Resolução n 007, de 15 de setembro de 1999 Dispõe sobre os procedimentos a serem observados pelas Bolsas de Mercadorias e corretores que nelas atuam Resolução n 008, de 15 de setembro de 1999 Dispõe sobre os procedimentos a serem observados pelas pessoas físicas ou jurídicas que comercializem objetos de arte e antigüidades Resolução nº 009, de 05 de dezembro de 2000 Dá nova redação ao art. 3º e ao item 2 do anexo à Resolução nº 003, de 2 de junho de 1999 Resolução nº 010, de 19 de novembro de 2001 Dispõe sobre os procedimentos a serem observados pelas pessoas jurídicas não financeiras prestadoras de serviços de transferência de numerário. Resolução nº 012, de 31 de Maio de 2005 Dispõe sobre os procedimentos a serem observados pelas empresas de fomento comercial ou mercantil (factoring) Normas do Banco Central - BACEN Resolução 2.817, de 22 de fevereiro de 2001 Dispõe sobre a abertura e a movimentação de contas de depósitos exclusivamente por meio eletrônico, bem como acerca da utilização desse instrumento de comunicação. Circular N 2852 Dispõe sobre os procedimentos a serem adotados na prevenção e combate às atividades relacionadas com os crimes previstos na Lei n 9.613, de 03.03.1998. Carta-Circular n 2826 Divulga relação de operações e situações que podem configurar indício de ocorrência dos crimes previstos na Lei n 9.613, de 03.03.98, e estabelece procedimentos para sua comunicação ao Banco Central do Brasil. Circular nº 3.030 Dispõe sobre a identificação e o registro de operações de depósitos em cheque e de liquidação de cheques depositados em outra instituição financeira, bem como de emissões de instrumentos de transferência de recursos. Carta-Circular 3.098 Esclarece sobre o registro de depósitos e retiradas em espécie, bem como de pedidos de provisionamento para saques.

158 158 162 163 165 165 169 171 171 176 183 185 187 189 195 Normas da Comissão de Valores Mobiliários - CVM Instrução CVM nº 301, de 16 de abril de 1999 Dispõe sobre a identificação, o cadastro, o registro, as operações, a comunicação, os limites e a responsabilidade administrativa de que tratam os incisos I e II do art. 10, I e II do art. 11, e os arts. 12 e 13, da Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998, referente aos crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores. Instrução CVM nº 335, de 4 de maio de 2000 Acrescenta os incisos XXXV e XXXVI ao art. 1º da Instrução CVM nº 251, de 14 de junho de 1996, que dispõe sobre as hipóteses de aplicação do RITO SUMÁRIO no processo administrativo. Parecer de Orientação CVM nº 31, de 24 de setembro de 1999 Normas da Secretaria de Previdência Complementar - SPC Instrução Normativa SPC nº 22, de 19 de julho de 1999 (*) Estabelece orientações e procedimentos a serem adotados pelas Entidades Fechadas de Previdência Privada - EFPP, em decorrência da Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998. Ofício Circular nº 27 - SPC/GAB. Orientações complementares referentes à Instrução Normativa nº 22, de 19/07/99, que estabelece procedimentos a serem adotados pelas Entidades Fechadas de Previdência Privada (EFPP), em decorrência da Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998, que dispõe sobre os crimes de lavagem de dinheiro. Normas da Superintendência de Seguros Privados - SUSEP Resolução CNSP n 97, de 2002 Regula o processo administrativo e estabelece critérios de julgamento a serem adotados pelo Conselho Diretor da SUSEP para aplicação de sanção às sociedades seguradoras, de capitalização, às entidades abertas de previdência complementar e às corretoras de seguros, por descumprimento ao disposto nos arts. 10 e 11 da Lei n 9.613, de 3 de março de 1998. Circular Susep n 200, de 9 de setembro de 2002. Dispõe sobre a identificação de clientes e manutenção de registros,a relação de operações e transações que denotem indícios de cometimento dos crimes previstos na Lei n 9.613, de 3 de março de 1998, ou que com eles possam relacionar-se, a comunicação das operações financeiras e a responsabilidade administrativa de que trata aquela Lei. As Quarenta Recomendações Introdução A. Sistemas Jurídicos B. Medidas a serem adotadas pelas instituições financeiras e pelas atividades e profissões não financeiras para evitar a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo C. Outras medidas preventivas à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo

200 216 218 218 218 221 225 225 257 269 280 294 328 D. Cooperação Internacional As Recomendações Especiais Sobre o Financiamento do Terrorismo Recomendação Especial IX Recomendação Especial II Nota Interpretativa da Recomendação Especial II: Nota Interpretativa para a Recomendação Especial IX Convenções Internacionais DECRETO N 154, DE 26 DE JUNHO DE 1991 Promulga a Convenção Contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Substâncias Psicotrópicas. DECRETO Nº 4.410, DE 7 DE OUTUBRO DE 2002 Promulga a Convenção Interamericana contra a Corrupção, de 29 de março de 1996, com reserva para o art. XI, parágrafo 1o, inciso c. DECRETO Nº 3.678, DE 30 DE NOVEMBRO DE 2000 Promulga a Convenção sobre o Combate da Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros em Transações Comerciais Internacionais, concluída em Paris, em 17 de dezembro de 1997. Convenção Internacional para a Supressão do Financiamento do Terrorismo, de 9 de dezembro de 1999. Decreto nº 5.015, de 12 de março de 2004. Promulga a Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional de 15 de Novembro de 2000. Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, de 31 de outubro de 2003.

Lavagem de Dinheiro: Legislação Brasileira 15 COMBATE À LAVAGEM DE DINHEIRO EAOFINANCIAMENTO AO TERRORISMO Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998. Dispõe sobre os crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; a prevenção da utilização do sistema financeiro para os ilícitos previstos nesta Lei; cria o Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF, e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: CAPÍTULO I Dos Crimes de Lavagem ou Ocultação de Bens, Direitos e Valores Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de crime: I - de tráfico ilícito de substâncias entorpecentes ou drogas afins; II - de terrorismo e seu financiamento; (Redação dada pela Lei nº 10.701, de 9.7.2003); III - de contrabando ou tráfico de armas, munições ou material destinado à sua produção; IV - de extorsão mediante seqüestro; V - contra a Administração Pública, inclusive a exigência, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, de qualquer vantagem, como condição ou preço para a prática ou omissão de atos administrativos; VI - contra o sistema financeiro nacional; VII - praticado por organização criminosa; VIII - praticado por particular contra a administração pública estrangeira (arts. 337-B,337-C e 337-D do Decreto-Lei no 2.848,de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal). (Inciso incluído pela Lei nº 10.467, de 11.6.2002); Pena: reclusão de três a dez anos e multa. 1º Incorre na mesma pena quem,para ocultar ou dissimular a utilização de bens,

16 Lavagem de Dinheiro: Legislação Brasileira direitos ou valores provenientes de qualquer dos crimes antecedentes referidos neste artigo: I - os converte em ativos lícitos; II - os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou recebe em garantia, guarda, tem em depósito, movimenta ou transfere; III - importa ou exporta bens com valores não correspondentes aos verdadeiros. 2º Incorre, ainda, na mesma pena quem: I - utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, direitos ou valores que sabe serem provenientes de qualquer dos crimes antecedentes referidos neste artigo; II - participa de grupo, associação ou escritório tendo conhecimento de que sua atividade principal ou secundária é dirigida à prática de crimes previstos nesta Lei. 3º A tentativa é punida nos termos do parágrafo único do art.14 do Código Penal. 4º A pena será aumentada de um a dois terços, nos casos previstos nos incisos I a VI do caput deste artigo, se o crime for cometido de forma habitual ou por intermédio de organização criminosa. 5º A pena será reduzida de um a dois terços e começará a ser cumprida em regime aberto, podendo o juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la por pena restritiva de direitos, se o autor, co-autor ou partícipe colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à apuração das infrações penais e de sua autoria ou à localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime. CAPÍTULO II Disposições Processuais Especiais Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei: I - obedecem às disposições relativas ao procedimento comum dos crimes punidos com reclusão, da competência do juiz singular; II - independem do processo e julgamento dos crimes antecedentes referidos no artigo anterior, ainda que praticados em outro país; III - são da competência da Justiça Federal: a) quando praticados contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira, ou em detrimento de bens, serviços ou interesses da União, ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas; b) quando o crime antecedente for de competência da Justiça Federal.

Lavagem de Dinheiro: Legislação Brasileira 17 1º A denúncia será instruída com indícios suficientes da existência do crime antecedente, sendo puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor daquele crime. 2º No processo por crime previsto nesta Lei, não se aplica o disposto no art. 366 do Código de Processo Penal. Art. 3º Os crimes disciplinados nesta Lei são insuscetíveis de fiança e liberdade provisória e, em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade. Art. 4º O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, ou representação da autoridade policial, ouvido o Ministério Público em vinte e quatro horas, havendo indícios suficientes, poderá decretar, no curso do inquérito ou da ação penal, a apreensão ou o seqüestro de bens, direitos ou valores do acusado, ou existentes em seu nome, objeto dos crimes previstos nesta Lei, procedendo-se na forma dos arts. 125 a 144 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal. 1º As medidas assecuratórias previstas neste artigo serão levantadas se a ação penal não for iniciada no prazo de cento e vinte dias, contados da data em que ficar concluída a diligência. 2º O juiz determinará a liberação dos bens, direitos e valores apreendidos ou seqüestrados quando comprovada a licitude de sua origem. 3º Nenhum pedido de restituição será conhecido sem o comparecimento pessoal do acusado, podendo o juiz determinar a prática de atos necessários à conservação de bens, direitos ou valores, nos casos do art. 366 do Código de Processo Penal. 4º A ordem de prisão de pessoas ou da apreensão ou seqüestro de bens, direitos ou valores, poderá ser suspensa pelo juiz, ouvido o Ministério Público, quando a sua execução imediata possa comprometer as investigações. Art. 5º Quando as circunstâncias o aconselharem, o juiz, ouvido o Ministério Público, nomeará pessoa qualificada para a administração dos bens, direitos ou valores apreendidos ou seqüestrados, mediante termo de compromisso. Art. 6º O administrador dos bens: I - fará jus a uma remuneração, fixada pelo juiz, que será satisfeita com o produto dos bens objeto da administração; II - prestará, por determinação judicial, informações periódicas da situação dos bens sob sua administração, bem como explicações e detalhamentos sobre investimentos e reinvestimentos realizados. Parágrafo único. Os atos relativos à administração dos bens apreendidos ou seqüestrados serão levados ao conhecimento do Ministério Público, que requererá o que entender cabível.

18 Lavagem de Dinheiro: Legislação Brasileira CAPÍTULO III Dos Efeitos da Condenação Art. 7º São efeitos da condenação, além dos previstos no Código Penal: I - a perda, em favor da União, dos bens, direitos e valores objeto de crime previsto nesta Lei, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé; II - a interdição do exercício de cargo ou função pública de qualquer natureza e de diretor, de membro de conselho de administração ou de gerência das pessoas jurídicas referidas no art. 9º, pelo dobro do tempo da pena privativa de liberdade aplicada. CAPÍTULO IV Dos Bens, Direitos ou Valores Oriundos de Crimes Praticados no Estrangeiro Art. 8º O juiz determinará, na hipótese de existência de tratado ou convenção internacional e por solicitação de autoridade estrangeira competente, a apreensão ou o seqüestro de bens, direitos ou valores oriundos de crimes descritos no art. 1º, praticados no estrangeiro. 1º Aplica-se o disposto neste artigo, independentemente de tratado ou convenção internacional, quando o governo do país da autoridade solicitante prometer reciprocidade ao Brasil. 2º Na falta de tratado ou convenção, os bens, direitos ou valores apreendidos ou seqüestrados por solicitação de autoridade estrangeira competente ou os recursos provenientes da sua alienação serão repartidos entre o Estado requerente e o Brasil, na proporção de metade, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé. CAPÍTULO V Das Pessoas Sujeitas À Lei Art. 9º Sujeitam-se às obrigações referidas nos arts. 10 e 11 as pessoas jurídicas que tenham, em caráter permanente ou eventual, como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não: I - a captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira; II - a compra e venda de moeda estrangeira ou ouro como ativo financeiro ou instrumento cambial; III - a custódia, emissão, distribuição, liquidação, negociação, intermediação ou administração de títulos ou valores mobiliários.

Lavagem de Dinheiro: Legislação Brasileira 19 Parágrafo único. Sujeitam-se às mesmas obrigações: I - as bolsas de valores e bolsas de mercadorias ou futuros; II - as seguradoras, as corretoras de seguros e as entidades de previdência complementar ou de capitalização; III - as administradoras de cartões de credenciamento ou cartões de crédito, bem como as administradoras de consórcios para aquisição de bens ou serviços; IV - as administradoras ou empresas que se utilizem de cartão ou qualquer outro meio eletrônico, magnético ou equivalente, que permita a transferência de fundos; V - as empresas de arrendamento mercantil (leasing) e as de fomento comercial (factoring); VI - as sociedades que efetuem distribuição de dinheiro ou quaisquer bens móveis, imóveis, mercadorias, serviços, ou, ainda, concedam descontos na sua aquisição, mediante sorteio ou método assemelhado; VII - as filiais ou representações de entes estrangeiros que exerçam no Brasil qualquer das atividades listadas neste artigo, ainda que de forma eventual; VIII - as demais entidades cujo funcionamento dependa de autorização de órgão regulador dos mercados financeiro, de câmbio, de capitais e de seguros; IX - as pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, que operem no Brasil como agentes, dirigentes, procuradoras, comissionarias ou por qualquer forma representem interesses de ente estrangeiro que exerça qualquer das atividades referidas neste artigo; X - as pessoas jurídicas que exerçam atividades de promoção imobiliária ou compra e venda de imóveis; XI - as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem jóias, pedras e metais preciosos, objetos de arte e antigüidades. XII - as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de luxo ou de alto valor ou exerçam atividades que envolvam grande volume de recursos em espécie. (Incluído pela Lei nº 10.701, de 9.7.2003). CAPÍTULO VI Da Identificação dos Clientes e Manutenção de Registros Art. 10º As pessoas referidas no art. 9º: I - identificarão seus clientes e manterão cadastro atualizado, nos termos de instruções emanadas das autoridades competentes; II - manterão registro de toda transação em moeda nacional ou estrangeira, títulos

20 Lavagem de Dinheiro: Legislação Brasileira e valores mobiliários, títulos de crédito, metais, ou qualquer ativo passível de ser convertido em dinheiro, que ultrapassar limite fixado pela autoridade competente e nos termos de instruções por esta expedidas; III - deverão atender, no prazo fixado pelo órgão judicial competente, as requisições formuladas pelo Conselho criado pelo art. 14, que se processarão em segredo de justiça. 1º Na hipótese de o cliente constituir-se em pessoa jurídica, a identificação referida no inciso I deste artigo deverá abranger as pessoas físicas autorizadas a representá-la, bem como seus proprietários. 2º Os cadastros e registros referidos nos incisos I e II deste artigo deverão ser conservados durante o período mínimo de cinco anos a partir do encerramento da conta ou da conclusão da transação, prazo este que poderá ser ampliado pela autoridade competente. 3º O registro referido no inciso II deste artigo será efetuado também quando a pessoa física ou jurídica, seus entes ligados, houver realizado, em um mesmo mêscalendário, operações com uma mesma pessoa, conglomerado ou grupo que, em seu conjunto, ultrapassem o limite fixado pela autoridade competente. Art. 10ºA O Banco Central manterá registro centralizado formando o cadastro geral de correntistas e clientes de instituições financeiras, bem como de seus procuradores. (Incluído pela Lei nº 10.701, de 9.7.2003). CAPÍTULO VII Da Comunicação de Operações Financeiras Art. 11º As pessoas referidas no art. 9º: I - dispensarão especial atenção às operações que, nos termos de instruções emanadas das autoridades competentes, possam constituir-se em sérios indícios dos crimes previstos nesta Lei, ou com eles relacionar-se; II - deverão comunicar, abstendo-se de dar aos clientes ciência de tal ato, no prazo de vinte e quatro horas, às autoridades competentes: a) todas as transações constantes do inciso II do art. 10 que ultrapassarem limite fixado, para esse fim, pela mesma autoridade e na forma e condições por ela estabelecidas, devendo ser juntada a identificação a que se refere o inciso I do mesmo artigo; (Redação dada pela Lei nº 10.701, de 9.7.2003). b) a proposta ou a realização de transação prevista no inciso I deste artigo. 1º As autoridades competentes, nas instruções referidas no inciso I deste artigo, elaborarão relação de operações que, por suas características, no que se refere às partes envolvidas, valores, forma de realização, instrumentos utilizados, ou pela falta

Lavagem de Dinheiro: Legislação Brasileira 21 de fundamento econômico ou legal, possam configurar a hipótese nele prevista. 2º As comunicações de boa-fé, feitas na forma prevista neste artigo, não acarretarão responsabilidade civil ou administrativa. 3º As pessoas para as quais não exista órgão próprio fiscalizador ou regulador farão as comunicações mencionadas neste artigo ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF e na forma por ele estabelecida. CAPÍTULO VIII Da Responsabilidade Administrativa Art. 12º Às pessoas referidas no art. 9º, bem como aos administradores das pessoas jurídicas, que deixem de cumprir as obrigações previstas nos arts. 10 e 11 serão aplicadas, cumulativamente ou não, pelas autoridades competentes, as seguintes sanções: I - advertência; II - multa pecuniária variável,de um por cento até o dobro do valor da operação,ou até duzentos por cento do lucro obtido ou que presumivelmente seria obtido pela realização da operação, ou, ainda, multa de até R$ 200.000,00 (duzentos mil reais); III - inabilitação temporária, pelo prazo de até dez anos, para o exercício do cargo de administrador das pessoas jurídicas referidas no art. 9º; IV - cassação da autorização para operação ou funcionamento. 1º A pena de advertência será aplicada por irregularidade no cumprimento das instruções referidas nos incisos I e II do art. 10. 2º A multa será aplicada sempre que as pessoas referidas no art. 9º, por negligência ou dolo: I - deixarem de sanar as irregularidades objeto de advertência, no prazo assinalado pela autoridade competente; II - não realizarem a identificação ou o registro previstos nos incisos I e II do art.10; III - deixarem de atender, no prazo, a requisição formulada nos termos do inciso III do art. 10; IV - descumprirem a vedação ou deixarem de fazer a comunicação a que se refere o art. 11. 3º A inabilitação temporária será aplicada quando forem verificadas infrações graves quanto ao cumprimento das obrigações constantes desta Lei ou quando ocorrer reincidência específica, devidamente caracterizada em transgressões anteriormente punidas com multa.

22 Lavagem de Dinheiro: Legislação Brasileira 4º A cassação da autorização será aplicada nos casos de reincidência específica de infrações anteriormente punidas com a pena prevista no inciso III do caput deste artigo. Art. 13º O procedimento para a aplicação das sanções previstas neste Capítulo será regulado por decreto, assegurados o contraditório e a ampla defesa. CAPÍTULO IX Do Conselho de Controle de Atividades Financeiras Art. 14º É criado, no âmbito do Ministério da Fazenda, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF, com a finalidade de disciplinar, aplicar penas administrativas, receber, examinar e identificar as ocorrências suspeitas de atividades ilícitas previstas nesta Lei, sem prejuízo da competência de outros órgãos e entidades. 1º As instruções referidas no art. 10 destinadas às pessoas mencionadas no art. 9º, para as quais não exista órgão próprio fiscalizador ou regulador, serão expedidas pelo COAF, competindo-lhe, para esses casos, a definição das pessoas abrangidas e a aplicação das sanções enumeradas no art. 12. 2º O COAF deverá, ainda, coordenar e propor mecanismos de cooperação e de troca de informações que viabilizem ações rápidas e eficientes no combate à ocultação ou dissimulação de bens, direitos e valores. 3º O COAF poderá requerer aos órgãos da Administração Pública as informações cadastrais bancárias e financeiras de pessoas envolvidas em atividades suspeitas. (Incluído pela Lei nº 10.701, de 9.7.2003). Art. 15º O COAF comunicará às autoridades competentes para a instauração dos procedimentos cabíveis, quando concluir pela existência de crimes previstos nesta Lei, de fundados indícios de sua prática, ou de qualquer outro ilícito. Art. 16º O COAF será composto por servidores públicos de reputação ilibada e reconhecida competência, designados em ato do Ministro de Estado da Fazenda, dentre os integrantes do quadro de pessoal efetivo do Banco Central do Brasil, da Comissão de Valores Mobiliários, da Superintendência de Seguros Privados, da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, da Secretaria da Receita Federal, de órgão de inteligência do Poder Executivo, do Departamento de Polícia Federal, do Ministério das Relações Exteriores e da Controladoria-Geral da União, atendendo, nesses quatro últimos casos, à indicação dos respectivos Ministros de Estado. (Redação dada pela Lei nº 10.683, de 28.5.2003). 1º O Presidente do Conselho será nomeado pelo Presidente da República, por indicação do Ministro de Estado da Fazenda. 2º Das decisões do COAF relativas às aplicações de penas administrativas caberá recurso ao Ministro de Estado da Fazenda.

Lavagem de Dinheiro: Legislação Brasileira 23 Art. 17º O COAF terá organização e funcionamento definidos em estatuto aprovado por decreto do Poder Executivo. Art. 18º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 3 de março de 1998; 177º da Independência e 110º da República. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 4.3.1998

24 Lavagem de Dinheiro: Legislação Brasileira Decreto nº 2.799, de 8 de outubro de 1998. Aprova o Estatuto do Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84º, incisos IV e VI, da Constituição, DECRETA: Art. 1º Fica aprovado, na forma do Anexo a este Decreto, o Estatuto do Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF, criado pela Lei no 9.613, de 3 de março de 1998. Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 8 de outubro de 1998; 177º da Independência e 110º da República. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO ANEXO Estatuto do Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF CAPÍTULO I Da Natureza e Finalidade Art. 1º O Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF, órgão de deliberação coletiva com jurisdição em todo território nacional, criado pela Lei nº 9.613,de 3 de março de 1998,integrante da estrutura do Ministério da Fazenda,com sede no Distrito Federal tem por finalidade disciplinar, aplicar penas administrativas, receber, examinar e identificar as ocorrências suspeitas de atividades ilícitas previstas em sua Lei de criação,sem prejuízo da competência de outros órgãos e entidades. Parágrafo único. O COAF poderá manter núcleos descentralizados, utilizando-se da infra-estrutura das unidades regionais dos órgãos a que pertencem os Conselheiros, objetivando a cobertura adequada de todo o território nacional. CAPÍTULO II Da Organização Seção I Da Composição do Plenário Art. 2º O plenário será presidido pelo Presidente do COAF e integrado por um representante de cada um dos seguintes órgãos e entidades: (Redação dada pelo

Lavagem de Dinheiro: Legislação Brasileira 25 Decreto nº 5.101, de 2004). I - Banco Central do Brasil; (Redação dada pelo Decreto nº 5.101, de 2004). II - Comissão de Valores Mobiliários;(Redação dada pelo Decreto nº 5.101,de 2004). III - Superintendência de Seguros Privados; (Redação dada pelo Decreto nº 5.101, de 2004). IV - Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional; (Redação dada pelo Decreto nº 5.101, de 2004). V - Secretaria da Receita Federal;(Redação dada pelo Decreto nº 5.101,de 2004). VI - Agência Brasileira de Inteligência - ABIN; (Redação dada pelo Decreto nº 5.101, de 2004). VII - Controladoria-Geral da União;(Redação dada pelo Decreto nº 5.101, de 2004). VIII - Ministério das Relações Exteriores; (Redação dada pelo Decreto nº 5.101, de 2004). IX - Ministério da Previdência Social; (Incluído pelo Decreto nº 5.101, de 2004). X - Ministério da Justiça; e (Incluído pelo Decreto nº 5.101, de 2004). XI - Departamento de Polícia Federal. (Incluído pelo Decreto nº 5.101, de 2004). Parágrafo único. Os conselheiros serão servidores públicos efetivos da administração federal,designados pelo Ministro de Estado da Fazenda,atendendo,no caso dos incisos VI a XI, à indicação dos respectivos Ministros de Estado.(Redação dada pelo Decreto nº 5.101, de 2004). Art.3º O Conselho contará com o apoio de uma Secretaria-Executiva, dirigida por um Secretário-Executivo, nomeado pelo Ministro de Estado da Fazenda. Seção II Do Cargo de Presidente Art. 4º O cargo de Presidente do COAF é de dedicação exclusiva, não se admitindo qualquer acumulação, salvo as constitucionalmente permitidas. 1º Aplicam-se ao cargo de Presidente,no que couber,o disposto nos arts.5º e 6º. 2º O presidente do Conselho será nomeado pelo Presidente da República, mediante indicação do Ministro de Estado da Fazenda. Seção III Do Mandato de Conselheiro Art. 5º O mandato de Conselheiro será de três anos, permitida a recondução.

26 Lavagem de Dinheiro: Legislação Brasileira 1º A perda de mandato de Conselheiro se dará nos casos de: I - incapacidade civil absoluta; II - condenação criminal em sentença transitada em julgado; III - improbidade administrativa comprovada mediante processo disciplinar de conformidade com o que prevê a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e a Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992; IV - perda do cargo efetivo no órgão de origem ou aposentadoria; V - infração ao disposto no art.6º. 2º Também perderá o mandato, automaticamente, o membro do COAF, que faltar injustificadamente a três reuniões ordinárias consecutivas,ou dez intercaladas. 3º Ocorrendo a perda de mandato ou a renúncia de Conselheiro será designado substituto, que cumprirá mandato regular, observado o disposto no caput deste artigo. 4º A função de Conselheiro será exercida sem prejuízo das atribuições regulares nos órgãos de origem do membro do COAF. Seção IV Das vedações Art. 6º Ao Presidente, aos Conselheiros e aos servidores da Secretaria-Executiva do COAF, ou à sua disposição, é vedado: I - participar, na forma de controlador, administrador, gerente preposto ou mandatário, das pessoas jurídicas com atividades relacionadas no art. 9º, caput e parágrafo único da Lei nº 9.613, de 1998; II - emitir parecer sobre matéria de sua especialização, fora de suas atribuições funcionais, ainda que em tese, ou atuar como consultor de qualquer das pessoas jurídicas a que se refere o inciso anterior; III - manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento no Conselho. CAPÍTULO III Das Competências e Atribuições Seção I Da Competência do Plenário Art. 7º Ao Plenário do COAF, compete: I - zelar pela observância da legislação pertinente, do seu Estatuto e do

Lavagem de Dinheiro: Legislação Brasileira 27 Regimento Interno do Conselho; II - disciplinar a matéria de sua competência,nos termos da Lei nº 9.613,de 1998; III - receber, examinar e identificar as ocorrências suspeitas de atividades ilícitas, nos termos do art. 1º da Lei nº 9.613, de 1998; IV - decidir sobre infrações e aplicar as penalidades administrativas previstas no art. 12 da Lei nº 9.613, de 1998, às pessoas jurídicas de que trata o art. 9º da referida Lei, para as quais não exista órgão próprio fiscalizador ou regulador; V - expedir as instruções destinadas às pessoas jurídicas a que se refere o inciso anterior; VI - elaborar a relação de transações e operações suspeitas, nos termos do 1º do art. 11 da Lei nº 9.613, de 1998; VII - coordenar e propor mecanismos de cooperação e de troca de informações que viabilizem ações rápidas e eficientes na prevenção e na repressão à ocultação ou dissimulação de bens, direitos e valores; VIII - solicitar informações ou requisitar documentos às pessoas jurídicas, para as quais não exista órgão fiscalizador ou regulador,ou por intermédio do órgão competente, quando for o caso; IX - determinar a comunicação às autoridades competentes, quando concluir pela existência de crimes, de fundados indícios de sua prática, ou de qualquer outro ilícito; X - manifestar-se sobre propostas de acordos internacionais, em matéria de sua competência, ouvindo, quando for o caso, os demais órgãos ou entidades públicas envolvidas com a matéria. Seção II Da Competência da Secretaria-Executiva Art. 8º À Secretaria-Executiva compete: I - receber das instituições discriminadas no art. 9º da Lei nº 9.613, de 1998, diretamente ou por intermédio dos órgãos fiscalizadores ou reguladores, as informações cadastrais e de movimento de valores considerados suspeitos, em conformidade com os arts. 10 e 11 da referida Lei; II - concentrar as solicitações encaminhadas às unidades descentralizadas; III - receber relatos, inclusive anônimos, referentes a operações consideradas suspeitas; IV - catalogar, classificar, identificar, cotejar e arquivar as informações, relatos e dados recebidos e solicitados;

28 Lavagem de Dinheiro: Legislação Brasileira V - solicitar informações mantidas nos bancos de dados dos órgãos e entidades publicas e privadas; VI - analisar os relatos, os dados e as informações recebidas e solicitadas, elaborar e arquivar dossiês contendo os estudos realizados; VII - solicitar investigações aos órgãos e entidades da administração pública federal quando houver indícios de operações consideradas suspeitas, nas informações recebidas ou solicitadas ou em decorrência das análises procedidas; VIII - secretariar os trabalhos do Conselho, em caráter permanente; IX - preparar, para decisão do Ministro de Estado da Fazenda, os recursos contra decisões das autoridades competentes mencionados no artigo anterior; X - exercer outras atribuições conferidas pelo Plenário ou pela Presidência. Seção III Das Atribuições do Presidente Art. 9º Ao Presidente do COAF incumbe: I - presidir, com direito a voto, inclusive o de qualidade, as reuniões do Plenário do Conselho; II - editar os atos normativos e regulamentares necessários ao aperfeiçoamento dos trabalhos do Conselho; III - convocar reuniões e determinar a organização da respectiva pauta; IV - assinar os atos oficiais do COAF, bem como as decisões do Plenário; V - determinar a intimação dos interessados; VI - orientar, coordenar e supervisionar as atividades administrativas do Conselho e da Secretaria-Executiva; VII - oficiar as autoridades competentes, sempre que os exames concluírem pela existência de fortes indícios de irregularidades; VIII - designar perito, para auxiliar nas atividades do Conselho, quando a matéria reclamar conhecimentos técnicos específicos; IX - convidar representante de órgãos ou entidades publica ou privada para participar das reuniões, sem direito a voto. Seção IV Das Atribuições dos Conselheiros Art. 10º Aos Conselheiros incumbe: I - emitir votos nos processos e questões submetidas ao Plenário;